especial natal 2015
especial natal 2015
índice 4 |
Como (re)criar um novo eu
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Natal: Um hino à vida
Diana Feliz
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Mensagem de Natal
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Criar é estar em constante evolução
Padre Alberto Gomes
"No princípio Deus criou o Céu e a Terra"
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Wally
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A Criação
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Padre José Fernando da Silva Ferreira
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Pedro Pereira
Rita Guimarães
Ser ou Fazer? Eis a questão
Filipe Esménio
Seja criativo... Faça diferente
Filipa Monteiro Fernandes
Pensar «Fora da Caixa»
Patrícia Silva
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Criação... Criatividade...
Mercedes Nunes Vaz
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Como (re)criar Por vezes temos uma conceção errada do tempo. Acreditamos que as grandes conquistas exigem esforço empenhado e muito, muito, trabalho por tempo prolongado. Mas a verdade é que a nossa vida acontece num minuto. É num minuto que nascemos e é num minuto que morremos. Também é num minuto que podemos mudar o rumo da vida e dotá-la de verdadeiro significado – aquele que nos faz feliz. Sabias que a vida pode ter o sabor que quiseres e a magia que te permitires? Basta QUERER, SER, FAZER. A vida é uma criação! Deve ser uma obra única autenticada com o cunho pessoal de cada um e não uma réplica de 2ª ou apenas mais uma no meio de tantas outras. Todas as vidas são especiais. Nenhuma é melhor ou pior que outra. Não há ninguém igual a ti, nunca houve e nunca haverá. Não é especial? E porque és tão especial, permite-te conhecer, amar e expandir. Permite-te SER quem tu és e viver Feliz. Deixa-me partilhar contigo um pouco da minha história de (re)criação do meu Eu… Longe de adivinhar o que me esperava, foi numa tarde de Outubro (2011) que dei o primeiro passo para mudar a minha vida. Na altura, sofria (é mesmo o termo) de enxaquecas cada vez mais frequentes. Fiz todas as diligências médicas para aferir e tratar a doença. Os resultados eram apenas de curta duração. Cansada de uma doença que me debilitava e inúmeras vezes me impediu de tanto, nesse dia tomei a decisão mais importante da minha vida: recusar viver uma vida que eu não queria. Foi então que decidi tratar-me. A medicina convencional não dava resposta mas eu sabia dentro de mim que tinha que haver cura. Sabia-o porque eu queria curar-me. Num impulso, fiz um contacto (resultante de uma pesquisa no Google) e agendei aquele que seria o primeiro dia da minha nova vida – o dia em que me iniciei no Reiki. O Reiki é uma terapia complementar e integrativa, natural e não invasiva. Aplicada através das mãos, com a finalidade de transmitir a energia (Reiki) ao recetor. Esta energia atua para a homeóstase do organismo, favorecendo o equilíbrio e harmonização em todas as partes que o integra: física, mental, emocional e espiritual. Como vim a descobrir mais tarde: o Reiki vive-se. É uma filosofia de vida, significa isto, que é uma prática que se integra no nosso dia-a-dia, o que faz toda a diferença.
Hoje digo, com absoluta gratidão e alegria, que o Reiki mudou e (re)criou a minha vida. Na verdade, o Reiki e o Yoga reinventaram o meu Eu.
A CRIAÇÃO DO NOVO EU Antes, vivia os meus dias em constante preocupação com o futuro. De tal forma que a maior parte das minhas preocupações não chegavam a acontecer, era um autêntico dispêndio de energia. Por outro lado, parte de mim vivia no passado. Mastigava acontecimentos passados e martirizava-me por coisas que tinha e não tinha feito. Vivia em todos os tempos, menos no presente. A prática do Reiki e do Yoga despertaram a minha atenção e consciência para a importância de se viver o momento presente. É nele, e só nele, que a vida acontece. Aprendi a resgatar a serenidade e paz interior, a aceitar-me e amar-me com tudo o que sou. O Reiki entrou na minha vida, as enxaquecas saíram. É um facto. Renasci. Descobri o que fazia o meu coração pulsar e acreditar ser possível CRIAR a minha felicidade. E assim nasceu o projeto SERFeliz – Reiki & Yoga, do qual sou fundadora (www.serfeliz.pt). Tem como pilares principais as técnicas e ensinamentos destes dois métodos complementares: Reiki e o Yoga, para inspirar as pessoas a viverem vidas mais felizes, plenas de significado. Desde então, a formação tem sido contínua. Hoje, vivencio o Reiki e o Yoga com a prática diária e levo a minha experiência e ensinamentos destas filosofias através de consultas, cursos e aulas em todo o país e Suíça. Tanto o Reiki como o Yoga têm um conjunto de princípios humanitários (sem qualquer cariz religioso) que nos ajudam a tornar-nos na melhor versão de nós mesmos. Deixa-me mostrar-te como podes aplicar este conhecimento para a CRIAÇÃO da tua nova realidade. A primeira aprendizagem que fazemos é sentir e tomar consciência daquilo que é mais importante para qualquer pessoa: respirar. A respiração consciente é uma prática que harmoniza o corpo, mente e emoções maximizando o autoconhecimento.
