O CANTE NO FEMININO

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AS VOZES DAS MULHERES NO PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL

EDIÇÃO E COORDENAÇÃO

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO

O CANTE NO FEMININO: UMA IDEIA O CANTE NO FEMININO: UM PROJECTO

CAPÍTULO I

O CANTE NO FEMININO: ABORDAGENS DISCIPLINARES

CAPITULO II

AS JORNADAS O PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL DA HUMANIDADE E A IGUALDADE DE GÉNERO

CAPITULO III

OS GRUPOS PARTICIPANTES: TRAÇOS E PERSPECTIVAS

CAPITULO IV

PALAVRAS DE QUEM VIVE, SENTE E CANTA O CANTE

CAPITULO V

CARTOGRAFIA DO CANTE – INVENTÁRIO E LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

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Introdução

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O Cante no Feminino: a ideia Odete Borralho

Membro do Conselho Nacional e do Núcleo de Serpa do MDM

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O Projeto Cante no Feminino foi uma proposta do núcleo de Serpa do MDM, com o objetivo de que a ideia integrasse o Plano de Ação e que as atividades a desenvolver em torno desta temática pudessem sair de um âmbito local para uma discussão mais abrangente. A distinção do Cante, pela UNESCO, a 27 de novembro de 2014, como património cultural e imaterial da Humanidade, colocou a expressão cultural coletiva alentejana, por excelência, no território de interesse da opinião pública. Esse foco permitiu que sobre o Cante se abrissem janelas de interesse, de cogitação e de discussão. O papel das Mulheres no Cante é certamente um dos aspetos que deve ser nomeado e considerado como fundamental para a compreensão autêntica desta identidade coletiva. Na primeira tertúlia, promovida pelo MDM, em torno das vivências femininas no Cante, tivemos o apoio da Câmara Municipal de Serpa, e a sua realização teve lugar na Casa do Cante, a 16 de maio de 2014. Estiveram presentes cinco grupos corais femininos e mistos, cerca de 100 cantadoras e cantadores, e da troca de opiniões, ficou assinalada a ideia da secundarização do papel da mulher no Cante e da necessidade de transformação social dessa tendência conservadora e machista que continua a ser transversal a muitos aspetos da nossa sociedade. «Pensar que o Cante é coisa de homens, é não conhecer as tradições do trabalho no campo e das festas da nossa mocidade», afirmaram as cantadoras, que se referiam à forma como ranchos de mulheres e homens cantavam nos bailes mas principalmente nos trabalhos rurais, antes do 25 de abril e durante a reforma agrária, períodos em que os trabalhos agrícolas exigiam elevada mão-de-obra. «Apesar de terem sido tempos duros e de muita pobreza, os momentos em que cantávamos, ajudavam-nos a passar melhor…», outra afirmação que mereceu unanimidade de quem transporta essa memória de resistência. As narrativas e emoções do primeiro encontro sobre O Cante no Feminino, deixam a porta aberta para mais momentos que ajudem a compreender melhor a expressividade unívoca das cantadoras e a sua dimensão e influência na vida coletiva. As cantadoras expressaram vontade de mais Encontros e conversas sobre as questões das mulheres. Ficou a ideia de que nestas iniciativas, pode ser construído um lugar onde o seu Cante possa ser apreciado. Desta experiência, bem-sucedida, surgiu o Projeto do MDM: Jornadas sobre o Cante no Feminino – O Património Cultural Imaterial da Humanidade e a Igualdade de Género. As ações realizaram-se em abril e maio de 2016, em Lisboa, Serpa, Évora e Santiago do Cacém, e envolveram centenas de cantadoras e cantadores, autarcas, e investigadoras.

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As Jornadas permitiram, valorizar o Cante das mulheres, através da recolha de relatos e histórias de vida das cantadoras e contribuir para a sua efetiva participação na salvaguarda do Cante como expressão identitária da região e do povo alentejano. A publicação de uma brochura é uma das formas de registar esses Encontros, e deixar para a posteridade momentos de celebração de um património tão precioso que, podemos dizer, é de todas as mulheres e de todos os homens, é de toda a Humanidade - o Cante.

objecto de observação e investigação. Hoje comprova-se na documentação musical que elas estavam lá. Embora tenham sido as mulheres as grandes obreiras do Cante como nos disse Joaquim Soares, natural de Beja, que aprendeu o Cante a ouvir as mulheres cantarem quando iam e vinham do trabalho, só após o 25 de Abril de 1974 as mulheres organizam os seus grupos próprios de Cante e assumem uma presença em público que muitas consideram ser ainda desvalorizada e menos reconhecida socialmente. Os grupos femininos, qual movimento de afirmação de direitos da mulher com as suas vozes únicas, têm uma especificidade e singularidade que importa valorizar. Daí a importância de os conhecer melhor e lhes dar oportunidades.

