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DIARIO d e P E R N A M B U C O

política ■ ■ ■

Recife, DOM - 21/09/2014

Um mar dee lama profundo com mo o pré-sal pré-sal na disputa presidencial para valer, em 2002, arrecadar recursos por meio de contratos superfaturados, lavar dinheiro e ceder a chantagens. Os doze depoimentos de Paulo Roberto Costa a policiais e a procuradores, gravados no prédio da Polícia Federal em Curitiba (PR), são viscosos. Nas primeiras informações vazadas, Paulo Costa admitiu que, enquanto diretor Operação Lava-Jato, da Petrobras, recebia propidef deflag lagrada pela Polí- na quando intermediava concia Federal em mar- trato entre a estatal, empreiço deste ano para desvendar teiras e fornecedores (normalum esquema de lavagem de mente em estados onde a Pedinheiro e evasão de divisas, trobras tem obras). A comisno valor de R$ 10 bilhões, to- são de Costa chegava a 50% mou proporções que pare- dos valores, segundo os priciam tão inalcançáveis quan- meiros dados. Na última to o pré-sal, a maior desco- quinta-feira, uma reportagem berta da Petrobras. A prisão do Jornal Nacional afirmou do ex-diretor de abastecimen- que o ex-diretor recebeu R$ to Paulo Roberto Costa reve- 1,5 milhão de propina na la que há ramificações na es- compra da Refinaria de Pasatatal que podem não só in- dena, nos Estados Unidos - o terferir na disputa presiden- negócio ocorreu em 2006. cial como resvalar em correA nova versão do delator, solligionários próximos ao ex- tada a conta-gotas, para pavor presidente Luiz Inácio Lula dos políticos e dos financiadoda Silva, preservado no es- res de campanha, também recândalo do mensalão em vela que, além de terem enri2005. As investigações inicia- quecido ilicitamente, as emdas e turbinadas com a dela- presas que ganhassem os conção premiada de Costa abrem tratos superfaturados teriam antigas feridas do PT: fazem de pagar propina de 3% a deelo com as denúncias do putados, senadores, governamensalão, já dores e minisjulgadas e ESCÂNDALO PODE tros. O dinheiencerradas, e ENVOLVER ro seria usado ressuscitam POLÍTICOS DE em caixa 2 e suspeitas de fornecido esVÁRIOS PARTIDOS, crime polítipecialmente co no assassi- INCLUSIVE DO PSB por empreiteinato do preras como Cafeito de Santo André (SP) Cel- margo Corrêa, OAS, Mendes so Daniel, em 2002. Júnior, Constram e Odebrecht. As informações vazadas peHá indícios de que o doleilos envolvidos e ainda não con- ro Alberto Youssef entra no firmadas pela Polícia Federal enredo para usar a inf influência luência deixam fantasmas que ator- e lavar o dinheiro “sujo”. Ele mentam deputados federais, fazia a mediação entre as emsenadores, governadores e mi- presas investigadas e Costa e nistros do PT, como Gilberto tinha um esquema poderoso Carvalho, um dos principais para sangrar os cofres públiarticuladores da presidente cos. Youssef teria uma rede Dilma Rousseff. Foram envol- de empresas de fachada, com vidos nomes como o do gover- laranjas no comando, para nador do Ceará, Cid Gomes forjar notas de serviço não (Pros), e o do ex-governador prestados (ou superfaturados) de Pernambuco Eduardo Cam- e contratos. Youssef está prepos (PSB), falecido em 13 de so desde 17 de março, sendo agosto e que chegou a ser cha- réu em 12 processos e condemado como testemunha de nado por corrupção passiva. defesa de Paulo Roberto Cos- Ele também tentou usar o reta e do doleiro Alberto Youssef curso da delação premiada após a prisão de ambos, esse ao ser pego na Operação Laúltimo chefe do esquema. Os ja-Jato, mas ainda não obteve dados preliminares sugerem a êxito por não ter o testemuexistência de uma rede de cor- nho confiável. rupção que funciona há mais de dez anos e parece tão escu- Políticos ra quanto o petróleo, o nosso. O escândalo, se for provado, O escândalo que se apresen- também pode atingir polítita ao público tem mais deriva- cos como o presidente do Sedos do que o óleo mineral mais nado, Renan Calheiros famoso do planeta. Passa por (PMDB-AL), o ministro Edison Paulo Roberto Costa, que ti- Lobão (Minas e Energia), o denha relações com o doleiro Al- putado federal Henrique Albert Youssef, que trabalhava ves (PMDB-RN), o secretário com o mensaleiro Enivaldo de Finanças do PT, João VacQuadrado, que chantageou o cari Neto, o ex-governador PT sobre a morte de Celso Da- Sérgio Cabral (PMDB-RJ), a goniel e pode chegar onde as do- vernadora do Maranhão, Rores de cabeça do PT teriam co- seana Sarney (PMDB), entre meçado. Entendem-se o início outros. Mas ele arranha espedas dores de cabeça, neste ca- cialmente o PT, que comanda so, como os primeiros passos o Brasil e tentar ficar mais da legenda petista para entrar quatro anos no poder.