C – Criatividade / Confiança R – Responsabilidade I – Inovar / Imaginar A – Atitude / Ação R – Resiliência
CRIATIVIDADE /CONFIANÇA Quando somos crianças, a criatividade faz parte de nós. Os abraços que damos têm as cores do arco-íris, a lua é branca porque é feita de ovelhas e a saudade é o amor que fica. Mas cedo, aprendemos matérias que moldam a nossa mente, o nosso sentir e pensar. E um dos maiores bens que nasceram connosco (criatividade) acaba por ser atrofiado com o nosso crescimento. O Reiki e o Yoga são excelentes métodos de autoaperfeiçoamento, uma vez que nos libertam das máscaras que ocultam o verdadeiro Eu. Infelizmente, muitas pessoas sentem-se meio entorpecidas e já se esqueceram de si, de auscultar as suas reais necessidades. Entram numa espécie de piloto automático levando o quotidiano numa corrida de ratos entre a casa-trabalho-filhos-afazeres domésticos e pouco mais. E assim, vão caminhando para a insatisfação prolongada, infelicidade, e não raras vezes, doença. Com o Reiki, meditação e Yoga fui descobrindo as minhas reais necessidades. Aprendi a respeitar-me e a valorizar-me. A amar-me. Através dessa ligação comigo mesma, a criatividade foi aflorando e tudo foi ficando mais claro e sereno. Descobri o que me faz bem e feliz e deixei para trás o que trazia dor e sofrimento. Assim nasceu a confiança. Confiança em mim, nos outros e na vida. Fiquei mais leve porque deixei de carregar a bagagem do passado e do futuro e passei a desfrutar do potencial do presente.
RESPONSABILIDADE Responsabilidade é a nossa habilidade para responder. Darmos sempre o nosso melhor. Há uma frase de Gandhi que inspira a minha vida: "felicidade é quando o que pensas, dizes e fazes estão em harmonia." Responsabilidade é genuinidade. É autenticidade. Sermos autênticos e não réplicas dos desejos e vontades alheias. Quando assumimos a responsabilidade da nossa vida, assumimos também o nosso poder pessoal. Passamos a ser responsáveis por tudo o que nos acontece (e não acontece). Sermos abertos e honestos quanto às nossas fraquezas ajuda-nos a tornar-nos mais fortes. Através da honestidade, começamos a conhecer a nossa mente e ficamos mais capacitados para ajudar e inspirar os outros a atingirem os mesmos benefícios de si próprios. As qualidades de honestidade, o aumento da autoperceção e o desejo de ajudar e partilhar com os outros
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um novo eu são as bases da sabedoria absoluta.
INOVAR/ IMAGINAR Ao assumirmos as nossas necessidades e sonhos, permitimo-nos sair da atmosfera do medo, do apego e insegurança. Deixamos de vibrar no medo e passamos a vibrar no amor. Inovar significa encontrar soluções vendo o possível no lugar do impossível, a oportunidade no lugar do perigo. É cultivar uma mente positiva, semeando as sementes do amor e gratidão e inspirar outros a fazer o mesmo. Tudo o que existe no mundo nasceu primeiro na mente. Alguém idealizou a revista que estás a ler para que ela pudesse existir. Tudo começa em nós, na nossa mente, no nosso sentir. Recorda a importância do tempo. Não o deixes passar por ti sem significado. Trata-se da tua vida. Imagina-a e vive-a com as cores da tua imaginação. Por exemplo, começa o dia com alguns minutos de meditação onde visualizas o dia que tens pela frente, visualizando cada detalhe como gostarias que acontecesse. À noite, fecha o dia com uma meditação, onde fazes a retrospetiva do mesmo: o que correu bem e o que correu menos bem. Agradece as oportunidades e aprendizagens e termina com a visualização de como gostaríamos que tivesse acontecido. Experimenta e surpreende-te.
