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2 jornal do commercio

Recife I 11 de janeiro de 2015 I domingo

JCMAIS k turismo

www.jconline.com.br

Arte que reconta a

nossa história

EM EXPOSIÇÃO Coleção Brasilianas Itaú é fruto do acervo adquirido pelo banqueiro Olavo Setúbal Mateus Araújo

mateus@jc.com.br

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ÃO PAULO – Os delicados e precisos traços do óleo sobre madeira de Povoado numa planície arborizada, produzido por Frans Post entre 1670 e 1680; uma vasta seleção de gravuras criadas pelos artistas Rugendas, Debret, Chamberlain, Auguste Sisson, Schlappriz, Buvelot e Moreau, Bertichem e Emil Bauch, reproduzindo as primeiras paisagens vistas do país; e as moedas, as condecorações e documentos raros que registram fatos e épocas de mais de 500 anos do Brasil. É com isso que se deparam os visitantes dos dois andares da exposição permanente Coleção Brasilianas Itaú, no Itaú Cultural, em São Paulo, um acervo de extrema importância e riqueza para a reconstrução da nossa história através da arte, agora disponível para turistas e brasileiros. O Espaço Olavo Setúbal, onde fica a exposição, em plena Avenida Paulista, nasceu com a vocação de se tornar, em poucos anos, um museu de referência na história da arte brasileira. Estão dispostas 1,3 mil obras, selecionadas de uma coleção particular do empresário e banqueiro que dá nome ao espaço, dono de um dos principais bancos nacionais. A visita tem se tornado um ponto turístico requisitado na capital paulista nestas férias de fim/início de ano (a exposição foi lançada no início de dezembro). O material, com curadoria de Pedro Corrêa do Lago, compila num percurso de nove módulos, cujo projeto é assinado pela dupla Daniela Thomas e Felipe Tassara. A viagem pelo acervo começa justamente no período do Brasil desconhecido, da época de nossa colonização, de quando os estrangeiros começam a nos perceber e nos relatar de sua maneira peculiar para os que fora daqui estavam. Foi durante este período que nosso povo nativo, os índios, foram registrados com traço mais próximo ao renascimento, e, por isso, com distorções sobre seus tipos físicos e costumes. A cronologia do acervo segue pelo Brasil Holandês, revelando o olhar das caravanas que vieram para o País trazendo inúmeros artistas e cientistas durante os oito anos passados por Maurício de Nassau no Nordeste. “Entre o acervo, há uma gravura do Palácio de Friburgo, que era o palácio principal de Maurício de Nassau. A casa mais ampla e ambiciosa feita nas Américas, naquele tempo”, destaca Pedro Corrêa, em referência ao icônico prédio onde funciona hoje o Palácio do Campo das Princesas, no Recife. Os módulos seguintes retratam o Brasil Secreto, até o século 18, quando nossas terras foram fechadas aos estrangeiros por Portugal durante 150 anos. Neste acervo, um dos destaques é a obra de Aleijadinho. Uma das mais belas e impressionantes obras são as pinturas naturalistas, feitas com a chegada da família real ao País, retratando a nossa fauna e flora. A partir do quinto módulo, O Brasil da Capital, o visitante mergulha no país construído até o limiar dos anos 2000 – O Brasil da Província, O Brasil do Império, O Brasil da Escravidão e O Brasil dos Brasileiros. Além das pinturas, documentos e esculturas, o Espaço Olavo Setúbal também conta com a coleção Numismática, com

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Mapas estão expostos, incluindo imagens extraídas de O grande atlas Blaeu, de 1667, produzido por Joannes Blaeu, no século 17.

Gravuras podem ser vistas, entre elas ilustrações do livro Barleus, considerado a mais importante obra ilustrada do século 18.

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Condecorações estão expostas. Entre elas, a Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, criada por D. João VI em 1816.

Medalhas, entre elas uma de prata de 1640, que retrata Mauricio de Nassau, e outra de 1843 referente o casamento de D. Pedro II e Tereza Cristina.

420 exemplares dos mais diferentes materiais – como ouro, prata, cobre e até mesmo madeira – escolhidos pelo curador Vagner Porto. As raridades expostas no espaço também despertam a discussão e chamam a atenção para a importância do colecionismo particular no Brasil. Como explica Pedro Corrêa, graças ao ofício de mecenas, hoje o Brasil está conseguindo – ainda que atrasado em comparação a outros países, como os Estados Unidos – suprir uma lacuna histórica que é criar exposições com acervos raros e de extrema valia histórico -cultural. “É muito importante os mecenas terem isso em mente: de investir cada vez mais em coleções. Eles podem fazer um imenso favor para o público dos seus Estados e

suas cidades se eles formarem coleções ou comprarem coleções já existentes e trabalharem em cima desses acervos”, explica o curador. O objetivo do Itaú é que o museu sirva de referência nacional para o estudo da história através da arte. Tanto é que o educativo do espaço é voltado para adolescentes, estudantes do ensino médio. Embora o local também dialogue com todos os públicos. Segundo Pedro, o museu é mais um deste novo panorama de criação de museus de exposições permanentes, como o Paço do Frevo, o Cais do Sertão e o Instituto Ricardo Brennand, no Recife. A coleção Brasiliana está disponível para visitação diariamente, com entrada gratuita.


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