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Preview da edição #1 do Motorcycle Sports
#1
OS CAMPEÕES
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Entrevista
Marc Márquez
“
‘Distraí-me ao ver que o Dovizioso estava fora da corrida’
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Marc Márquez: os pensamentos depois do ‘penta’
Marc Márquez é o homem da era atual do MotoGP. No GP do Japão do passado mês de outubro conquistou o seu quinto título da categoria-rainha ao ganhar a corrida, assegurando assim que 2018 é mais um capítulo de sucesso na sua ainda jovem carreira – tem atualmente 25 anos de idade.
Trazemos-lhe nas próximas linhas duas entrevistas que Márquez concedeu após a ronda de Motegi aos patrocinadores Repsol e à Red Bull, nas quais é possível conhecer um pouco mais do que o piloto sentiu nos momentos subsequentes a esta nova conquista mas também um lado mais pessoal e as suas impressões acerca desta época que caminha para o fim.
O GP do Japão foi semelhante à corrida de Aragão: uma ultrapassagem mesmo antes do final sem hipóteses de reacção. Foi nesse momento que ganhaste a corrida, forçando o [Andrea] Dovizioso a cair no Japão? Todas as corridas são diferentes e há que percebê-las da melhor forma
possível de maneira a prepará-la bem. Como sempre, planeámos o GP do Japão com o Emilio [Alzamora], o Santi [Hernández] e o Alberto [Puig]. Juntos tentamos pensar no que pode acontecer mas depois na corrida é altura de improvisar. Seguiu mais ou menos o guião que esperávamos e o Dovizioso foi muito forte na dianteira da corrida. No final, decidi atacar; quis tentar e tinha um bocado mais de ritmo. O Dovizioso deu tudo para tentar atrasar a nossa celebração deste título mas, felizmente, aguentámo-nos bem.
O que passou pela tua cabeça quando chegaste à curva dez? Conseguiste manter a concentração?
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EntrevistaMarc Márquez
Ao longo do fim de semana já tinha
tido alguns sustos no mesmo sítio.Na realidade, o pó que se levantouquando saí de pista foi mais espetaculardo que senti quando estavana moto. Nesta ocasião tive todo ocontrolo.Perdeste a concentração quando
te disseram que o Dovizioso estavafora da corrida?É óbvio que me distraí ao ver que oDovizioso estava fora da corrida porquesabia que já era campeão mundial.Na primeira curva cometi umerro com a mudança e pus a motoem terceira. Depois consegui recompor-mee completar a última volta;foi uma volta muito longa.Esta foi a tua época mais completa? Há espaço para melhorares na tua pilotagem? Foi uma das épocas mais completas até agora, uma vez que consegui acabar no pódio consistentemente. Talvez o melhor ano em termos de resultados tenha sido 2014 mas sem dúvida que esta época foi muito completa, já que trabalhámos muito bem e conseguimos aguentar-nos em momentos difíceis tirando partido dos momentos em que estivemos em boa forma.
Já tens sete títulos. Que momento esperas com mais entusiasmo? O momento pelo qual estás mais ansioso quando celebras um título é quando voltas à garagem e vês os teus mecânicos. Embora seja eu a ir ao pódio há várias pessoas a esforçarem-se muito para me tornar campeão. Quando perdemos, todos perdemos, mas se ganharmos também ganhamos juntos. É claro que estou ansioso por chegar a casa, a Cervera, e por celebrar com os amigos e a família.
Twin Ring Motegi, além da pista caseira da Honda, viu-te ganhar três dos teus cinco títulos. Não é um dos circuitos que me tenha dado os melhores resultados em corrida, mas esta é a terceira vez que selei o meu título no Japão. Até 2016 nunca tinha ganho em Motegi, mas parece que ter os diretores da Honda no circuito ajuda-nos a ter um bom rendimento. Além disso, poder celebrar o título mundial no Japão é algo muito importante para a marca.
Recebeste congratulações de todo o mundo: desde grandes atletas, ao Presidente espanhol, a Casa Real... qual é a mensagem mais especial? Todas são especiais, começando com as congratulações no paddock que recebes logo depois de conquistar o título, dos outros pilotos, de pessoas famosas ou de ícones do desporto. Mas, sem dúvida, a que me entusiasma sempre mais é a mensagem de congratulações da minha mãe. Ele não pôde viajar ao Japão mas, assim que acabei a corrida, tive uma chamada de vídeo com ela.
O Mick Doohan, que igualaste com
cinco títulos na categoria-rainha,diz que está orgulhoso por partilharesse feito contigo e que o teu estilode pilotagem não tem rival.Tenho um ótimo relacionamentocom o Mick Doohan, já que coincidimosem vários eventos. É incrível poderser comparado com o Doohan,uma vez que a primeira memória quetenho de ver motociclismo na televisãoé dele a lutar com o Álex Crivillé.Não tenho palavras para descrever oque significa igualar os cinco títulosdele.Viajando tanto vês mais a tua equipa
do que a tua família. Conta comosão as personalidades deles.“
‘Talvez o que mais me surpreendeu tenha sido o Lorenzo’
Na minha equipa, todos têm os seus
aspetos bons e maus. O melhor, queme faz sentir orgulhoso deles, é que espalham alegria em conjunto. Isso é o mais importante. Afinal este é um trabalho e somos humanos. Podemos todos ter um mau dia por várias razões, sejam pessoais ou profissionais, mas entre nós terminamos sempre a sorrir. Graças a eles, o trabalho é muito melhor e mais agradável. Se tivesse de individualizar cada uma das pessoas que compõem a minha equipa diria que, por exemplo, o que come mais é o Carlo Liuzzi. Depois, o Ginetto é o mais pontual, mas não por chegar a tempo – e sim por sair cedo. O mais atrasado é o Jordi Castellá ou o José Luis Martínez. Temos o Santi Hernández e o Javi Ortiz, que é o mais responsável. Por fim, a pessoa mais animada é o Carlos Liñán.
