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Entrevista CBA
Giovanni Guerra, presidente da CBA, fala sobre 2022
Texto Isabel Reis
Fotos Divulgação
O ano de 2022 terá muitas boas novidades para o automobilismo brasileiro, segundo Giovanni Guerra, presidente da CBA. Praticamente todas elas foram apresentadas na cerimônia do Capacete de Ouro 25 Anos e CBA 60 Anos, que aconteceu no dia 4 de fevereiro, em Brasília, com patrocínio do Banco BRB.
Em um ano de gestão, esse goiano que mora em Imperatriz, MA, fez o trabalho de três anos. Apaixonado pelo automobilismo, grande amigo do nosso tricampeão Nelson Piquet, Giovanni circula por todas as provas do país, de norte a sul. Está lutando para conseguir colocar o Brasil no foco da FIA, tornando-se também amigo do novo presidente da entidade, Mohammed Ben Sulayem. Além disso, juntamente com a vice-presidente da FIA para o Setor 4, Fabiana Eclestonne, tornaram o nosso país a nova sede da entidade mundial.
Enfim, novidades não faltam, como você poderá acompanhar nesta entrevista, na qual Giovanni Guerra faz um balanço do seu primeiro ano de mandato, fala sobre os destaques do evento do Capacete de Ouro 25 Anos e CBA 60 Anos, além de demonstrar o quanto o Banco BRB, que apoia os esportes brasileiros, está também apoiando o automobilismo nacional. Inclusive, com a criação do Cartão de Crédito BRB / CBA.
RACING - Gostaria que você falasse sobre as novidades do automobilismo brasileiro para esse ano?
Giovanni Guerra – Fico muito feliz com tudo que está acontecendo. A minha vida é pautada por Deus, pela minha devoção à Nossa Senhora, a Jesus Cristo, e eu tenho certeza que tudo o que está se passando, até de eu estar do seu lado, isso é providência divina. São tantas coisas maravilhosas que eu, humildemente, tenho que declarar: isso não é só minha competência. De fato, o presente maior são os 60 anos da CBA, os 25 anos do Capacete de Ouro, e o meu primeiro ano frente à gestão da CBA.
Você bem sabe que a gente poderia ter feito o evento em dezembro do ano passado. Mas Deus quis que fosse no dia 4 de fevereiro, que foi um novo começo, comemorando esse meu primeiro ano como presidente e já dando a largada para o segundo, com essa nossa parceria, envolvendo todo o automobilismo.
Estamos apresentando essa CBA com seus 60 anos, mas pujante, forte, inclusiva, e aberta aos promotores, que estão cada vez mais próximos. A entidade também está mais aberta aos pilotos e aos empresários, notadamente o Banco BRB, na pessoa do Paulo Henrique (Costa, presidente do Banco BRB), que vem fazendo uma diferença no segmento dele, do banco, que nos deixa muito orgulhosos pelo seu sucesso. Não só perante o banco, mas a toda comunidade financeira, pois ele é uma pessoa muito respeitada. Paulo Henrique está levando o nome BRB não só para todo o Brasil, mas além das fronteiras. Ter escolhido esse caminho, esse vetor, para incrementar as coisas do banco, mais a Revista Racing e a CBA, isso é para nós um motivo de muito orgulho. Foi um grande presente que nós recebemos, você nos seus 25 anos e a CBA nos seus 60 anos.
RACING - O intuito foi dar um presente para o próprio mercado. Esse evento não foi para nós, mas para os pilotos, os patrocinadores e os promotores. De todas as novidades mostradas lá, o que gostaria de ressaltar sobre o que o automobilismo terá de importante este ano?
Giovanni Guerra – O que eu tenho percebido é a volta da confiança. Eu sabia que tinha muita gente querendo ajudar, mas não havia talvez o jeito. Mas nós conseguimos agregar essa intenção e isso está fazendo o automobilismo muito forte. Já para o ano que vem teremos a TCR Brasil, continuaremos com a TCR South America, do Maurício Slaviero, que para nós foi algo muito legal. Teremos muitos novos carros, em breve, da Stock Car. Haverá a Fórmula 4, que eu tenho dito: é a cereja do bolo. Com essas iniciativas, os nossos pilotos não vão mais sair do Brasil. Poderão continuar a carreira deles por aqui, em um grau profissional, reconhecidamente mundial: os mesmos carros, as mesmas regras, os mesmos motores, os mesmos pneus… O que um piloto irá encontrar hoje na Europa, será o mesmo que ele terá aqui no Brasil. Como o Julianelli falou (Fernando, CEO da Vicar), com o apoio do Banco BRB, esse patrocínio foi colocado na ponta, para o piloto. É o que nós estamos querendo fazer com a nova CBA, mantendo a Fórmula 4 mais barata do mundo, um esforço dos promotores e também do Lincoln (Oliveira, controlador da Vicar).
to?
