PAULO MONTEIRO da FONSECA
portfรณlio
Paulo Monteiro vê a arquitetura de forma racional e pragmática. Vindo de uma pequena vila, com um largo passado, sempre esteve conectado com o lado vernacular da arquitetura e sempre se interessou na forma como pode relacioná-la com os tempos contemporâneos. Tem preferênia pela arquitetura minimal, livre de superfluosidades, onde a função, o genius loci e o conceito formam as matrizes no desenvolvimento da prática arquitetónica. Também acredita que a arquitetura não existe apenas para ser vista, mas também sentida. E pode ser sentida através de fenómenos e sensações naturais: espaço, tempo, som, luz e sombra, peso e leveza... Revela um fascínio particular pela natureza e pela forma como o ser humano nela se envolve. Quando se trata de uma relação respeitosa e harmoniosa, tudo aquilo que o homem constrói é, na sua visão, também natural. Arquitetura deve ser o elo de reconexão entre o homem e o seu mundo.
BIOGRAFIA
paulo monteiro da fonseca
II portfólio
sobre
publicações
nome
2013 revauap magazine
Paulo Sérgio Monteiro da Fonseca
nacionalidade portuguesa
data de nascimento 24.03.1990
carta de condução
Proposta desenvolvida em Projeto IV na Revista (online) de Arquitetura e Urbanismo Académico Português
2015 a cabana existencial
B
Escolha do Editor - artigo no website Obvious
contacto
2016 uma possível história do mundo prometido
morada
Escolha do Editor - artigo no website Obvious
exibições
Rua Dr Manuel Francisco Gomes, n47, 7750-354, Mértola monteiro.psmf@gmail.com
telemóvel
+351 963 650 636
skype
monteiro.psmf@gmail.com
linkedin.com/in/monteiropsmf
educação 2005 - 2008 ensino secundário
17/20 na Escola EB 2,3 / ES de São Sebastião de Mértola, Portugal
2008 - 2010 mestrado integrado engenharia civil (não finalizado)
Universidade Nova de Lisboa, Portugal
2015 património e arte contemporânea
lingua nativa
inglês
boas capacidades comunicativas (B1)
italiano
boas capacidades comunicativas (B1)
espanhol
comunicação básica (A1)
execução Reabilitação de casa na Rua Bernardim Riberio, Lisboa, Portugal
2017 - 2018 atelier jtvq estudo prévio, desenho 2D/3D Renovação de complexo habitacional, Quinta da Ramada, Portuga Renovação de casa na Rua Nossa Sra da Piedade, Aldeia da Piedade, Portugal
competições 2015 young architects competition
Limen Hotel, Capo Murro di Porco, Siracusa
2016 ideas forward (menção honrosa) The World is The Stage
2014 ventura trindade
português
licenciamento Atelier de arquietura na Rua dos Lagares, Lisboa, Portugal
execução Reabilitação de edifício habitacional em Campo de Ourique, Lisboa, Portugal
2010 - 2020 mestrado integrado arquitetura
idiomas
estudo prévio, desenho 2D/3D Reabilitação de casa na Calçada de Santo André, Lisboa, Portugal Reabilitação de casa na Rua Maestro António Taborda, Lisboa, Portugal
licenciamento Reabilitação de edifício habitacional em Campo de Ourique, Lisboa, Portugal Reabilitação de edifício habitacional na Baixa, Lisboa, Portugal
experiência
Universidade de Évora, Portugal
2017 atelier capitão
Exibição do trabalho desenvolvido em Projeto Avançado II, em Elvas, Portugal Exibição do trabalho desenvolvido em Projeto Avançado II, em Badajoz, Espanha
2015 - 2016 erasmus em Siracusa
Università di Catania, Sicilia, Italia
(Sofia Salema, Rui Mendes, José Adrião)
estudo prévio, desenho 2D/3D Casa em Ikskile, Letónia
2015 ventura trindade estudo prévio, desenho 2D/3D Casa em Mindelo, Cabo Verde Abrigo de Pescadores em Entrada da Barca, Portugal Competição Internacional “Recupero e Valorizzazione delle ex caserme”, Montelungo, Bergamo, Italy
2017 monitor de turma Projeto Avançado II
software cálculo excel
texto word
apresentação powerpoint indesign
desenho 2D autocad
BIM
archicad revit
desenho 3D sketchup 3ds max maya
render
lumion twinmotion unreal engine corona renderer
pós-produção photoshop
música ableton
CURRICULUM VITAE
paulo monteiro da fonseca portfólio III
01 CASA DO SR VALÉRY RESUMO casa para uma personagem do livro “O Bairro” de Gonçalo M Tavares LUGAR rua vasco da gama, centro histórico de évora, portugal MATÉRIA 2º ano, 2º semestre, projeto IV PROFESSORES João Trindade, Sofia Salema NOTA FINAL 17/20
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casa do sr valéry évora, portugal 02
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A proposta de habitação situa-se num pátio entre a Rua Vasco da Gama e a Rua 5 de Outubro. A rua Vasco da Gama foi, possivelmente, o “maximus decumanos” da romana “Ebora Liberalitas”. Com a chegada dos muçulmanos, essa rua sofre algumas alterações: tornou-se numa rua estreita, de direcção irregular com alguns alargamentos desembocando em becos que ligavam a pátios e por sua vez ligavam à Rua 5 de Outubro, onde foi instalado suq. Esses pátios eram extremamente importantes para os habitantes muçulmanos. Estes encaravam a sua habitação como uma parcela íntima, individual e autónoma, o refúgio do cidadão. Virada para dentro, assumía-se como uma “ilha” no imenso mundo citadino.