Quem é a pessoa a que ligas primeiro quando tens um problema? Depende de que tipo de problema é. Ligo quer ao meu irmão, quer à minha mãe, ao meu pai ou ao Emilio.
O que te põe um sorriso na cara quando tens um dia mau? Quando eu tenho um dia mau tento passar tempo com o meu irmão
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ou com um amigo para esquecer os problemas. A verdade é que tenho muito poucos dias assim, já que tento desligar-me fazendo desporto ou subindo à mota.
Entre tantas corridas, eventos e compromissos, já foste um turista? Nova Iorque, Londres, Roma... ? Onde gostarias de ir se tivesses tempo? Entre corridas e compromissos, o local que gosto mais é a minha casa. Por vezes é difícil de perceber e algumas pessoas perguntam-me por que não saio para me desligar. Mas sentes falta da tua casa, do teu sofá, de ver a tua televisão e de relaxar. Ainda que, ocasionalmente, também seja bom procurar um lugar para desligar.
Tendo medo do mar, nadarias sozinho no meio do Mediterrâneo a troco de outro título? Fá-lo-ia, apesar do risco! Pensaria noutras coisas ao mesmo tempo, mas iria e, se necessário, terias de me atirar. É claro que não por mais de cinco minutos!
Para ti, quem foi o piloto surpreendente da época? Quem te impressionou? É difícil dizer porque já esperava um rival muito rápido, que é o Dovizioso, e ele foi muito rápido. Mas talvez o que me surpreendeu mais numa parte da época tenha sido o Jorge Lorenzo porque ele foi muito rápido desde Mugello. Surpreendeu-me porque no ano passado teve muitas dificuldades com a Ducati e este ano foi muito rápido.
Qual foi o teu circuito favorito da época? Porquê? O meu circuito favorito esta época talvez tenha sido Aragão porque o fim de semana foi muito especial. Começámos na quinta-feira com a
curva Marc Márquez, a curva dez
de Aragão. Foi incrível ter uma curvanesse circuito do Mundial. E depois,durante todo o fim de semana,pilotei de uma boa forma, ganhei nodomingo, portanto foi um ótimo fimde semana.Como 2018 se compara em termos
de competição, quão mais difícil foiganhar do que nos anos anteriores?No que toca à competição foi maisdifícil em 2017. Porquê? Não é porqueem 2018 eu... [pausa]. Foi a formade começar a época. Em 2018comecei muito bem, ganhei vantageme depois é mais fácil para a tuaconfiança, para gerir tudo. Por exemplo,em 2017 estivemos a lutar como Dovizioso na parte final da época.Só haviam cinco, dez ou 15 pontos“
‘Foi uma das épocas mais completas até agora’
entre nós e foi muito mais stressante. Mas nesse aspeto 2018 foi muito melhor.
Até agora, qual foi o momento mais importante de 2018? O momento mais importante talvez tenha sido Aragão. Porquê? Porque na segunda parte da época, desde que começou em Brno, os pilotos da Ducati foram muito fortes e muito rápidos, ganhando as corridas. Havia uma vantagem grande, mas eles estavam a apanhar-me passo a passo e foi importante parar essa tendência em Aragão. Foi bom porque consegui ganhar e aumentar a vantagem, mas também recuperar a confiança.
De todas as tuas vitórias em corrida, qual consideras ser a maior até agora? É difícil dizer, felizmente ganhei várias vezes e é difícil dizer qual é a mais especial. Talvez a primeira no MotoGP em Austin porque é sempre a primeira. 2013 foi o meu primeiro ano no MotoGP, era muito jovem, cheguei à minha segunda corrida no MotoGP e ganhei, portanto foi muito
especial.
Como lidas com a pressão? Qual a melhor forma de relaxar? Gosto de ter a pressão. Quando tenho pressão trabalho melhor. Quando sinto pressão, não sei por quê mas tenho motivação e concentração extra e gosto disto. Mas é claro que por vezes, no GP caseiro ou algo assim, tentas esquecer e a melhor forma de esquecer a pressão é pilotar a moto. Confiar apenas no teu instinto e no teu talento, apenas pilotar e tentar encontrar um ritmo fluído.
Como lidas com ser sempre o líder do pelotão, o homem que todos querem bater? Ser sempre o piloto que todos querem bater... Por exemplo, terminei algumas corridas em terceiro ou fora do pódio, mas mesmo em terceiro... ‘por que terminaste em terceiro?’ Este tipo de pressão é mais difícil de controlar porque sentes a pressão dos adeptos, especialmente da imprensa. Sei que cada fim de semana preciso de lutar pela vitória, por que senão as pessoas vão perguntar o que se passa. Mas também é uma boa maneira de saber que estamos lá e temos o nível.
Os recordes existem para serem batidos, estão no teu pensamento, ou só irás pensar neles quando abandonares? Sendo honesto nunca pensei nos recordes e nunca pensarei nos recordes porque é algo que chega naturalmente se trabalhares bem. Mas não podes estabelecer ‘vou bater este recorde’. Precisas de desfrutar do momento e se desfrutares do momento tudo chegará. É claro que os recordes são importantes mas o mais importante são os títulos. Esse é o objectivo, tentar lutar todas as épocas por um novo título.
