Jc 16092014 cadernoespecia2

Page 1


Heudes Regis/JC Imagem

O segmento de saúde privada do Recife arrecada o equivalente a 15,8% do ISS

A capital pernambucana tem tradição na área de sáude. Foi sede da segunda Faculdade de Medicina a surgir no Brasil, no início do século 20

O

que caracteriza o Polo Médico do Recife? A alta concentração de hospitais, clínicas especializadas, laboratórios de análises e centros de diagnóstico em uma área estratégica da cidade? O nível de sofisticação e precisão das tecnologias usadas em boa parte dessas unidades? Ou a crescente capilaridade de atividades e serviços correlatos que surgem em seu entorno, como fabricação e manutenção de equipamentos, informática e automação, produção de remédios e roupas profissionais? Segundo os especialistas, tudo isso junto. Ocupando um raio médio de apenas cinco quilômetros, que inclui os bairros do Derby, Paissandu e Ilha do Leite, próximos ao Centro da Cidade, com

acessos ao norte, sul, leste e oeste do Estado, o polo recifense vem mantendo a posição de segundo maior do País – perdendo para o da maior capital brasileira, São Paulo. Segundo dados do Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Laboratórios de Pesquisa e Análises Clínicas de Pernambuco (Sindhospe), um dos indicadores básicos da posição é o montante em Impostos sobre Serviços (ISS) que o setor de saúde privada da cidade, em sua maior parte concentrada no polo, recolhe anualmente: R$ 11,5 milhões, que representam 15,8% de todo o ISS recolhido na cidade. Já o faturamento anual é de R$ 220 milhões. “Na capacidade de agregar mão de obra, o segmento só perde para a cons-

trução civil, que não só no Nordeste, mas no Brasil, ainda é muito pouco automatizado”, informa o presidente do Sindhospe, Mardônio Quintas. Em termos do avanço tecnológico e nível de especialização dos atendimentos, ele destaca as áreas de oftalmologia, cirurgia cardíaca e oncologia. “O polo dispõe de equipamentos de laser dos mais modernos hoje no mundo para cirurgias oftálmicas, atraindo pacientes de outros países, como Angola”, informa. Já o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) nas regiões Norte e Nordeste, Flávio Wanderley, pontua o fato de as grandes operadoras de planos de saúde estarem sediadas no polo. Uma delas chega a manter dois hospitais. “Po-

demos defini-lo como um cluster que agrega grande gama de serviços terceirizados, em assistência farmacêutica, odontológica, além dos consultórios e internações”, diz. Além disso, continua, a área tem o apoio de uma malha viária que dá acesso às BRs 101 e 232, facilitando o transporte de pacientes de diferentes pontos de Pernambuco e outros Estados do Norte e Nordeste.

HISTÓRICO

Iniciado no final dos anos 70 e começo dos 80, o Polo Médico recifense fez jus à histórica vocação da cidade como referência em serviços, na chamada Terra dos Mascates. E também pôde contar com o tradicional

destaque da capital no segmento, pois foi sede da segunda Faculdade de Medicina a surgir no Brasil, no início do século 20. Já a opção pela Ilha do Leite pelos primeiros hospitais a se instalarem no polo foi motivada pelo fato de ter uma posição estratégica, próxima ao centro, e levando a diferentes direções. “Era um bairro tranquilo, residencial, as ruas eram apenas acessos, em vez de sedes de negócios. Nós o escolhemos por acreditar que seria o local de expansão do setor”, recorda o empresário Aécio Vieira, que preside um dos grandes hospitais da rede privada de Pernambuco e o segundo a se instalar no polo, há 25 anos.


Amanda Tavares atavares@jc.com.br

J

unto com a alegria da maternidade, sempre aparecem muitos medos. Um dos maiores, sem dúvida, permeia a cabeça das mães que precisam voltar a trabalhar fora depois de uns meses cuidando da cria. Por isso, bem antes do período da volta ao mercado, as mulheres já estão preocupadas com a mudança de rotina que está por vir. Com quem deixar o bebê? Qual a melhor opção? Hotelzinho ou babá? Pediatras, acostumados a lidar com as angústias das famílias nos consultórios, afirmam que não existe um padrão. Cada escolha terá suas vantagens e desvantagens. A família precisa avaliar a melhor alternativa e ficar preparada para possíveis necessidades de readaptações. A estudante Débora Monteiro, 20 anos, viveu sua primeira experiência como mãe há pouco mais de um ano, com a chegada de Davi. Quatro meses depois, às vésperas de voltar ao trabalho de atendente de telemarketing, ainda não sabia onde iria deixar o filho. “Foi quando minha mãe disse que assumiria. Tive sorte, mas aos finais de semana acabei tendo problemas porque às vezes era escalada pela empresa e não achava justo deixá-lo com a avó. O meu marido

trabalha o dia todo e às vezes também aos finais de semana. Por isso faltei várias vezes ao trabalho e acabei demitida”, conta. Uma semana após o desligamento, descobriu que estava grávida novamente. Mesmo ciente da opção de reintegração à empresa, preferiu ficar em casa. “Se com um filho já tive problemas, imagine com dois? Sabia que a volta seria inviável”, diz. De acordo com a pediatra Analíria Pimentel, entre as maiores dúvidas apresentadas pelas mulheres no período final da licença-maternidade estão as relacionadas ao aleitamento materno. “É o grande drama das mães que amamentam, principalmente das que precisam voltar ao trabalho antes dos filhos completarem seis meses, período recomendado pela Organização Mundial de Saúde para amamentação exclusiva. Algumas conseguem estocar o alimento em casa, mas muitas acabam tendo que optar pelo leite artificial porque só produzem o natural enquanto o bebê suga. Para quem tem interesse em estocar, oriento que procurem bancos de leite. No Recife temos dois que consideramos referência, a AMA – Clínica de Aleitamento Materno Dra. Bernadete Dantas; e a Uniame, da Unimed. Fora esses, particulares, existem bancos de leite em alguns hospitais públicos da cidade”, afirma a

pediatra. A fisioterapeuta Danielle Godoy também precisou alterar sua rotina de trabalho depois do nascimento de Rodrigo, há um ano e sete meses. Plantonista, teve que passar a trabalhar somente durante o dia. Se mantém em dois empregos e por isso o menino passa o dia num hotelzinho. Agora, com a chegada de Gabriela, há quatro meses, uma funcionária contratada ficará com a menina enquanto o menino permanecerá no hotelzinho. “Escolhi uma escola onde me senti segura. Rodrigo demorou um pouco, mas se adaptou bem. E a postura da professora que cuida dele colaborou muito. Ela é muito cuidadosa. E só fica responsável por duas crianças. Tem como prestar bem atenção no comportamento de cada uma”, comenta. O fator decisivo para manter apenas um filho no berçário foi financeiro. “Manter os dois seria inviável. Por isso vou montar uma estrutura, com minha mãe e minha sogra, para que fiquem na minha casa enquanto trabalho. Assim me ajudam e ajudam a pessoa que cuidará de Gabriela, já que a funcionária administrará também as tarefas de casa e por isso em alguns momentos não poderá dar atenção à criança. É mais seguro, portanto, manter mais alguém por perto”, pontua. k