TRABALHO ACADÉMICO casa do sr valéry
03 ortofotomapa
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O Aglomerado destes pequenos habitats ditou a formação de pequenas plataformas micro-urbanas com um espaço em comum: o pátio. A casa muçulmana constituía o refúgio da vida citadina. Porém, o habitante nunca deixava de sentir a sua cidade, através do pátio escondido entre os becos. Nos dias de hoje, a maneira de construir em Évora mantém-se idêntica: casas pouco voltadas para a rua. Todavia, perderam-se esses pátios comunitários, dando lugar a quintais privados. As ruas que ligavam esses pátios desapareceram também, tornando-se estreitas e longas casas. Foi então escolhida uma zona específica da Rua Vasco da Gama, onde esta se liga a um antigo
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pátio, que, por sua vez, conecta as duas ruas. É proposta a reconstrução desse pátio, três metros enterrado, ao nivel da rua 5 de Outubro. A casa está inserida no pátio. Os espaços mais privados estão ligados à rua Vasco da Gama, mas voltados para o pátio, à imagem da casa islâmica. As outras divisões, menos privadas, fazem a transição com a rua 5 de Outubro, contornando o pátio.
TRABALHO ACADÉMICO casa do sr valéry évora, portugal
PERÍODO ROMANO Ebora Liberalitas
PERÍODO ISLÂMICO Yabura
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PERÍODO MEDIEVAL Evora
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casa do sr valéry planta geral, esquemas de evolução 04
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largo do marquês de marialva cota 303
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andre herc
largo alex
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burgos
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CASA DO SR VALÉRY todos os espaços exteriores neste quarteirão foram privatizados, não fazendo mais parte da comunidade
TRABALHO ACADÉMICO casa do sr valéry
05 planta aproximada, corte geral
o pátio liga as casas circundantes, devolvendo-lhes um espaço da cidade
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ATRIO 10.00 m²
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SALA DE ESTAR 28.00 m²
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TERRAÇO 37.50 m²
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“A resposta a um Programa para vários espaços no tecido urbano do centro histórico de Évora ou para a requalificação do Santuário da Nossa Senhora da Saúde, na freguesia de Pedroso, exigem uma capacidade de análise, interpretação e criatividade bastante esclarecida por parte de um aluno do 2º ano. Em ambos os lugares, o legado histórico e a matriz espacial definem claramente as fronteiras da interpretação influenciando decisivamente as ideias, o desenho e a forma. Ao analisar as várias propostas, foi com muita satisfação que verifiquei que o dominador comum era a qualidade e maturidade das soluções apresentadas. Por isso, a minha seleção tornou-se difícil. A escolha acabou por recair sobre os trabalhos da Mónica Sofia Cardoso, do Francisco Miguel Alves e do Paulo Monteiro. Os critérios para a seleção destes três trabalhos foram a sua maturidade, criatividade e nível de desenvolvimento apresentado.”