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EntrevistaJonathan Rea
Entrevista exclusiva a Jonathan Rea
‘TENHO MAIS DUASÉPOCAS COM AKAWASAKI, ESTOU MUITO FELIZ’
TEXTO: Rodrigo Fialho
Pelo quarto ano consecutivo, Jonathan Rea dominou o Mundial de Superbike a bordo de uma Kawasaki. O Motorcycle Sports traz-lhe uma entrevista exclusiva contra um dos pilotos que já está na história das WSBK, em que abordámos diversos assuntos relativos ao britânico e ao campeonato.
Pergunta (P): Primeiro que tudo, obrigado pelo teu tempo e parabéns por outro título merecido. O que gostas mais em Portugal? (As pessoas, a comida, o tempo, seja o que for que consideres adequado). Jonathan Rea (JR): A coisa de que
mais gosto em Portugal é o tempo e as praias, mas também a pista, é muito única. Mas associo sempre essa corrida com umas pequenas férias com a minha família, pelo que tento sempre passar um bocado mais de tempo lá antes ou depois da corrida.
P: Complete esta frase: Jonathan Rea, um homem de família, uma lenda do WSBK e… JR: Um bom rapaz.
P: Olhando para as outras classes, há alguém que te faça dizer: ‘Aquele pode ser o novo Rea’? JR: É muito difícil para dizer porque
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não olho para mim assim. É claro que agora é a minha era no SBK. Mas acho que a próxima vaga de novos pilotos a chegarem são o Toprak Razgatioglu, o Sandro Cortese, portanto acho que é o Toprak.
P: O que pensas da pista de Portimão? Conheces o Estoril? JR: Nunca competi no Estoril mas adoro Portimão porque é muito desafiadora e muito ondulada, as mudanças de elevação fazem um enorme desafio para os pilotos e equipa.
P: Uma vez tiveste o teu fémur fora do teu fato e os médicos disseram que não ias poder competir mais. Pensando nesse momento e o quão
dominador estás a ser no WSBK, que lição deve ser aprendida? JR: Acreditar sempre em ti mesmo e nunca desistir, perceber sempre porque cais e tentar aprender com isso. O maior problema é que quando não compreendes porque cais é difícil seguir em frente.
P: O WSBK fez bem em terminar a classe STK1000? JR: É muito difícil compreender porque é novo para 2019. Mas para mim o melhor seria tornar a classe Superbike talvez mais uma classe Stock, tentando encorajar as equipas competitivas de Superstock 1000 juntarem-se à categoria Superbike. Porque agora temos um Mundial de
Supersport 300, um Mundial de Supersport e depois as Superbike. Tens degraus claros até ao topo. Sem os Superstock 1000 era muito difícil os pilotos entrarem e terem uma rampa de lançamento para as Superbike.
P: No ano que vem existirá uma corrida sprint mais pequena aos domingos. O que pensas disto? JR: É claro que gosto sempre de competir, mas precisamos de compreender o impacto total desta corrida e das regras, se vão atribuir pontos ou como esta corrida vai fazer parte de uma ronda.
P: Estiveste bem em duas corridas de MotoGP. Está fora de questão
uma época completa nos GP no futuro? JR: Neste momento sim porque tenho mais duas épocas com a Kawasaki nas Superbike, estou muito feliz, encontro uma ótima casa. É sempre difícil para um piloto de motociclismo planear mesmo mais além de um ano.
P: Última pergunta: tens uma mensagem que gostasses de enviar aos teus adeptos portugueses? JR: Obrigado por todo o vosso apoio, adoro ir aí. Ano após ano a bancada enorme de Portimão tem cada vez pessoas. Obrigado pela vossa hospitalidade e espero que gostem do meu estilo de pilotagem.
Quatro títulos seguidos não sobem à cabeça do britânico: ‘Não mudou a minha mentalidade’
Jonathan Rea é o homem do momentono Mundial de Superbike. Háquatro anos que o campeonato nãoconhece outro campeão além do homemda Kawasaki, que continua emplena forma tal como a sua equipa.Em 2018 selou o tetracampeonato– com todos os títulos conquistadosde forma consecutiva – dando seguimentoao seu domínio.Pode conhecer um pouco melhor
Jonathan Rea, o ‘rei’ do Mundial de Superbike
Rea como piloto e também à margemdas pistas nesta entrevista, cedida
pelo seu patrocinador MonsterEnergy.Pergunta (P): Como te sentes agoraque és o piloto com mais vitórias noWSBK?Jonathan Rea (JR): Honestamentenão muda muito e não mudou aminha mentalidade porque não olhopara mim dessa forma. Mas é muitobonito que as pessoas respeitem issoe me elogiem. Mas é difícil olhar paramim mesmo dessa forma.
P: Agora és uma lenda. Alguma vezolhaste para os números, viste areação dos adeptos e cais em ti sobreque fizeste?JR: Acho que o termo lenda é usadoum bocado livremente. É bom, quandoera criança via olhava para o CarlFogarty e via-o como uma lenda dodesporto. Os meus números... parecemmuito positivos. Passei o Fogartyem número de vitórias e igualei-o
em títulos. Os recordes existem paraser batidos. Mas não muda muito.P: Agora atingiste este pico, o quete leva a seguir em frente, o que hámais para ganhar?JR: Agora está a tornar-se mais omedo de não ganhar. Depois de ganhartanto não podes começar a ficarobcecado por ganhar e com essamentalidade. Mas agora... este campeonatoestá ganho. Não é tanto amotivação mas a satisfação de estarem pista com a minha equipa e pilotaruma moto com a qual me conectei.A motivação surge de tantas outrasformas e espero que no ano quevem ainda possa haver a satisfação.