Bernardo Soares/JC Imagem

Os conselhos do pediatra são imprescindíveis para orientar a dieta, segurança e esquemas de vacinação da criança

ANOS

A fisioterapeuta Danielle Gomes alterou a rotina de trabalho depois do nascimento dos filhos. Rodrigo fica no hotelzinho e Gabriela com a babá


Bernardo Soares/JC Imagem

O grande drama das mães que amamentam é a volta ao trabalho antes dos filhos completarem seis meses, período recomendado pela Organização Mundial de Saúde para amamentação exclusiva. Algumas conseguem estocar o alimento em casa, mas muitas acabam tendo que optar pelo leite artificial porque só produzem o natural enquanto o bebê suga. Para quem tem interesse em estocar, oriento que procurem bancos de leite”, Analíria Pimentel, pediatra

Quando o assunto abordado pelas mães no consultório é a escolha de onde e com quem deixar os filhos, a pediatra Analíria Pimentel aconselha a família a levar em consideração questões como segurança e profissionalismo, seja de babás ou funcionários de hoteizinhos. “Quem conta com a ajuda da família (mães, tias, sogras, irmãs), fica mais segura. Caso contrário, a preocupação é grande, afinal a mão de obra especializada está cada dia mais escassa e as famílias se preocupam sobretudo com o risco de acidentes e das crianças sofrerem maustratos. Muitas optam, então, pelos hoteizinhos. A mensalidade desses estabelecimentos geralmente é cara. Além disso, quando as crianças adoecem, precisam ficar em casa. E aí vem à tona novamente toda a preocupação por não ter com quem deixar. Por isso é importante pesar cada item antes de tomar a decisão. E estar preparado para mudanças bruscas de rotina que possam surgir”, afirma. Os medos da estudante Débora Monteiro têm a ver, sobretudo, com a segurança dos seus filhos. “Deixar criaturas tão pequenas em casa, sob a supervisão de qualquer pessoa, não me daria segurança”, desabafa. Quando as crianças estão muito pequenas, a grande preocupação se dá em torno de como será administrada a alimentação, em qual posição irá colocá-las para dormir (para evitar sufocamento), como dar banho. Quando crescem, as mães têm medo que mexam em tomadas, objetos perfurocortantes, medicamentos... “Nem todo mundo tem habilidade e respon-

Os pais devem deixar a babá orientada sobre toda a rotina e os hábitos do pequeno

sabilidade para lidar com essas situações. Por isso achei melhor ficar em casa”, pontua. As mães que optam pelos berçários, segundo a médica, pesam sobretudo a questão da segurança, já que em muitos desses lugares existem câmeras e as babás estão preparadas para lidar com crianças de várias idades. “As mães vão trabalhar mais tranquilas, pois o risco de acidentes, nesses casos, é menor. Porém, há o risco de se adquirir doenças com mais frequência. Por isso a necessidade de manter as vacinas das crianças sempre em dia. É necessário cumprir à risca o calendário de vacinação”, alerta Analíria. (A.T.)


Fotos: Bernardo Soares/JC Imagem

Roberto orienta aos que querem pedalar, enquanto as médicas Thaysa (de branco) e Patrícia (de preto) contrataram a personal Cristiane para poderem participar de corridas de rua

Exames periódicos são essenciais para que seja feito um mapeamento básico, seja qual for o perfil do aluno Leila Núbia

Especial para o JC

M

édica sedentária, 37 anos, quatro plantões semanais, três filhos, procura atividade física regular e prazerosa. Solução? Unir exercícios e lazer. Foi o que pensou a pediatra Thaysa Menezes, ao receber convite da amiga, e também médica, Patrícia Fonseca, para participar de grupos de corrida de rua no Recife. A chance de se exercitarem ao ar livre, dispensando séries repetitivas em salas fechadas de academias, e ainda se divertirem com os amigos, lhes pareceu uma garantia de que não abandonariam a atividade em pouco tempo. Mas antes de começar a praticar uma modalidade de alto impacto, como corrida ou ciclismo, é preciso cautela. Mesmo que o objetivo não seja se tornar atleta, e que você não seja exatamente um ser sedentário, exames médicos e prepa-

ro físico são fundamentais. Nessa hora, não é bom ter pressa, e, sim, metas. No caso de Thaysa e Patrícia, que tinham pouco tempo na agenda, a alternativa foi contratar uma personal trainer que as acompanhasse nos horários disponíveis. Assim, em duas tardes por semana elas têm encontro marcado no Parque da Jaqueira com a especialista em atividade física Cristianne Tomasi, para treinos de condicionamento físico. “Só iniciamos os treinos depois que cada uma entregou o parecer cardiológico e a avaliação física”, conta Cristianne, explicando que são exames capazes de fornecer um mapeamento básico para qualquer perfil de aluno. “Também recomendei que fossem a uma nutricionista, pois tinham uma alimentação desregrada devido à rotina dos plantões.” Os primeiros 15 dias serviram para a preparação cardiovascular. Sempre em torno das 16h, quando o clima está me-

nos quente, começam com alongamento, para soltar o corpo, depois dão uma primeira volta na pista, caminhando. Em seguida Cristianne usa pequenos circuitos com cordas, cones e elásticos, que ajudam a exercitar os quadris e fortalecer as pernas. Por fim, voltam à pista e vão intercalando caminhadas e corridas. Detalhe: nos primeiros dias, nada de correr; só trotar. Até estarem aptas a participar de um circuito mínimo de corrida, que costuma ter cinco quilômetros em média, e num horário de clima ameno, a previsão é de que terão de manter os treinos por no mínimo 45 dias. “Mas vai depender de cada uma, pois cada organismo tem seu ritmo”, pondera a personal trainer. Se a corrida fosse de percurso maior e em horário mais quente, teriam que treinar por mais tempo. Outro ponto importante, além de seguirem uma alimentação leve, rica em fibras, sucos e frutas, é a hidratação. Se-

gundo Cristianne, a recomendação da Organização Mundial de Saúde é que qualquer pessoa deve beber entre 1,5 e 2 litros de água por dia. Mas para quem é atleta ou realiza esse tipo de condicionamento, a personal trainer propõe mais de 2 litros diários. Por isso, Patrícia e Thaysa levam uma garrafinha d’água, para beber antes, durante e após os exercícios. “As corridas elevam a frequência cardíaca, o que acelera o metabolismo, gerando um gasto de massa e gordura”, ensina a personal.

BICICLETAS

Os adeptos do ciclismo, que treinam de forma intensiva, costumam praticar o esporte todos os dias, ao nascer do sol, no velódromo da Rua da Aurora. Mesmo para quem busca apenas passear com a família, é preciso preparação e cuidados.

“Embora seja uma atividade mais leve do que a corrida, pois há menos impacto sobre as articulações, existem os riscos cardiovasculares e também de se sofrer lesões, seja por mal uso da bicicleta, seja por acidentes diversos”, alerta o educador físico Roberto Sales, que há 18 anos treina ciclistas, atletas ou não. Os mesmos exames recomendados aos futuros corredores também valem aqui: parecer cardiológico e avaliação física, para descartar possibilidade de patologias que inviabilizem a prática. “Se a pessoa quer ter a prática como atividade física regular, e não apenas como lazer, o ideal é adquirir uma bicicleta sob medida, com diâmetro das rodas e tamanho do quadro, de acordo com o tamanho das pernas da pessoa”, adianta. “Isso evita problemas de coluna, entre outros.” k


Bernardo Soares/JC Imagem

O cardiologista e fisiologista do exercício Marcos Aurélio Vasconcelos ensina que os exercícios físicos, feitos com regularidade diária ou intercalados, promovem saúde. Já atividades esportivas, com finalidades competitivas, seja amadoras ou profissionais, só devem ser praticadas por quem já tem saúde.