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Arquiteto Carlos Lopes, publicado em REVAUAP
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casa do sr valéry planta do edifício 06
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TRABALHO ACADÉMICO casa do sr valéry
07 fotomontagem
TRABALHO ACADÉMICO
casa do sr valéry fotografia da maquete 08
02 MURO DE CONEXÃO RESUMO residência de estudantes da faculdade de artes da universidade de évora LUGAR baluarte de são bartolomeu, évora, portugal MATÉRIA 4º ano, 1º semestre, projeto avançado I PROFESSORES José Adrião, Sofia Salema NOTA FINAL 16/20
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O crescimento urbano da cidade de Évora pode considerar-se, de certo modo, contínuo e regular desde o periodo romano até à primeira metade do séc. XX. Durante este processo de evolução, a cidade cresce consolidada, tendo sempre como referência uma das duas muralhas. Depois disso, a cidade cresce extravasando desordenadamente os seus muros. Na sequência da preservação de uma cidade resguardada por uma cintura de muralhas fortificadas e por um espaço adjacente vazio de função, criou-se um fosso que afasta o centro histórico do resto da cidade: a via de circunvalação. A área de projeto é característica pela existência de um baluarte: Baluarte de São Bartolomeu. Antes da construção da Circular, este baluarte estava ligado à muralha, sendo parte
TRABALHO ACADÉMICO muro de conexão
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do centro histórico. A estrada rodeava-lo em vez de o cortar ao meio. Com a construção desta via, foram destruídos os muros que ligavam este Baluarte à muralha, descaracterizando-o e tornando esta zona desconexa com a cidade intramuros. A proposta consiste na leitura da estrutura defensiva de Évora como uma unidade, à imagem do passado, ligando o baluarte ao resto da linha defensiva. Para intervir num baluarte, é importante compreender como é a sua conceção: consiste, basicamente, numa mudelação de terreno, sustentada por fortes muros e suportada por estes e pelos seus contra-fortes. É nesse muro, que define o baluarte na sua forma, onde a residência é proposta, dando espessura ao muro e, por
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esse motivo, identidade. Normalmente, se existe construção num baluarte, é enterrada, por razões defensivas. Neste caso, a Igreja de São Bartolomeu já existia aquando da construção do baluarte. Em todo o caso, a proposta passa por seguir a linha de construção de um baluarte e, por isso mesmo, o edifício é enterrado um metro e o muro do baluarte é acrescentado em altura, dando a imagem de que, visto de fora, a única coisa construída sobre o baluarte é a igreja. Geralmente, um baluarte contém dois níveis de cota: um acima, junto ao muro, usado para vigilância; e outro, abaixo, mais resguardado. O mesmo é proposto, dois niveis distintos: a cota 282, que contém a residência e a igreja; e a cota
278 (cota existente, onde passa a circular) que serve de espaço-verde. A transição entre os dois níveis é feita por uma grande rampa, com a igreja como cenário de fundo, dando a sensação de um grande anfiteatro natural. Para suportar o volume de terra que constitui o baluarte, os seus muros necessitam de pequenos muros de suporte, no seu interior. Usando essa analogia, é criada uma métrica em todo o muro, onde o espaço entre os “volumes de suporte” torna-se o quarto e, dentro desses volumes, o closet e a casa de banho.
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BALUARTE DE SÃO BARTOLOMEU
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IGREJA DE SÃO BARTOLOMEU - COTA 282 a sua construção precede a construção do baluarte
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RESIDÊNCIA DE ESTUDANTES - COTA 282
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ESPAÇO VERDE - COTA 278 à mesma cota onde a estrada circular passa atualmente
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1 COBERTURA lajetas em betão aparente 10 cm espessura;
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camada de regularização 7 cm espessura; isolante térmico 6 cm espessura; laje em betão armado 40 cm espessura; tecto em betão aparente.
2 VÃOS caixilharia de madeira, fixa, vidro simples, 6 cm espessura total; caixilharia de madeira, fixa, vidro duplo, 13 cm espessura total.
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
3 PISO revestimento em betão aparete 10 cm espessura; soalho de madeira 15x150x4 sobre barrotes de madeira 6 cm espessura; camada de regularizaçáo 8 cm espessura; isolamento térmico 7cm espessura; laje em betão armado 20 cm espessura; camada de tout-venant 15 cm espessura; camada de brita 15 cm espessura.