Giovanni Guerra – A própria FIA com o Felipe Massa, o Simone, o Ricardo Gracia e outros, proporcionou a oportunidade de fazer um campeonato mundial chamado de Regional Cup. É como se fosse um campeonato mundial regional, seguindo as regras do Academy, onde todos os pilotos terão as mesmas condições de igualdade. Eles farão seis etapas em três kartódromos homologados pela FIA, com motores que
RACING - Mas tem muito mais acontecendo, cer-
nos foram cedidos pela FIA, para que a gente pudesse organizar esse automobilismo profissional. Ou seja, o piloto de kart não precisa mais sair do Brasil para fazer o Campeonato Mundial porque ele terá aqui os motores e chassi iguais, kartódromo homologado, cronometragem FIA e regras FIA.
Você e eu estamos dando o start para um automobilismo inclusivo do Brasil para o mundo. Eu teria condições hoje de oferecer para um piloto aqui de Imperatriz, do Maranhão, do interior do Pernambuco, do interior Paraná, que não teria condições financeiras, e que agora terá a oportunidade de correr em seis provas. Ele competirá nas mesmas condições de regras, e se ele se classificar com um primeiro ou segundo lugar, terá a condição de participar de um campeonato mundial, com todas as despesas pagas do evento. Isso nós estamos ainda “costurando” com a FIA. Quando falo despesas pagas estou me referindo ao equipamento. Despesas com viagens e hospedagens ficam à parte, por conta do piloto. Ou seja, a ideia é levar esse piloto vencedor para correr na Europa, nas mesmas condições em que correu no Brasil.
RACING - Isso será muito importante para a valorização do piloto e do seu talento, da sua autoestima?
Giovanni Guerra – Sem dúvida. Outra coisa que o Julianelli e o Lincoln já nos deram: se esse piloto vencedor da copa regional tiver 15 anos, ele terá teste na F4 brasileira de graça. Em outras palavras, estamos realmente otimizando o surgimento de um novo piloto pelos méritos do potencial dele, do seu talento, e levando-o diretamente para a Europa. Isso acontecerá simplesmente pela mudança de filosofia: a inclusão do Brasil como porta para que ele chegue mais preparado, com menor idade, para que possa seguir a carreira rumo ao automobilismo europeu.
RACING - Essa é uma ajuda incrível, que faltava.
Giovanni Guerra – Não posso deixar de ressaltar que esse mérito, que fica eternizado aqui, é do Felipe Massa. No tempo que ele passou na FIA como presidente (da comissão FIA de kart), fez um trabalho muito grande para trazer uma etapa do Campeonato Mundial para cá. Mas Deus quis que não só uma corrida viesse aqui e fosse embora. Ao contrário, Deus quis que a gente fizesse um programa eternizado nessa Regional Cup, na qual o Brasil será o país piloto para todo o mundo. Fomos escolhidos pela FIA pela nossa competência, capacidade e tamanho. Batemos o recorde agora, no campeonato nacional da categoria kart. Somos considerados os maiores do mundo como o país filiado à FIA na categoria kart. O nosso campeonato brasileiro é literalmente do tamanho do campeonato do mundo. Um potencial maravilhoso que será ofertado para a Regional Cup. Vamos acelerar porque no ano que vem temos a responsabilidade de levar essa Regional Cup para toda a América Latina. Imagina onde é que nós chegamos!
RACING - E tem ainda outras novidades?
Giovanni Guerra – Sim, a hora chegou. Com a eleição do Mohammed (Ben Sulayem, presidente da FIA), que nós apoiamos declaradamente, e com a eleição da Fabiana Ecclestone como vice-presidente para a Região 4, o Brasil se tornou sede da vice-presidência da FIA para a nossa região. Estamos juntos não só pelo Brasil, mas por toda a América Latina. Realmente é um momento muito especial.
Volto lá em Deus, de novo, porque quando eu vejo o tamanho da coisa, como está acontecendo e na velocidade em que está acontecendo, em doze meses, por mais que eu fosse competente tem um sopro de Deus nisso tudo. Isso me fortalece, me dá segurança. É por isso que estou com o pé atolado no acelerador para todas as categorias. Você mesma incluiu no evento a Velocidade na Terra, Kart Cross, Rallye Cross, Arrancada, Drift, só para ver o tamanho da nossa “família”.
RACING - Gostaria que você falasse sobre o Paulo Henrique, presidente do Banco BRB, que abriu uma oportunidade para o automobilismo e para eles, como negócio, com o cartão BRB / CBA.