J

NOVA ESTRUTURA, MAIS TECNOLOGIA E TODA COMODIDADE PARA CUIDAR MELHOR DE VOCÊ. A Unidade Avançada do Santa Joana Diagnóstico está totalmente renovada. Mais conforto, tecnologia e precisão para cuidar cada vez melhor da sua saúde. O Santa Joana Diagnóstico é referência no país em medicina diagnóstica e preventiva seguindo, como parte integrante do Complexo Hospitalar Santa Joana, os mais rigorosos procedimentos internacionais de qualidade. E tudo isso com a comodidade de ter todos os exames em um só lugar. •Novo Espaço para Ultrassonografia e Endoscopia Digestiva •Mais de 50 Convênios •Exclusivo Espaço Fidelidade e Espaço Mulher •Equipe Médica Altamente Capacitada •Equipamentos Modernos de Última Geração •Estacionamento com 200 Vagas e Serviço de Manobrista PRINCIPAIS EXAMES

•Ressonância Magnética •Ultrassonografia/Doppler •Raio X •Ecocardiograma •Endoscopia Digestiva •Tomografia Computadorizada •Mamografia •Hemodinâmica •Densitometria Óssea •Cintilografias em Geral e do Miocárdio

4002.2828

agendamentoonline@gfv.com.br www.sjd.com.br

ORNAL DO COMMERCIO – O que recomendam os cardiologistas a quem deseja praticar esportes de alto impacto? MARCOS AURÉLIO VASCONCELOS – Os esportistas de fim de semana são de alto risco, sobretudo os com mais de 40 anos, mesmo os aparentemente sadios. A caminhada, por exemplo, praticamente não oferece riscos, inclusive para cardiopatas e pneumopatas. Já a corrida, o ciclismo, a natação, esportes com bolas, precisam de uma boa avaliação cardiológica prévia e periódica. As crianças e adolescentes apresentam baixos riscos, mas se forem praticar esportes, devem ser avaliadas para afastar cardiopatias congênitas. As atividades extenuantes, que levam a grandes perdas de eletrólitos (por exemplo, potássio, cálcio e magnésio) e água, podem desencadear arritmias graves e possível morte súbita. Exercícios físicos devem promover saúde, melhorar o condicionamento físico, melhorar os metabolismos, equilíbrio, força. Devem ser praticados regularmente de três a cinco vezes por semana com tempo progressivo até atingir no mínimo uma hora, e de predomínio aeróbio. O fator limitante é a fadiga excessiva (extenuação e frequências cardíacas muito altas), sobretudo nos cardiopatas, pneumopatas e nos portadores de doenças metabólicas como o diabetes mellitus e doenças hepáticas e renais. Nos casos especiais, além da avaliação mé-

dica e nutricional, a prescrição do exercício por um profissional de educação física é importante e, algumas vezes, além da orientação, necessitam da supervisão. JC – Quanto às corridas e ao ciclismo, quais os cuidados? MARCOS – A corrida está muito em moda. É um excelente exercício aeróbio, sobretudo nos indivíduos que objetivam perder peso e gordura abdominal, mas dependendo da intensidade pode se transformar em uma atividade extenuante e de alto rendimento, consequentemente de risco leve a moderado, devendo ser praticada apenas por indivíduos sadios. Não é adequada para cardiopatas e/ou pneumopatas. Há restrições para idosos, que além do risco cardíaco, existem os ortopédicos, sobretudo quadril e joelhos. Já o pedalar, também em evidência, é uma atividade prazerosa, um misto de aeróbia e resistido localizado, muito bom para saúde e de baixo risco. Mas a partir de 25 km/hora já configura alto rendimento e as observações seriam as mesmas que as de demais esportes. É sempre bom fazer uma avaliação cardiológica prévia. E independentemente da atividade, nunca fazer exercícios quando estiver doente, sentindo-se mal, com febre, vômitos, falta de ar, dor no peito, diarreia, hipertensão e/ou diabetes descontroladas, hipotireoidismo/ou hipertiroidismo não controlado.

Esportistas de fim de semana são de alto risco, sobretudo os com mais de 40 anos JC – Cardiologistas também fazem recomendações quanto à alimentação? MARCOS – Vai depender dos objetivos, pois no esporte precisamos de maior cota calórica. E também não devemos esquecer dos eletrólitos e da água. Se o objetivo é perder peso, a dieta tem que ter um balanço calórico negativo e aí o nutricionista poderá equilibrá-la. O que devemos evitar é a hipoglicemia, sobretudo nos diabéticos. Os cardiopatas em especial dependem muito dos eletrólitos. Alimentos como banana, laranja, melancia, mamão, melão, morango, ameixa, tomates, brócolis, espinafre, couve, ervilhas, acelga, feijão, grão de bico, aveia, chia, linhaça, castanhas devem ser consumidos regularmente. Antes da prática de exercícios é recomendável uma refeição leve, com frutas, leite, massa leve. Evitar plenitude gástrica (estômago muito cheio). Não esquecer da água durante ou após a sessão. Não tomar bebidas alcoólicas ou gasosas. Tomar seus remédios prescritos para hipertensão, diabetes, dislipidemias e outras de uso contínuo. Em linhas gerais, as atividades físicas aeróbias ou aeróbias/resistidas fazem parte do cuidar da saúde, mas é lenda achar que exercícios curam tudo, como se prega leigamente na mídia. Pelo contrário, eles podem até fazer mal e/ou piorar situações de doenças. O exercício mal feito, sem alongamento e aquecimento prévio, pode levar a lesões musculares e articulares graves, e às vezes irreversíveis, podendo agravar um quadro de insuficiência cardíaca, descompensar hipertensão, diabetes, asma e outros. A musculação exclusiva não é considerada, do ponto de vista médico, exercício físico promotor de saúde.