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TRABALHO ACADÉMICO
muro de conexão planta do edifício, corte construtivo 14
TRABALHO ACADÉMICO muro de conexão
15 fotomontagem
TRABALHO ACADÉMICO
muro de conexão fotomontagem 16
03 TORRE DA PERCEPÇÃO RESUMO abrigo para uma peça de arte do museu de arte ontemporânea de elvas LUGAR sistema abaluartado de elvas, portugal MATÉRIA 4º ano, 2º semestre, projeto avançado I PROFESSORES João Trindade, Sofia Salema NOTA FINAL 17/20
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A localização de Elvas na província do Alentejo e em confronto com a cidade de Badajoz, do outro lado da fronteira, foi um factor determinante para o seu papel defensor do território português. Esta cidade, em conjunto com outras praças-fortes formaram duas linhas de defesa que se caracterizavam pela capacidade de apoio mútuo e pela atribuição de territórios com redes de vigilância e alerta. Pode-se dizer que, o campo visual, o olhar vigilante e a comunicação visual eram características fundamentais para o bom funcionamento da defesa do território. A Praça-Forte de Elvas é característica pelo seu complexo sistema abaluartado, que se manteve praticamente inalterado até aos dias de hoje. Por outro lado, tornou-se num espaço completamente obsoleto e ausente de vida,
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aumentando assim a barreira entre o Centro Histórico e a Cidade Nova. Este sistema fortificado é constituído, numa primeira linha, pelos baluartes e cortinas que protegem directamente o Centro Histórico e, numa segunda linha, por um fosso, por revelins, meia-luas, contraguardas, caminho coberto e esplanada. É, precisamente, nesta segunda linha de fortificações que se prende a atenção, por se tratar de uma espécie de “limbo”, um espaço entre, que ninguem percorre, ninguem vive e poucos o percebem. Nesta zona existe um pequeno volume que pode passar completamente despercebido a um olhar menos atento. E quem a ele o seu ol-
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har critico debruçar, não o conseguirá entender, dada a sua estranheza em confronto com as restantes fortificações. De facto, este volume não faz parte do projecto executado por Cosmander aquando da construção do sistema abaluartado. Foi uma construção posterior, datada de 1802. Em Arquitectura Militar tem como nome Través e consiste numa barreira de protecção que se coloca junto ao muro do caminho coberto que absorve o impacto e protege do fogo inimigo. Neste caso, o seu objectivo era proteger os defensores da esplanada colocados no caminho exterior à face norte da contraguarda do Baluarte da Conceição. É, basicamente, um remendo, construído sobre uma zona de grande vulnerabilidade defensiva, onde a topografia desce, apróximadamente, 10 met-
ros, tornando esta área desabrigada e exposta. Partindo da premissa de que o vigiar, o olhar com atenção, eram atributos essênciais à sobrevivência deste complexo ( e até da própria nação), sendo até essa a sua principal função em Elvas, é proposta uma torre no lugar do través, acentuando dessa forma a visão, em vez de a esconder. Esta torre finaliza o caminho coberto (principal ponto de vigia) e liga-o ao restante percurso. A ideia principal não passa por impor este novo espaço a uma população que não tem por hábito usá-lo. Passa sim por, através da torre, criar uma espécie de marco geodésico, que demarca este ponto, assinála-o no meio deste complexo e o distingue da restante contrução,
tornando-o visivel de vários pontos estratégicos, estes sim, usados pela população. Não oferecendo condições à sua utilização, com uma área útil de 1,4x10,4 m² e em estado sofrível, é proposta a desmaterialização do través e o uso da sua pedra para um embasamento com maiores dimensões que permitam o seu uso. A sua existência física deixa de existir, porém, a sua memória mantém-se. Sobre esse embasamento é construída uma base estrutural da torre, em betão, que usa área total do antigo volume. Essa base serve de acesso ao topo da torre e suporta uma cobertura em Aço escuro, que não toca no solo. Essa levitação da cobertura dá-se com o intuito de não retirar a leitura do antigo través e conter luz no interior sem abrir vãos para isso. A cobertura só existe nas laterais
e na face virada a poente, demonstrando uma dualidade construtiva que tem uma relação de analogia com o Través: visto de fora (poente), a sua imagem era a de uma barreira contra artilharia, não havendo uma perceção do seu volume; visto de dentro, é um volume bastante frágil que pouco poderia servir ao ser realmente atacado. No topo, duas salas: uma escura, que contém a peça audiovisual “Passagem de Nivel” de Rui Calçada Bastos; e outra “clara”, aberta para o lado poente, criando um “olhar direcionado” sobre a paisagem envolvente. A outra componente da peça “Passagem de Nivel” é uma escultura instalada na base da torre, onde o caminho coberto acaba e se mistura com o fosso.