ATITUDE / AÇÃO Praticar os princípios Gokai e Gyosei (Reiki) e os Yamas e Nyamas (Yoga). SER de dentro para fora. Deixar que as nossas ações sejam o reflexo da boa comunicação entre mente e coração. No Japão, Kokoro significa mente limpa e coração predisposto. Enquanto praticantes de Reiki devemos cultivar esta postura. Esvaziar a mente de dogmas, crenças limitadoras e adoptar uma atitude recetiva. Saber dar e receber. Quando fazemos o bem, ele volta para nós multiplicado. Tudo o que emitimos (seja em pensamentos, palavras ou ações) iremos receber de volta. Lembra-te: comportamento gera comportamento. Energia gera energia. Não é por acaso que se costuma dizer que “um azar nunca vem só” ou que “estamos em maré de sorte”. Fazer o autotratamento e prática regular de Yoga para convidar a paz e a felicidade a preencherem os nossos dias, desenvolvendo sempre uma atitude positiva e de gratidão. Praticar a gentileza e bondade. Sermos gentis e bondosos connosco pró-
prios, para podermos sê-lo genuinamente com os outros (só podemos dar o que somos). Vencer o apego e o medo da perda. São autênticos desafios mas com um retorno incalculável, em matéria de felicidade e liberdade.
RESILIÊNCIA Alargar a zona de conforto frequentemente. Somos tanto mais felizes quanto maior for a nossa zona de conforto. Zona de conforto, é isso mesmo, é aquela zona onde estamos cómodos e confortáveis, representa o que fazemos sem esforço. Se todos os dias nos desafiarmos a fazer algo que nos retire dessa esfera, vamos fazê-la crescer cada vez mais e assim passamos a ser pessoas mais resilientes, positivas, felizes e tenazes pois já não é qualquer ‘coisa’ que nos retira do nosso centro, do nosso equilíbrio. Não há maldade mas sim ignorância. Cada um de nós faz sempre o seu melhor, com a aprendizagem que fez até àquele momento. Encarar as adversidades não como problemas (impossíveis) mas como desafios (com soluções), que nos estimulam e ajudam a crescer e evoluir.
O REIKI E O YOGA Estes métodos podem transformar a qualidade da nossa mente, ajudando-nos a ser mais positivos e criativos em tudo o que somos e fazemos. Como é que isto acontece? Com a prática. Atuam no nosso organismo através da purificação e elevação da qualidade da nossa energia vital, que, por sua vez, atua sobre o modo como experimentamos os nossos pensamentos, sentimentos e emoções em nós e no que nos rodeia. Daí resulta um estado de plenitude, harmonia e equilíbrio em todas as esferas da nossa vida. No Reiki e no Yoga aprendemos a apreciar as pedras e as flores e a fazer arte com ambas: a arte da felicidade. Aprendemos a ver com outros olhos, a sentir com outra pele. Redescobrimos o nosso valor e confiamos no nosso potencial ilimitado para CRIAR o nosso mundo, para (RE)CRIAR o nosso Eu e finalmente vivermos a vida que desejamos viver. Neste Natal, oferece-te o melhor presente que podes receber: aprender a SER Feliz! Diana Feliz www.serfeliz.pt Terapeuta, Mestre de Reiki e Karuna Professora de Yoga Integral
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Mensagem de Natal «LAUDATO SI’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Senhor», cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços: «Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras». Com estas palavras inicia-se a Encíclica do Papa Francisco acerca da casa comum de todos nós que é este planeta, fruto da obra criativa de Deus. Ao celebrarmos o Natal vivemos mais um momento do cuidado de Deus pela obra da criação, especialmente pela sua obra-prima o Homem, a quem Deus confia a casa comum para que seja cuidada, desenvolvida, respeitada e amada.
No Natal vive-se o mais maravilhoso cuidado de Deus, ao trazer ao mundo o seu Filho Amado, Deus Encarnado para, vivendo a realidade da vida do Homem, o salvasse e o desafiasse a um cuidado mais profundo pela casa comum em que habita. Vivendo o grande mandamento que Jesus nos deixa, o Amor, necessariamente o Homem cuida da casa comum, da irmã terra com tudo o que ela contém. Que a celebração do Natal deste ano, em pleno Ano Santo da Misericórdia, seja vivida por nós numa atitude de compromisso de cuidarmos melhor da nossa casa, a irmã terra. Um Santo Natal e que Misericórdia de Deus encha o nosso coração. P. Alberto Gomes Padre da Paróquia da Portela
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«No princípio Deus criou o céu e a terra» (Gn 1, 1)
A primeira Maravilha de Deus pelos homens a ser contemplada é o dom da Criação. Por isso, começamos por confessar a fé em Deus Pai, fonte de toda a vida e de todo o amor, do qual procede tudo o que existe. Nas fontes da existência do mundo, da vida e do homem, está o mistério de amor d’Aquele que se revelou como Pai de Jesus Cristo e Pai nosso. Só o amor, que nos chama à existência, nos pode dar a certeza de que a vida, cada vida, tem sentido tal como acontece a uma criança nascida do amor dos pais. Não andamos na terra por acaso ou por erro, nem estamos sós. A fé na criação convida-nos, pois, a tomar consciência da nossa existência, a fazer memória das nossas origens como criaturas, da nossa pertença confiante a Deus como Aquele «pelo qual existimos, nos movemos e somos». Crer na criação significa também ver o mundo como um dom de Deus e, ao mesmo tempo, como uma missão nossa. Não se refere apenas a um momento inicial, na noite dos tempos. A criação é, antes, um projecto ao qual Deus associou o homem como Seu colaborador. Um poeta alemão escreveu um dia: «Deus cria o mundo, como o mar, faz a margem: retirando-se» (Hölderlin), isto é, confiando-o ao homem, sem contudo o deixar só. A criação é como uma semente cheia de energia maravilhosa entregue ao homem para o cultivar. Recebemo-la, pois, como um grande dom que nos é dado para estimar, construir e desenvolver, a fim de que seja «casa comum» de todos os homens, onde todos possam habitar, viver, conviver e trabalhar como irmãos. Nesta obra, Deus não nos deixa sós. Acompanha-nos com a Sua providência. É a preocupação em ajudar as suas criaturas a crescer, a desenvolver-se, a prosseguir o seu caminho, tal como os pais ajudam os filhos a caminhar, a crescer, a tornar-se homens e a assumir responsabilidades.