Fotos: Bernardo Soares/JC Imagem

Os alimentos funcionais ajudam a regular as funções corporais e minimizar doenças que já se instalaram, como diabetes e até câncer

É importante aumentar o consumo de grãos e vegetais (cinco frutas por dia) para garantir a cota das vitaminas do complexo B e fibras. Ao dividir os alimentos em grupos: proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais, a nutrição estabeleceu os princípios de uma dieta equilibrada”, nutricionista Jerluce Ferraz

Moema Luna

mluna@jc.com.br

O

consumo de alimentos funcionais pode regular funções corporais de forma a auxiliar na proteção contra doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes, câncer, osteoporose e as coronarianas. Para a saúde da mulher, a soja é um aliado, especialmente na menopausa. De acordo com a nutricionista Maria da Conceição Chaves de Lemos, professora adjunta do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 25g de proteína de soja (em média uma xícara de chá), corresponde a 60g de isoflavonas (substância semelhante ao estrógeno, que é o hormônio feminino). A professora diz que o produto é importante ainda para tratar o colesterol elevado, pois é ótima fonte de fibra solúvel. “Para combater a depressão, a soja também é recomendada por ser rica em triptófano, que eleva os níveis de serotonina (importante para o humor)”, diz. Embora não haja pesquisas suficientes para assegurar uma dieta que possa ajudar as mulheres no período da Tensão Pré Menstrual (TPM), a nutricionista do Hospital das Clínicas da UFPE responsável pelos ambulatórios de doenças renais, diabetes e do setor de hemodiálise, Jerluce Alvares Ferraz, afirma que fisiologicamente, na fase do ciclo menstrual, ocorre uma variedade de sintomas pelas constantes variações hormonais, como: ansiedade, aumento do apetite por doces, retenção de líquidos e peso, irritabilidade, tensão nervosa, cefaleia, en-

tre outros. “É importante uma atenção especial à alimentação na TPM para atenuar, ou até mesmo eliminar tais sintomas, como aumentar o consumo de alimentos ricos em magnésio, cromo, complexo B, especialmente B6, B2 e B3, o aminoácido triptófano, vitamina E, fibras, além de restringir o consumo de açúcares, cafeína, laticínios, gordura animal, sal e alimentos ricos em sódio (industrializados)”, explica Jerluce. Já Maria da Conceição cita a literatura científica que indica benefícios consideráveis a partir do consumo de oleaginosas como amêndoas, avelã, macadâmia e as castanhas, ricas em magnésio e óleos essenciais como o ômega 3, o 6 e o 9, além da banana, a aveia e o grão de bico, ricos em triptófano, assim como sardinha, salmão, semente de linhaça e chia (ricos em ômega 3). Jerluce destaca a importância de aumentar o consumo de grãos e vegetais (cinco frutas por dia) para garantir a cota das vitaminas do complexo B e as fibras. “Ao dividir os alimentos em grupos: proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais, a nutrição estabeleceu os princípios de uma dieta equilibrada”, diz. “Já os homens pertencem a um grupo mais susceptível à doença cardiovascular quando comparado às mulheres em idade reprodutiva, pela ação cardioprotetora que o estrogênio (hormônio feminino) exerce”, explica Jerluce Ferraz. As chances aumentam principalmente quando os níveis de testosterona (hormônio masculino) declinam. Inúmeros fatores podem contribuir para essa redução em qualquer idade, como: obesi-

dade, hipertensão, hiperglicemia (aumento na glicose), dislipidemia (aumento do colesterol e triglicerídios), inatividade física, somada a patologias como: diabetes, hipertensão, estresse crônico, má alimentação, a qual leva a um déficit nutricional, levando a complicações cardiovasculares. “Pensando nos cuidados com a saúde do coração, é importante acrescentar os alimentos ricos em antioxidantes e protetores da camada que envolve os vasos sanguíneos (endotélio), com ação cardioprotetora. São eles: açaí sem xarope de guaraná ou sem glicose, suco de uva roxa ou preta (com a casca), chocolate amargo sem açúcar com 70% ou mais de cacau, e abacate (fruta que ajuda a modular o cortisol, hormônio do estresse). O tomate, na forma de molho, confere também efeito protetor contra o câncer de próstata, ou minimiza seu dano quando a doença já está instalada, devendo ser consumido diariamente, associado a uma alimentação equilibrada e rica em vegetais, fibras, e pobre em gordura trans, saturada e em açúcares refinados”, ensina. A nutricionista alerta ainda que a soja e a semente de linhaça também protegem o sistema cardiovascular, mas não se recomenda o seu consumo para os homens, devido à presença de fitoestrógenos, nem o consumo abusivo de leite de vaca, pela presença de estrogênio, que quando absorvido pelo homem pode levar a uma redução na testosterona, causando desordem nos hormônios sexuais masculinos. k


Guga Matos/JC Imagem

nononon nonon non non nononon nonon non non nononon nonon non non nononon

O sol é fonte de vitamina D, mas nos alimentos é possível a suplementação A carência de vitamina D atinge a população em mais de 90%, mesmo em regiões tropicais. Os alimentos do reino animal, são ricos nessa vitamina, considerada um hormônio. O sol é também uma fonte ao atuar sob a pele. Porém, com o avançar da idade essa conversão na pele declina e daí faz-se necessária uma suplementação para manutenção de um bom status dessa vitamina. “Para o cálcio, as maiores fontes biodisponíveis, ou seja, aquelas que o organismo de fato absorve em sua maior proporção são os vegetais como: o brócolis 61,3%, couve 58,8%, repolho 52,7%, além do leite 32,1% e do tofu 31%. Consumir esses alimentos não basta, tem que ter uma dieta rica em vegetais para garantir a maior absorção desse mineral no intestino e sua devida utilização no lugar certo. Mas na população adulta não se

deve abusar de cálcio”, diz a nutricionista do Hospital das Clínicas da UFPE Jerluce Alvares Ferraz. Estudos recentes comprovam cada vez mais os perigos de uma suplementação isolada de cálcio para a correção, ou mesmo prevenção, de perda de massa óssea. Jerluce salienta que a suplementação de cálcio, ou o seu consumo excessivo na alimentação, em detrimento dos outros micronutrientes, principalmente o magnésio e vitamina K, pode promover uma microcalcificação inadequada, ou seja, aumento da deposição do cálcio fora do osso. Essas microcalcificações causam distúrbios diversos no organismo, levando a cálculos renais ou na vesícula, também pode ocorrer as mesmas nos tecidos moles, como nas juntas, mamas, esporão, além de calcificações arteriais.


Beto Figueirôa/JC Imagem

O

s limites entre vaidade e necessidade de melhorar a autoimagem. Até que ponto a busca por uma plástica, ou tratamento de pele, pode ir além do desejo de se sentir mais belo ou mais jovem, e ser um apoio real no resgate da auto-estima? Certo dia chegou ao consultório do cirurgião plástico Carlos Homero Cabral uma jovem de apenas 15 anos, que já nem queria ir à escola. Achava os seios pequenos, e dizia ser vítima de bullying. “Ela trouxe uma carta de sua psicóloga, recomendando o procedimento cirúrgico para aumentar as mamas com prótese de silicone, como auxílio à terapia”, conta o médico. Embora esse e outros tipos de plásticas não sejam recomendados até os 15 anos, fase em que a pessoa ainda está em formação, o cirurgião plástico avaliou que a adolescente já havia chegado à idade limite para o crescimento dos seios. “Fizemos o procedimento e os resultados foram excelentes, sobretudo no ganho da auto-estima”, relata. Este tipo de intervenções nas mamas costuma estar entre as cirurgias estéticas simples que produzem os resultados mais nítidos em termos de auto-estima, de acordo com o cirurgião plástico Guilherme Torreão. “Talvez pelo

Tiago Calazans/JC Imagem

Por exigência social ou para elevar a auto-estima, as pessoas procuram fazer cada vez mais interferências no próprio corpo, invasivas ou não Consciente desse investimento emocional e financeiro, após a cirurgia Elisângela se comprometeu a incorporar uma alimentação balanceada e a se exercitar todos os dias em uma academia de ginástica. “Muita gente pensa que porque fez abdominoplastia não vai mais engordar. É um erro. Acho que já se deve começar a fazer exercícios assim que o médico liberar”, aconselha.

