Mahcado

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Para ler poes· Atividades de oralidade com poemas auxiliam turmas de 4° e 5° anos a descobrir a bele~a da linguagem e a recitar com fluencia e entonac;;:ao

1\1A/S NOS

CCA

poesia tende a chamar a aten<;ao da crian\a para as surpresas escondidas na Ifngua;' A frase, do poeta Jose Paulo Paes (1926-1998), ilustra 0 potencial do genero para despertar 0 gosto pe10 uso da linguagem com fins esteticos. Por isso, nada mais natural do que explorar as brincadeiras sonoras desse tipo de texto, certo? pode ser natural, mas nao e usual. "Na maioria das vezes, as escolas leem poemas~penas para bus car informa<;:6es",afirma Claudio Bazzoni, selecionador do Premio Victor Civita Educador Nota 10. Muitas esquecem que incentivar a turma a ler poemas em voz alta e uma 6tima estrategia para trabalhar conteudos da oralidade, como sonoridade, rimas e ritmo (leia mais no quadro ao lado). Por on de come<;ar?Do 1° ao 3° ano, a sugestao e apresentar poemas divertidos q~e explorem 0 som das palavras, com onomatopeias (vocabulos que imitam barulhos) ou trava-lfnguas (versos dificeis de pronunciar). A partir do 4° ano, e possivel usar textos mais complexos, aprofundando a rela<;aoentre 0 escrito e. o falado e entre a forma e 0 conteudo.

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Rond6 dos Cavalinhos Manuel Bandeira . PONTUA~AO

Os cavalinhos correndo, Enos, cavaloes, comendo ... Tua. beleza, Esmeralda, .Acabou me enlouquecendo.

Cad a sinal indica urn tipo de pausa na leitura e uma intenc;:ao de quem escreveu. RIMA

Os cavalinhos correndo, Enos, cavaloes, comendo ... o sol tao claro la fora E em minhalma - anoitecendo!

Quando a repetic;:ao e terminal, a leitura precisa enfatizar as rimas para que elas aparec;:am.

Os cavalinho correndo, Enos, cavaloe , comend .... Alfonso Rey partindo, E tanta gente ficand ... VOCABULARIO

Os cavalinhos correndo, Enos, cavaloes, comendo ... A Italia falando grosso, A Europa se avacalha--lli1Q. ..

Entender

que se para encontrar 0 tom. Tire duvidas antes de ler em voz alta. 0

Ie e essencial

A fala exprime sentimentos A interven<;ao do professor deve ressaltar que a interpreta<;ao oral e essencial para transmitir 0 sentido adequado do poema. "Para que a leitura seja objeto de reflexao, 0 aluno precisa saber 0 porque de estar lendo de determinada forma", diz Ana Flavia Alon<;oCastanho, tambem selecionadora do Premio Victor Civita Educador Nota 10. A entona<;ao, a pontua<;ao e 0 ritmo podem indicar tristeza, alegria,

Os cavalinhos correndo, Enos, cavaloes, comendo ... o Brasil politicando, Nossa! A poesia morrendo ... sol tao claro la fora, o sol tao claro, Esmeralda, E em min alma - anoitecendo!

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L1CEN~A POETICA

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Recursos como a contrac;:ao conferem musicalidade aos versos, elemento tfpico dapoesia.


questionamento ou indigna~ao. Para que a garotada perceba es~as escolhas, duas a~6es SaDimportantes. A primeira, previa a leitura em voz alta, e explorar 0 sentido do poema: 0 entendimento do texto e essencial para a interpreta~ao oral. A segunda e ressaltar as especificidades da poesia, como as licen~as poeticas e as falsas termina~6es (versos que encerram a ideia no v.ersoseguinte e nao devem ser lidos com pausa no final). Gutra recomenda~ao e relacionar a compreensao do texto pe!os alunos com a possive! inten~ao do autor. Embora nao seja uma questao de certo ou errado - a interpreta~ao de urn poema e, em grande medida, subjetiva -, e interessante comparar a leitura da turma com a do pr6prio poeta (leia a direita uma sequencia diddtica que utiliza essa estrattgia). AIem disso, levar os alunos a confrontar as pr6prias estrategias de leitura (pedindo para lerem mais de uma vez) e as dos colegas ilurnina semelhan~as e diferen<;assobre qual tipo de sentimento cada urn quis transmitir com seu tom de voz, por exemplo.

, Seqiiencia didatica OBJETIVOS • Perceber a5 e5pecificidades da linguagem poetica. • Ler poemas ajustando a leitura ao texto escrito. CONTEUDOS • Leitura. • Elementos da oraliza<;ao das poesias: ritmo, rimas, entona<;ao, falsas termina~oes etc.

MATERIAL NECESsARIO Livro Manuel

Bandeira

- 50 Poemas

Escolhidos pelo Autor e c6pias xerocadas dos poemas que voce escolher. Sugestoes: Berimbau, Irene no Ceu, Rond6 dos Cavalinhos, Boca de Forno

Ler e entender: forte liga~ao

e

Vou-me Embora

pra Pasargada.

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professor tambem pode alterar elementos na leitura. Experimente ler para a classe sem enfatizar as rimas - isso . fara. as ~epeti~6es "sumirem", deixando claro que 0 jeito como se fala e essencial na poesia. De resto, e permitir que as crian<;as apreciem a beleza do genera, atendendo ao ape!o de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): "0 que eu pediria a escola era considerar a poesia primeiro como visao direta das coisas e depois como veiculo de informa<;ao pratica e te6rica, preservando em cada aluno 0 fundo magico, llidico, intuitivo e riativo que se identifica basicamente om a sensibilidade poetica". ~ QUER SABER MAIS

I

DESENVOlVIMENTO .13 ETAPA Pergunte aos alunos se eles ja viram alguem recitando poesias. 0 que uma pessoa precisa fazer para tornar esse texto bonito de ouvir? Estimule-os a refletir sobre essa questao distribuindo capias das poesias de Manuel Bandeira e tocando 0 CD que vem com olivro. Deixe a turma ouvir algumas vezes, levantando ideias sobre os recursos da leitura. Registre as mais pertinentes em um cartaz, que servira como material de consulta para 0 restante do trabalho.

