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Recife I 7 de novembro de 2014 I sexta-feira

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A importância da família C

asado há 38 anos e pai de três filhas, o economista Agnaldo Nunes, 64, reconhece como ninguém a importância da família no processo de reabilitação e cura do câncer de próstata. Nos casos relacionados à saúde, ela parece ter um peso ainda maior. Diagnosticado com câncer de próstata há cinco anos, Agnaldo diz que o apoio dos parentes foi fundamental para o enfrentamento da doença. “Até digo que quando um membro da família está com um problema dessa natureza é como se toda ela vivesse o mesmo drama”, afirma. A notícia foi dada pela esposa, Fátima Reis. “Estava no trabalho, e ela foi buscar o resultado da biópsia no laboratório. Me telefonou dizendo que tinha pego a conclusão e que precisávamos conversar. Naquele momento, já senti que o resultado não tinha sido bom”, conta. Juntos, ligaram para o urologista e agendaram uma consulta imediatamente. Também se reuniram com as filhas para repassar a notícia. “A reação foi de muito apoio. Confesso que também me surpreendi comigo. Fiquei muito tranquilo. O médico me passou bastante segurança e confiança, explicandome de forma clara todo o processo. Isso fez com que eu também transmitisse tranquilidade a todos.” Quarenta e cinco dias depois do resultado da biópsia, Agnaldo foi submetido à cirurgia de retirada da próstata e teve uma ótima recuperação, ressaltando novamente o sucesso do tratamento graças ao acolhimento do núcleo familiar. “Não tive medo de ficar com alguma sequela da cirurgia, como disfunção erétil. Conversamos sobre as possíveis complicações, mas essa não era a nossa preocupação. Estávamos preocupados em como preservar a minha vida. Ela, sim, estava acima de qualquer outra coisa”, disse. Curado da doença, Agnaldo afirma não ter tido nenhuma complicação. Hoje, fazendo um balanço sobre sua história, considera estar muito melhor do que antes. “Posso te dizer que estou bem melhor. O

câncer nos fez refletir sobre a vida; ajudou na purificação espiritual e em como ver tudo de forma mais ampla”, analisa Agnaldo. A psicóloga Vera Guedes, que atende diversos pacientes oncológicos e seus acompanhantes, enaltece a participação da família em todo o processo. Ela explica que o envolvimento dos familiares com a doença precede o diagnóstico. “A família está presente quando observa e avalia um sintoma, quando sugere ou providencia uma consulta médica e até quando a pessoa tem de decidir por uma conduta médica”, ressalta. Porém, para Vera Guedes, o conceito de família vai além dos laços sanguíneos. Mais importante é a afetividade. “Quando falo de família, defino-a interativamente, mais do que biologicamente. Pode ser um amigo ou qualquer pessoa que o paciente interaja, troque informações e se sinta ligado por fortes vínculos”, explica.

O conceito de família vai além dos laços sanguíneos, vale a afetividade Na vivência do câncer, um conjunto de condições deve ser considerado no que diz respeito ao fortalecimento e enfrentamento do paciente. “Contar com uma rede de pessoas que possam oferecer suporte, segurança e estímulo são condições que auxiliam o paciente a passar pelas experiências com a carga compartilhada e, portanto, reduzida de sofrimento e medo, o que o faz reagir de maneira construtiva, positiva, enfrentando o tratamento com coragem. As interações que o paciente estabelece com essa rede de apoio o auxilia a renovar as forças e criar uma esperança, capaz de impulsionar e mover o indivíduo na busca de uma mudança”, orienta Vera Guedes.

Fotos: Bernardo Soares/JC Imagem

No último dia da série Novembro Azul o Jornal do Commercio aborda a importância do núcleo familiar para apoiar e acolher o paciente com câncer de próstata. Outros assuntos poderão ser conferidos no jconlineblogs.ne10.uol.com. br/novembroazul durante todo o mês

SUPORTE Agnaldo com a esposa, Fátima, e as filhas, que o apoiaram no momento mais difícil

Contar com uma rede de pessoas que possam oferecer suporte, segurança e estímulo são condições que auxiliam o paciente a passar pelas experiências com a carga compartilhada e, portanto, reduzida de sofrimento e medo, o que o faz reagir de maneira construtiva, positiva, enfrentando o tratamento com coragem.” Vera Guedes, psicóloga

Hospitais em mutirão contra o câncer

Diversos hospitais do Recife se unem para realizar mutirão de combate ao câncer de próstata, no próximo dia 15, das 8h às 12h. A ação consiste na divulgação de informações sobre a importância da detecção precoce da doença e facilitar o acesso da população masculina ao urologista. O alerta será feito a partir da entrega de material instrutivo, e os participantes serão submetidos a avaliação com o PSA (antígeno prostático específico) e exame de toque retal. O público-alvo são homens acima dos 50 anos e aqueles com mais de 45 anos que tenham fatores de risco (população negra e com histórico de câncer familiar). Todos têm que ser da rede SUS. O Imip, Hospital de Câncer de Pernambuco, Hospital Getúlio Vargas, Hospital das Clínicas, Hospital Otávio de Freitas, Hospital Oswaldo Cruz e Real Hospital Português estarão participando do mutirão. A expectativa é de que cerca de dois mil homens sejam atendidos por voluntários. Estarão envolvidos diretamente no mutirão mais de 45 urologistas, cerca de 25 médicos residentes em urologia e alguns estudantes de medicina, além de profissionais de outras áreas de todas as unidades de saúde participantes. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia Seccional Pernambuco (SBU-PE), Clovis Fraga, os homens que quiserem participar não precisam fazer nenhum preparo específico para a realização dos exames. “O atendimento será super simples, específico, voltado apenas para a questão da doença prostática. Será colhido sangue para avaliação do PSA e, na consulta com o médico urologista, será feita a realização do toque retal”, explica. Os interessados em serem atendidos no mutirão devem entrar em contato com os hospitais participantes para se informarem em como será a campanha na respectiva unidade. “Cada hospital terá sua própria programação de atendimento. O paciente deve levar documento de identificação com foto e o cartão do hospital ao qual está vinculado”, acrescentou Fraga. A ação é promovida pela SBUPE, com apoio da SBU Nacional, Instituto Lado a Lado pela Vida, os hospitais envolvidos na campanha, e Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife e seu Programa de Saúde do Homem.


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