Delação premiada de Paulo Roberto e as revelações da Operação Lava-Jato trazem à tona indícios de ramificações de crimes na Petrobras e abrem antigas feridas do PT

A

Invvestimento In timentoss

R$ 104,41 bilhões Rec eceita eita de Vendas (de barris barris))

R$ 304,89 bilhões Lucro Lucr o Líquido

R$ 23,57 bilhões Acionis cionistas tas

798.596

Presença Global Global

17 países* Número Númer o de Empr Empreg egado adoss

>

asligações ligações

de onde part partem em as ligaçõe ligaçõess

escândalo a que estão ligado ligadoss

Produção diária

2 mihões 539 mil

o p er aç ão la v a- ja to

AS P E T R O B R errttoo Co Costa era

o p er aç ão la v a- ja to

86.111

ENTENDA ENTEND A O QUADR QUADRO: O:

be Rob Paulo Ro sa m a empre com o elo co

m en sa lã

o

Costa

barris de óleo equivalent equiv alentee por dia

o m en sa lã

Reser ervvas pro provadas

Valério

16,57 bilhões de

Janene

barris de óleo equivalent equivalentee (boe) (boe)

Vargas

ca so ce ls o d an ie l Youssef

Plataformas Plataf ormas de produção produção

134

Maria Pinto

Argôlo

(77 Fixas; Fixas; 57 57 flutuante flutuantes) Refinarias

Quadrado

15 o p er aç ão la v a- ja to

Cachoeira

o p er aç ão o rl M o n te ca

ca so ce ls o d an ie l

"Sombra"

Produção de derivados

2 milhões 124 mil barris por dia

> Quem é quem Paulo Roberto Costa O novo homembomba da República foi diretor de Abastecimento da Petrobras entre os anos de 2004 e 2012. Servidor de carreira da estatal, o paranaense foi indicado para o cargo de diretor pelo exdeputadoJoséJanene (PP-PR,ver perfil ao lado). Costa deixou o cargo de diretor no início de 2012, quando a presidente Dilma Rousseff promoveu uma grande troca de comando na Petrobras, iniciada com a substituição deJosé Sérgio Gabrielli por Maria das Graças Foster.Ele foi preso em março deste ano na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Mas foi libertado em 19 de maio, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki. Depois, foi preso novamente em 11 de junho,após a descoberta de contas dele no exterior com US$ 23 milhões. Alberto Youssef Os indícios apontam que o chefe do esquema é o doleiroAlbertoYoussef, que chegou a vender pastel para sobreviver e hoje é milionário.Antes de ser preso,morava num apartamento de R$ 3,5 milhões em

São Paulo, além de ter três hotéis, uma rede de agências de viagens e helicóptero. Youssef é suspeito de possuir empresas de fachada, comandadas por laranjas, para fornecer notas frias (de serviços não realizados ou superfaturados) para cobrir o desvio de dinheiro público.Uma empresa laranja,por exemplo, pode ser paga por prestar serviços que não realiza e enviar recursos para o exterior, onde não podem ser alcançados. Grande parte das operações de Youssef teria ramificações com a Petrobras. Era ele quem supostamente intermediava o contato das empreiteiras com Paulo Roberto Costa. Entre os contratos suspeitos intermediados por Youssef com o homem-bomba está a Refinaria Abreu e Lima, em Suape.A obra, orçada em R$ 5,2 bilhões (em valores atualizados), subiu para cerca de R$ 46 bilhões. José Janene O ex-deputado federal do PP do Paraná foi denunciado no esquema do mensalão por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção. Teria recebido R$ 4,1 milhões de propina via Marcos Valério. Desse valor, R$ 1,1 milhão teria se tornado “legal”em uma transação feita por Alberto Youssef através de uma

empresa do interior paranaense de propriedade do doleiro em sociedade com um irmão de Janene. Foi Janene quem introduziu Youssef no mundo político. O exparlamentar só não foi julgado porque morreu em setembro de 2010, aos 55 anos. Enivaldo Quadrado O nome de Enivaldo Quadrado surgiu em meio ao chamado escândalo do mensalão em 2005. Ele tem ligações com Alberto Youssef e foi acusado de utilizar uma corretora, Bonus-Banval, para repassar a lideranças do PP o dinheiro de caixa dois do valerioduto, apelido que surgiu por conta de MarcosValério, operador do mensalão. Enquanto o escândalo não ia a julgamento pelo STF, nada acontecia a Quadrado. Ele foi preso em flagrante em 2008, com 361 mil euros não declarados à Receita Federal na cintura, na cueca e nas meias, no Aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Ele foi solto poucos dias depois, mas foi condenado pelo STF por lavagem de dinheiro no escândalo do mensalão, recebendo uma sentença de 3 anos e 6 meses, que mais tarde foi convertida em restrição de direitos e multa de R$ 28,6 mil. Em

março deste ano, Quadrado foi preso novamente durante a Operação Lava-Jato. Ele ainda não foi julgado por este crime,mas é acusado agora de chantagear o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para não expor documentos de uma ameça feita pelo empresário Ronan Maria Pinto há 12 anos. Quadrado teria ameaçado Vaccari, alegando ter em mãos um documento que comprovaria que, em 2004, o PT tinha desviado R$ 6 milhões da Petrobras para evitar que o empresário Ronan Maria Pinto fosse depor no caso do assassinato de Celso Daniel, ocorrido em 18 de janeiro de 2002. Ronan não tinha provas, mas ia depor à polícia falando de um suposto envolvimento de integrantes da cúpula petista, a exemplo de José Dirceu e Gilberto Carvalho, atual ministro da SecretariaGeral da Presidência, no caso. Na época, ele teria recebido R$ 6 milhões, através do valerioduto, para não incomodar os petistas. Já Quadrado, segundo informações vazadas para a imprensa, diz ter o documento desta operação. Ronan Maria Pinto Em 2004, o empresário do ABC paulista Ronan Maria Pinto teria chantageado o te-


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