PELE

Das cirurgias plásticas às massagens, tudo para atingir o padrão de beleza e bem-estar almejado atualmente fato de a mama estar diretamente relacionada à feminilidade e à sexualidade”, opina. Outro exemplo, segundo ele, é a plástica para correção das orelhas de abano, capaz de ajudar o paciente a ter mais autoconfiança, com resultados tão satisfatórios, que chegam a interferir nas relações interpessoais, abrindo novas chances no mercado de trabalho. “Algumas pessoas modificam

radicalmente o estilo e ritmo de vida após cirurgias plásticas, na busca por uma melhor qualidade de vida”, revela Guilherme Torreão, enfatizando que o paciente também deve fazer sua parte. “Sempre digo a eles que a cirurgia vai levá-los até 70, 80% do caminho, e que o resto terão que conduzir sozinhos, logicamente com a supervisão do cirurgião.” A empresária Elisângela Cesar, 36 anos, seguiu o conselho. Após

duas gestações, ficou com uma flacidez e excesso de pele na barriga que a deixarem bastante insatisfeita com o próprio corpo. Já não aguentava mais usar roupas frouxas e ficar o tempo todo de saída de banho quando ia à praia. Até que criou coragem e foi buscar fazer uma plástica de abdome. “Confesso que tive medo, afinal sou mãe de crianças pequenas (7 e 3 anos), e toda cirurgia tem riscos. Mas no fim deu tudo certo.”

Em dermatologia, os tratamentos contra acne e os de rejuvenescimento, estão entre os que trouxeram ótimos efeitos comportamentais nos pacientes da médica Carla Silveira. “Tive um paciente adolescente que chegou a faltar prova, porque tinha vergonha de sair de casa devido à acne. Sem o tratamento, ele não teria conseguido retomar sua vida de estudante”, relata. Houve também uma mulher de 62 anos que nunca tinha tido o hábito de se cuidar durante a juventude, e agora passou a se incomodar com os sinais da idade. Apenas com ácidos para clareamento e cremes anti-idade, o efeito rejuvenescenedor foi tão grande que ela começou a receber elogios das pessoas, e a se sentir mais motivada a se arrumar e sair de casa.


J

Felipe Ribeiro/JC Imagem

As pessoas podem até parecer mais desinibidas em matéria de sexo, mas não quer dizer que estejam menos confusas, ou mais realizadas. Disfunções sexuais em homens e mulheres continuam a interferir no desejo e no desempenho. Ao refletir sobre a dimensão psicossocial da sexualidade humana, o professor adjunto do Departamento de Neuropsiquiatria da Universidade Federal de Pernambuco, Amaury Cantilino, coordenador do Programa de Saúde Mental da Mulher da UFPE, fala à jornalista Moema Luna das dificuldades comuns aos gêneros.

ORNAL DO COMMERCIO – No que consiste a disfunção sexual? AMAURY CANTILINO – Existem quatro fases da resposta sexual humana: o desejo, que tem relação com a vontade de ter uma atividade sexual despertada por uma pessoa, podendo vir em forma de fantasias ou pensamentos eróticos; a excitação, que é a preparação para o ato sexual, representada pela ereção (no homem) e pela lubrificação vaginal (na mulher), além das sensações iniciais de prazer durante o ato sexual; o orgasmo, ponto máximo do prazer sexual; e a resolução, sensação de relaxamento que ocorre logo após o orgasmo. Dificuldades experimentadas por uma pessoa em qualquer dessas fases da atividade sexual podem se constituir em distúrbios. São mais frequentes os distúrbios do desejo, da excitação e do orgasmo. Nas mulheres, são mais frequentes: a inibição do desejo sexual, chamado de desejo sexual hipoativo (falta de vontade crônica de ter relações sexuais); a anorgasmia (não conseguir obter o orgasmo); e o vaginismo e a dispareunia (dor durante a penetração ou contração involuntária da musculatura da vagina, atrapalhando a introdução do pênis). Nos homens, mais frequentemente, são observadas a disfunção erétil e a ejaculação precoce. JC – Homossexuais femininos e masculinos relatam as mesmas dificuldades dos heterossexuais? AMAURY – Certamente. As mesmas alterações físicas e barreiras psicológicas e culturais podem afetar os homossexuais. No entanto, observo na prática clínica que há uma tendência à maior abertura para discussão do assunto entre os parceiros homossexuais, o que acaba resolvendo parte das questões dentro do relacionamento. JC – Qual a causa das disfunções? AMAURY – Na maioria

das vezes as disfunções de desejo, de excitação e de orgasmo são de causas psicológicas ou psicossociais. É quando há uma interferência muito significativa de concepções culturais excessivamente repressoras na construção da personalidade. Tem relação com a maneira com a qual a pessoa foi apresentada aos conceitos sexuais e com as influências pessoais que ela recebeu. Outro aspecto relevante é que eventuais situações traumáticas de abusos sexuais na infância e na adolescência vão interferir na função sexual, sobretudo das mulheres. JC – Qual a terapêutica indicada para homens e mulheres? AMAURY – Existem algumas medicações que podem aumentar o desejo sexual e a capacidade de excitação. Uma delas, chamada bupropiona, originalmente foi testada como um antidepressivo. O curioso é que nas pesquisas com depressão se observou que pessoas que estavam utilizando a bupropiona começavam a deixar de fumar. Então passou a ser utilizada no tratamento do tabagismo, depois foi lançada para depressão. Hoje a gente sabe que pelo menos um terço das mulheres que usam o bupropiona, independentemente de terem depressão, relatam aumento do desejo sexual. Essa pode ser uma estratégia. Uma outra estratégia pode ser o uso de hormônios sexuais masculinos. A testosterona é o hormônio que mais está ligado ao desejo sexual. Os homens produzem muita testosterona porque a maior parte dela é produzida pelos testículos. Mas existe a glândula adrenal, que fica logo acima dos rins, tanto dos homens quanto das mulheres, que é uma glândula que também produz testosterona, embora com uma quanti-

Na maioria das vezes as disfunções são de causas psicológicas ou ainda psicossociais dade menor do que os testículos. JC – Há estatísticas sobre disfunção sexual feminina? AMAURY – Alguns estudos sugerem que pelo menos em 70% a 80% das vezes há um aspecto psicológico predominante na situação. De dez em dez anos, a pesquisadora paulista Carmita Abdo realiza estudo em várias cidades do Brasil. Recife é incluída nessa amostra. Observa-se que cerca de 25% das mulheres têm desejo sexual hipoativo e pelo menos um terço delas têm dificuldades ou incapacidade de obter orgasmo. Em pesquisas realizadas na Suécia, Reino Unido e EUA, cerca de 40% das mulheres com idades entre 18 e 59 anos apresentam queixas sexuais significativas, 33% envolvem manifestação de déficit do desejo sexual, 24% descrevem anorgasmia e 19% relatam dificuldade para excitação e lubrificação. Observa-se que, quanto maior a idade, menor o desejo sexual. Curiosamente as mulheres casadas têm menos desejo do que as solteiras, e isso pode se dever à limitação no repertório sexual.