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especial natal 2015
Recordo-me de uma pequena história contada por um pregador nos Exercícios Espirituais. Contou que após a guerra foi visitado por um oficial russo que era cientista, o qual lhe falou como cientista: “Tenho certeza de que Deus não existe. Mas se me encontro nas montanhas, diante da sua beleza majestosa, diante da sua grandeza, tenho igualmente certeza de que o Criador existe e que Deus existe”. A beleza da criação é uma das fontes onde realmente podemos tocar a beleza de Deus, podemos ver que o Criador existe e é bom, que é verdade aquilo que a Sagrada Escritura diz na narração da Criação, isto é, que Deus pensou e fez o mundo com o seu coração, com a sua vontade, com a sua razão e viu que era bom. Também nós devemos ser bons e ter o coração aberto para perceber a verdadeira presença de Deus. Desejo neste tempo, na história de cada família e na vida de cada um em particular, que aconteça O Verdadeiro Natal. A celebração do Nascimento de Jesus conceda a todos Paz, Justiça, Trabalho, Saúde e Amor. Sejamos todos construtores de um Mundo Melhor segundo o Coração Misericordioso de Deus Pai. P. José Fernando da Silva Ferreira Padre da Paróquia de Moscavide
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A criação consiste em tirar coisas
Isso mostra que o
a partir do nada...
nada tem conteĂşdo.
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Ser ou fazer “Nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos quando fazemos. Nos dias que não fazemos, apenas duramos.” Padre António Vieira Esta frase sábia do Padre António Vieira remete-me para uma dúvida existencial. Seremos nós «seres» humanos ou «fazeres» humanos? A essência de criar, de fazer algo de novo é inerente à condição humana fica muitas vezes subjugada à lógica de fazer por obrigação, de nos transformarmos apenas em mais uma peça fabril. Tenho dificuldade em apenas fazer, o meu corpo e a minha cabeça pedem-me sempre mais. Pedem-me algo de novo e diferente e eu obedeço. Mas, o risco de seguir nesse sentido, leva-nos também à incapacidade de fazer sem pensar ou seja, a uma certa dispersão. Dar largas à criatividade como forma de criação, como a verdadeira essência do ser humano e ao mesmo tempo ter um pé em terra para dar consistência à vida e fazer. A verdade é que muitos são tentados a admirar aqueles que criam, os mais aptos para dar ao mundo mundos novos, uma missão mas, sem os que fazem, sem as formigas que constroem diariamente o mundo dando-lhe sustento e produção, não haveria condições para criar. As pessoas são apenas pessoas, as sociedades apenas sociedades e o tempo passa por elas sem piedade. Por cada criador deve haver um fazedor. Em cada homem há um criador e um fazedor, nem sempre em doses iguais. O homem é um ser sábio. Tem em si o conhecimento e pode e deve aplicá-lo. Em função de si, dos seus pares e da continuidade da construção de uma sociedade que bisque sucessivamente um mundo melhor. Este sentido, esta lógica é muitas vezes distorcida, alterada, desvirtuada, mas não deixa de ser a hegemónica. O mundo tem vindo permanentemente a melhorar. Com riscos, a várias velocidades, com permanentes alterações, com avanços e recuos mas com uma esperança média de vida superior com maior salubridade, mais oferta alimentar. Os desequilíbrios económicos e sociais matam o mundo e o medo de uma guerra violenta assustam-nos. Temos um longo percurso a percorrer. Temos de continuar a fazer, temos de continuar a criar. A criar soluções para a existência de um
mundo a menos velocidades. Para aproximar cada vez mais os ritmos das diferentes sociedades, que coexistem no mesmo tempo. As guerras existem desde que existe mundo e a violência e a luta pelo poder também. Aparentemente teremos de criar novas soluções nesta matéria e fazer algo de novo. Dar uma nova cor à política, às relações internacionais, a uma ONU que parece paralisada. Recriar, criar, inovar e fazer diferente. O mundo quer paz e segurança, para além de alimento e conforto. Os líderes mundiais têm de o assegurar. Não poderá ser de imediato, mas terá de ser prioritário. Se não o conseguirem incorremos mesmo no
risco de ter uma guerra mundial. É preciso mudar paradigmas. É preciso mudar actos e comportamentos. É preciso continuar a mudar e moldar o mundo. Temos todos de contribuir para isso à nossa escala, sendo homens de criar ou de fazer. Einstein dizia que a «A paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos» e, por isso, só essa pode ser a nossa caminhada. É fundamental o respeito pela diferença e a igualdade de oportunidades. Eu acredito num mundo melhor. À minha escala vou fazendo o que posso. E vocês? Filipe Esménio
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eis a quest達o
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Considera-se uma pessoa criativa?
