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Recife I 29 de janeiro de 2015 I quinta-feira

cidades Sérgio Bernardo/JC Imagem

www.jconline.com.br

Estado reduz óbitos e ganha aval da ONU

MORTALIDADE INFANTIL Em 5 anos, redução foi de 21,3 para 15,7 mortes por mil nascimentos, graças ao programa Mãe Coruja

A

ZELO Maria do Carmo recebe orientações para João Pedro se desenvolver de forma saudável

pós alcançar uma redução de 26,3% do coeficiente de mortalidade infantil por mil nascidos vivos ao longo de cinco anos, o Programa Mãe Coruja Pernambucana entra numa nova fase, com a meta de ampliar o atendimento à primeira infância (fase que contempla crianças até sete anos) por meio de um plano de desenvolvimento para essa faixa etária. A estratégia, implantada pelo Governo de Pernambuco em 2007, tem a missão de garantir uma boa gestação e um pós-parto tranquilo às mulheres. O programa ainda tem como compromisso garantir às crianças o direito a um nascimento e desenvolvimento saudável. “Os resultados do Mãe Coruja levam o Estado a atingir uma média de taxa de mortalidade infantil bem próxima ao índice nacional”, disse o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, que acompanhou a reunião dos coordenadores regionais do Programa Mãe Coruja. Ele se refere ao atual coeficiente estadual de 15,7 óbitos por mil nascimentos (em 2006, era de 21,3), que está de acordo com a proposta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Os dados mais recentes são de 2011. Esse conjunto de metas pactuadas por 191 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) estipulou uma mar-

Estatística se aproxima da média nacional e supera pacto internacional co de 17,9 óbitos por mil nascidos vivos até o fim deste ano no Brasil. Ou seja, Pernambuco cumpriu o dever antes do prazo. O coeficiente estadual de 15,7 ainda é maior do que a taxa nacional: 14,4 mortes por mil nascimentos. “O Estado alcançou um modelo de atenção primária que cuida em vários aspectos das mulheres e das crianças. Implementamos um bom trabalho de proteção materno-infantil e de assistência ao parto”, informou a coordenadora do programa estadual, Bebeth Andrade Lima. Ela acrescenta que a estratégia continuará com o trabalho de qualificação do pré-natal, através das atividades conduzidas pelas equipes de saúde, cuja função é detectar precocemente riscos que podem comprometer a saúde da gestante, do feto e (futuramente) da criança, que é acompanhada pelo programa até os 5 anos. “O Mãe Coruja prioriza a busca ativa, que tem

como objetivo fortalecer vínculos para que a mulher não abandone o programa durante a gravidez e o pós-parto”, ressaltou Bebeth. Ao contar agora com o apoio da Secretaria Estadual de Cultura, o Mãe Coruja tem a missão de voltar a atenção para promoção de uma assistência que forneça à criança possibilidades de desenvolvimento não apenas físico, mas também intelectual e emocional. A dona de casa Maria do Carmo da Costa Silva, 27 anos, recebe assistência do Mãe Coruja Recife há cinco meses. Há dois meses, ela deu à luz o filho João Pedro. “Recebi informações durante a gravidez. Tive pressão alta, mas fui bem cuidada. Meu filho nasceu saudável”, conta Maria do Carmo, que é orientada sobre cuidados que deve seguir para João Pedro se desenvolver bem. Após reconhecido em 2014 pela ONU, o Mãe Coruja Pernambucana recebe em março o Prêmio Interamericano da Inovação para a Gestão Pública Efetiva, promovido pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

q Mais na web Assista a vídeo sobre o Mãe Coruja: jconline.com.br/cidades

k ciência/meio ambiente

Fotos: Alexandre Gondim/JC Imagem

Baronesas se propagam no Rio Capibaribe A

s águas do Rio Capibaribe amanheceram ontem cobertas por um grande tapete verde formado por baronesas. A planta aquática podia ser vista por quilômetros ao longo do curso-d’água. Aos olhos, a imagem de um dos principais cartões-postais do Recife tomado pelo verde pode parecer bonita, mas especialistas afirmam que o aparecimento da espécie no Capibaribe acende um alerta, já que um dos principais fatores para a propagação da planta é a poluição. As baronesas (Eichornia crassipes), também conhecidas como aguapé, são comuns em ambientes como o Pantanal Mato-grossense, que é marcado por fluxos de cheia e seca. Elas estão espalhadas em ambientes quentes do mundo inteiro e têm se tornado cada vez mais frequentes nas águas do Capibaribe. Apesar de servir como abrigo e ninho de organismos aquáticos e também como alimento de alguns tipos de

animais, a planta acaba causando desequilíbrio no ecossistema. “As baronesas proliferam rapidamente e podem cobrir toda a superfície de um corpo d’água. Elas impedem a passagem da luz e diminuem a quantidade de oxigênio no ambiente. Desta forma, os peixes acabam morrendo por falta de oxigênio”, explica a professora Karine Magalhães, do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFRPE). Segundo a bióloga, os poluentes orgânicos e os detritos que são despejados no rio são uma das principais causas para a propagação desses vegetais, que possuem propriedades filtrantes e uma grande capacidade de armazenamento em seus tecidos. “Essa espécie se alimenta desse tipo de nutriente. Os esgotos que são despejados no rio é a principal porta de entrada para este material. Quanto mais nutriente, mais rápida a proliferação”, afir-

ma Karine Magalhães. A bióloga também explica que a elevação do nível da água, principalmente nos períodos de chuva, também favorece o aumento da reprodução das plantas que, por meio da dispersão, tentam se propagar em outros ambientes. O Açude de Apipucos, na Zona Norte, tem ligação com o Capibaribe e também está tomado pela espécie. Além de prejudicar o equilíbrio do ecossistema, as plantas dificultam a navegabilidade do Rio Capibaribe e também atrapalham a prática da pesca. “Tem muita planta no rio e isso prejudica a pesca. A gente não consegue pegar nada porque o anzol fica preso”, explica Gerlan Paixão, 41 anos. Para a professora Karine Magalhães, o ideal é que haja controle dessas populações. “É preciso fazer a retirada completa da espécie e realizar um monitoramento constante da área para evitar o reaparecimento", avalia.

Tiago Cisneiros/Divulgação

POLUIÇÃO Planta podia ser vista por quilômetros ao longo do curso-d’água. Sujeira é um dos principais fatores da proliferação

“ ALERTA No Açude de Apipucos e no Capibaribe, baronesas servem de abrigo para organismos, gerando desequilíbrio

As pessoas jogam todo tipo de coisa no rio. É garrafa, é lata, é plástico. Também tem muito esgoto. Acho que é por isso que aparecem essas plantas”, comenta o pedreiro Geovani da Silva, 34 anos


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