Bernardo Soares/JC Imagem

Quem ronca pode ter paradas respiratórias e até infarto Leila Núbia Especial para o JC

V

ocê pode até ter uma rotina saudável e uma vida sem grandes estresses, mas se passar a dormir mal os problemas vão começar. Nos últimos 20 anos, frequentes estudos dedicados ao tema têm revelado novas terapêuticas e alertas médicos, sendo o principal deles relacionado ao ronco. Raramente visto como um problema de saúde, sendo motivo de piadas ou de incômodo conjugal, o ronco é tão mal compreendido que não são poucos os que o vêem como um sinal de sono profundo. “É justamente o oposto”, frisa o pneumologista Alfredo Leite. “Roncar pode ser comum, mas não é algo normal ao ato de dormir. É um sinalizador de problemas que podem se agravar.” A gravidade é o fato de vir associado à chamada Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (Saos), ou apneia do sono: obstrução das vias aéreas superiores que pode se repetir várias vezes durante o sono, levando a paradas respiratórias involuntárias. Tais episódios provocam frequentes despertares, a maioria microdespertares, nem sempre lembrados pela pessoa, que deixam o sono altamente fragmentado, e consequentemente com redução dos seus estágios mais profundos, perdendo sua função restauradora. Quanto mais frequentes ou duradouros os roncos e apneias, mais graves poderão ser os efeitos. “Uma pessoa que ronca pode ir de um extremo a outro. Desde casos leves de apneia, sem grandes comprometimentos, a paradas respiratórias mais prolongadas, que podem desencadear arritmias cardíacas, hipertensão arterial e até infarto”, alerta Alfredo Leite. A preocupação, segundo o médico, é que cerca de 80% das vítimas no mundo sequer sabem que têm uma doença. O pneumologista acrescenta que a Saos acomete 4% dos homens e 2% das mulheres em idade produtiva no planeta, sendo que em homens com mais de 40 anos e excesso de peso, essa prevalência pode ultrapassar 40%. “Como a maioria desconhece que tem um problema, permanece sem tratamento”, alerta. Até cinco anos atrás o professor de educação física Flávio Lapa, 46 anos, nunca se queixou de dificuldade para dormir. Até que passou a cochilar involuntariamente em vários momentos do dia e acordar sem ar diversas vezes por noite. De manhã era como se não tivesse descansado. O professor dá aula o dia inteiro em lugares diferentes, já chegou a cochilar ao volante. “Foi quando resolvi buscar ajuda”, conta. O clínico recomendou uma polissonografia que apontou a ocorrência de apneias com potencial de risco. O tratamento para esses casos pode partir do uso de aparelhos de avanço mandibular, válvulas nasais e até cirurgias, mas o método por excelência é o Cpap (sigla em inglês Continuous Positive Airway Pressure: Pressão Positiva Contínua na Via Aérea). É uma espécie de compressor de ar que injeta oxigênio sob pressão pelo nariz, e impede que haja colapso das vias aéreas. k


Roncos, insônia, bruxismo... Mais de 100 distúrbios do sono já são conhecidos, e com sintomas e repercussões tão abrangentes que o tratamento precisa ser multidisciplinar. O ponto de partida poderá ser um pneumologista, otorrino, neurologista ou cardiologista; ou ainda um odontólogo ou fisioterapeuta do sono. Sandra Jordão e Vania Santana, capacitadas como odontólogas do sono pelo Instituto do Sono, de São Paulo, vêm cada vez mais agregando atendimentos a pacientes com diferentes distúrbios do sono no Recife. Entre eles, apertamentos nos dentes e tensão mandibular, com uso de placas dentárias e aparelhos diversos, e também roncos e apneias leves e moderadas. “O retrognatismo mandibular (queixo retraído) é um problema que pode favore-

nadoras, para quem tem dores nas articulações e tensões mandibulares. É o caso de Carla Crasto, 22 anos, que tinha tanta tensão que chegava a ranger os dentes durante o sono. Ela sentia um cansaço na boca e na face, devido ao excesso de movimentos repetitivos. Com o uso de aparelhos móvel (placa) e reprogramação postural, começou a sentir alívio e um grande conforto. “Mas vale frisar que qualquer tratamento deverá vir associado a uma boa higiene do sono: evitar álcool, bebidas cafeinadas e refeições pesadas à noite; manter o local de dormir escuro, livre de ruídos e com temperatura agradável; não dormir de dia; e não comer na cama ou trabalhar no computador antes de dormir”, destaca Vania Santana, que é especializada em posturologia.

cer o ronco e a apneia”, diz Sandra, que também é ortopedista funcional dos maxilares. Para esses casos menos severos, ela tem indicado o aparelho intra-oral, cuja função é trazer a mandíbula para frente e posicionar adequadamente a língua de modo a liberar espaço para o ar passar. “Sua eficácia vai depender da precisão do diagnóstico, que inclui radiografias da face, para indicar se há problemas articulares e se o tipo facial, a posição dos dentes e a musculatura viabilizam seu uso. Tudo isso para assegurar que ele vai mesmo melhorar a passagem do ar.” O aparelho assemelha-se ao de ortodontia móvel, e como tal precisa ser exclusivo para cada paciente. Há também as chamadas placas oclusais acrílicas estabilizadoras ou reposicio-

dispensa do uso do Cpap, quando o paciente emagrece. Vale frisar que a doença é progressiva, com o avançar da idade. “É fundamental manter o acompanhamento médico, pelo menos uma vez por ano”, alerta Alfredo Leite.

NARIZ

Embora fora do grupo mais susceptível à gravidade de roncos e apneias, a jornalista Sofia Lourenço, 24 anos, descobriu da pior forma que precisava se tratar. Em viagem com amigos, foi alvo de piadas e gracejos coletivos devido aos roncos. Até então só sabia que era uma respiradora bucal, devido à obstrução nasal causada por adenoides e desvio de septo, e que às vezes acordava com falta de ar durante a noite.

Após conseguir gravar os sons que produzia durante o sono, ficou assustada com a intensidade e resolveu buscar tratamento. “Meu otorrino recomendou cirurgia para resolver a obstrução nasal. Cheguei a fazer os exames preparatórios, mas como mudei de emprego, tive que adiar um pouco”, diz, lembrando que recentemente chegou a ter crises de labirintite, e que às vezes se percebe excessivamente irritada durante o dia. “Além da irritabilidade, fadiga, perdas de memória e concentração, os distúrbios do sono já estão associados a cerca de 15 a 20% dos acidentes em vias monótonas, sobretudo estradas”, informa o pneumologista Alfredo Leite, citando números da American Thoracic Society.