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Bibliografia Manuel Bandeira - 50 Poemas Escolhidos pelo Autor, Manuel Bandeira,96 pags., Ed. Cosac Naify, tel. (11) 3218-1452, 59 reais. Inclui CD com 29 poemas lidos pelo autor.

• 23 ETAPA Explique aos alunos que agora voce fara a leitura dos poemas. Pe<;aque eles observem sua forma

Do poeta ao aluno de interpretar. Chame a aten<;ao para a cadencia pedindo que a c1asse acompanhe 0 poema com palmas em diversos ritmos. Em qual velocidade a leitura ficou melhor? Por que? Em seguida, varie a entona<;ao e pergunte: que tipo de voz transmite melhor as emo<;;oes presentes no texto? Discuta as sensa<;oes que cada interpreta<;ao despertou, enfatizando que 0 poema e um dos generos literarios que melhor exprimem sentimentas - e que a leitura pode refor<;arau diminuir 0 efeito pretendido. .33 ETAPA Organize as crian<;;asem grupos de quatro alunos e entregue c6pias de uma das poesias escolhidas. Explique que, enquanto um aluno Ie a poesia para 0 seu grupo, os outros observam se a leitura segue 'as observa<;oes registradas no cartaz. Ao fim, 0 grupo deve discutir 0 que cada um deve melhorar para tornar a leitura mais envolvente. AVALlA~O Observe 0 desempenho da turma em rela<;aoa algumas questoes. o aluno Ie com fluencia? Le alto? Le com entona<;ao? Posiciona o texto adequadamente (sem cobrir o rosto) ao ler? Control a 0 ritmo da fala (nem muito rapido nem muito devagar)? Com base nos problemas encontrados, auxilie cada um nos aspectos que devem ser melhorados com a analise de boas referencias (colegas ou CDs de poesias recitadas) . Consultoria

Luara Leal, professora

da EMEF Angelo Raphael Pellegrino, em Sao Caetano,

sp.


A fala que se ensina P

or alguns instantes, volte ao passado: algum professor ajudou voce a saber como falar? SaIto para 0 presente: na sua pr<itica em sala, voce se preocupa em abordar conteudos da oralidade? E possivel que a resposta as duas perguntas seja a mesma: urn sonoro "nao". A razao e compreensfvel. Existe a ideia corrente de que nao e pape! da escola ensinar 0 aluno a falar - afinal, isso e algo que a crian~a aprende muito antes, principalmente com a familia. Meia verdade. Ha nessa concep~ao urn erro grave de re-

Oralidade nao se aprende por intui~ao: generos mais formais, como 0 seminario, devem ser trabalhados com as criancas desde , as series iniciais LORENA VERLI e RODRIGO RATIER rratier@abril.com.br

Uma

duzir a oralidade a fala cotidiana, informal, representada pel os bate-papos e pelas conversas do dia-a-dia. 0 fato e que, sob a denomina~ao generica de "Iinguagem oral", encontram-se diversos generos: entrevistas, debates, exposi~6es, dialogos com autoridades e dramatiza~6es. Em rela~ao a todos e!es, 0 professor tern urn pape! irnportante. "Cabe a escola ensinar 0 aluno a utilizar a linguagern oral nas diversas situa~ ~6es cornunicativas, especialrnente nas mais formais", afirrnou 0 psicologo suf~o

apresenta~ao de sucesso

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Recursos visuais devem trazer informal;oes simples e diretas para facilitar a compreensao do tema geral da apresental;ao

:Uma cola :com t6picos :pode ajudar :a encaminhar :a apresental;ao. : Nao vale ler :os cartazes nem :decorar 0 trabalho

As falas devem ser c1aras, coerentes e concisas: e preciso passartodo 0 conhecimento no tempo combinado


Bernard Schneuwly em entrevista a NOVA ESCOLA em 2002. Considerado urn dos maiores estudiosos sabre a desenvolvimento da oralidade, ele defende que as generos da fala tern aplica~ao direta em varios campos da vida social - a do trabalho, a das rela~6es interpessoais e a da politica, par exemplo. MAls NO SITE

Entrevista exclusiva com 0 psic61ogo suf~o Bernard Schneuw/y. www.novaescola.org.br

Esfor~o continuo Uma primeira medida para resgatar a importancia do tema e investir na abordagem sistematica. A estrategia que deve permear todas as fases da escolariza~ao e iniciar a trabalho pelas situa~6es comunicativas praticadas naturalmente em sala de aula. Partindo dessa perspectiva, a Centro Educacional Sao Camilo, em Cachoeiro de Itapemirim, a 130 quil6metros de Vit6ria, decidiu trabalhar a seminario como uma atividade permanente desde a inicio do Ensino Fundamental (veja afoto a esquerda). E nao apenas nas aulas de Lingua Portuguesa: pesquisas e trabalhos de campo de Hist6ria, Geografia e Ciencias, antes restritos a entrega em papel, sao apresentados para toda a turma na forma de exposit;:ao oral. "Com a experiencia constante, as estudantes avan~am em todas as etapas do trabalho: pass am a fazer pesquisas mais profundas, descobrem a que po de ser utilizado na apresenta~ao e mostram mais desenvoltura na hora de expor a assunto", diz a coordenadora pedag6gica Edna Valory (leia no quadro acima os conteUdos desse tipo de atividade). No seminario, como em qualquer outro genera, a fundamental e conseguir que ele fa~a sentido aos alunos. Para isso, a professor deve debater com a turma a prop6sito da atividade: par que estamos fazendo essa pesquisa? Quais as criterios para selecionar a que aprendemos e merece ser apresentado? De que forma ele pode interessar ao publico? "0 seminario tern de ter uma finalidade maior do que ser apenas uma apresenta~ao. Caso contrario, a trabalho corre a risco de se ••