Giovanni Guerra – Exatamente, nós fomos juntos lá, eu e você. Com a nossa força, mostramos a ele o potencial. Ele é um expert na área dele e percebeu logo que havia um negócio. Estamos honrados e felizes por o Banco BRB ter usado a nossa família de sobrenome Automobilismo, CBA, para que ele pudesse incrementar esse cartão. Não só como gestor, ou a pessoa extremamente inteligente e perspicaz que ele é, mas também pelo outro lado que a gente sabe, que é o piloto.
O piloto Paulo Henrique sentiu na pele a dificuldade de seguir carreira. E conseguiu se reunir conosco, fazer com que o automobilismo frutifique em termos financeiros. Mas ao mesmo tempo ele oportuniza caminhos para que piloto, promotor, fornecedor, mecânico, dono de loja, que faz parte desse “sindicato” do automobilismo, possa crescer, possa ir avante.
Que eles possam ter acesso a linhas de crédito especiais, que eles possam alavancar o negócio por intermédio do cartão de crédito deles. Ter dividendos de pontos. Esse cartão vai permitir que um piloto meu, do Maranhão, por exemplo, que está com o cartão de crédito e a cédula desportiva do BRB / CBA, chegue em qualquer corrida do campeonato brasileiro e seja recebido, tendo um lugar para ele. Ele será acolhido como um parente.
RACING - Como estão os campeonatos do nordeste? Giovanni Guerra – A gente está fazendo campeonatos regionais de kart porque existe um mundo aqui para cima, no nordeste e norte do país, que não é incluso. A partir do momento que eu trago um Campeonato Brasileiro para cá, e os pilotos da região percebem que têm condições de ganhar, eles estão incluídos. Já sabem que no outro campeonato podem ir daqui para lá, participar. Por exemplo, no Kart, fizemos o Campeonato Brasileiro da Copa Nordeste. Eles participaram da nossa festa do Capacete de Ouro e CBA. Hoje estão todos se sentindo honrados e motivados. Essa motivação é que fará com que o automobilismo cresça.
RACING - Gostaria que você falasse sobre a importância desses autódromos que estão sendo inaugurados.
Giovanni Guerra – Eu assumi o compromisso de inaugurarmos tudo dentro da minha gestão. Perdemos um autódromo de Curitiba, isso foi dolorido, mas a questão lá começou antes da minha gestão. Perdemos um e Deus já está nos dando outros três. Além de Brasília e de Cuiabá, também estive em Chapecó (MG) com o governador de Minas Gerais e um grupo de pessoas extremamente envolvidas, como o prefeito de Chapecó. E nós vamos inaugurar o autódromo de Chapecó. Fora isso eu fui com o Nelson Piquet, por sinal, deixa eu agradecer muito a ele. Estivemos lá no Mato Grosso, com o governador, juntamente com o presidente da Federação do Mato Grosso, Fernando Maggi, que está criando um parque de esportes maravilhoso. Apresentamos isso lá no nosso evento. E também temos o autódromo de Brasília. Na cerimônia mostramos porque Brasília nasceu junto com o automobilismo. Brasília é um autódromo, desde o seu nascimento, as suas ruas propiciaram muitos momentos para grandes pilotos brasileiros.
RACING - Para finalizar, queria uma mensagem sua para os nossos leitores.
Giovanni Guerra – Antes disso, queria agradecer por esse evento grandioso. E por esse Capacete lindo, do Alan Mosca, que está guardado aqui no meu escritório.
O Alan Mosca fez dois capacetes maravilhosos, um sobre Brasília, que foi entregue para o Paulo Henrique Costa, presidente do Banco BRB. O outro sobre os 60 anos da CBA, cujo guardião é o Giovanni Guerra. Encerramos com chave de ouro o nosso evento Capacete de Ouro e CBA.
Giovanni Guerra – Obrigado mesmo!
E o capacete do Alan Mosca é meu (risos). Muitas pessoas me perguntam, como eu, nascido em Goiás, fiz toda a minha trajetória de automobilismo em Imperatriz? Como é que eu consegui ser reconhecido internacionalmente e me tornar presidente da CBA? Em paralelo, posso dizer que é a mesma coisa para um piloto: não importa onde ele nasceu, o que vale é o seu sonho, o amor, a dedicação, a vontade, que ele faça aquilo que quer. Não teve um dia na minha vida, depois que eu descobri o automobilismo, que eu não fizesse alguma coisa por ele. É aquela vontade de dentro. Com o Nelson Piquet foi assim, com o Emerson Fittipaldi foi assim, Pupo Moreno, Felipe Massa… O que te move, o que te faz levantar da cama? Nós estamos aqui na terra para te ajudar, piloto, amante da velocidade. E Deus está no Céu para fazer com que isso aconteça. Essa é a minha mensagem para os leitores da Racing.