QUANDO GANHEI O MEUPRIMEIRO TÍTULO NÃO FOIALCANÇAR O MEU OBJETIVO ERELAXARP: Sobre os segredos de ser campeãoquatro vezes seguidas. Há a
equipa e a ligação à moto, mas hámais algo que entra em jogo?JR: [Hesita] A consistência. E a mentalidadepara manter a motivação.Quando ganhei o meu primeiro títulosó quis melhorar, não foi só alcançaro meu objetivo e relaxar. Foi tentarmelhorar de vários pontos de vista,trabalhar na minha equipa. É isso...Tentar sempre seguir em frente emvez de ficares no mesmo dia, tentarsempre melhorar.
P: Quais são os momentos maissignificativos desta época? Talvezpossas escolher dois, quais foramos dois melhores momentos para ti?JR: Uff… Os momentos mais significativosfoi... 100 por cento um testeprivado que fizemos em Brno. Deu--nos... um ambiente tranquilo para...experimentar diferentes configuraçõesque normalmente não experimentaríamosnum fim de semana de
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EntrevistaJonathan Rea
competição e mudámos radicalmente a moto de um ponto de vista da geometria. A partir desse momento senti-me praticamente... sabes... imparável. A partir desse período estivemos a competir pelas vitórias ou pelas posições cimeiras. O segundo momento seria provavelmente... ah… julgo que foi muito importante terminar a segunda corrida da Tailândia quando tive problemas de travões. Houve alturas da corrida em que considerei abandonar por segurança. Mas preservei os travões e voltaram, consegui acabar em quarto somando 13 pontos importantes e também foi um bom momento.
P: Quando se vê uma corrida tua parece que nem te incomodas com os teus rivais, quase como se não estivessem lá. Foi o caso este ano, onde quase tiveste de lutar contigo mesmo em alguns momentos? Foi mais fácil face a anos anteriores? JR: Nunca é fácil mas... não tenho a certeza se é a minha formação de motocross, onde na primeira volta tens de recuperar várias posições e não podes descansar. E julgo que... certamente a minha abordagem mudou quando mudaram as regras para a grelha invertida na segunda corrida. Em vez de ser... cauteloso ou, como dizer... metódico. Antes de cada segunda corrida… (6m24-6m30) fizemos este plano, eu estava muito rápido. Ia relaxar e deixar a corrida vir até mim (6m36-6m38) porque estava a lutar pelo sétimo lugar em vez dos lugares da frente. É quase como uma mentalidade de motocross, que quando vês uma chance de ultrapassagem aproveitas. Não é não ver os teus rivais ou… és só tu na pista e se não fizeres uma manobra há quem a vá fazer sobre ti. Gosto de sentir que fui embora, quero ir em diante, não penso sobre se certa coisa não acontecesse ou não funcionasse. Se
tenho um mau arranque só penso em ir em diante.
TER UM COLEGA DE EQUIPA MUITO RÁPIDO É SEMPRE BOM P: Como te sentes acerca do teu novo colega de equipa, o Leon Haslam? JR: Muito bem. É também importante dizer que vou sentir falta do Tom [Sykes] porque ele trouxe muito à Kawasaki e também me trouxe muita motivação. Ter um colega de equipa muito rápido é sempre bom e desse ponto de vista para tornar a equipa competitiva. Mas com o Leon é o também o mesmo se a competitividade existir. Somos muito mais próximos fora pista, crescemos juntos quando fomos colegas na Honda em 2013 e 2014. Dou-me bem com a família dele e é uma pessoa muito fácil e traz uma lufada de ar fresco à equipa. Ele está sem dúvida a pilotar o melhor que pilotou na vida. Estou P: Como foram os quatro anos junto certo que a ascensão à Kawasaki do Tom? Alguns comentários finais? vai fazer-nos e também a ele dar No geral pareceram coexistir de forma muito feliz em conjunto, não foi? um grande passo. Será interessante ver como decorre essa dinâmica, se JR: Por vezes foi desafiante, especialmente no que toca ao desenvolvi- ainda conseguimos ser amigos chegados, porque espero que ele seja mento da moto porque temos estilos muito competitivo. muito únicos. O que ele quer e pede
REA RECORDA CHEGADA À KAWASAKI
Numa outra entrevista à Monster, Rea recordou a chegada à Kawasaki: ‘Houve uma reunião secreta em 2014 – que na verdade teve lugar em Jerez – de onde me escapei e assinei o meu contrato com a Kawasaki num quarto de hotel, pareceu um acordo duvidoso. Saí para a noite na minha scooter. Assinei a minha carta de intenções e a partir desse momento o Pere [Riba] criou um grupo de WhatsApp. Ele deu-me as boas vindas à equipa e apresentou-me os meus dois mecânicos nessa altura. A partir desse momento temos estado em contacto diariamente. Sem esse começo talvez pudesse ter demorado muito mais a construir esse relacionamento’.
da moto é diferente de mim e no início sempre senti isso como muito desafiante. 9m13 – Era como se os meus comentários não fossem válidos, como se ele tentasse transparecer que ele tinha razão certa e eu não. Como quem diz: eu faço à minha maneira e tu fazes à tua. De um ponto de vista do desenvolvimento sempre foi muito difícil porque temos pedidos diferentes. O Tom é uma boa pessoa e eu pude ver isso. Mas quando se juntam duas pessoas competitivas é sempre muito difícil manter um relacionamento saudável mas sempre achei que no tempo que passámos juntos fora da pista, em eventos de relações públicas e outros, ele era suportável e bem disposto, é um tipo engraçado. Certamente esteve longe de ser o pior colega de equipa que tive.