o que ensinar

nos seminarios

Quem disse que uma apresenta<;ao se aprende espontaneamente? Um seminario possui uma serie de procedimentos formais que devem ser abordados em sala. Primeiro, e preciso estudar a fundo a assunto a ser apresentado par meio de pesquisas e leituras. Em seguida, e necessaria· triar as informa~6es e preparar a exposic;:ao,estruturando-a para que ela seja assimilada pelos colegas. 56 entao chega a momenta de partir para a apresentacao propriamente dita. Nessas eta pas, ha quatro aspectos que nao podem ser esquecidos: • Planejamento do texto: alem de cuidar do conteudo (uma preocupac;:ao comum a todas a situa~6es comunicativas), um seminario exige a preocupa<;ao com a forma como as informa<;6es sao passadas, que nao pode ser a mesma usada com os

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colegas no dia-a-dia. Par isso, e necessaria trabalhar as diferen<;as entre a lingua formal e a informal. • Estrutura da exposi~ao: a conteudo precisa ser apr~sentado de forma clara e coerente - a objetivo e facilitar a compreensao de seu sentido geral. Para que isso ocorra, a texto oral deve ter uma sequencia organizada: fase de abertura, introduc;:ao ao tema, desenvolvimento, conclusao e encerramento. • Caracterfsticas da fala: a tom e a intensidade da voz do expositor devem criar um c1ima propfcio para a interac;:aocom a plateia. • Postura corporal: olhares, gestos, express6es faciais e movimentos corpora is sac importantes para complementar as informa<;6es transmitidas pela fala. Esses recursos auxiliam a mobilizar a escuta atenta.


•• tornar desmotivante", explica Roxane Rojo, professora do Departamento de Lingiiistica Aplicada da Universidade de Campinas. Depois, e partir para 0 detalhamento dos procedimentos que sustentam a apresenta~ao oral (feia seqiiencia didcitica com etapas da atividade ao fado). A melhor forma de conseguir bons resultados e acompanhar 0 aluno em todos os processos. No Colegio Sete de Setembro, em Fortaleza, a orienta~ao dos seminarios vai desde a discussao sobre 0 tema ate a avalia~ao da apresenta~ao. "No momento em que 0 aluno vai pesquisar, por exemplo, nao adianta ele reunir urn monte de indica~oes bibliograficas ou simplesmente copiar trechos de sites da internet. E tarefa do professor auxiliar na sele~ao de informa~oes e na articula~ao das diversas fontes", explica a coordenadora pedag6gica Rachel Angela Rodrigues. Ainda que a exposi~ao oral seja mais comum nas series finais do Ensino Fundamental, ela pode ter lugar desde os primeiros anos. A recomenda~ao dos Parametros Curriculares Nacionais e que as expectativas de aprendizagem acompanhem a evolu~ao dos alunos. A partir do 3° ano, e possivel exigir mais formalidade no uso da linguagem, prepara~ao previa e manuten~ao de urn ponto de vista na apresenta~ao. A avalia~ao deve contemplar esses aspectos - desde, claro, que 0 professor os tenha ensinado. Gl QUER SABER

MAIS

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Contatos Centro Educacional Sao Camilo, R. Sao Camilo de Lellis, 1,29304-910, Cachoeiro de Itapemirim, ES, tel. (28) 3526-5918 Claudia Goulart, gou la rt.mora is@gmail.com Coh!gio Sete de Setembro, R. D. Carlota Tavora, 377, 60421-070, Fortaleza, CE, tel. (85) 3232-5194 Roxane Rojo, rrojo@ielunicamp.br

Exposi~aooral OBJETIVOS

• Usar a fala em situa<;oes forma is. .Utilizar recursos de voz e nao verbais em apresenta~oes. .Organizar a fala de acordo com a estrutura de uma exposi~ao oral. • Produzir materiais de apoio. .Ouvir os colegas e responder a eventuais perguntas do publico. CONTEUOOS

.Generos orais. • Recursos de apresenta~ao.

MATERIAL

NECESsARIO

Datashow, projetor ou cartolinas.

Internet Em http://Iibdigi.unicamp.br/ document/?code=vtls000374639, voce faz 0 download de As Prdticas Orais na Escola, de Claudia Goulart

.43 ETAPA

Para debater a estrutura~ao interna da exposi<;ao oral, demonstre expressoes usadas para introduzir assuntos, dar sequencia a eles e finaliza-Ios. Algumas op<;oes de apresenta<;ao: "vou tentar explicar", "0 assunto da minha exposi<;ao sera" etc. Para 0 desenvolvimento: "agora, vou passar a falar de", "passarei a outro aspecto". E na conclusao: "gostaria de resumir alguns pontos", "para concluir" etc.

OESENVOLVIMENTO

.S3 ETAPA

.1a ETAPA

Agora, a ideia e ensinar 0 manuseio dos recursos audiovisuais. Explique que cartazes, slides e apresenta<;oes em computador possibilitam sistematizar 0 conteudo e facilitam o entendimento da plateia. Para isso, devem trazer os pontos principais da fala ou exemplos que nao podem ser substitufdos por palavras.

Ap6s 0 estudo de um conteudo especifico, defina com a classe 0 que sera apresentado e para quem. Pe<;a a apresenta~ao de um primeiro seminario sem orienta<;ao especffica. .23 ETAPA

Ao fim das exposi<;oes, proponha aos alunos uma auto-avalia<;ao: quais as principais dificuldades da atividade? Estimule um debate a respeito da utiliza<;ao da voz e da postura corporal. Explique que esses elementos muitas vezes transmitem inten<;oes que as palavras, sozinhas, nao chegam a expressar.

AVALlA~Ao

• 33 ETAPA

Solicite aos alunos a apresenta~ao de um novo seminario para verificar a apropria<;ao dos conteudos. E importante tambem avaliar a participa<;ao da plateia: observe se os alunos-espectadores adotaram uma postura de interesse pelo tema e a intera~ao com os apresentadores .