Seja criativo... Faça diferente! Eu e a criatividade sempre tivemos uma relação muito antagónica. Esta relação entre mim e a criatividade foi sempre assim… Num dia levantam-se questões frequentes sobre o que poderá estar certo ou poderá estar errado… No outro dia sobre o que são, verdadeiramente, boas ideias ou ideias que poderão não passar de delírios, ou na gíria, as denominadas “ideias malucas”… A verdade é que das “ideias malucas” surgem as ideias que hoje muito estimamos e não imaginamos o que seria a nossa vida sem elas. Desde o automóvel, passando pelo telefone; pela máquina de lavar loiça; máquina de lavar roupa; aspirador; computador; internet; até ao pinheiro ou árvore de Natal;… O que seria a nossa vida sem um destes objectos ou sem aquele objecto que tanto valorizamos? Todos aqueles que tiveram a capacidade de ser criativos, ou seja, de criar, produzir ou inventar coisas novas e pensar “fora da caixa”, foram, quiçá na época, as denominadas “ideias malucas”. Contudo, hoje, confunde-se originalidade com diferença. Ser original é fazer diferente e não ser diferente. Sente-se que a sociedade quer ser diferente, mas por vezes é incapaz de fazer diferente. Com o intuito de ilustrar esta ideia lanço uma frase desafiadora e já conhecida dos leitores que me acompanham: “Fazer sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes, é a verdadeira definição de insanidade”(Albert Einstein). Esta simples frase tem um potencial inimaginável. Esta frase pode e deve ser aplicada em todas as situações do nosso dia-a-dia. Reflectindo sobre esta época, porque na verdade faltam poucos dias para o Natal e sendo o Advento o tempo, por excelência, de preparação para o Natal, queria deixar no ar a seguinte questão: De que forma poderemos utilizar a nossa criatividade, para fazermos algo diferente, novo ou inovador para este Natal? Sabemos o estado do mundo… Sabemos que este mundo encontra-se completamente destroçado, perdido, com uma enorme crise e ausência de valores morais e de princípios sociais… Diria até que este mundo está recheado de uma moda desonesta e repudiante de saber-ser, saber-estar e saber-viver. O próprio Papa Francisco refere que o Natal é um engano, na medida em que as luzes tentam esconder todo este drama e crise de valores que hoje existem no mundo.
Cabe a cada um de nós, a todos os cristãos, a todos aqueles que não se assumem como cristãos mas que defendem a paz como qualquer cristão, ter uma obrigação acrescida! A obrigação de pensar em novas e inovadoras formas, não de ser, mas sim de fazer diferente! Assumir e marcar a diferença neste mundo pelas acções concretas do nosso dia-a-dia. Pode questionar-se: Mas onde e como poderei fazer diferente? Comecemos por dar o exemplo na nossa família. Tem alguém na sua família de costas voltadas? Tem alguém com quem precise de fazer as pazes e dialogar? Então, faça-o, por favor. Faça-o em casa com a família; no trabalho com os colegas; no grupo com os amigos; no café com o senhor que nos passa à frente; na fila do pão ou na fila do supermercado que nos sentimos pressionados por quem está atrás;… Faça-o também com um simples bom dia, boa tarde ou boa noite aos vizinhos com quem se cruza, aos conhecidos que encontra, àqueles que vezes sem conta passam por si… Faça-o com um segurar de porta educado enquanto espera pela outra pessoa… Faça-o com um sorriso… Faça-o com um simples perdão ou desculpe… Faça-o, por favor. Hoje, todas estas formas de estar e de se relacionar são formas criativas de viver em sociedade. E pergunta: Mas estes comportamentos, do tempo dos nossos pais ou avós, são criativos? Sim, estes comportamentos são criativos na medida em que nos tempos que correm a maioria das pessoas não os pratica. Ser criativo dá trabalho, fazer diferente dá trabalho, pensar em soluções novas, eficazes e diferentes dá trabalho. Deixe o orgulho de parte e, simplesmente, construa e contribua para a paz. Por favor… A criatividade surpreende as pessoas de forma positiva, porque as pessoas, frequentemente, não esperam algo diferente! Esta forma de estar, esta maneira de ser é diferente da realidade mundana… É criativa! Permita-me, caro leitor, que me despeça, desejando-lhe um Santo e Criativo Natal, esperando que Deus entre na sua vida de forma criativa e assim celebre este Natal sentindo a sua presença de forma diferente! Filipa Monteiro Fernandes
