Hapvida jc 25 01 2015

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2 jornal do commercio

Recife I 25 de janeiro de 2015 I domingo

cidades

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Câncer de pênis pode causar impotência

Felipe Vieira (interino) fvieira@jc.com.br twitter: @jc_jcnasruas telefone: (81) 3413.6103

Já estava tudo escrito Durante três agoniantes dias da semana passada, a população acompanhou a explosão de violência no Complexo Prisional do Curado, no bairro do Sancho, Zona Oeste do Recife. Três mortos – um policial militar e dois detentos – e pouco mais de 60 feridos depois, o motim foi debelado. Isso graças às promessas, por parte do Executivo e do Judiciário, respectivamente, de realizar ações pontuais de infraestrutura e de agilizar pendências legais de alguns detentos. Por definição, uma rebelião dessa magnitude não estoura de uma hora para outra. É o resultado de um sistema que está carcomido na essência, onde o preso é jogado em um depósito e os donos das chaves têm sérios problemas para lidar com a “mercadoria”. A coluna teve acesso aos relatórios de ocorrências dos presídios do Complexo do Curado no período que vai do final de 2014 até pouco antes do motim que começou na última segunda-feira. São relatos da impressionante falta de estrutura que detentos e agentes enfrentam, e que termina opondo uns aos outros num fla-flu onde a tensão é permanente. Com precária estrutura interna, coletes vencidos há um ano, sem efetivo para dar plantões em segurança, os agentes penitenciários não têm muito o que fazer, a não ser relatar o caos diário que administram.

Precedente perigoso nos presídios O motim da última semana pode ter aberto um perigoso precedente no sistema prisional: tendo comunicação abundante com o mundo além dos muros – inclusive outros presídios – os detentos podem ter percebido que têm poder de mobilização. O que força o governo e o Judiciário a colocar sebo nas canelas para melhorar a situação dos presídios.

Reprodução/Facebook

k A praça está uma porcaria

Notícias sobre a degradação da praça que fica embaixo do Viaduto Prefeito Geraldo Melo, no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, não são bem uma novidade. Pedidos de socorro são feitos frequentemente pela população à prefeitura. Quem sabe agora, que o espaço tem novos frequentadores, não se encontre uma solução.

Pintando o sete

Muito feio

Ambulantes já estão em movimentação no Centro do Recife, demarcando espaços onde irão comercializar bebidas e comidas durante o desfile do Galo da Madrugada, no dia 14 de fevereiro. Até tinta estão usando no chão para delimitar território.

Dica para o Porto Digital, ao qual foi cedido o prédio do antigo Instituto de Previdência e Assistência Social (Iapas), na Rua Marquês do Recife, no bairro de Santo Antônio, área central da cidade: retirar os tenebrosos tapumes de madeira do local.

FUNÇÃO SEXUAL Pesquisa de médico do Hospital de Câncer de Pernambuco mostra que 62,5% dos pacientes submetidos à amputação parcial do órgão têm disfunção erétil Cinthya Leite