O Cante no Feminino: um projecto Regina Marques

As Jornadas que se organizaram no âmbito deste Projecto decorreram sob o lema o Património Cultural Imaterial e a Igualdade de Género, na Casa do Alentejo em Lisboa, na Casa do Cante em Serpa, no Auditório António Chaínho em Santiago do Cacém e no Palácio D. Manuel em Évora durante o mês de Maio. Ouvimos cantar vinte grupos femininos e um misto e daí colhemos mais dados que constam da publicação. Mulheres de varias gerações evidenciarem a alegria por se juntarem, afirmando orgulhosas as suas vozes, o seu amor pelo Cante. Sentimos determinação na espontaneidade, na franqueza, nos sorrisos abertos, na exibição dos trajes e artefactos, nos abraços que nos envolveram e partilhámos. Ouvimos as razões que as motivam e os sacrifícios que têm de fazer para manter vivos os grupos, num Alentejo, despovoado e demograficamente envelhecido, onde por falta de trabalho a juventude emigra na esperança de um viver melhor.

Membro da Direcção Nacional do MDM

(…) do mesmo modo que o trabalho produtivo realizado pelas mulheres é desvalorizado e se torna invisível… assim é a contribuição feminina quanto à transmissão do património cultural imaterial (…)1

O Movimento Democrático de Mulheres desenvolveu este projecto “O Cante no Feminino” tendo em conta que a presença das mulheres no Cante deve ser estudada, apoiada e incentivada e que a sua participação em igualdade nesta expressão cultural assegura a visibilidade das mulheres e promove a coesão social, tópicos que relevam da luta das mulheres de há longa data pela sua emancipação. A partir da história e da função social do Cante, a direcção do MDM propôs-se fazer o levantamento dos grupos de mulheres no Alentejo e na diáspora, estabelecer uma cartografia do Cante no Feminino, ouvindo as mulheres desses grupos e dando-lhes a palavra em diálogo com as entidades locais. “As mulheres cantam como outrora cantaram” diz-nos Paulo Lima, director da Casa do Cante, mas durante décadas foram apagadas e silenciadas. Não cantavam em público e não se organizavam formalmente. Cantavam no trabalho do campo e quando a casa regressavam. Cantavam acompanhando a lida da casa mas não entravam no cante colectivo e formal. Foi esse quadro de valores e a ideologia própria do fascismo que conduziu ao afastamento das mulheres do espaço público. Clara Santa Rita encontra a defesa moralista da ‘virtude’ da mulher precisamente em António Marvão, autor do Cancioneiro Alentejano publicado em 1955 a partir das recolhas que fez ao longo de 30 anos na região. “Toda a gente sabia cantar … novos e velhos, homens e mulheres. No entanto a sociedade de então com as suas mais que justas exigências morais, na defesa da mulher e da sua dignidade, só em certas circunstâncias permitia que esta se juntasse aos homens para cantar em grupo”2 . São do mesmo autor estas palavras paradoxais: “O cante alentejano é um canto viril, próprio de personalidades fortes. Todavia, as vozes femininas, quando se juntam às dos homens para cantar, dão ao cante uma certa flexibilidade sonora, amenizando a sua dureza”3. O etno musicólogo Jorge Moniz, que se tem ocupado da interpretação dos cantos e dos grupos corais, também recorda que ao longo dos tempos eles eram normalmente constituídos exclusivamente por elementos do sexo masculino (o mais antigo data de 1926) repercutindo naturalmente as suas vivências de grupo dominante, com os hábitos e comportamentos geralmente atribuídos aos homens. Maria do Rosário Pestana4 defende que importa reescrever a história do Cante. Contesta as teses de eruditos locais, como foi o caso do Padre Marvão que atribuiu a origem do Cante aos monges homens. Essa tese contaminou não só a constituição dos grupos masculinos durante o século XX, como toda a investigação sobretudo feita junto dos grupos de cante masculinos que actuavam nos contextos públicos no século XX. O Cante das mulheres, sendo feito durante trabalhos agrícolas, não foi

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1 Janet Blake, Synthesis Report Activities in the Domain of Women and Intangible Heritage: International editorial meeting and future activities in the domain, Iran National Commission for UNESCO, Tehran, June 2001. Ver http://www.unesco.org/ culture/ich/doc/src/00160EN.pdf.