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o volume é desmaterializado e a sua pedra é usada para a construção de um embasamento
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sobre si, uma estrutura em betão é colocada, com a mesma área do antigo volume
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a estrutura providencia o acesso ao topo e suporta uma cobertura em aço que não toca no solo
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a cobertura revela uma dualidade construtiva que tem uma relação de analogia com o antigo través
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TORRE DA PERCEPÇÃO - COTA 333 ESPAÇO DO OLHAR - COTA 328 espaço interior que fornece um olhar direcionado para a paisagem envolvente
ACESSO AO TOPO DA TORRE EMBASEMENTO - COTA 316 criado com a pedra do antigo volume
TRABALHO ACADÉMICO
torre da percepção planta do edifício, corte geral 22
TRABALHO ACADÉMICO torre da percepção
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TRABALHO ACADÉMICO
torre da percepção fotomontagem 24
04 O ELOGIO DA ÁGUA RESUMO infraestrutura que liga o centro histórico de mértola ao arrabalde além-rio e aproveita as águas pluviais para a prática balnear LUGAR além-rio, mértola, portugal MATÉRIA dissertação de mestrado ORIENTADOR Sofia Salema NOTA FINAL 20/20
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A Seca é uma realidade constante em Mértola. Em 2017, a falta de água levou todo o concelho a ser abastecido por camiões-cisterna. Quando se agrava, o rio Guadiana mostra, nas suas margens, estratos rochosos que deveriam estar submersos. A Ribeira de Oeiras, por sua vez, dá lugar, durante mais tempo, a um estreito barranco com pequenas poças, onde a água fica retida até se evaporar. As típicas cheias anuais, características da história de Mértola, servem hoje, quando esporadicamente ocorrem, para repor os níveis normais dos caudais dos cursos de água. Sendo a Seca um fenómeno natural, é difícil revertê-la. Já a escassez de água sofre os efeitos
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da influência humana, podendo ser direcionada no sentido de reduzir o impacto da seca. Mértola foi um bom exemplo da forte relação entre o Homem e a água. No entanto, nos últimos tempos, essa ligação tornou-se débil. O desenvolvimento tecnológico e a progressiva indiferença pela água tornaram o território cada vez mais vulnerável às condições atmosféricas, dependente de águas externas e carente de identidade. A área de intervenção compreende-se nas margens do Guadiana, entre o centro histórico de Mértola e o bairro Além-Rio, situado do outro lado do rio. Este bairro serviu, durante a sua história, de infraestrutura de apoio ao porto
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ancestral de Mértola. No entanto, a sua inconstante ligação com a antiga cidade, cristalizou o seu desenvolvimento, mantendo a sua imagem urbana identica ao longo dos últimos séculos. A ponte, construída na década de 1960, situada a norte do bairro, serviu a ligação regional, entre Beja e Serpa, descurando o bairro que, afastado, não conseguiu estabelecer uma comunicação permanente com o dia-a-dia da vila de Mértola. O projeto consiste numa infraestrutura que permite a ligação entre o Além-Rio e o centro de Mértola, contendo, na margem do bairro, num baldio resultante de uma descontinuidade urbana entre a antiga fábrica de moagem e o
TRABALHO ACADÉMICO o elogio da água
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MÉRTOLA
ALÉM-RIO
TEMPLO DE ÁGUA PONTE PEDONAL
TRABALHO ACADÉMICO
o elogio da água planta geral 28