Fotos: Diego Nigro/JC Imagem

jc nas ruas

cleite@jc.com.br

A

agressividade do câncer de pênis e o caráter mutilador do tratamento cirúrgico assustam. Muitos pacientes que precisam se submeter à amputação parcial do órgão também passam a enfrentar o embaraço imposto pela disfunção erétil (popularmente conhecida como impotência sexual), caracterizada pela dificuldade persistente de se obter e/ou manter uma ereção capaz de permitir atividade sexual adequada. Essa explicação é do urologista Leonardo Lima Monteiro, do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). Ao analisar 40 pacientes da unidade que se submeteram à amputação parcial do pênis, ele constatou que esse tipo de cirurgia, também chamada de penectomia, afeta a função erétil. A pesquisa, desenvolvida durante o mestrado em ciências da saúde realizado na Universidade de Pernambuco (UPE), mostrou que 62,5% desses pacientes, com média de idade de 61 anos, queixam-se de disfunção erétil. “Também observamos que, entre esses homens, a impotência se apresenta em intensidades moderada e grave, diferentemente do grupo-controle, formado por uma parcela masculina que não se submeteu à penectomia e que tem disfunção erétil leve, em torno de 26% dos entrevistados.” Nos casos em que a cirurgia preserva parte do órgão, o paciente tem chances de conseguir manter uma ereção, porém com diminuição do tamanho peniano. “O problema é que o abalo psicológico que geralmente acompanha a mutilação do pênis é intenso. Por esse motivo, muitos homens têm dificuldade para ter atividade sexual”, ressalta Leonardo. A pesquisa também considerou outras variáveis que influenciam a impotência sexual. Como a taxa de prevalência da disfunção erétil tem estreita relação com problemas de saúde epidêmicos, o médico investigou a presença de diabete, hipertensão arterial e tabagismo na população estudada. “São algumas das condições que interferem na atividade sexual.” O urologista ainda alerta para a prevenção do câncer de pênis, que pode ser feita através de hábitos simples. Na

TERAPÊUTICA Benedito foi diagnosticado com o tumor há dois anos e passará por nova cirurgia

ALERTA “Boa higiene íntima previne a doença”, diz Leonardo maioria dos casos basta lavar o órgão sempre com água e sabão – a conduta deve ser adotada na hora do banho e após a relação sexual. “A doença está relacionada a baixas condições socioeconômicas e pouca educação em saúde. A má higiene íntima leva a uma inflamação peniana crônica, considerada um fator de risco alto para o desenvolvimento do tumor.” Todas as semanas, ele atende homens no HCP que enfrentam o câncer de pênis. “É uma realidade bem diferente dos países desenvolvidos”, diz Leonardo, que fez aperfeiçoamento em uro-oncologia no MD Anderson Cancer Center (EUA) e no Princess Margaret Hospital (Canadá). “Passei um ano em cada unidade e, ao todo, só vi três casos da doença. É um

exemplo de que esse tipo de tumor é raríssimo nos países com melhores indicadores socioeconômicos.” O médico acrescenta que, entre os participantes do estudo, 64% recebiam até um salário mínimo.

CUIDADOS

O uso de preservativos durante as relações sexuais também tem valor imenso na prevenção, pois o papilomavírus humano (HPV), um vírus que tem como principal meio de transmissão o contato sexual com pessoas infectadas, está presente em metade dos homens que desenvolvem câncer de pênis. Ainda é preciso chamar atenção de quem não se submeteu à remoção do prepúcio (pele que reveste a glande, mais conhecida como a

cabeça do pênis). “Há risco desses pacientes não conseguirem retrair o prepúcio para fazer uma limpeza íntima adequada”, reforça o urologista. O sinal de alerta deve acender a partir da presença de uma ferida no pênis que não cicatriza e que pode sangrar. Outros sinais são manchas no órgão persistentes. Diante dessas situações, o recomendado é procurar um urologista. Lamentavelmente, 50% dos pacientes aguardam um ano para marcar uma consulta a partir do momento que percebem lesões ou manchas no órgão. A baixa escolaridade é outro fator relacionado à doença. Entre os participantes do estudo de Leonardo, a escolaridade média foi de apenas 2,7 anos. Para o tratamento do tumor, os médicos podem indicar amputação parcial ou total do pênis. O agricultor aposentado Benedito Lins de Araújo, 89 anos, precisou passar pela cirurgia. Ele percebeu um ferimento no pênis há dois anos, quando procurou um médico. “Não gostei quando soube da operação”, conta. Mesmo assim, se submeteu ao procedimento. Há um ano, o urologista indicou outra cirurgia para retirar os linfonodos comprometidos pelo tumor. Só agora, contudo, Benedito decidiu passar por essa nova operação e está confiante num bom resultado.

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