2 António Marvão citado em O Cante Alentejano No Cancioneiro do Padre Marvão, O encantamento Feminino na voz do cantador de Clara Santana Rita, Edições Vieira da Silva, Lisboa, 2015, 2ªedição, p. 46. O sublinhado é nosso.

António Marvão (1997), citado por Clara Santana Rita, op. referida, p.57

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Maria do Rosario Pestana é Professora Auxiliar e Directora do curso de Mestrado em Música na Universidade de Aveiro. Doutorada em Etnomusicologia pela Universidade Nova de Lisboa 4

Foram objectivos iniciais destas jornadas: • Promover pequenos encontros de grupos corais de Cante feminino como forma de valorizar o Cante das mulheres • Recolher os relatos das experiencias e histórias vividas pelas mulheres bem como perceber as expectativas da comunidade sobre os corais femininos • Suscitar a reflexão e estudos (sociologia, etnomusicologia, etnografia e outros) em torno do Cante como património imaterial da humanidade introduzindo a dimensão de género • Valorizar a participação das mulheres na promoção e salvaguarda do Cante Alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Uma palavra sobre a metodologia que usámos. Convidámos todos os grupos femininos recenseados na Casa do Cante de Serpa e a todos enviámos um convite para participarem nas Jornadas, indicando o calendário das mesmas. O convite foi acompanhado de um questionário a que pedimos resposta, independentemente da sua participação nas Jornadas. Nas Jornadas participaram todos os que entenderam participar embora muitos não o tenham feito por razões de calendário e agenda. Os questionários tal como foram respondidos estão expressos na publicação e serviram de base aos questionamentos posteriores. Nas Jornadas houve ainda lugar a trocas de saberes e experiências a partir da investigação que se vai fazendo no País com olhares disciplinares, métodos e questionamentos diversos. Podemos dizer que as mulheres tiveram espaço e tempo para testemunhar vivências e sentimentos, exprimir desejos. Tiveram voz, esse imperioso grito de presença feminino. O Cante faz-se com a voz e não com a fala mas acontece como uma conversa, todos sabemos. Essa conversa encoraja-nos, como movimento, a intervir e propor novas formas de intervenção pública e política junto das entidades competentes, no combate às desigualdades. O MDM deverá ir ao encontro destas mulheres que se esforçam para manter viva a chama da sua tradição oral, agora com uma visão de mulher participativa, trabalhadora com direitos, liberta dos estereótipos que a limitaram e condicionaram e que fazem caminho ainda hoje.

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Na história do Cante no feminino também o MDM tem um lugar. Na verdade em 1987 nasceu o Grupo Coral Feminino do MDM em Aljustrel fundado em 8 de Março pela mão da Fernanda Patrício, professora e dirigente do MDM. Era um grupo de mulheres de Aljustrel que se associaram, tendo em comum não apenas o gosto pelo cantar alentejano. Adoravam cantar. Isso sentia-se na forma enlevada como entoavam as suas melodias. Mas, ali havia mais do que simples melodias e harmonia de vozes. Havia todo um sofrimento profundo que vinha das raízes dos tempos. Dos tempos da vida dura, das mondas, das ceifas, das minas, mas também dos tempos de Abril, da esperança e do anseio por uma vida mais justa para todos. O Grupo Coral Feminino do MDM que entretanto acabou, era reconhecido como a expressão bem viva da sensibilidade, da beleza, da coragem e da lealdade das mulheres de Aljustrel de todo o tempo. O Cante como património imaterial da humanidade intervém na comunidade como factor importante de valorização dos papéis das mulheres conferindo-lhes um estatuto social de igualdade e cidadania. A salvaguarda e protecção do Cante é tarefa de todos e é neste domínio que a dimensão género é um importante elemento de coesão social, ao abolir toda a exclusão social e qualquer discriminação das mulheres, contribuindo eficazmente para o reconhecimento dos seus direitos e para a promoção dos direitos humanos nas suas dimensões cultural, social, económica e política. Por isso, e tendo em conta o Plano da Acção da UNESCO (2014-2021) que decorre sob o lema O património cultural Imaterial e a Igualdade de género, as Jornadas promovidas pelo MDM, iniciaram um ciclo, mais uma vez realçando o papel inestimável das mulheres na transmissão e salvaguarda do Cante Alentejano mostrando também como esta dimensão pode ser incorporada de forma efectiva nos planos de salvaguarda. Dar corpo no Alentejo, em torno do Cante e de outras manifestações culturais, à aplicação da Convenção para a Salvaguarda do património cultural Imaterial e a Igualdade de género aprovada pela UNESCO em 2003, instrumento que procura ser um gerador da diversidade cultural e garante do desenvolvimento sustentável, implica remover obstáculos, dar igual valor a homens e a mulheres, e potenciar a emergência de sectores de jovens mulheres criativas e dinâmicas. Na verdade os grupos mais jovens também acham importante haver grupos de mulheres porque, “é importante que (as mulheres) se envolvam no cante alentejano, e em todos os assuntos, da nossa sociedade. Mostrando assim que a mulher é tão “apta” para cantar como o homem”. Também elas gostam do Cante mas querem “mostrar uma imagem “leve” e simpática do cante alentejano” dizem-nos As Moças do Cante de Cabeça Gorda, à sua maneira. À questão que colocámos à partida: Haverá um Cante no Feminino, respondemos agora, que sim. Há um cante cantado por mulheres com uma forte ligação à rede dos grupos locais masculinos e não só, mas com autonomia na direcção e gestão. Os grupos de mulheres estão igualmente inseridos no terreno social e politico nomeadamente com colectividades locais, associações de jovens ou de idosos, mas também das Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais. São grupos que se inserem em toda a rede porosa da região. Estas mulheres residem nas sedes dos concelhos, nas aldeias distantes e montes alentejanos, deslocam-se para os ensaios por seus próprios meios e não desistem, embora a vida e os anos nem sempre as ajude.