Hora de discutir 0 planejamento do texto oral. Apresente a turma os marcadores de estrutura<;ao, palavras e expressoes que vao dar sequencia a exposi<;ao das informa<;oes: "em

CONSULTORIA ClaudiaGoulart, professorade LfnguaPortuguesa da Escolade Educa<;aoBasica da UniversidadeFederalde Uberlandia.

Blbliografla Generos Orais e Escritos na Escola, Bernard Schneuwly,Joaquim Dolz e outros, 278 pags., Ed. Mercado de Letras, tel. (19) 3252-6011, 58 rea is

primeiro lugar", "em seguida", "depois", "entao", "portanto" etc. Chame a aten~ao, ainda, para 0 usa dos tempos verbais no futuro para apresenta~ao do plano de exposi~ao: "falarei primeiro", "farei agora" etc.


ac a, 0.' urn C asslco ara to Complexos, questionadores e ricos em ironia. Assim SaD os contos e romances do nosso maior escritor. Justamente por isso eles podem e devem ser trabalhados a partir do 3째 anD - para permitir que as crian~as conhe~am textos c1assicose aprendam a apreciar a literatura de qualidade ANDERSON

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MOC;;:O anderson.moco@abril.com.br

ara homenagear 0 maior nome evidencia, abre-se uma boa oportunidade da literatura nacional no cente- de apresenta-Io aos alunos - mesmo aos nario de sua marte, 2008 foi das series iniciais. chamado de Ano Nacional Machado de Para muitos professores, pode parecer Assis. A ideia e aproximar ainda mais os imposslvel trabalhar nessa faixa etaria os brasileiros do pai de personagens como textos de Machado - considerados diffceis Bentinho, Capitu, Bras Cubas e uma in- e muito refinados. Sem contar os enrefinidade de outros que fazem parte de dos, antigos demais para agradar aos penossa cultura. Dezenas de homenagens e quenos e jovens leitores. Urn engano. A eventos estao programados, como ciclos obra machadiana e extensa e inclui uma serie de contos perfeitamente com preende palestras e debates em universidades de todo 0 pals, uma exposi<;:aono Museu slveis do 3째 ana em diante, alem de roda Lfngua Portuguesa, em Sao Paulo, e mances saborosos, com uma linguagem especiais de Tv, incluindo uma minisse- bem dinamica, rica em ironia e que prenrie na Clobo. Alem disso, as de a aten<;:aodas classes do 6째 MAIS NO SITE obras completas do autor es- No Ponto de Encontro ao 9째 ano. ''Autores como ele comunidade Projeto } tern urn papel muito imp ortao sendo relan<;:adas,assim Entorno: Em Busca de tante na farma<;:ao de leitores como publica<;:oesque se pro- Novos leitores. poem a estuda-Io mais a fun- www.novaesco/a.org.br/ literarios e devem ser apresenpontodeencontro tados desde os primeiros anos do. Com 0 escritor tao em

do Ensino Fundamental", garante Joao LUISCeccantini, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). E por meio dos classicos, como e 0 caso dos livros de Machado de Assis, que crian<;:ase adolescentes passam a com partilhar referenciais lingiilsticos, artlsticos e culturais que permitem a eles estabelecer vlnculos com as gera<;:oesanteriores e se integrar a cultura. Classicos, como definiu 0 escritor italiano Italo Calvino, "sao aqueles livros que chegaram ate nos trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e os tra<;:osque deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes)". A qualidade da narrativa, a complexidade com que conflitos SaGnela expostos, a for<;:adas ideias que transmitem e .,


., os questionamentos que suscitam dao esse status a muitos dos escritos de Machado. 0 autor se destaca ainda por conseguir unir 0 erudito ao popular de forma unica. Ele revolucionou a cultura nacional. Mulato, gago e epiletico, em pleno periodo escravocrata, se tornou admirado e respeitado nos mais nobres sal6es da corte, contando hist6rias que ajudaram a moldar a no<;:aoque temos do que e ser brasileiro (Ida mais sobre ele no quadro da pagina ao lado). Se atualmente e visto como urn escritor erudito, urn medalhao inalcan<;:avel, em sua epoca Machado era popular. Classicos na sala de aula Ao ser lidos desde cedo, os classicos sao absorvidos de uma maneira muito especial porque "a juventude comunica ao ato de ler como a qualquer outra experiencia urn sabor e uma importancia parti-

A Cartomante,

Wagner de

Assis e Pablo Uranga, 95 min., Calif6rnia Filmes, www.ca·liforniafilmes.com.br

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culares", definiu Calvino. E este e 0 papel da escola: possibilitar 0 acesso a fic<;:aode qualidade de forma prazerosa. "Ler os classicos desperta 0 gosto pela viagem, pela imersao no desconhecido e pela explora<;:aoda diversidade. A satisfa<;:aode se deixar transportar MAIS NO para outro tempo e outro

lhar esse material em classe. "0 ideal e utilizar meios que ajudem a seduzir os alunos", recomenda Heloisa Cerri Ramos, oficineira de leitura do projeto Letras de Luz, da Funda<;:aoVictor Civita. A exibi<;:aode videos base ados nas hist6rias do autor po de ajudar (leia 0 quadro SITE abaixo). Porem 0 mais imporQuer ganhar 3 livros tante e 0 professor con tar a reespa<;:o,de viver uma vida sobre os classicos? Participe do conc~rso com experiencias diferenla<;:aoque tern com a obra, IeI' de 3 a 26 de setembro trechos dos quais possa falar com tes do cotidiano", ressal- www.novaesco'a.org.b~ ta a escritora Ana Maria paixao e entusiasmo, mostrar os encantos (literarios ou nao) que Machado, autora de diversos livros sobre a leitura na infiincia. Tel' personachamaram sua aten<;:ao,as conversas com gens com os quais 0 leitor se identifica e amigos que ela rendeu e quanta ele se mais uma das caracterfsticas dos classicos. identificou e descobriu sobre si mesmo em cada passagem. "Como aquelas pessoas estao em outro contexto e sao fictfcias, nos permitem urn Os estudantes se encantam pelo amor distanciamento e acabam nos ajudando a que 0 mestre sente pelas hist6rias e isso entender melhor 0 sentido de nossas pr6- ajuda a mostrar que a leitura nao e uma atividade mecanica. Muito pelo contraprias experiencias", explica Ana Maria. o grande desafio e saber como traba- rio. "A participa<;:aodo leitor na constru-