Fotos: Bernardo Soares/JC Imagem

Alfredo Leite diz que alguns acidentes estão associados a distúrbios

O equipamento lembra uma máscara de oxigênio, e como terá de ser usada sempre que o paciente for dormir, de dia ou de noite, costuma provocar rejeição. No início do tratamento, Flávio Lapa chegou a usar alguns aparelhos mandibulares, mas o que realmente teve resultados foi o Cpap. “Os roncos incomodavam minha esposa e os colegas, quando viajava a trabalho. Hoje além de não ter esse problema, os ganhos em qualidade de sono e de vida foram tão grandes que me sinto bem adaptado. O Cpap é meu companheiro de todas as noites”, diz Flávio. Além da idade, outro fator que colabora para esse e outros distúrbios do sono é o sobrepeso. Quanto mais gordos, mais chances de termos apneias. Daí haver casos de regressão do quadro, e até

Sandra alerta para problemas que causam distúrbio, como queixo retraído


Para tratar é importante saber diferenciar o tipo de dor Leila Núbia

Especial para o JC

E

ste parece um desafio semântico, mas não é. Para quem sofre de dor de cabeça é importante compreender a diferença e tratar. Segundo o neurologista José Luiz Inojosa cefaleia é um termo médico para toda e qualquer dor de cabeça, e pode ser primária ou secundária. “As primárias acometem indivíduos predispostos a sentir dor de cabeça, em geral por fatores genéticos. Já as secundárias são provocadas por tumores cerebrais, sangramentos ou processos inflamatórios e infecciosos que acometam cérebro ou meninges.” A enxaqueca é um tipo de cefaleia primária bastante frequente e com muitas opções terapêuticas. Costuma trazer dores moderadas ou intensas, sendo às vezes percebida como uma dor predominantemente pulsátil localizada em uma das metades do crânio. O médico alerta que as crises de enxaqueca, se não forem tratadas, podem durar horas, e até dias, e vir acompanhadas de náuseas ou vômitos. “Alguns pa-

cientes se queixam de tonturas, aversão a ambientes barulhentos ou fortemente iluminados, e também a odores intensos. A enxaqueca afeta o convívio familiar e social, além de gerar prejuízos econômicos devido ao alto índice de faltas ao trabalho por conta das crises que provoca.” Entre os múltiplos fatores que podem causar ou piorar as cefaleias, continua o neurologista, estão a insônia e a alimentação, que hoje em dia tem sido muito baseada em produtos processados e industrializados. O estresse e a ansiedade também têm surgido como grandes causadores, pois levam a tensões musculares e desencadeiam os mecanismos cerebrais de dor. “Nas mulheres, o ciclo hormonal, sobretudo durante o período menstrual ou pré-menstrual, é outro fator que pode causar crises fortíssimas. Para elas, os nutricionistas recomendam que sejam evitados leites e derivados, coco, alimentação com muita gordura ou frituras”, destaca.

TERAPIAS

A pedagoga Tereza Miranda, 48 anos, conhece bem essa realidade. Desde a adolescência, se queixava de cefaleias e há apenas oito anos descobriu pelo menos uma parte das causas. “Cheguei a ir a um neurologista e a um otorrino, mas foi um ortodontista que detectou que eu sofria de bruxismo. Não chegava a ranger os dentes, mas travava de tal modo que

já acordava com dor de cabeça”, conta. A solução foi uma placa dentária que ela passou a usar ao dormir para aliviar a pressão mandibular. Mas as crises de enxaqueca continuaram. Iniciadas intensamente em torno dos 20 anos, traziam náuseas e sensibilidade à luz e a cheiros fortes. Algumas vezes chegavam com a TPM e se prolongavam após o período menstrual. “Tomava medicamentos, mudava a alimentação, fazia caminhadas, mas nada fazia efeito”, recorda Tereza. Somente em abril deste ano, quando a pedagoga chegou a ficar seis dias ininterruptos com dor de cabeça, decidiu recorrer a tratamentos naturais, e finalmente obteve sucesso após sessões semanais de acupuntura e a ingestão de medicamentos homeopáticos. “No início do tratamento, ainda precisei usar analgésico em um único dia, receitado pelo próprio médico acupunturista, mas hoje já não utilizo mais”, afirma. De acordo com o neurologista José Luiz Inojosa, o caso de Tereza não é raro, sendo comum a recomendação de terapias relaxantes e para controle de estresse, algumas vezes associadas a fisioterapia para alongamento da musculatura, osteopatia e até mesmo o método RPG (Reeducação Postural Global). “As terapias alternativas e as não-medicamentosas ajudam a reduzir o tempo de uso das medicações, ou mesmo as doses necessárias para o adequado controle da frequência e intensidade das crises”, acrescenta.


A incidência de câncer de mama aumenta em Pernambuco e lidera os cânceres de gênero Felipe Ribeiro/JC Imagem

Moema Luna

mluna@jc.com.br

O

s tipos de câncer mais incidentes nas mulheres são os de mama e de útero. Os de pulmão, cólon e reto vêm em seguida, mas com percentuais bem mais baixos. De acordo com Cristiana Tavares, oncologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no mundo a maior prevalência de câncer de gênero é o de mama. Ela cita pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), com projeções para 2014, que indicam o surgimento de 10.490 novos casos até o fim do ano. Desses, 2.450 são relativos a Pernambuco. “Importante dizer que esse número é uma estimativa, porque os casos são subnotificados. Para ter um número mais próximo da realidade, os hospitais deveriam ter registro de câncer. É preciso que seja implantada essa notificação, principalmente nos hospitais do interior”, diz. Cristiana Tavares acrescenta que a pesquisa do Inca leva em consideração os aspectos multifatoriais do câncer de mama nas mulheres de mais alto risco e nas de risco menor. Entre os aspectos causais de câncer de

Cristiana explica que hábitos nocivos à saúde contribuem para a ocorrência de cânceres mama e de ovário a herança genética da doença em parentes de primeiro ou segundo graus apresenta grande importância. Outro fator de risco é a menstruação precoce, dos 9 anos aos 10 anos; e a última menstruação depois dos 54, assim como a terapia de reposição hormonal prolongada. Nesses casos a mulher terá ao longo da vida uma exposição maior ao estrogênio, o hormônio feminino que leva à proliferação das células mamárias e as do endométrio, portan-

to, se houver no organismo alguma célula anormal ela também será proliferada. A especialista ressalta que a reposição tem suas indicações, mas tem que ser bem avaliada, pacientes com fatores de risco para câncer, por exemplo, precisam de acompanhamento cuidadoso. O número de gestações também é um fator importante. As nulíparas, que não têm filhos, ou as que só têm um filho estão mais sujeitas a desenvolver a doença do que as que engravida-

ram mais vezes, porque durante a gestação ficaram com taxas de estrogênio mais baixas. “Alimentação muito rica em gordura, abuso de álcool, vida sedentária e obesidade também são importantes para contribuir para a incidência de câncer”, alerta Cristiana. A mamografia é o principal exame para o diagnóstico, recomendável a partir dos 40 anos em mulheres de baixo risco. Em mulheres de alto risco o rastreamento deve ser feito a partir dos 30 anos.

Uma coleção de três livros foi lançada este ano com instruções para pacientes, familiares e cuidadores: Câncer 360º – Orientações para uma vida melhor, da editora Carpe Diem. Mais de 40 autores participaram deste projeto organizado pelos oncologistas Cristiana Tavares de Queiroz Marques, responsável pelo título médico; Diana Câmara e Vesta Pires abordaram os aspectos jurídicos; e Cinthya Maggi, nutrição. A obra recebeu reconhecimento da Ordem dos Advogados do Brasil como livro de utilidade pública e também foi chancelada pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e pelo Conselho Nacional de Medicina. As duas referências ratificam a importância do trabalho para a população carente de orientação especializada. A literatura existente em torno do tema é técnica, voltada para a classe médica. Em Câncer 360º, os autores abordam a doença numa linguagem acessível. O título mostra, por exemplo, que mesmo fazendo quimioterapia é possível ter uma alimenta-

Mesmo fazendo quimioterapia é possível ter uma alimentação saudável

ção saudável, mas prazerosa e colorida, já que a quimioterapia compromete o paladar. A nutrição é uma condição importante no tratamento e se o prato não for bem apresentado o paciente não tem vontade de comer. Um dos trechos do livro sobre nutrição esclarece a alteração no sabor. “Nos pacientes com câncer, a mudança alimentar ocorre desde o momento em que recebem o diagnóstico, pois nesse momento surge o que chamamos de depressão alimentar. A preocupação e o medo trazem à maioria dos pacientes a falta de apetite.”


