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Honda X-ADV

O conceito e seu legado

O X-ADV foi uma aposta ousada da Honda, mas o volume discreto de vendas foi compensado pelo sucesso do conceito em outras cilindradas

Texto ISMAEL BAUBETA Fotos GUSTAVO EPIFANIO

OX-ADV foi mostrado pela primeira vez no Salão das Duas Rodas de 2017 e inaugurou um segmento inimaginável até então, afi nal um scooter com aptidão off-road era inédito e uma aposta, no mínimo, ousada. Já em sua pré-venda em 2018, todas as unidades trazidas pela Honda se esgotaram. O X-ADV não é uma moto/scooter de grande volume, só para ter ideia, ele fechou o ano de 2020 com 136 unidades emplacadas e em 2021 foram 160 unidades, segundo os dados de emplacamento da Fenabrave.

Legado

Se o X-ADV não é um gigante nos números de vendas, seu maior legado foi possibilitar que a Honda, aproveitasse o impacto e o sucesso que o conceito inovador causou no mercado para levar a novidade conceitual para outras cilindradas, caso do ADV 150 (este sim um sucesso de vendas), e mais recentemente o ADV 350 na Ásia. Quem sabe a Honda não decide trazer também este último intermediário.

Identidade visual

Se o design do X-ADV chamou a atenção em seu lançamento, com este facelift que recebeu, ele fi cou ainda mais chamativo e moderno. Suas linhas estão mais angulosas, agressivas, e ele fi cou mais sensual, mas mantém a sua personalidade ímpar.

O escudo frontal ganhou dois faróis em LED com DRL (Daytime Running Lights), aliás toda a iluminação do X-ADV é em LED. O painel é em TFT colorido de cinco polegadas e tem o sistema de conectividade Honda RoadSync, que é acessível por voz, basta ter um fone de ouvido e microfone para comandá-lo sem precisar acionar nenhum botão.

Ciclística

Os engenheiros da Honda modifi caram o chassi do X-ADV e aliviaram seu peso, além disso, com o novo desenho do chassi, o espaço sob o banco ganhou um litro, e o banco de perfi l mais estreito, melhorou o apoio dos pés no chão ao parar a moto (apesar de seus 820 mm de altura), uma difi culdade para os condutores mais baixos.

O trabalho de suspensões foi confi ado a um par de bengalas invertidas com tubos de 41 mm de diâmetro, com regulagens de pré-carga de mola e retorno hidráulico. Na traseira o monoamortecedor é ligado à balança de alumínio assimétrica pelo sistema Pro-Link e só tem regulagem na pré-carga de sua mola.

Por conta da proposta todo-terreno do X-ADV as suspensões estão preparadas para enfrentar quase qualquer parada, o curso de suas suspensões são enormes para um scooter, diga-se, cursos bem maiores que os 120 mm nas duas rodas que os de sua prima, a NC 750X, no X-ADV são 153,5 mm na dianteira e 150 mm na traseira, por isso, em algumas situações são um pouco ríspidas, principalmente na dianteira quando ao passar por buracos maiores no asfalto tende a transferir uma parte da energia para o guidão. Na traseira a sensação é reverberada por conta da posição de pilotagem sentada com os pés apoiados no assoalho, o que difi culta levantar do banco para amortecer as pancadas. Por outro lado, por estradas sinuosas deixam-na bem plantada para atacar e contornar curvas com ímpeto e segurança, alegrando quem estiver no seu comando.

Motor renovado

O propulsor de dois cilindros paralelos é o mesmo que equipa a NC 750X e suas mudanças foram signifi cativas nesta nova versão. Os pistões foram substituídos por uma versão mais leve, assim como os balanceiros. O comando de válvulas também foi melhorado. Com todas as modifi cações a potência foi elevada em 7%, de 54,8 cv a 6.250 rpm para 58,6 cv a 6.750 rpm.

Os engenheiros da Honda também reescalonaram o câmbio, encurtando as três primeiras marchas para deixá-lo mais esperto e com respostas mais rápidas nas arrancadas, ótima soluBELO SCOOTER O X-ADV está mais moderno e atraente; repare que esta unidade tem vários acessórios instalados

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1 O painel TFT é completo e confi gurável 2 O punho direito dá acesso aos ajustes eletrônicos 3 A alavanca do freio de estacionamento agora está ao lado do punho direito 4 O botão que liga, desliga e trava o guidão está mais acessível

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ção para o tráfego urbano, e as três últimas marchas foram alongadas para manter velocidades com giros mais baixos, uma forma de manter as boas médias de consumo.