Versao atualizada de um dos mais conhecidos contos de Machado de Assis. 0 enredo de A Cartomante gira em torno de uma mulher que se apaixona pelo amigo do noivo e decide consultar uma cartomante para saber como sera seu futuro. Excelente meio de despertar a curiosidade da turma a partir do 4° ana para esse texto. 0 ideal e que 0 professor selecione um trecho do filme que achar significativo para sua aula e importante para a compreensao da obra a ser lida em c1asse."Os filmes ajudam a contextu lizar detalhes da hist6ria e a au entar 0 interesse da garotada", explica Heloisa Cerri Ramos.

Memorias Postumas, Andre Klotzel, 101 min., Europa Filmes, "

tel. (11) 2165-9000

Baseado no livro Mem6rias P6stumas de Breis Cubas, 0 filme conta a hist6ria de um homem que dedicou a vida a criac;:aode um remedio para todos os males. Um dos destaques e a boa reproduc;:ao dos ambientes descritos pelo escritor. Para aproveitar isso, o ideal e escolher uma passagem do livro, pedir que a turma a retrate em um desenho e, entao, mostrar como o diretor do filme transformou em imagens 0 mesmo trecho. "1550 ensina a ler de uma maneira mais imaginativa", completa Heloisa.


~ao do sentido do que esti escrito e fun- A vida do Bruxo do Cosme Velho .c' //' ',,_ <§{;:.•./; ; damental", ressalta Heloisa. Para Helena ~); 1 . . Weisz, especialista em Lingua Portuguesa e Literatura, de Sao Paulo, 0 born autar sempre deixa fios soltos. "Cabe ao leitor uni-Ios, fazendo perguntas e criando respostas!' A fun~ao do professor e dar meios para que essas pistas sejam descobertas e, com elas, surjam os significados. Na literatura, tao importante quanta o que se diz e 0 como se diz. E na cLissica essa caracteristica e ainda mais latente. "Em arte, forma e conteudo. Par isso, e precise ressaltar a contribui~ao dos aspectos formais do texto", explica Helena. Dentre eles estao 0 uso figurado das palavias, 0 ritmo, as seqiiencias por oposi{eJ~)JJ1fflIeJ ~ao e simetria, as repeti~6es de palavras e sons. "Outros elementos que podem ser fundamentais para desvendar 0 texto sao o narrador, a caracteriza~ao dos personagens, 0 tempo, 0 espa~o e 0 tipo de discurso", completa. Quando esses aspectos da )oaquim Maria Machado de Assis Drummond de Andrade no poema A Urn Bruxo, com Amor. Em 1873, iniciou hist6ria sao destacados, a garotada passa nasceu no Rio de Janeiro em 21 de a construir urn sentido e a criar hip6teses junho de 1839 e morreu na mesma a carreira de burocrata e funcionario interpretativas, que precisam ser ampliacidade em 29 de setembro de 1908. publico, 0 que garantiu seu sustento das, confirmadas ou refutadas. ate a morte. Sua obra literaria Descendente de um negro e uma E born ficar atento, no entanto, a uma portuguesa, cresceu numa casa simples abrange quase todos os generos armadilha: em alguns livros didaticos, a no morro do Livramento, na entao seu primeiro livro publicado foi uma literatura continua sendo usada como coletanea de poesias romanticas. capital do paiS, em pleno perlodo urn pretexto para 0 ensino da lfngua, 0 escravocrata. Autodidata, se tornou Em 1887,junto aos maiores nomes que afasta qualquer urn dos classicos."Os fluente em alemao, frances e ingles da literatura de MAIS NO SITE objetivos desse tipo de leitura nao devem entao, como Rui 56 para poder ler os escritores classicos Agenda com os estar atrelados ao ensino de gram<itica, que mais admirava. Antes dos 15 anos, Barbosa, Olavo Bilac principais eventos e homenagens mas aos procedimentos de analise literaescreveu num jornal seu primeiro e )oaquim Nabuco, ao escritor. ria, do reconhecimento da complexidade trabalho literario, osonetoA lima. fundou a Academia www.novaescola.org.br de uma publica~ao e da rela~ao entre 0 Sm. D.R).A. Aos 16, foi contratado Brasileira de Letras mundo das letras e a sociedade", destaca pela Imprensa Nacional como tip6grafo - tornando-se depois seu presidente Heloisa Ramos. Outra estrategia ineficaz perpetuo. Era igualmente admirado e aos 19 ja colaborava com varias e pedir a leitura de urn titulo especifico pela corte e pelo povo. Quando publica~6es. Alem de jornalista, foi e depois aplicar urn teste. "Tentar criar tradutor, crltico, contista, cronista, morreu, uma multidao acompanhou o gosto pelos livros por meio de urn sis- poeta, dramaturgo e romancista. seu velorio. Por semanas, os cariocas tema de for~ar a ler s6 para fazer uma Machado se casou em 1870 com a lotaram a rua do Cosme Velho, prova e uma maneira infalfvel de desper- portuguesa Carolina Augusta Xavier prestando reverencias e homenagens tar 0 horror nos estudantes", defende a de Novaes, seu grande amor e a ele e a seu trabalho. Para 0 crltico escritora Ana Maria Machado. companheira ate 0 fim da vida. Depois ingles Harold Bloom, um dos mais Outro ponto impartante: 0 educador de casado, morou na rua do Cosme respeitados do mundo, Machado necessita de muita prepara~ao. Isso inclui Velho, no tradicional bairro de mesmo eo maior escritor em lingua reler 0 livro antes de indica-Io - mesmo nome. Por causa desse endere~o, portuguesa de todos os tempos se ja 0 fez outras vezes durante a vida -, ganhou 0 apelido de Bruxo do Cosme e um dos grandes autores que a conhecer como era a hist6ria do pais na Velho, uma homenagem de Carlos humanidade ja produziu. epoca em que foi escrito e descobrir If>