aglumerado, um templo dedicado às águas de Mértola. Seguindo a forma escalonada como a vila intramuros se desenvolveu sobre uma topografia acidentada, são criados, no limite da passerelle, dois embasamentos que nivelam o terreno. O primeiro, que remata a travessia, sustenta uma praça-miradouro voltada para a vila. O segundo, a uma cota superior, contém um plateau verde, à imagem dos terraços ajardinados do centro histórico de Mértola. Além de proporcionar a ligação, esta infraestrutura incorpora um sistema hidráulico que aproveita, tanto as águas que são drenadas para fora da vila intramuros, como as que são
TRABALHO ACADÉMICO o elogio da água
29 planta aproximada
captadas pela própria ponte, conduzindo-as depois para o templo. No interior dos embasamentos, um espaço escavado onde uma rede de água atravessa, repousa e esculpe vários lugares, proporcionando diversos ambientes que exploram os diversos campos da água. O templo de Água é, então, na sua essência, um engenho hidráulico, a expressão da racionalização e da harmonização entre o Ser e a Natureza, mas também um espaço de consciencialização e contemplação. Tal como o Alhambra, onde a exuberância da água conquista o respeito de quem a contempla, este santuário, com os seus tanques, as diversas
sensações aquáticas e, principalmente, toda a sua função racional e ecológica, pretende despertar para o problema da escassez de água, instruíndo-o para o consumo responsável da água. A ponte pedonal é, também, um aqueduto, que transporta a água recolhida para uma cisterna inserida no primeiro embasamento. Essa água é encaminhada para uma pequena estação de tratamento onde é tratada e purificada. Daí, sobe ao complexo balnear, onde é distribuída pelos diversos espaços. Depois de utilizada, passa por um tanque composto por plantas fito depuradoras que filtram as impurezas resultantes da sua utilização, seguindo, de novo,
para a cisterna, onde repete todo o processo. Sempre que necessário, a ponte, através do seu pilar, capta a água do rio, encaminhando-a, da mesma forma, para o reservatório. Quando nenhuma das opções for razoável, o Templo fecha as suas portas, secas os diferentes espaços de água e murcha o seu terraço verde, denunciando, inequivocamente, a faltta de água e a sua importância no bem-estar do Homem. No segundo embasamento, um espaço balnear usa a água captada e permite o contacto desta com o utilizador. Dessa forma, o Tempo é aberto e permeável, permitindo o acesso livre a todas as pessoas, funcionando como uma extensão da própria vila, recebendo as suas
águas e demonstrando as vantagens no seu aproveitamento. No seu interior, e aludindo às típicas cheias de Mértola, os espaços abaixo da cota de implantação encontram-se submersos. A circulação é, por isso, feita, maioritariamente dentro de água, havendo apenas faixas secas entre as entradas que dão acesso aos tanques, à sauna e a outros equipamentos. Quanto à sua organização, define-se como um espaço amplo e livre, apenas interrompido por volumes que abrigam áreas técnicas, instalações sanitárias e vários tanques com características distintas. Todos os espaços de Água, com as suas qual-
idades únicas, tornam-se recetáculos lúdicos e espirituais, elevando a qualidade purificadora da água ao domínio dos sentidos, numa relação tangencial com a história do Homem e, recriando, em vários momentos, os cultos religiosos da água. A Água Vital, Estrutural, Espiritual e Social está intrínseca em cada apontamento e em cada detalhe do Templo de Água e, ainda que impercetível ao olhar distraído, será sempre experimentada ao primeiro sinal de seca ou às primeiras chuvas de cada ano.
TRABALHO ACADÉMICO
o elogio da água axonometria 30
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TRABALHO ACADÉMICO o elogio da água
31 planta e corte do edifício
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TRABALHO ACADÉMICO