P: Onde achas que vais estar daqui a um ano? Há mais objetivos a alcançar na tua vida? JR: Espero que esteja exatamente na mesma posição do que agora daqui a um ano. Exceto... que o meu filho mais velho Jake talvez tenha a licença de motocross nessa altura, portanto vou passar muito mais tempo numa pista de motocross.
P: Há mais objetivos, acredito que obter o quinto título é algo que a maioria dos fãs vai estar atenta e julgo que é a coisa óbvia no horizonte. JR: Para ser honesto, o meu principal objetivo é continuar a desfrutar de competir porque sei que quando estou a desfrutar é como se desbloqueasse outro nível do meu cérebro e... consigo... perceber muito melhor a moto e levá-la mesmo ao limite. Portanto é manter essa satisfação e ligação à moto, sei que se isso acontecer conseguimos continuar a lutar pelo campeonato. No próximo ano na Kawasaki queremos tentar ga-
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nhar e esse é o grande objetivo. Não imagino ver as coisas de outra forma, nesta fase.
PARA MIM É MAIS IMPORTANTE MANTER A MINHA FAMÍLIA JUNTA P: O que significa ter a família perto de ti? Cada vez mais se traça um paralelo entre os filhos e a competição. Talvez o Jake entre na escola em breve. Vês a dinâmica de competir mudar nos próximos anos? JR: A educação na escola é importante para as crianças mas para mim é mais importante manter a minha família junta. Espero mesmo que consigamos... as provas fora da Europa e eventos longe é muito difícil. Planeamos ir à maior quantidade de corridas possível em conjunto porque sinto que para mim, tenho as minhas armas, a minha família ao meu lado. As crianças gostam, é agradável e vamos continuar a fazê-lo Acredito que a fase pior já passou, quer dizer, percorrer o mundo com um rapaz e um bebé e andar com eles em aeroportos...é um desastre mas já ultrapassámos isso. Nesta altura podemos parar em qualquer restaurante do mundo que eles escolhem o que querem do menu. Ainda é difícil, mas é melhor do que era há dois anos.
P: Pensas que encorajarias ou chegarias a um ponto onde terias de puxar os teus filhos para serem pilotos? JR: Não, não de todo. É curioso... tive uma conversa ao pequeno-almoço com o Jake. Perguntei-lhe se ele preferia que eu não competisse, se ele estava feliz por continuarmos juntos nas corridas até sermos velhos e nos divertirmos. Expliquei-lhe, e ele é muito inteligente, que tenho um amigo com estudos e com um bom trabalho que é doido por motocross. Expliquei-lhe que podes ter muita
Jonathan Rea está no Mundial de Superbike desde 2008. Na sua carreira, além dos quatro títulos conquistados entre 2015 e 2018, conta com 71 triunfos, outros 63 pódios, 16 pole positions e 55 voltas mais rápidas – isto em 224 corridas disputadas. A par de Doug Polen detém o maior número de vitórias numa só época – alcançou 17 em 2017 – e tem o maior número de pódios numa só temporada (26 em 24 corridas na temporada de 2017).
sorte e ganhar algum dinheiro com ver como eram as instalações todos o motocross e pode ser uma profissão um dia, ou as motas, mas talvez truturas existem, não é um local de
ficaram surpreendidos. As infraes-
só meio por cento da população turismo pelo que não pareceu que os chega aí. Eu disse que com a escola hotéis fossem do nível mais elevado podia ser muito inteligente e podes mas tivemos tudo o que precisávamos. Muitas pessoas que estiveram comprar todas as motas de motocross que quiseres. Ele caiu mesmo no GP da Argentina e no WSBK disseram-me que as Superbike eram em si e disse, talvez possamos fazer isso, pilotar juntos. Estou muito feliz muito melhores e mais ideais. Fiquei por ele pilotar mas há uma parte de muito impressionado com os desafios do circuito, tem tudo, travagens mim que... de vários pontos de vista, de um ponto de vista das lesões, da fortes, mudanças de direção, retas natureza do negócio, conseguir ou rápidas. E tem os Andes como pano não conseguir, a quantidade de dinheiro necessário... mas as coisas são de fundo, é muito pitoresco.
o que são. Se ele quiser competir, se AS SUPERBIKE ESTÃO NAS for bom e quiser sair-se bem que faça MÃOS CERTAS NA DORNA por isso… as se ele for feliz a jogar futebol ou outra coisa, que o faça. ceira corrida no domingo e no geral
P: O que achas da introdução da ter-
das regras do WSBK? Há algo que P: O que achas de Villicum? gostasses que a Dorna revertesse JR: É um grande passo para as Superbike. A pista era incrível, o layout JR: As mudanças sempre conhece-
ou mudasse ainda mais?