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.., aspectos da biografia do autor que possam gerar discussao. Nas palestras e exposi\=oes em homenagem ao centemirio da morte de Machado de Assis, e possivel se abastecer de informa\=oes. A internet tambem e uma aliada nessa missao. A Academia Brasileira de Letras, por exemplo, construiu uma pagina recheada de historias e daMAIS NO SITE dos sobre 0 escritor e sua Querganhar3 livros ~e ~~chado ilustrados? obra (veja 0 enderero desse art,c,pedo concurso . de 3 a 26de setembro e de outros sites no Jim da lNlNlN.novaesco/a .org.br reportagem). Contos para os pequenos Nos ciclos iniciais, 0 ideal e come\=ar a trabalhar Machado pelos contos, compreensfveis por leitores de qualquer idade e com uma historia bem proxima da realidade infantil (leia a indicariio de dois deles no quadro abaixo). "Para adquirir 0 gosto pela leitura, e fundamental que a escolha dos tftulos seja adequada a fase de desenvolvimento do aluno", recomenda Claudio Bazzoni, selecionador do Premio Victor Civita Educador Nota 10. 0 que nao quer dizer que devam sempre ser apresentados exemplos simples. E saudavel haver um certo estranhamento e ate urn desconte~tam,en}o com as leituras,

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lEITURAEMVOZALTA Alunos do Educandario Torres Padua entendem termos desconhecidos da hist6ria pelo contexto pois um pouco de dificuldade ajuda a formar a capacidade leitora. "Ao longo do ano, opc;oesmais faceis sao intercaladas as mais refinadas para que cada um forme sua opiniao sobre as historias e com isso se posicione criticamente frente a elas", recomenda Ceccantini, da Unesp. Antes de iniciar 0 trabalho de leitura, e essencial apresentar a biografia do autor. Foi 0 que fez a professora Evelim Santos com 0 5° ana do Educandario Torres Padua, em Parati, a 256 quilOmetros do Rio de Janeiro. A cidade estava repleta

Para 30 a 50 ana _____________

de anuncios sobre a Festa Literaria de Paraty, a Flip, que este ana homenageou Machado. A meninada perguntava quem era aquele senhor desenhado nos cartazes. Evelim ja tinha programado atividades sobre ele e resolveu antecip,i-!as para aproveitar tamanha curiosidade. Todos foram para 0 laboratorio de informatica e ela ensinou como pesquisar na internet a biografia do escritor. Falou tambem sobre a epoca em que ele viveu, a vida na corte e a sociedade de entao - 0 que e essencial para a M~!S NO SITE Sequenciasdidaticas sobre como trabalhar C~nt5lde Escoto e

Hlstorio Comum. lNlNlN.

o primeiro

cantata de um menino, Pilar, com a carrup\=ao e a delac;ao. Ambientada em uma escola de 1840, a historia e apresentada em linguagem simples, com frases curtas, mas de grande impacto. As antfteses e os paradoxos permitem levantar Conto de Escola,Machado uma serie de discussoes em aula. de Assis,40pags.,Ed.Escala Um dos objetivos dessa leitura e a Educacional,tel.(11) distin\=ao entre conto e outros generos, 3855-2201,17,90 reais como apologo, fabula e lenda.

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das Virtudes para Crian~as2, AnaMaria Machado(arg.), 104pags.,Ed. NovaFronteira, tel. (21)2131-1111, 34,90reais


compreensao do contexte social ao qual a historia se refere. Evelim escolheu 0 conto Um Apologo (leia uma seqiiencia diddtica sobre ele no quadro ao lado). Apologo e uma narrativa cheia de li~oes mora is e eticas, muito prOxima a da fabula, com a personifica~ao de seres inanimados. A narrativa de Machado trata de uma discussao entre uma agulha e uma linha usadas na costura de urn belo vestido de festa para saber quem e a mais importante. Primeiro, foi feita a leitura. Depois, a professora conversou com a garotada sobre 0 enredo. Por que a agulha e a linha estao disputando para ver quem e a mais importante? Qual 0 tema do conto? No que 0 autor queria fazer 0 leitor pensar? Sera que hi algo que nao esta escrito, mas que ele desejava que fosse compreendido? As hipoteses interpretativas foram apresentadas e coube a Evelim ajudar cada urn a argumentar com seus pontos de vista e estimular a percep~ao do enredo. Em seguida, ela pediu que as palavras desconhecidas fossem destacadas e os seus significados inferidos com base no contexto. 0 proximo passe foi realizar uma leitura compartilhada, comentando os pontos mais relevantes da historia. Como atividade, Evelim propos urn debate sobre quem era mais importante: a linha ou a agulha. "Procurei nao interferir muito, deixando que todos argumentassem. A conclusao foi que cada uma tinha 0 seu valor", explica. Textos desse nivel sem- ~

UmAp61ogo OBJETIVO

• Amplia<;:aoda capacidade de analise literaria.

do que na de uma mucama? Essas

sao algumas das questoes levantadas no conto Hist6ria Comum - presente no livro 0 Tesouro das Virtudes para Crian(:as 2 -, que inspira discussoes sobre valores socia is. A historia serve como mote para a discussao dos tipos de narrador. --------------------'§

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M~-,S NOSIYE Versao da sequencia sobre 11m Ap%go co~ onenta~oes

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deta/hadas.

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CONTEUDOS

• Leitura e compreensao do texto Um Ap6/ogo, de Machado de Assis.