o elogio da água planta e corte do edifício 32
TRABALHO ACADร MICO o elogio da รกgua
33 render
TRABALHO ACADร MICO
o elogio da รกgua render 34
villa reimann 16/20 restauro
Professor Antonio Bonifacio Levantamento topográfico de uma vila greco-romana Università di Catania, Siracusa, Sicilia
limen hotel young architects competition
Hotel no Farol de Capo Muro di Porco Siracusa, Sicilia
museu della cava 17/20 laboratorio di progetto
Professores Zaira Dato, Fausto Nigrelli Espaço de interpretação de uma pedreira de lava Università di Catania, Siracusa, Sicilia
TRABALHO ACADÉMICO ADICIONAL paulo monteiro da fonseca
33 portfólio
the world is the stage menção honrosa 24h competitioni
Teatro ambulante que funciona como uma caravana que se abre e se transforma em plateia
casa em ikskile 2014 ventura trindade arquitectos modelação Ikskile, Letónia
casa maestro antónio taborda
casa na quinta da ramada
2017 atelier capitão
2017 jtvq
estudo prévio reabilitação, Lisboa, Portugal
estudo prévio, modelação renovação, Azeitão, Portugal
0,88
0,59
0,02 0,59
0.20
0.30
0,03
0,60
0,60
0,60
0,60
0,90
0,60
0.86
0,10
1.20
0.80
0,60
0.50
0.95
0,60
0,74
0,60 0,77
0,030,03
0,60
0,60
0,34
CLOSET pav 02
CASA DE BANHO pav 04
tv
QUARTO pav 03
SALA DE ESTAR SALA DE JANTAR pav 01
3
2017 - 2018 jtvq 0,02
projeto de licenciamento, projeto de execução reabilitação, Lisboa, Portugal
CORTE 2
3,36 0,60
0,60
0,60
0,36
HALL DE ENTRADA pav 02 COZINHA pav 04
0,86
2
0,03
tv stf
1,10
2
0,58
0,02
0,60
0,48
0,58 0,02
0,02
0,02
0,15
Microondas
1'
ext. integrável
0,62
2'
0,77 0,10
0,74
0,60
0,03 0,10
0,10
CORTE 3 1.20
0.30
0.86
3
0.80
0,62
0.57
1.09
1.59
0.20
3
1.98
2,40
0.80
0.24
0.42
2.32 1.40 2.94
0,86
0.65
1.40 6.84
2,28
0.75
0.47
3'
1.37
1.22 0.86
ext. integrável 0.21
0.13
0.97 0.40
0.80
1.07
4.25
0.42
2.23 1.40
1,00
0.30
0.71
3.21
0.42
0.68
0.13
2.99
PLANTA
DETALHE ARMÁRIO SUPERIOR ESC. 1/10
forno elétrico 0.95
0,74
0,77
0,03
0.50
fogão elétrico
0,03
0,48
1,20
1.64
0.74
2.03 1.40
2.30
Microondas
frigorífico e congelador de encastrar
1.20
1.28
1.28
0.87
0.50
1'
7,5
8
0,10
0,10
2,5
ARMÁRIO 01
KLUS - PAC-MDF iluminação continua LED
0,03
fogão elétrico
0,03
0,02
0,02
3
0,60
forno elétrico frigorífico e congelador de encastrar
2,5
2'
2,40
2
0,36
0,10
0,60
2,28
2,30
1,00
0,50
1
DETALHE ARMÁRIO INFERIOR ESC. 1/5
CORTE 3 descrição desenho
Axonometria
006
projecto
Alteração Interior
revisão
00
Rua Bernardim Ribeiro 15 requerente
Francisco Afonso
tipo
Execução
proj. n.º
1714
0,10
0,10
0,74
máquina de lavar loiça
2.94
0,60
0,88
0,32 2,41
0,030,03 0,74
0,90
2,41
0,90
0,60
0,60
0,030,03
0,03
0,10
0.75
0,03
0.47
0,77
0.80
edifício em campo de ourique
0.86
0,10
CORTE 2
1.59
1.09
0,10
1.07
0,90
0.30
1.98
0.24
0.80
máquina de lavar loiça
0,50
0.65
0.21
0.57
0,10
1.64
1.37
0.42
2.32 1.40
0,10
0.40
0,02 2.99
0.13
0.97
0,50 0,02
0,34
1.22
0,60
1.40 6.84
2.23 1.40
CORTE 1
var loiça
4.25
0,60
0,15
1.20
0.71
0.42
0,60
3.21
0.42
0.68
0,60
1.28
0.74
2.30
0.13
0,60
1.28
máquina de lavar loiça
2.03 1.40
0,10
0,15
fogão eléctrico
0.87
0.50
forno eléctrico
fogão eléctrico
forno eléctrico
0,030,03
projeto de execução reabilitação, Lisboa, Portugal 0,15
0,50
0,74
0,60
microondas
fogão eléctrico
2015 ventura trindade arquitectos estudo prévio, modelação Mindelo, Cabo Verde
0,32
0,62
2,40
0,25
microondas
2017 atelier capitão
0,02
0,60
0,88
0,31
0,35
0,34
COZINHA pav 04
0,86
HALL DE ENTRADA pav 02
tv stf
casa em mindelo 0,02
0,60
0,02
0,02
casa bernardim ribeiro
0,02
0,02
0,02
CLOSET pav 02
CASA DE BANHO pav 04
tv
QUARTO pav 03
SALA DE ESTAR SALA DE JANTAR pav 01
prat. amovivel
escala
1:25 e 1:5 data
Ago19
TRABALHO PROFISSIONAL
paulo monteiro da fonseca portfólio 34
0,34
0,02
linkedin.com/in/monteiropsmf monteiro.psmf@gmail.com +351 963 650 636
PAULO MONTEIRO da FONSECA