era bastante bom. As expectativas ram alguma resistência mas esperamos e acreditamos que as eram baixas, portanto ao chegar e
Superbike
estão nas mãos certas na Dorna e estão a fazer o melhor. Temos de ver. É claro que é um período de transição. Não é bonito ouvir os comentários negativos sobre as Superbike de fora. Eles reagem ao que os circuitos querem, o que as televisões querem, o que os espetadores querem, tentam mudar. São flexíveis para o fazer, julgo que mostram alguma disposição. Mas se me perguntam se as Superbike deviam voltar às tradicionais duas corridas por dia no domingo e é isso que o adepto tradicional das Superbike quer. Mas veremos. A terceira corrida, primeiro temos de ver. Eu adoro correr, portanto se tivéssemos três, quatro, cinco corridas, ótimo. Se lhes tivesse de propor devia ser como o MXGP em que há uma corrida de qualificação. Se tivéssemos duas corridas devíamos ter uma de qualificação para cada e o público tinha quatro corridas. Depende do que vai ser a corrida sprint, se vai ser de qualificação, se vai dar pontos para o campeonato, se vai ser só para entretenimento. Porque tem de ter algum tempo de valor.
SONHO SAIR DO DESPORTO MUITO FELIZ COM O QUE CONSEGUI P: Ainda tens um sonho? JR: [Hesita] Sonho... sair do desporto da minha maneira e muito feliz com o que consegui.
P: Como surgiu a encenação do jogo de cartas depois da conquista do campeonato? JR: Entre eu e o diretor de marketing Biel Roda concebemos. O conceito foi do Biel e a encenação foi de ambos e depois a introdução dos outros três campeões foi ideia minha. À última hora pensei nisso no aeroporto de Barcelona e pedi ao meu pai para enviar todos os fatos e capacetes. Acho que foi porreiro.
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Entrevista exclusiva
Jeffrey Herlings
Conheça melhor Jeffrey Herlings, o homem do momento no MXGP
‘Sou como que umperseguidor de recordes’
O grande protagonista do Mundial de Motocross na atualidade é Jeffrey Herlings. Aos 24 anos, o piloto da KTM alcançou o seu primeiro título na principal categoria – MXGP – depois de uma temporada de 2018 que dominou de forma avassaladora com 33 triunfos em 38 corridas.
TEXTO: Bernardo MatiasENTREVISTA: Rodrigo Fialho
O Motorcycle Sports teve a oportunidade de entrevistar o homem do momento do MXGP, numa conversa que aborda não só o ano de 2018 de Herlings como também as suas perspetivas para o futuro, os esforços que o desporto exige e inclusive o MXGP de Portugal.
Pergunta (P): Se pudesses sumarizar o teu ano de 2018 numa frase, qual seria essa frase?
Jeffrey Herlings (JH): Foi um grande ano. Fácil e curta.
P: Recentemente disseste que em 2017 não estavas pronto para dar mesmo tudo em pista mas então percebeste que tinhas de mudar para 2018. Este ano pareceste o Herlings dominador que vimos no MX2. O que mudaste e o que foi mais difícil de mudar? JH: Basicamente dei a minha vida
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Stefan Everts levou mais de uma década a conquistar as suas 101 vitórias nos Mundiais de Motocross. A lenda belga alcançou também dez títulos mundiais, dos quais seis foram na categoria principal.
27 dos triunfos foram alcançados em 2006 – ano no qual só não terminou no topo de três das 30 corridas. Já Herlings está nos Mundiais de Motocross desde 2010 contabilizando 84 triunfos – faltam 18 para o recorde absoluto, que pode estar ao alcance já em 2019…
ao desporto porque no inverno
de 2016 para 2017 estive mais adesfrutar da minha vida, a sair comamigos, a não treinar o suficiente,a fazer algumas festas durante oinverno, a passar muito tempo comraparigas, foi algo assim. Para ganharno MXGP precisas de ser maissério, colocar muito mais esforço,fazer mais trabalho. Então, para2018 tive um inverno completamentediferente, praticamentededicado ao desporto, a trabalharmuito arduamente, a trabalharcom a estrutura, a trabalhar na alimentação,a treinar arduamente.Desenvolvemos a moto, eu desenvolvitudo em conjunto, tornei-meum melhor piloto e julgo que foisuficiente para ganhar a época de 2018.
P: Estás a fazer o teu caminho na história e já és visto como um dos melhores de sempre. Pensas sobre os recordes? JH: Sim, sou, digamos, como um perseguidor de recordes. A primeira coisa na minha cabeça é tentar bater o maior número de vitórias em GP que é agora do Stefen Everts com 101. Eu agora tenho 84, pelo que vou tentar bater esse recorde e depois... perdi dois ou três campeonatos devido a lesões, pelo que em vez de quatro podiam ser sete e então talvez os dez fossem uma possibilidade. Mas por agora não é... vai ser muito difícil. Vou lutar pelo meu quinto no ano que vem mas alcançar os dez será muito difícil.
A SEGUNDA CORRIDA DA ARGENTINA FOI MUITO DIFÍCIL P: 33 vitórias em 38 corridas. Qual foi a tua vitória mais difícil e
porquê? JH: Acho que... a segunda corrida da Argentina foi muito difícil. Vim do meio do pelotão, depois tive de perseguir o Cairoli nas últimas voltas e ele ainda tinha uma grande vantagem. Portanto, persegui-lo e ultrapassá-lo na última volta, foi uma corrida muito intensa e dura. Foi uma vitória muito bonita mas árdua.
