Sp dp 02 09 2014

Page 1

a6

DIARIO d e P E R N A M B U C O

opinião ■ ■ ■

Recife, TER - 02/09/2014

OPINIÃO

Editor: Flávio Adriano

os artigos publicados não refletem, necessariamente, a opinião do jornal

Política é sempre turbilhão LUIZ MARANHÃO FILHO PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO DE OLINDA luizmf1933@gmail.com

A

traumática retirada do pernambucano Eduardo Campos da cena política não apenas gerou uma comoção nacional, mas detonou uma situação inusitada no quadro que parecia estar posto para a sucessão presidencial de outubro. Um dos lados do panorama seria a volta da radicalização entre esquerda e direita, que os socialistas pretendiam rede-

senhar. Na outra face, está a dissolução da proposta de inovação do líder desaparecido, o que traz para o cenário, o velho esquema de intolerância dos chamados “marineiros” que continuam sem se adaptar ao quadro de negociações e diálogos abertos. O primeiro estampido já ocupa as colunas dos jornais. Está claro que o grupo eduardista não irá se conformar a ocupar segundo plano na batalha ambientalista radical da senadora. Na ótica de muitos analistas políticos, onde

email: opiniao.pe@dabr.com.br

não pretendemos uma inserção, a criadora da Rede representou, em pleito passado, um voto de protesto, com parcas chances de repetir a postura na situação presente. A condição de mero espectador de quem até está liberado de votar, por conta de idade avançada – mas vai votar enquanto tiver forças! – haverá dúvidas e migrações no eleitorado atual, para continuar no mesmo barco. O quadro mudou. O agronegócio vai explodir em desconfiança, os não-evangélicos vão pensar duas vezes, os mais maduros vão ficar com os seus botões e os palpiteiros vão ter panos para as mangas. E o que resultará do turbilhão?

editorial

Retrato do descaso

A formação do leitor literário na escola GREG/DP

ROBERTO DE QUEIROZ ESCRITOR robertodequeiroz@yahoo.com.br

A

escritora Tatiana Belink, falando sobre como estimular o prazer da leitura na escola, disse o seguinte numa entrevista: “Há coisas que não se manda fazer, elas acontecem. E a leitura é uma delas. O leitor é livre. Você lê para você mesmo, para seu divertimento, para sua emoção, não tem obrigação de coisa nenhuma. Você começa a ler e vai logo perceber que é bom. Uma história bem contada pode fazer alguém chorar ou rir, isto é, pode prender o leitor” (Na ponta do lápis, nº 12, dez. 2009). Mas como fica a liberdade do leitor iniciante? Como é que alguém pode escolher o que não conhece? Para Caio Riter, se cada aluno tem a liberdade de ir à biblioteca e escolher o livro a ser lido, ele é o responsável por sua formação leitora. Assim, quando é convidado para apresentar, apresenta “sua visão de leitura, não havendo na sala de aula espaço para a interação com diferentes leitores, em diferentes níveis de leitura, visto que poucos (ou apenas um) terão lido aquele texto, correndo-se o risco, inclusive, de o próprio professor não ter a mínima noção sobre o que trata cada um dos livros lidos por seus alunos” (A formação do leitor literário em casa e na escola, Biruta, 2009). O escritor italiano Italo Calvino (19231985) disse certa vez que “ler é um ato de liberdade, mas para quem já [...] foi formado pela escola como leitor. Ou seja, o espaço escolar é o lugar da experimentação e esta se dá à medida que o aluno é desafiado a ler textos que passaram pelo critério de qualidade do professor e/ou que atendem a algum objetivo, cuja realização se faz necessária”.

Mais que apreensão, causam revolta os dados divulgados pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) na semana passada. Entre 2011 e junho deste ano, houve aumento de notificações de abusos sofridos por homens e mulheres com mais de 60 anos. Os maus-tratos vão da negligência, passam pela violência física e chegam à exploração financeira. No período, as denúncias atingiram 84 mil registros. Pior: os casos vêm aumentando. Em um ano, cresceram 65%. Filhos e netos sobressaem entre os algozes. É preocupante. Segundo o IBGE, 12,5% da população tem mais de 60 anos. O homem, diferentemente da maior parte dos animais, nasce 100% dependente de outro para sobreviver. Sem alguém que o alimente, o agasalhe, lhe dê condições de higiene e cuidados em geral, tem poucas horas de vida. Fragilidade semelhante atinge o idoso. À medida que os anos passam, os refle ef lexos diminuem, a força física se reduz, os movimentos perdem agilidade, o raciocínio fica lento. Essa realidade se repete desde que o mundo é mundo. Mas, com o avanço da ciência e a criação de drogas e aparelhos aptos a prolongar a vida, as pessoas passaram a viver mais. Comemorar 100 anos, antes fato quase impossível, hoje se tornou corriqueiro. Chegar aos 70, 80, 90 anos tampouco é façanha incomum. De um lado, há que educar as crianças para o respeito ao idoso. A escola tem de ensinar a importância e o legado dos que vieram na frente. Culturas orientais, africanas, europeias e latino-americanas jamais esquecem o sentimento de gratidão. A sociedade, de outro lado, também precisa se preparar para atender com respeito aos necessitados de atenção. É o caso de qualificar cuidadores, melhorar a acessibilidade, dar opções de lazer coletivas próximas às moradias. Clínicas especializadas com geriatras e demais profissionais qualificados devem estar à disposição para cuidados que se impuserem.