Eletrônica

O som do motor fi cou mais rouco e as respostas ao giro do acelerador mais incisivas e interessantes, e a sensação nas acelerações é de que o X-ADV ganhou mais torque, por conta das três primeiras marchas mais curtas. Na nova versão são quatro modos de pilotagem padronizados: Rain, Standard, Gravel, Sport, além do modo User, personalizável. Todos eles atuam na potência do motor, freio-motor, controle de tração e na intervenção do ABS. Os modos Gravel e User facilitam a pilotagem no off-road deixando a roda traseira deslizar nas acelerações e nas frenagens para direcionar a moto nas curvas.

A terceira geração do câmbio automatizado de dupla embreagem, chamado DCT, agora tem funcionamento mais refi nado e as trocas são mais suaves. É perceptível a evolução e no modo Sport, que fi ca mais nervoso, deixando o giro subir próximo da linha de corte para fazer as trocas. Assim eu gostei mais, ele me empolgou, mais ainda quando eu assumi o controle das trocas através dos botões do punho esquerdo.

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VERSATILIDADE O X-ADV é muito efi ciente no asfalto, mas também pode oferecer diversão no off-road

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Freios

O sistema de freio é consistente e preciso, as duas pinças radiais de quatro pistões tem mordida forte e transmitem boa sensação de tato e segurança. O ABS não é excessivamente intrusivo e o canal traseiro ainda pode ser desligado.

Mais do X-ADV

O X-ADV tem chave de presença Smart Key e o novo controle no centro do painel facilita a vida do usuário, já que para travar o guidão e desligar o contato, basta girar o anel externo do acionador. Para destravá-lo e ligar a moto basta apertar o botão central.

O para-brisa tem regulagem de altura e o novo formato para melhorar a proteção contra a cabeça do piloto.

A Honda, para esta versão do X-ADV colocou à disposição uma série de acessórios para quem quer pegar a estrada ou acelerar na terra. Finalmente é possível pilotar de pé no scooter de forma mais natural, pois agora as pedaleiras extras são fornecias como acessório e permitem uma posição de pilotagem bem mais natural de pé, assim como os tubos laterais para proteger as carenagens do scooter em caso de queda. Também é possível optar pelo trio de malas se você pretende fazer longas jornadas.

Sem dúvida o X-ADV é um scooter ímpar muito bom para andar no tráfego urbano e capaz de oferecer boas aventuras tanto por estradas asfaltadas como de terra batida. Mas eu diria que para se aventurar em trilhas mais pesadas o dono dessa máquina tem que ter coragem, afi nal, diferentemente das motos, ele é pura carenagem e, mesmo com o protetor lateral é bem mais vulnerável às adversidades de um tombo, galhos e pedras pelo caminho, entre tantas outras.

Os quase 90 mil reais (um pouco mais ou menos, dependendo da sua região) crescem um bocado se você optar pelos acessórios, que não são baratos. Isso signifi ca que é uma moto que vai continuar em pequena escala, mas os afortunados proprietários se diferenciarão na multidão e poderão ter boa dose de emoção se assim desejarem. Seguramente ela teria lugar na minha garagem, mas com esse valor eu levaria uma série de outras motocicletas em consideração, acho que ela não seria minha única moto.

1 As pinças radiais têm potência de sobra para boas frenagens 2 O banco é largo e bastante confortável 3 Coroa e corrente têm protetor e estão escondidas 4 A ponteira de escape elevada deixa a balança e a roda à mostra 5 As bengalas têm regulagem na pré-carga das molas e retorno hidráulico 6 O espaço sob o banco aumentou em um litro, mais espaço para carregar e guardar suas coisas

FICHA TÉCNICA

Dados de fábrica Nossa avaliação

MOTOR

Tipo Arrefecimento Válvulas Alimentação Cilindrada Diâmetro x curso do pistão Taxa de compressão Potência máxima Torque máximo