P: O [Michael] Schumacher há uns anos na Fórmula 1, o Marc Márquez agora no MotoGP ou o Jonathan Rea no Mundial de Superbike. Todos estes, como tu, foram dominadores nos campeonatos deles. Algumas pessoas dizem que ter um piloto tão dominador num Mundial não é bom. O que dirias a essas pessoas? JH: Eu penso que é bom, mas também... não é bom do outro lado, porque as pessoas dizem ‘não tenho a certeza se vejo MotoGP porque o Marc Márquez provavelmente ganhar’. Mas há uma razão
para isso: ele está a trabalhar muito arduamente, tudo está a correr bem com ele, com a sua equipa, com a sua moto dele, com a pista. Isso fá-lo ser melhor do que todos os outros. Há coisas boas e coisas más, mas todos olharão de forma diferente provavelmente.
ÁGUEDA É UMA DAS MELHORES PISTAS DO CAMPEONATO P: Acerca de Portugal. Ganhaste muitas vezes em Portugal, Águeda. O que pensas do evento? E tiveste algum tempo para conhecer um bocado mais sobre o país? JH: Adoro o país, é bonito. Julgo que é uma das melhores pistas do campeonato. Gosto de lá ir, gosto das pessoas que são muito amigáveis. É um país muito bonito, gosto sempre de lá ir e como disse é um sítio bonito.
P: O Rui Gonçalves foi o único piloto português no MXGP durante vários anos. Agora está a
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Entrevista exclusivaJeffrey Herlings
trabalhar na Youthstream como consultor de segurança de pista. É importante ter um ex-piloto a dar feedback do ponto de vista dos pilotos ao promotor do MXGP? JH: Promover o campeonato é uma coisa, mas ter conhecimento das pistas é outra. E julgo que um piloto como o Rui, que ganhou GP, lutou por títulos, sabe exatamente o quão perigoso é o desporto, o que a pista tem de ter ou não deve ter. Acho que é muito bom tê-lo a bordo e mais seguro e melhor para a competição.
É UM TRABALHO 24/7 P: Por vezes as pessoas só te vêm a ganhar e não compreendem o quão arduamente trabalhas e quantos sacrifícios podes ter de fazer para seres o melhor. Fala- -nos desse aspeto. JH: É óbvio que mudou ao longo dos anos mas como no ano passado estive bastante focado. Não tenho namorada, não passo muito
“
Rui Gonçalves retirouse da competição depois de 2017, depois de uma longa carreira nos Mundiais de Motocross chegando a ser vice-campeão de MX2 em 2009 ao serviço da KTM. Apesar da reforma enquanto piloto, o luso continua ativamente ligado à modalidade e ao MXGP trabalhando como consultor da promotora Youthstream.
tempo com os amigos. Os dias sãocomer, dormir, pilotar, viajar. Nãohá muito mais além do motocross.Dou mesmo a minha vida a isto,
mas quando obtenho os resultados não me preocupo. É um trabalho 24/7.
P: Disseste depois da última corrida que só querias ir comer… JH: Por vezes é difícil... eu adoro comida e basicamente não bebo refrigerantes, não como hambúrgueres, batatas fritas. É uma dieta muito rigorosa e para mim é muito difícil. Faço um ou dois dias de folga da dieta durante todo o ano. Agora estou a desfrutar do tempo e em breve voltamos ao modo de competição.
P: Tens alguma mensagem que gostasses de dar aos teus adeptos portugueses? JH: Espero que... acho que Águeda está outra vez no calendário do ano que vem, espero que o maior número de pessoas possível venham ao GP e nos apoiem. Mal posso esperar por ver as pessoas no próximo ano.
A CARREIRA DE HERLINGS EM RESUMO
Jeffrey Herlings chegou aos Mundiais de Motocross na temporada de 2010, através da categoria MX2. Logo nesse ano somou triunfos em mangas – em Valkenswaard e Kegums com vitória em GP – terminando a época em sexto. Na antecâmara da principal classe consolidou a sua carreira nos anos seguintes tornando-se vice-campeão em 2011. O primeiro título chegou um ano mais tarde, revalidando-o em 2013. Depois do terceiro título de MX2 em 2016 chegou ao MXGP em 2017 deixando desde logo a sua marca: apesar de ter sido um ano complicado, sobretudo no começo com uma lesão a afetar a preparação, Herlings foi vice-campeão a 50 pontos de Tony Cairoli. Na sua segunda temporada na classe rainha, A Bala não deu quaisquer chances exercendo um domínio avassalador ao longo do ano. As cinco corridas em que não ficou no primeiro lugar, ficou sempre no top três e só perdeu três triunfos em GP num total de 20. Bateu Cairoli por 151 pontos e ficou a apenas 67 dos 1000! Pelo meio, falhou a ronda de Ottobiano devido a lesão, o que não o afetou em demasia… .
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Oliveira Cup
Miguel Oliveira com os seus ‘pupilos’ da MiniGP
Foto: Oliveira Cup
Conhecidos os campeões de 2018 da Oliveira Cup
TEXTO: Bernardo Matias
Chegou ao fim no passado mês de outubro a edição deste ano do troféu escola de motociclismo Oliveira Cup. A última ronda do ano decorreu no kartódromo de Évora, local que consagrou os vencedores da iniciativa de formação e deteção de jovens talentos levada a cabo por Miguel Oliveira e pelo seu clube de fãs que este ano teve a segunda edição. Cerca de 60 pilotos participaram nas quatro categorias em competição Ainda no início de outubro, o calor fez-se sentir na cidade eborense.