masculinos, que deve ser alterado porque as vivências são diferentes. As mulheres poetisas devem ser estimuladas a escrever para o cancioneiro dos nossos dias. A escrita também é um lugar de afirmação das mulheres como autoras e de luta para dar voz às mulheres tirando da sombra as suas questões específicas. Os grandes temas do Cante continuam a ser o Alentejo, o amor de onde irradiam todas as vivências, o trabalho e sua dureza, a paisagem, a solidão, a beleza melancólica dos campos. Ainda que a mulher seja o núcleo central dos poemas é-o muitas vezes pelo lado prosaico da homenagem ao ‘eterno feminino’, que o passado eternizou. Poucos são os grupos que compõem os seus própriios temas. O cancioneiro tradicional, datado no tempo, continua a ser o principal recurso. Os ensaiadores são em geral homens…faltam mulheres. Mas “também homens” diz Joaquim Soares, “faltam pessoas que dominem o cante, que saibam trabalhar as vozes, “respirar e entoar no sítio certo”. O Cante Alentejano foi inscrito na Lista da UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade em 2014. O tempo é hoje de aprofundamento da história, feita toda ela por mulheres e homens. É tempo da luta pela preservação da tradição e da cultura, da salvaguarda desse património mas igualmente de busca de novas formas e repertórios que mantenham viva a mais nobre essência do Cante, que sempre esteve ligado ao trabalho e à afirmação de uma identidade cultural alentejana. A presença das mulheres no Cante alentejano começou a ser estudada e são muitos os que apontam para a necessidade de mais apoios e incentivos. Grupos mistos permitiram a integração de vozes femininas no conjunto e são grandes exemplos de valorização de todas as vozes. Outros surgem mistos para não morrerem. Persistem opiniões divergentes, tanto sobre a eficácia como sobre a beleza mas há consenso de que os grupos femininos têm um espaço próprio. Com este Projecto suscitámos a reflexão de investigadores e pessoas muito experientes ligadas ao cante. Estudos na área da Sociologia, etnomusicologia, antropologia cujos textos figuram no capítulo I, mas também estudos ligados à problemática do Património Cultural Imaterial e género permitem-nos propor às mulheres um empenhamento no sentido das comunidades e das políticas nacionais e locais reconhecerem o valor das mulheres e a sua especificidade nas vozes, nos repertórios, nos temas bem como o esforço para saírem do isolamento, da subrepresentação e da menor visibilidade. Políticas que combatam as desigualdades na vida em todas as esferas de participação e decisão. A nossa proposta desafiadora para o MDM e para todas e todos que connosco colaboraram vai no sentido de assumirmos maiores responsabilidades na aplicação da Convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Humanidade, através da sensibilização e cooperação e do desenvolvimento de novos projectos que valorizem a participação das mulheres na transmissão do Cante Alentejano. Todas as práticas são geradoras de novas práticas e a inovação neste campo passa por mais prática, melhor discussão, mais reflexão. Estamos em crer que o Cante das mulheres, e todo o Cante Alentejano, na sua dimensão económica e cultural joga um papel importante no desenvolvimento regional, no fortalecimento da democracia e do reconhecimento da igualdade como factor de bem-estar e cooperação entre todas e todos. Aos grupos corais, às investigadoras e a todos e todas que enriqueceram este debate os nossos agradecimentos.