DIARIO na história HÁ 175 ANOS

Segunda-feira, 2 de setembro de 1839

Desse modo, a liberdade do leitor iniciante pode ser respeitada “quando a escola, através da obrigatoriedade da leitura e de uma prática metodológica que assegure espaço para a reflexão e para o deleite, forma leitores qualificados. A escola precisa mostrar aos alunos a importância da leitura e o conhecimento dos aspectos que a envolvem, além de apresentar, de forma qualificada, textos [...] cuja leitura, se não realizada na escola, sob o olhar atento e orientador de um professorleitor, muitas vezes jamais ocorrerá” (Riter, op. cit.).

Em suma, pedir simplesmente que os alunos leiam um texto qualquer, sem a análise criteriosa e sem o planejamento prévio do professor, é coisa que pode parecer aula de leitura a um desavisado, mas, obviamente, não corresponde aos critérios de leitura como conteúdo em sala de aula. Ou seja, defendo a ideia de que a leitura de textos literários na escola pode ser uma leitura sem amarras (uma leitura que seduz e encanta o leitor e induz ao gostar de ler), mas a mediação do professor desempenha um papel fundamental na realização desse processo.

AVISOS DIVERSOS - Um estrangeiro ultimamente chegado d'Hamburgo deseja empregar em qualquer caza de negocio: quem precisar annuncie para ser procurado.

HÁ 150 ANOS

Sexta-feira, 2 de setembro de 1864 EXTERIOR - Hamburgo, 5 de agosto - A paz entre Allemanha e Dinamarca acha-se finalmente assegurada.

HÁ 125 ANOS

O DP não circulou na segunda-feira, 2 de setembro de 1889. Na edição do dia 1 publicou: Sociedade Literaria Gonçalves Dias - Está convocada para hoje uma sessão extraordinaria desta associação afim de tratar-se de negocios urgentes.

HÁ 100 ANOS

Quarta-feira, 2 de setembro de 1914

Cada qual é filho das suas obras FRANCISCO DACAL ADMINISTRADOR DE EMPRESAS f.dacal@hotmail.com

E

duardo Campos, nos últimos momentos de vida, antes da impensável partida para a eternidade, na quarta-feira 13/08/2014, expressou uma frase marcante do ponto de vista político: “não vamos desistir do Brasil”. Quatro dias depois, no domingo 17/08/2014, na cidade do Recife, o povo de Pernambuco demonstrou emocionada gratidão na despedida de um de seus maiores governantes. Enfim, perdeu, prematuramente, um líder que fez. Um trabalhador incansável. Pego de surpresa com o trágico fato um enorme vazio tomou conta. A cidade quedou em silêncio. E agora sem o Eduardo? O Dudu; a

esperança; a mão estendida; o abraço amigo. Quanta empatia. De carreira ascendente, Eduardo foi militante político, secretário de governo, deputado estadual, deputado federal, ministro de estado e governador de Pernambuco. No governo, por dois mandatos, realizou um trabalho profícuo, reconhecido no maior percentual de votos do país conquistado na reeleição para o segundo e pela ótima avaliação do desempenho no fim de cada período. Com rara habilidade política, estava empenhado num grande projeto – ser presidente da República – conduzir o Brasil a uma nova realidade, uma realidade melhor. Estava preparado para assumir os desafios que iria enfrentar. Tendo demonstrado ser bom formador

de equipe, adotaria novo perfil na escolha dos ocupantes dos cargos federais, fora da “velha política”. Mas, o destino interrompeu o propósito. A importante alternância de poder perdeu opção esperançosa. Em momento conturbado, o país carente de novos talentos políticos, com o notório desinteresse dos jovens pela desgastada causa pública, que Eduardo sirva de inspiração ao surgimento de novos quadros, de líderes de verdade, que queiram o bem da nação. O tempo está ficando curto para que vivamos com o crescimento da depreciação dos valores éticos. A população está esgotada por falta de soluções competentes e sérias nas soluções dos problemas básicos. Segundo Dom Quixote de La Mancha, “cada qual é filho das suas obras”. Eduardo Campos construiu, triunfou. Partiu o homem. Ficou o legado. O trabalho feito. As ideias. As palavras. As imagens. As sementes para um novo futuro. Vamos em frente.

O CONFLICTO AUSTRO-SERVIO - A CONFLAGRAÇÃO EUROPÉA - BRUXELLAS, 1 - De hontem para hoje, augmentou consideravelmente o numero de trens, que partem da Belgica para Prussia conduzindo tropas.

HÁ 75 ANOS

Sábado, 2 de setembro de 1939 Não foi fechado o Canal de Suez - PARIS, 1 - A companhia do Canal de Suez desmentiu a notícia de que havia fechado aquella via de communicação ao trafego maritimo.

HÁ 50 ANOS

Quarta-feira, 2 de setembro de 1964 Dom Helder recebe oferta dos EE.UU. - Philip Schwab, diretor da Divisão dos Recursos Humanos da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), entregou a Dom Helder Câmara, Arcepisbo de Olinda e Recife, carta em que oferece os recursos para a promoção do homem.

HÁ 25 ANOS

Sábado, 2 de setembro de 1989 Europa lembra vítima da guerra - FRANKFURT - Os europeus renderam, ontem, solene tributos aos milhões de vítimas da Segunda Guerra Mundial, que começou num dia como ontem, há 50 anos.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.