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Pensar «fora da caixa» «As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, criam-nas.» Bernard Shaw O que é ser criativo? As pessoas nascem criativas ou a criatividade é uma característica que pode ser aperfeiçoada? Criatividade é criar algo novo, por isso podemos definir criatividade como o processo de desenvolver novas formas de solucionar questões e problemas, encarando as situações de outra perspectiva. Numa coisa estamos todos de acordo: a criatividade é uma característica psicológica positiva. No contexto actual, a palavra criatividade impera. Começando por aspectos concretos do quotidiano, por exemplo, relacionar-se com os outros, educar os filhos, cozinhar, até aos compromissos profissionais. Há que ser criativo na forma como procuramos um emprego, na apresentação do CV, na procura de uma solução para os nossos problemas, na maneira como lidamos com o que se passa à nossa volta. Criatividade é a palavra de ordem, quer para a vida profissional quer para a pessoal. O processo de criatividade tem duas fases: a fase divergente, onde se formulam várias e diferentes soluções possíveis para um problema e a fase convergente, onde se examinam as ideias que surgiram na primeira fase, remetendo para aquela que parece ser a mais acertada enquanto solução. Sabia que se estiver muito tempo absorvido/centrado num problema sem conseguir vislumbrar uma solução e resolver ir fazer algo diferente, é mais produtivo, isto é, tem mais hipóteses de resolver a questão em causa? Quando pomos de parte o pensamento consciente acerca do problema, o inconsciente tem espaço para encontrar uma solução.
ALGUMAS DICAS PARA TREINAR A SUA CRIATIVIDADE: • Seja curioso, observe o que se passa à sua volta; • Brinque, momentos de descontracção podem ser o gatilho para o surgimento de novas ideias; • Passe as ideias para o papel, nem sempre podemos confiar na nossa memória; • Questione, fazer perguntas permite-nos olhar para o problema de outra perspectiva. A criatividade nasce do pensamento divergente e não do pensamento convergente; • Promova o seu estado emocional. Ao potenciar o seu humor, está a dar espaço à sua criatividade; • Pratique exercício físico, é um intensificador do processo criativo; • Mude a visão do problema, pense “fora da caixa”, observe o problema de vários ângulos; • Saia da rotina, faça algo diferente! A diversificação de experiências activa partes do cérebro associadas à novidade, promovendo flexibilidade cognitiva. Resumindo, a criatividade é uma maneira de realizar o que já fazemos de uma forma melhor, por isso tente transportar a sua criatividade para todas as dimensões da sua vida. A criatividade é “incorporada imperceptivelmente à sua vida; não é um enfeite usado para decorar”. (Chaffee) Patrícia Silva Pub
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CRIAÇÃO... Criatividade... uma faculdade a legislar, uma competência fundamental para governar/liderar A criatividade sendo a faculdade de encontrar soluções diferentes e originais face a novas situações, é sem dúvida uma função a desenvolver diariamente quando se gere uma autarquia, já que os constantes constrangimentos orçamentais, cortes financeiros, rubricas reduzidas para realizar tarefas em determinadas áreas, condicionam o trabalho de um autarca. Ou este é criativo, ou simplesmente não consegue realizar mudanças que sejam significativas para a comunidade e que tenham impacto na qualidade de vida diária das pessoas. Hoje em dia, uma das melhores qualidades de um político, e sobretudo de um autarca, passa pelo seu potencial criativo, imaginativo e inovador, já que é preciso do pouco fazer muito, ou que o que se faça tenha impacto na vida dos outros, no seu bem-estar, na sua vida. É sabido que, quando estamos perante uma crise, a primeira opção é reduzir despesas, esta é a solução fácil, a difícil é saber priorizar, rentabilizar e optimizar. Uma autarquia, uma freguesia, uma comunidade, precisa de resultados que garantam inovação de serviços, resolução de respostas e, acima de tudo, precisa de rentabilizar o parco orçamento que tem, por isso um autarca deve ser criativo na resolução de problemas, deve ter flexibilidade de pensamento, originalidade de ideias e fluidez de acção e pensar para lá do óbvio. O Voluntariado, a “Recolha e Distribuição de Alimentos”, os Ateliers de Costura Criativa, o Espaço de Saúde e Lazer, a Reforma Activa, as Aulas de Dança Sénior, as Campanhas e Ofertas Solidárias são projectos da Junta de Freguesia de Moscavide e Portela que utilizam as sinergias da própria comunidade para a resolução das problemáticas da freguesia e para a optimização da Oferta de Serviços à Comunidade. Os objectivos só são alcançados com muita criatividade. O Sunset Moscavide, o