Leila Núbia

Especial para o JC

Q

uando as mochilas não estão muito pesadas, são os saltos altos demais. Quando não é sedentário, malha demais e sem orientação. E como se já não bastassem os desafios de se adaptar a um corpo em transformação, os adolescentes cada vez mais se expõem aos desvios de postura, que podem levar a lesões na coluna vertebral. Escoliose e cifose postural, além dos mais diversos tipos de lombalgias, são problemas bem comuns entre os jovens de 12 a 17 anos que chegam ao consultório do ortopedista Marcus André Ferreira. Se não se queixam de dores pelo excesso de exercícios, ou por serem feitos de forma errada nas academias, muitos sofrem dos males do sedentarismo, que castigam as costas. “E ainda tem as lombalgias resultantes de posições inadequadas para estudar ou digitar no computador, do excesso de peso da mochila ou por carregá-las sem as duas alças, sobrecarregando um dos lados do corpo”, completa. Se continuarem os sintomas sem o devido tratamento ou correção das causas, a vida adulta poderá vir acompanhada de dores crônicas, processos inflamatórios, lesões musculares e/ou ligamentares. “Os erros nas academias, por exem-

plo, poderão levar a lesão discal da coluna, que é a primeira fase do processo de formação da hérnia de disco, doença sem cura”, alerta o médico. Felizmente não foi esse o caso do universitário Pedro Carvalho (sobrenome fictício), 22 anos, que há pouco mais de um ano descobriu ser uma escoliose a causa das fortes dores na região lombar. A descoberta coincidiu com uma fase em que havia se tornado sedentário em função dos estudos, mas reconhece que também devem ter contribuído os maus hábitos da adolescência. “Sempre tive a mania de andar curvado, por ser mais alto que meus amigos e não querer me sentir diferente. E desde a 2ª ou 3ª série carrego bolsas cheias de livros”, confessa. Seguindo a orientação dos pais, que atuam na área de saúde, começou a se policiar quanto à postura, reduziu o número de livros que carregava e passou a fazer exercícios regulares. “Às vezes ainda sinto algumas dores, mas bem menos. Sei que essas medidas podem não ser suficientes, e pretendo fazer novos exames para saber se o desvio não aumentou.” Outro grave fator que tem contribuído para piorar o estado de quem tem dor de coluna é o uso inadequado de analgésicos e anti-inflamatórios. Segundo o ortopedista, muitos jovens buscam neles o alívio das dores lombares de repetição, distensões

Alexandre Gondim/JC Imagem

Mochila pesada, postura errada ao estudar, salto alto e malhação exagerada. Todos esses hábitos e comportamentos fazem com que a coluna dos adolescentes pareça com a de adultos mais velhos

Escoliose, lombalgias e cifose postural afetam jovens dos 12 aos 17 anos

lombares e escolioses. “Os efeitos poderão ser lesões renal, hepática e gástrica com sérias complicações para a qualidade de vida da pessoa, já que algumas delas são irreparáveis”, alerta.

FISIOTERAPIA

O tratamento mais adequado vai depender da causa específica e da correção necessária, mas em geral a fisioterapia, especialmente o RPG (Reeducação Postural Global), é bastante eficiente para tratar dor e corrigir os vícios de postura. Com formação no método, o fisioterapeuta Régis Ferraz já tratou com RPG uma moça de 18 anos com escoliose. “Não pudemos precisar a causa do problema, mas constatamos que ela tinha o hábito de estudar deitada e que havia frequentado uma escola que utilizava cadeiras de um braço só nas salas de aula”, relata o fisioterapeuta, apontando uma outra vilã da rotina escolar. “Essas cadeiras levam os alunos a terem de apoiar o peso em um só lado do corpo, e os obriga a rotacionarem o tronco na hora de escrever”, esclarece. Quanto à paciente com escoliose, o fsioterapeuta relata que após seis meses de sessões, ela já não sentia tantas dores, e chegou-se a um realinhamento postural considerável. k


Fotos: Bernardo Soares/JC Imagem

M

aria Isabel Barbosa tem 15 anos, 1,74 metro e um hábito prejudicial. Quando chega o fim de semana, ela não dispensa o salto. “Já me falaram que só deveria usar após os 18 anos, pois atrapalha o crescimento. E muita gente me pergunta por que uso, já que sou alta. Mas me sinto mais arrumada assim”, assume. Não reclama de dor, mas diz que sente dor nos pés. “Às vezes dá vontade de tirar o sapato, mas não tiro. Se fico muito tempo numa festa, quando me sento consigo me descalçar por baixo da mesa. E aí dá para descansar um pouco.” Mas ir dançar descalça? Jamais. As amigas usam, mas não gostam muito. “Algumas sentem dor na coluna porque ficam andando marrecas (curvadas). Às vezes ando assim. Adolescente nunca anda reta, né?” Exemplos como o de Isabel acabaram inspirando os acadêmicos. Um estudo realizado no Laboratório de Eletrotermofototerapia do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) verificou mudanças posturais geradas pelo uso de salto alto entre as adolescentes. “Constatamos alterações nos tornozelos e nos joelhos das jovens avaliadas, cujas consequências, poderão

Às vezes dá vontade de tirar o sapato, mas não tiro. Se fico muito tempo numa festa, quando me sento consigo me descalçar por baixo da mesa. E aí dá para descansar um pouco. Algumas amiga sentem dor na coluna porque ficam andando marrecas (curvadas). Às vezes ando assim. Adolescente nunca anda reta, né?”, Maria Isabel Barbosa, estudante

ser alterações na coluna lombar e na pelve quando ficarem adultas, já que os efeitos estão relacionados ao tempo de uso do calçado”, alerta a fisioterapeuta Anniele Martins, autora de Repercussões do uso do calçado de salto alto na postura de adolescentes, tema de sua dissertação de mestrado na Pós-Graduação de Saúde da Criança e do Adolescente da UFPE. A pesquisa avaliou 96 adolescentes, entre 11 e 15 anos, sendo 48 usuárias e 48 não-usuárias desse tipo de calçado. Utilizando programas de computação gráfica e softwares de imagem, analisou mais de 15 ângulos diferentes do corpo delas. Questões como a altura mínima do salto e o tempo de uso capaz de causar o desalinhamento postural ainda estão sendo investigados. “Hábitos comportamentais típicos da adolescência, como a postura ao sentar e o peso das mochilas escolares, combinados com o processo de crescimento e desenvolvimento musculoesquelético, podem ocasionar alterações de postura que repercutem para o resto da vida, como escoliose, hiperlordose e hipercifose torácica. Nas meninas, o quadro se agrava ainda mais quando associado ao uso do salto alto”, alerta a pesquisadora.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.