MATERIAL NECESsARIO

• Capias de Um Ap6/ogo para todos. • Livros e sites de Historia sobre 0 Rio de Janeiro do seculo 19. • Caixa de costura com agulha, linha e alfinete e um peda<;:ode tecido. DESENVOLVIMENTO .1a ETAPA

Pe<;:aque os alunos citem escritores. Se Machado nao for lembrado, diga que ele e 0 principal escritor brasileiro e que sera estudado.

.4a

ETAPA

Fa<;:aa leitura coletiva, ajudando os alunos a descobrir (pelo contexto) 0 significado de termos desconhecidos sem usar 0 dicionario. Pe<;:aque observem os argumentos da linha e da agulha e como cada um deles, apesar de valido, logo e derrubado.

.sa

ETAPA

Inicie a analise do texto. Auxilie a turma a perceber os elementos da narrativa. Quem sao os personagens? Em que lugar a historia se passa? No texto, quem e mais importante no trabalho de costura: a agulha ou a linha? Por que? As respostas devem ser justificadas com trechos do texto. .6a

ETAPA

o alfinete e 0 porta-voz

.2a

ETAPA

Reuna revistas, filmes, imagens e objetos representativos do seculo 19 e obras de Machado, criando um ambiente literario. Divida a classe em grupos, que pesquisarao: 0 Brasil do seculo 19, gravuras do Rio de Janeiro, biografia do escritor e rela<;:aode obras.O material compora um painel. .3aETAPA

Sera que um alfinete pode ascender socialmente? Passear na cabe<;:ade uma senhora elegante e mais digno

linha e do alfinete. Pergunte quem cada um preferiria ser - a agulha ou a linha - e por que.

Apresente 0 texto Um Ap6/ogo e esclare<;:aque apologo e uma narrativa curta e, como a fabula, tem uma moral. Deixe a caixa de costura a vista. Pergunte as crian<;:as se elas sabem quem serao os personagens da historia. Dobre o tecido, prenda-o com 0 alfinete, enfie a linha na agulha e costure. Questione a fun<;:aoda agulha, da

da moral da historia. Discuta sobre ela com os estudantes: existem pessoas que ajudam outras, abrindo caminhos. Mas, conquistada uma vitoria, quem se beneficia e aquela que foi ajudada. Pergunte 0 que eles pensam sobre isso. Trabalhe os conceitos de arrogancia e 0 de humilha<;:ao,citando a arrogancia da agulha e depois a humilha<;:ao pela qual teve de passaro AVALlA(:Ao

Para avaliar a compreensao e a visao crftica do texto, pe<;:aque a turma fa<;:a a leitura drarnatizada dele e que cada aluno escreva urn apologo. CONSULTORIA oficineira

Heloisa Cerri Ramos,

de leitura do projeto Letras

de Luz, da Funda<;ao Victor Civita.


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o Coso do Vora o Enfermeiro.

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CONTOS

Contos, Machadode Assis,120 pags., Ed. L&PM

Pocket,tel. (51) 3225-5777, 9

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Em 0 Caso da Vara - um dos textos presentes em Contos -, Damiao e um jovem seminarista que nao suporta a ideia da carreira eclesiastica, que 0 pai quer obriga-Io a seguir. 0 conto serve de base para uma discussao sobre relac;6es familiares e de poder e inspira a analise das caracterfsticas do texto argumentativo e dos articuladores do discurso.

•. pre geram uma reflexao, seja sobre a forma como foram escritos, seja sobre 0 enredo. Isso, entre outras coisas, e 0 que os diferencia das hist6rias com as quais as crian<;asnormalmente tern contato.

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Varias

Hist6rias, Machadode Assis,160 pags., Ed.Atica,tel. 0800-115-152, ••

19,90

reais

Oconto 0 Enfermeiro narra a hist6ria de Proc6pio, um homem que cuida de um velho coronel doente que o maltrata. Um dia, ele se descontrola e estrangula 0 patrao. 0 textopresente no livro Varias Hist6riasserve de mote para uma analise sobre a rela<;aoentre literatura e sociedade.

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Para propor a leitura de Dom Casmurro, ela criou uma expectativa contando pontos do enredo e explicando como a ambigiiidade sobre 0 comportamento de Capitu se transformou numa das quest6es mais debatidas no meio literario nacioRomances para os jovens naL "A turma nao via a hora de come<;ar o livro;' Ela destacou os recursos lingiiisA partir do 6° ano, e possive! fazer uma transiC;ao,com contos mais densos (leia a ticos utilizados pelo autor para deixar a indicariio de dois deles no quadro a esquer- suspeita no ar. Primeiro, leu trechos que da). No 7°, e viave! comec;ar a trabalhar mostravam 0 ciume de Bentinho e as com as grandes hist6rias de Machado. desconfian<;as que e!e tinha em rela<;aoit Urn dos titulos que se encaixa bem nessa mulher. Depois analisou as falas de persofaixa etaria e Dom Casmurro (confira uma nagens secundarios, como as insinua<;6es sequencia diddtica sobre 0 romance no quade Jose Dias e as reticencias de Justina. dro da pagina ao lado). 0 enredo gira em POI'fim, destacou as passagens que mostome de Bentinho, urn jovem aristocrata travam 0 ponto de vista de Capitu. carioca, que desconfia que a mulher, CaEntao, uma grande discussao em aula pitu, cometeu adulterio. foi armada. Cada urn tinha de contar urn 0 escritor faz urn jogo lingiifstico inte- pouco do que tinha entendido e adotar uma posi<;ao:Capitu traiu ou nao? Para ressante e deixa no ar a duvida: e!a traiu ou nao? Na EMEF Professor Jose Negri, defender a "sentenc;a", era necessario dar em Sertaozinho, a 305 quilometros de exemplos. "Alguns se exaltavam e susSao Paulo, a questao embalou a discus- tentavam sua teoria com muito furor", sac na sa serie. A professora de lembra Sueli. As hip6teses MA/S NO SITE interpretativas foram debatiLIngua Portuguesa Sueli Sa- Querganhar 8 livros vegnano come<;ou abordando ~e Machado?Participe das e chegou-se a urn enten0 concursode 3 a 26 dimento: Capitu e inocente. a biografia de Machado. de setembro. www.novaesco/a.org.br