Desfile de Carnaval, as Jornadas da Educação, as Acções de Rastreio e os Workshops preventivos e informativos, entre outros, são projectos que desafiam e mobilizam as instituições e associações da Freguesia para o apoio, dinamização e implementação de iniciativas culturais e educativas, através da disponibilidade dos seus recursos humanos, dos seus equipamentos e do seu potencial – a criatividade passa por associar conhecimentos para maximizar resultados. Todos os eventos e iniciativas enunciados anteriormente, e todos os outros promovidos e organizados pela Junta de Freguesia, são exemplos de projectos criativos com impacto social, cultural, educativo e económico, que tornam a nossa freguesia mais atractiva, mais apreciada por quem nela vive ou por quem a visita; sendo uma mais-valia para a comunidade, são realizados com pouco orçamento e baixos custos. Um autarca é hoje um gestor, um gestor de bens públicos que são de todos e deve, por isso, ter uma liderança criativa, deve ter coragem para desafiar o status quo e para assumir riscos calculados e a capacidade de resistir às soluções fáceis, já que muitas vezes, a maioria das vezes, as práticas inovadoras que vão, efectivamente, desenvolver mudanças sociais podem ser lentas a evoluir e a produzir resultados, mas quando produzem esses são duradouros e sustentáveis. Na nossa freguesia, cujo lema é “A FREGUESIA SOMOS TODOS NÓS”, o autarca tem mesmo de ser criativo para dar resposta diária aos desafios que se nos deparam. A TODOS desejo um Bom Ano.
Presidente da Junta de Freguesia de Moscavide e Portela
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Criar é estar em constante evolução Criar dá, muitas vezes, a ideia que se parte do ponto zero. Se nos focarmos que criar é dar existência, podemos justificar esta premissa. Mas criar, segundo o seu significado, é muito mais que isso. Criar também é produzir, educar, fomentar e interpretar, o que significa que não é, exclusivamente, o ponto de partida de uma recta, mas que pode, e deve, estar presente em todo o segmento da mesma. Frequentemente, e relativamente bem, associa-se “criar” aos artistas. Mas até estes, numa só obra, criam e recriam até ao produto final. Numa carreira criam e recriam inúmeras vezes. Mas a vida não é só feita de artistas, existe toda uma quantidade de pessoas, diria que todas, que criam e recriam constantemente. Aliás, a vida parece-me isso mesmo, criar, recriar, produzir e adaptar quase constantemente. É por isso que existe evolução, é por isso que o Mundo se transforma, porque há sempre alguém pronto a alterar o que está estabelecido. Podemos queixar-nos, até porque somos queixinhas, que essas mudanças, alterações, evoluções, o que quer que seja que
lhe queiramos chamar, são demasiado rápidas, que nem sempre são para melhor. É verdade, nem tudo o que muda melhora, pelo menos naquele instante, mas a tentativa/erro é uma ferramenta que todos utilizamos no nosso dia-a-dia, depois cabe-nos ter a capacidade para avaliar as alterações, as mudanças. É esse espírito crítico individual que nos fará seguir um caminho mais ou menos produtivo. Mas independentemente de tudo isto, a verdade é que esta-
mos a criar ou a recriar. Pior que tentar evoluir é estagnar, acomodarmo-nos a algo que, muitas vezes, nem sequer nos agrada. Mas a inércia de actuar deixa-nos a marinar durante períodos, alguns deles bem longos, outros mesmo até ao fim. Criar implica mexer com os nossos conceitos, por vezes alterá-los e descobrir coisas novas, positivas ou negativas, mas que nos vão alicerçar a experiência. Importante depois é a avaliação dessas alterações, para que os princípios que nos regem, que devem ser semelhantes aos que deveriam reger a Humanidade, não sejam postos em causa. Desde o nascimento até à morte estamos sempre em aprendizagem, pelo que devemos facilitar esse mesmo conhecimento e não travá-lo. Sendo nós um Povo das Descobertas, neste Natal e no próximo ano, continuemos então esse caminho de desbravamento individual, que acaba por se transformar em colectivo, pois todos somos influência para quem nos rodeia. Assim continuaremos a crescer, criando um Mundo diferente, de preferência mais positivo. Pedro Pereira Pub
Wally
