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de P E R N A M B UC O DIARIOd

política ■ ■ ■

Recife, QUI - 18/09/2014

Silêncio aumenta a pressão premiada impõe sigilo a todos os envolvidos. A lei impede que qualquer pessoa se refira à eventual delação e ao seu conteúdo. É imposição de sigilo legal”, disse, sem se referir a um caso específico. Após ouvir Paulo Roberto Costa repetir 18 vezes que não tinha nada a declarar na cosilêncio do ex-diretor missão, possivelmente em resde abastecimento e re- peito ao acordo de colaborafino da Petrobras Pau- ção, o senador Vital do Rêgo lo Roberto Costa durante a ses- classificou a sessão como são da CPI mista do Congres- “frustrante”. “Nos frustramos so aumentou a pressão dos porque fizemos o possível paparlamentares pelo teor dos ra que o depoente pudesse codepoimentos de delação pre- laborar, inclusive em uma sesmiada junto ao Supremo Tri- são secreta, e logo ele e sua bunal Federal. Presidente da advogada se recusaram e se comissão, o senador Vital do mantiveram com as suas gaRêgo (PMDB-PB) agendou para rantias constitucionais de pera próxima terça-feira uma reu- manecer calado. No final, lanião com o presidente do STF, mentamos porque na Justiça Ricardo Lewandowski, e o mi- ele está colaborando e na CPI, nistro Teori Zavascki. que tem os poderes garantiA 17 dias das eleições, a opo- dos pela Constituição Fedesição tenta tomar conhecimen- ral de investigação da mesto das informações repassadas ma forma que a Justiça tem, pelo ex-diretor à Justiça e à Po- nós não tivemos o êxito”, afirlícia Federal. Desde 29 de agos- mou, ao final da reunião. to, Paulo Roberto Costa presta A oposição tentou diversas depoimentos para esclarecer estratégias para que o ex-direo esquema de lavagem de di- tor falasse. A sessão começou nheiro que aberta ao púpode ter des- PRESIDENTE DA blico. Após viado cerca CPI CLASSIFICOU uma hora de de R$ 10 bidiscussão, os A SESSÃO DE lhões dos cointegrantes fres públicos. ONTEM COMO do colegiado A CPI já for- “FRUSTRANTE” votaram para malizou um limitá-la expedido para ter acesso à dela- clusivamente aos parlamentação premiada e ao inquérito res, mas o placar ficou 10 conda Operação Lava-Jato. tra 8, mantendo-a aberta. “AlInicialmente, parlamenta- guns sinais foram encaminhares tentaram marcar o encon- dos a nós dizendo que ele potro para as 18h de hoje, mas deria falar algo em uma sessão preferiram mudar para sema- secreta. Pelo jeito, a pressão na que vem devido à incompa- feita pelo Planalto, pelo PT e tibilidade de agenda do rela- pelo PMDB funcionou”, crititor, o deputado Marco Maia cou o líder do PSDB na Câma(PT-RS), que concorre à reelei- ra, Antônio Imbassahy (MG). ção. Para a próxima semana, Relator da comissão mista, integrantes da CPI mista que- o deputado Marco Maia ainrem pedir também que o pro- da chegou a insistir com percurador-geral da República, guntas sobre a compra da reRodrigo Janot, participe do en- finaria de Pasadena (EUA) e contro com Lewandowski e Abreu e Lima (PE), mas não Teori Zavaski. obteve respostas. Ao usar o direito constituNo fim da reunião, os parlacional de permanecer calado, mentares aprovaram um reo ex-diretor agradou ao Palá- querimento de convocação da cio do Planalto, que teme que contadora do doleiro Alberto novas informações sangrem Youssef, Meire Poza. Ela já esainda mais o escândalo da Pe- teve no Conselho de Ética da trobras. Três horas antes da Câmara e demostrou interessessão, Janot havia afirmado se em colaborar com as invesque informações de delação tigações na Casa. A data do desão sigilosas. “A lei que disci- poimento dela ainda será marplina a questão da delação cada. (Do Correio Braziliense)

Após Paulo Roberto Costa repetir a frase “nada a declarar” por 18 vezes na CPI, oposicionistas querem que STF libere depoimento