Bicilíndrico paralelo A líquido 8 OHC Injeção eletrônica 745 cm³ 77 x 80 mm 10,7:1 54,8 cv a 6.250 rpm 6,93 kgf.m a 4.750 rpm

TRANSMISSÃO

Embreagem Dupla embreagem banhada a óleo Câmbio Automatizado de 6 marchas Secundária Corrente

CHASSI

Tipo Diamond Balança Em alumínio Cáster/trail 27° / 104 mm

SUSPENSÃO

Dianteira Garfos telscópicos invertidos Curso 153,5 mm Regulagens Ajustável na pré-carga e retorno Traseira Monoamortecida Curso 150 mm Regulagens Ajustável na pré-carga e retorno

FREIOS

Dianteiro Duplo disco de 296 mm Pinça Radiais de 4 pistões e ABS Traseiro Disco de 240 mm Pinça 2 pistões e ABS

PNEUS

Modelo Bridgestone Trail Wing Dianteiro 120/70 R17 Traseiro 160/60 R15

MEDIDAS

Comprimento 2.245 mm Largura 910 mm Entre-eixos 1.590 mm Altura do assento 820 mm Distância mínima do solo 165 mm Capacidade do tanque 13,1 litros Peso aprox. (em ordem de marcha) 245 kg Capacidade máxima de carga 177 kg

MOTOR

RENDIMENTO 10% Velocidade máxima 9 Aceleração 8,75 Retomada 8,75

MOTOR

15%

Entrega de potência 8,5 Resposta ao acelerador 9 Nível de vibração 9 Aspereza 9

TRANSMISSÃO 5% Tato e precisão do câmbio 9 Relação de marchas 9

CHASSI

COMPORTAMENTO 20% Estabilidade em retas 9 Estabilidade em curvas 8,75 Precisão da direção 9 Agilidade 8,75 Suspensões 8,5 Suspensões com garupa 8,5 Distância livre do solo 9 Comportamento frenagem 9

FREIOS 10% Potência Dosagem

9 8,75

USUÁRIO

USO DIÁRIO 20% Facilidade para manobrar 8,5 Posição de pilotagem 9 Conforto do piloto 9 Conforto do garupa 9 Sensação de qualidade 9,5 Prazer ao pilotar 9 Autonomia 8,5 Equipamentos 9,5 Acabamento 9,5

ECONOMIA

20%

Preço de aquisição 8,5 Garantia 10 Consumo médio 8,5

Dados de fábrica

Potência específi ca Potência específi ca

73,55 cv/l 73,55 cv/l

Relação peso-potência Relação peso-potência

4,47 kg/cv 4,47 kg/cv

Relação peso-torque Relação peso-torque

35,35 kg/kgf.m 35,35 kg/kgf.m

Consumo/autonomia média Consumo/autonomia média

19 km/l/248 km 19 km/l/248 km

CORES

Média fi nal técnica técnica 8,86 ! O motor de dois cilindros paralelos do X-ADV é convincente e a terceira geração do câmbio DCT tem engates mais suaves e precisos em qualquer modo de pilotagem.

CONCLUSÃO

por ISMAEL BAUBETA

OHonda X-ADV é um scooter ímpar, não só pelo conceito em si, com aptidão para o todo-terreno, mas também pelo pacote técnico que carrega. O motor de dois cilindros paralelos fi cou mais esperto e, embora não seja uma usina de potência exagerada tem bom desempenho e é econômico. O câmbio automatizado teve seu funcionamento melhorado e está mais refi nado. As suspensões trabalham bem, mas ainda assim são um pouco ríspidas quando o pavimento é ruim, sensação mais notada, também, por conta da pilotagem em posição sentada. Entre os muitos acessórios oferecidos pela Honda, fi nalmente estão as pedaleiras para pilotagem de pé, no off-road, o que melhora muito a tocada e a diversão. Porém os mais de R$ 90 mil do seu preço (sem acessórios) a fazem uma opção cara, mesmo que você não se importe e equipe a moto com tudo para sair pela terra, a quantidade de carenagens é um problema em caso de infortúnios, principalmente no off-road, onde invariavelmente acontecem os perrengues. Mas ela é digna de qualquer garagem.

NOVA

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