por pena ou por medo. É indispensável encontrar a humanidade do outro. O drama dos refugiados tem múltiplas nuances, desde a economia à segurança, passando pela panóplia de emoções humanas e todas envoltas na política. Mas o centro da política são as pessoas. As questões políticas que este drama levanta em cada um de nós têm de ser respondidas com os seus protagonistas no centro. Serão eles que acabarão beneficiados ou sacrificados pelas decisões tomadas. As suas histórias que terão fins diferentes. As suas caras com outras linhas. As suas criações continuadas ou não. Por tudo isto começou o WALLY na fronteira. Este é um projecto de arte pública que pretende questionar a forma como a actual crise de refugiados está a ser abordada, social e individualmente. Foram criados 28 retratos de refugiados em lençóis, para pendurar pelos estendais e varandas de Lisboa, unindo a identidade urbana à identidade destes rostos e relacionando-se de forma pessoal com quem os acolhe e com quem os vê. Criando e procurando em conjunto, com os outros e para os outros. Permitindo que surja um ‘’nós’’ ao unir o espaço doméstico e pessoal às ruas, espaço público de todos. Como uma migração da exposição é bastante análoga ao tema, estamos de momento a reinstalar o projecto em Loures. E digo estamos, porque o apoio do Teatro Ibisco, do Notícias de Loures, do Centro Português de Refugiados e de todas as outras pessoas individuais que têm ajudado a montar a exposição tem sido indispensável e enriquecedor. Mas este trabalho sempre foi maior que aqui a artista. São todos os voluntários que o acolhem e acolheram, todas as pessoas que ajudaram e ajudam na divulgação, todo o feedback, todas as ideias e sugestões, todas as reacções. Por isso, se quiseres fazer parte do projecto, acolher um destes lençóis ou simplesmente seguir o desenvolvimento aqui está a nossa página: www.facebook.com/wallynafronteira. Uma multidão não é uma massa humana homogénea, é um colectivo de histórias individuais, personificadas, únicas, que merecem ser procuradas e vistas. Por isso o nome do projecto é WALLY na fronteira. Tal como no livro infantil ‘’Onde está o Wally?’’, todas as pessoas numa multidão são dignas de serem procuradas. Todas as pessoas de uma multidão são únicas, simbólicas e insubstituíveis. Cada uma é um Wally. Todas elas, uma multidão delas. Procura-as.
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A sociedade diz-nos desde sempre que há pessoas muito criativas e outras não e que, para ser artista, temos de pertencer a este primeiro grupo. Criatividade é a capacidade de ter ideias originais e de as concretizar, de criar algo, de inventar sem esforço, de forma inata. ''Como é que esta criatividade surge?'' e ''Como é que sei que a tenho?'' são perguntas que, uma versão com menos alguns anos de mim, se colocaram várias vezes, deixando-me um tanto atormentada. É assombroso para qualquer pessoa que queira seguir uma carreira nas artes pensar que pode não ter esta característica, tão inata e tão indispensável. No entanto agora já nada disto me atormenta, porque esta ideia de que há pessoas criativas e outras não, é uma mentira, não sei bem de quem, mas que está demasiado presente na sociedade e demasiado errada para poder não ser apontada. A criatividade é inata, é indispensável e presente em qualquer pessoa, artista ou não. Todos criamos diariamente conversas, ideias, histórias, cozinhados, carinhos, caos, silêncios e tudo o resto de que são feitos os dias. A criação não é portanto inerente ao artista, é inerente ao Homem. É o colectivo dos humanos que cria o mundo em que vive, cada um na sua esfera de acção. A esfera de acção do artista reside na produção de uma experiência que desafie. Independentemente da forma sob a qual se apresenta, a obra de arte é um gatilho para uma experiência do espectador. Provoca sensações estranhas, levanta questões que pedem respostas. Por isso a Arte é construída em conjunto com os outros, um produto tanto do artista que desafia, como do espectador que se envolve. É um processo que os une na sua humanidade. E vivemos num tempo onde é indispensável encontrar a humanidade do outro. O outro que viu a sua capacidade de criação amputada ao acordar no seu quotidiano, rodeado de destruição. O que andou com a morte lado a lado. Que queria melhor para si ou para os filhos. Que queria viver em vez de sobreviver. Que caminhou quilómetros, apanhou autocarros clandestinos, comboios em línguas estrangeiras, que atravessou o Mediterrâneo em barcos pouco mais fortes que jangadas e deixou tudo o que havia construído antes para trás de si, roubado por quem não o via. E chegou às fronteias europeias apenas para ser visto como um outro. Mais um. Outro rosto indefinido no meio de uma massa humana estrangeira, rotulada e uniformizada pela repetição dos discursos mediáticos e polarização das opiniões espalhadas pelas redes sociais, tão frequentemente motivados ou
Rita Guimarães Pub