Machado queria que os leitores se indagassem sobre as posslveis interpretac;:oes da verdade e levar a sociedade da epoca a refletir sobre como as fofocas podem prejudicar uma pessoa. As leituras na juventude tendem a ser pouco profundas por causa da impaciencia, da distrac;:aoe da inexperiencia do leitor. Mas elas tern outro lado, riquissimo. "Podem ser formativas, no sentido de dar forma as experiencias futuras, fomecendo model os, recipientes, term os de comparac;:ao,esquemas de classificac;:ao,escalas de valores, paradigmas de beleza - coisas que continuam a valer mesmo que nos recordemos pouco ou nada do livro lido na juventude", escreveu Italo Calvino. Em suma, quando se tern contato com as narrativas classicas desde cedo, os encontros futuros com as grandes obras da literatura tendem a ser ainda mais transformadores. A escola que ignora essa experiencia nao cumpre bem seu papel. (Q QUER SABER MAIS

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Cantatos Educandario Torres Padua, R. E- Loteamento Parque Imperial, 29, 23970-000, Parati, RJ, tel. (24) 3371-21S9 EMEF Professor Jose Negri, R. Jordao Borghetti, 147, 14170-120, Sertaozinho, Sp, tel. (16) 3942-2811

Bibliografia Almanaque Machado de Assis, Luiz Antonio Aguiar, 312 pags., Ed. Record, tel. (11) 3286-0802,50 reais Como e Por Que ler os Classicos Universais Desde Cedo, Ana Maria Machado, 146 pags., Ed. Objetiva, tel. (21) 2199-7824, 32,90 reais Dom Casmurro, Machado de Assis, 232 pags., Ed. L&PM Pocket, tel. (Sl) 322S-5777, 12 reais Machado de Assis, urn Genio Brasileiro, Daniel Piza, 416 pags., Ed. Imprensa Oficial, tel. (11) 3105-6781,60 reais Por Que ler os Classicos, Italo Calvino, 280 pags., Ed. Companhia das Letras, tel. (11) 3707-3S00, 43 reais Um Ap610go, Machado de Assis, 32 pags., Ed. DCL, tel. (11) 3932-5222,32 reais

Internet Videos e textos sobre obras de Machado em www.machadodeassis.org.br Em www.machadodeassis.unesp.br. material sobre a vida e a obra do escritor Obra completa de Machado disponlvel em www.dominiopublico.gov.br Em www.youtube.com.br. videos com interpreta<;oes dos contos do autor

OBJETIVO

• Ampliac;:aoda capacidade de analise literaria. CONTEUDO

• Analise do foco narrativo.

como algo sem importancia, sao (segundo Bentinho) essas figuras que Ihe sugerem a escrita do romance. a. Pesquise as hist6rias de: Nero e as esposas Otavia e Pompeia; Augusto, a esposa Escrib6nia e a filhaJulia; )LilioCesar e a esposa Pompeia; Massinissa e a esposa Sofonisba. o que elas tem em comum? b. Retome os capltulos Gtelo, A Xfcara de Cafe, Segundo

MATERIAL NECESsARIO

• Exemplares do livro Dom Casmurro para todos os alunos. • Livros e sites de Hist6ria sobre 0 Rio de Janeiro do seculo 19. DESENVOLVIMENTO • 13 ETAPA

Leia com os alunos os primeiros capltulos do livro, auxiliando na compreensao do vocabulario, esclarecendo 0 contexto hist6rico do fim do seculo 19 e ajudando-os a perceber as esquisitices de Bentinho. • 23 ETAPA

Os estudantes devem terminar a leitura do livro, se posslvel, sozinhos. .33 ETAPA

Distribua as quest6es abaixo pedindo que pesquisem, discutam e respondam em grupos. 1. Definic;:aodos tipos de narrador. Bento Santiago e um narrador em primeira ou terceira pessoa? 0 que isso significa na hist6ria narrada? 2. No capitulo Do Livro, Bentinho afirma que, adulto, reproduziu a casa em que morava na infanciaincluindo os retratos nas paredes: "...ao centro das paredes os medalh6es de Cesar, Augusto, Nero e Massinissa, com os nomes por baixo ... Nao alcanc;:oa razao de tais personagens". Apesar de tratadas

Impulso

e0

Regresso.

As hist6rias das gravuras e de Otelo podem nos sugerir algo sobre 0 temperamento de Bentinho? 3. Definic;:aode paran6ia. De acordo com ela, Bentinho e um paran6ico? Para embasar sua resposta, volte aos capltulos Dez Libras Esterlinas e Ciumes do Mar . 4. No capitulo Mil Padre-Nossos e Mil Ave-Marias, descreva a relac;:ao de Bentinho com a fe crista. S. No ultimo capitulo, Bentinho se pergunta se a Capitu que ele acredita te-Io enganado era traic;:oeira desde crianc;:aou se alguma coisa a teria tornado assim depois de grande . Pec;:aque os alunos releiam 0 trecho que vai de "0 resto e saber se a Capitu da praia da GI6ria ja estava dentro da de Matacavalos ..:' ate a •••uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca". a. E posslvel reconhecer, no discurso de Bentinho, trac;:osde sua formac;:ao religiosa e jurldica? Explique. b. Bentinho oferece ao leitor a duvida sobre a traic;:aode Capitu? Por que? AVALlAf;Ao

Proponha seminarios em que cada grupo apresente a res posta de uma das questoes trabalhadas em sala .. CONSULTORIA

Helena Weisz, professora

de Lingua Portuguesa Literatura,

e especialista

de Sao Paulo.

em


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