Uma das categorias mais aguardadas e em que o campeão estava por definir era nas MiniGP, competição que coloca os pilotos frente- -a-frente com condições técnicas iguais e que dá ao vencedor a entrada direta na seleção para a Red Bull Rookies Cup. Chegando a Évora com três triunfos nas quatro rondas anteriores, Rafael Damásio procurava alcançar o líder Pedro Fraga – que dominara a primeira parte da época. No entanto, uma falsa partida acabou por comprometer o desfecho
da jornada eborense para Damásio, que por isso mesmo teve de passar pela via das boxes e viu escapar-lhe a chance de vencer. Alheio ao contratempo do rival, Fraga levou de vencida na última ronda do ano para selar o título com 12 pontos de avanço. Sucede a Tomás Alonso como campeão da categoria e pôde marcar presença na seleção da Red Bull Rookies Cup – evento realizado no início de outubro em Guadix, Espanha, no qual acabou por não ser um dos finalistas.
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Foto: Oliveira Cup
Foto: Oliveira Cup
Pedro Fraga (#13) campe„o em MiniGPPedro Matos (#13) foi campe„o da categoria Ohvale
Classificação final MiniGP (top cinco): 1.º Pedro Fraga, 160 pontos 2.º Rafael Damásio, 148 pontos 3.º Dinis Borges, 101 pontos 4.º Diogo Pires, 92 pontos 5.º Afonso Almeida, 80 pontos
Na categoria 2020, Beatriz Ramos saiu vencedora da temporada na classe 1 (IMR 90). O quinto lugar em Évora bastou à piloto para superar Martim Jesus por nove pontos – ele que levou a pontuação máxima da última jornada do ano. Beatriz Ramos só falhou o pódio por duas vezes ao longo do ano, fazendo da regularidade uma mais- -valia. Classificação final 2020 classe 1 (top cinco): 1.º Beatriz Ramos, 125 pontos 2.º Martim Jesus, 116 pontos 3.º Fernando Santos, 111 pontos 4.º Francisco Pires, 93 pontos 5.º Lara Baleia, 84 pontos
Aos oito anos de idade, Pedro Matos dominou a categoria Ohvale de forma avassaladora. No fecho de temporada, bateu Guilherme Gomes em Évora para alcançar a sexta vitória em sete rondas que a temporada teve. Contas feitas, foi campeão 41 pontos à frente de
Bárbara Magro, com Vasco Fonseca a completar o pódio final. O terceiro lugar deste em Évora foi suficiente para manter Guilherme Gomes atrás de si. Classificação final Ohvale (top cinco): 1.º Pedro Matos, 170 pontos 2.º Bárbara Magro, 129 pontos 3.º Vasco Fonseca, 107 pontos 4.º Guilherme Gomes,
102 pontos 5.º Pedro Marques, 75 pontos
Em Naked Junior, categoria destinada aos jovens dos 14 aos 28 anos que pretendem ter uma oportunidade para treinar de forma a enfrentar desafios mais elevados, Pedro Fragoso acabou por se sagrar campeão. Numa classe em que os pilotos estiveram frente-a-frente com Miguel Oliveira, Fragoso conquistou quatro triunfos – entre eles, o de Évora – e três segundos lugares, batendo o #44 por expressivos 45 pontos. Classificação final Naked Junior 1.º Pedro Fragoso, 160 pontos 2.º Miguel Oliveira, 115 pontos 3.º Diogo Pires, 32 pontos 4.º Miguel Santiago, 20 pontos 5.º Vasco Esturrado, 13 pontos 6.º Madalena Simões, 11 pontos
Para os mais crescidos, a classe Naked Gentleman teve emoções à flor da pele até ao fim da temporada. Luís Castro ganhou ambas as mangas em Évora, mas o terceiro lugar foi suficiente a Javier Gomez para se sagrar campeão com apenas dois pontos de avanço. Bruno Castro segurou o terceiro lugar final do campeonato na frente de Lino Morgado, que em terras alentejanas foi o segundo mais forte de Naked Gentleman. Classificação final Naked (top cinco): 1.º Javier Gomez, 133 pontos 2.º Miguel Castro, 131 pontos 3.º Bruno Castro, 96 pontos 4.º Lino Morgado, 84 pontos 5.º Miguel Fonseca, 67 pontos
No final da temporada, em comunicado, Miguel Oliveira mostrou-se emocionado por ver as prestações dos seus pupilos em pista, salientando o empenho e determinação deles: – A cada dia que passa fico mais emocionado com as prestações destes miúdos. É incrível ver o seu empenho e determinação a cada dia. É como se absorvessem cada palavra do que lhes ensinamos. É um orgulho poder partilhar com eles a minha experiência. Todo o
sucesso deste projeto leva-nos a ir mais além e fazer ainda mais e melhor. Outro dos responsáveis pela Oliveira Cup, Paulo Oliveira, também deu conta do seu agrado com o curso e desfecho da segunda edição da iniciativa de formação e deteção de talentos, ao afirmar: – Estou muito satisfeito com o resultado final desta 2.ª edição Oliveira Cup. Foi para nós mais um ano de aprendizagem e desenvolvimento deste projeto. Iniciamos uma nova categoria e projetamos outra para o futuro. Não tenho dúvidas que esta é uma boa fórmula para captar e desenvolver esta modalidade em Portugal. No final do dia olhar para a cara de cada concorrente e ver a sua satisfação e dos seus familiares, é muito gratificante para toda a nossa equipa. O espírito de partilha e camaradagem está sempre presente, sobretudo nos momentos mais difíceis. Conseguimos captar cada vez mais adeptos para a modalidade e dar-lhes um fim de semana diferente e isso por si só faz com que façamos parte das suas famílias. É bom!
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