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EVARISTO SA/AFP

Paulo Roberto Costa alegou o direito constitucional de permanecer calado

+ saibamais

A Operação Lava-Jato

Oper peração ação

A Polícia Feder Feder ederal al desmont desmont smontou, ou, em março des deste ano, um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que movimentou cerca de R$ 10 bilhões. Há suspeita de que o crime tenha ramificações na Petrobras, Ministério da Saúde e partidos políticos, como PT, PP e Solidariedade

Esquema

O grupo é inv investig tigado ado por lav lavag agem em de dinheiro dinheiro no mercado clandestino de câmbio com origem no tráfico de drogas, corrupção, sonegação fiscal e desvio de verbas públicas

Alberto Youssef

Preso desde 17 de março deste ano na Operação Lava-Jato, é apontado como o chefe do esquema. É dono da empresa de câmbio no Paraná e tem fortes ligações com políticos. Réu em 12 processos, pode ser condenado a mais de cem anos de prisão por essas acusações. Antes da prisão, vivia como milionário. Morava em um apartamento comprado por R$ 3,5 milhões, localizado em um dos bairros mais caros de São Paulo, e tinha como bens três hotéis, uma rede de agências de viagens e helicóptero. Uma ascensão social considerável, já que nasceu emuma família de classe média baixa no interior paranaense e vendia pastel no aeroporto de Londrina (PR) quando era criança para ajudar em casa.

Paulo Roberto Costa

Entre 2004 e 2012, ele foi diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras. Nesse período, foi responsável pela obra de construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que alvo de investigação do Tribunal de Contas da União por suspeita de superfaturamento. É suspeito de ajudar empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef no fechamento de contratos com a estatal brasileira. Foi preso pela segunda vez em junho após autoridades suíças enviarem ao Brasil informações de que ele e suas filhas possuiam US$ 23 milhões naquele país. No dia 29 de agosto, fez um acordo com a Polícia Federal, com possibilidade de ser beneficiado pela delação premiada, evitando, ao menos, a prisão das filhas.

Delação premiada Segundo reportagens, Paulo Roberto Costa aceitou contar detalhes do esquema, citando dezenas de políticos que seriam beneficiados com o desvio de recursos, entre eles governadores, senadores e deputados - todos negam ter recebido propina.

Contratos suspeitos Refinaria Abreu e Lima (Pernambuco) Segundo estimativa da Polícia Federal, foram desviados até R$ 400 milhões da obra. Orçada inicialmente em cerca de US$ 2,3 bilhões, o projeto acabou avaliado em cerca de US$ 20 bilhões, segundo economistas A construção da refinaria teve início em 2007 e a previsão da conclusão, após atrasos, é que, segundo a Petrobras, comece a operação em novembro deste ano. Refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos) Segundo investigações, serviu para abastecer o caixa de partidos para campanhas eleitorais e pagar propinas. A Petrobras pagou US$ 360 milhões por 50% da petrolífera. Valor superior ao pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira: US$ 42, milhões.

Doleiro condenado por corrupção ativa A participação do doleiro Alberto Youssef nos crimes investigados pela Operação Lava-Jato fez a Justiça tirar da gaveta processo antigo contra ele e condená-lo ontem por corrupção ativa. A ação penal, proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2003, havia sido suspensa depois de Yous-

sef colaborar com a apuração sobre crime contra o Banestado, banco estatal do Paraná. Mas, ao quebrar a promessa de não voltar a se envolver com o mercado paralelo de dólar, Youssef perdeu o benefício garantido pela delação premiada. O MPF acusa agora o doleiro de participar do esquema de lava-

gem de dinheiro que teria também a participação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Youssef foi condenado a quatro anos e quatro meses de prisão por ter corrompido um executivo do Banestado para conseguir empréstimo fraudulento no banco. De

acordo com a decisão do juiz Sergio Moro, responsável também pelo processo da Lava-Jato, o doleiro pagou propina de US$ 131 mil ao diretor de operações internacionais do Banestado para conseguir o empréstimo de US$ 1,5 milhão. Na época das investigações, Youssef colaborou com

informações sobre clientes que faziam remessas ilegais de dinheiro para o exterior. Com a delação premiada, Youssef se livrou da condenação em 2004. O caso Banestado foi uma das maiores investigações sobre a atuação de doleiros no Brasil. (Do Correio Braziliense)


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