Vemos que os repertórios não são diferentes entre os grupos masculinos e femininos mas a grande maioria são poemas feitos por homens que se dirigem às mulheres e onde são eles os portadores da palavra. Como dizia António Martins, Presidente da ADASA, há ainda o contágio da experiência mais antiga dos grupos

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CapĂ­tulo I

O Cante no Feminino: abordagens disciplinares

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Grupos corais femininos: desafios passados e futuros do Cante em grupo Sónia Moreira Cabeça 1

CIDEHUS/UÉ (UID/HIS/00057/2013 – POCI-01-0145-FEDER-007702)

O Cante Alentejano é um conjunto de “maneiras de cantar” próprias do Alentejo que admite e cultiva um conjunto de maneiras particulares, tidas como legítimas partes do Cante em que a diversidade é importante; uma estrutura melódica, uma poesia, um canto que assenta na excelência vocal dos seus executantes. Marca identitária do Alentejo, o Cante foi outrora presença quotidiana na esfera de sociabilidade dos alentejanos. Hoje, a sua imagética mais poderosa é o “grupo coral alentejano”. Nos anos que sucederam à sua invenção (no primeiro quartel dot século passado), estes grupos eram exclusivamente constituídos por homens que, cantando em fileiras cerradas, se tornaram um cânone que viria a ser concebido – erradamente – como o “verdadeiro” Cante: como se antes não tivesse havido toda uma geração de homens e mulheres para os quais a prática informal do Cante era regular e conjunta; como se anteriormente, fruto das contingências, a prática do Cante não decorresse informalmente no seio das comunidades alentejanas (cantando os “ranchos” no trabalho e para o trabalho, os homens na taberna, a família no lar, os participantes do baile e das festas locais e religiosas…).

1 Sónia Moreira Cabeça vive em Évora e é licenciada, mestre e doutorada em Sociologia. Membro Integrado do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades e da Cátedra UNESCO da Universidade de Évora, é investigadora do Projecto Dinâmicas do Cante desde 2008. Trabalhando no domínio da Etnossociologia, da Sociologia da Cultura e do Património, dedica-se, sobretudo, ao estudo do Cante Alentejano, das suas práticas, regras e colectividade de portadores. Em 2010 apresentou e publicou um texto sobre “A Mulher no Cante Alentejano” e no Dia Internacional da Mulher do presente ano (08/03/2016) concluiu o seu doutoramento com a apresentação da tese “Estrutura e Processo de Formação das Formas Culturais: o caso do Cante Alentejano”, aprovada com distinção e louvor.

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A nova história desfaz a memória. Mas a Mulher, apesar de arredada dos primeiros grupos corais, nunca deixou de cantar. Apesar da não visibilidade, do “decoro” imposto que impedia o acesso ao canto em grupo, a Mulher, confinada às práticas informais do Cante (no lar, nas festas, nos trabalhos do campo), sempre cantaria. Dizer, pois, que a Mulher “não pertence” ao Cante é ter fraca memória, não saber o que é o Cante. Com o 25 de Abril, momento de libertação social, de reivindicação da igualdade entre sexos no direito a cantar e a organizar-se em grupo, as mulheres conquistam o acesso total à prática pública do Cante. Proliferam os grupos femininos e mistos. Participando activamente na redefinição da organização social e das regras do Cante, a Mulher traz novos repertórios (modas que cantavam informalmente como modas de baile, coreográficas e cantigas ligeiras e do campo; as Janeiras, os Reis e o Cante ao Menino) e envolve-se no resgate de outras tradições (como os mastros, as comadres, as maias…), influenciando os cantadores. Pela primeira vez cantam em grupos orientados para o espectáculo e adaptam as suas vozes às modas que haviam sido forjadas no seio dos grupos outrora exclusivamente masculinos. Um desafio. No imediato, a presença das mulheres no canto organizado incute uma nova dinâmica na sociabilidade entre cantadores (a mulher acede a um espaço que lhe fora vedado) e impede que muitos grupos terminem por falta de elementos (constituindo grupos corais mistos).

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O impacto das “novas” mulheres cantadeiras é notável. O Cante ganha novos interpretes, novos repertórios, novas formas de cantar, novas regras, novas modalidades, novos entendimentos. Ganha, sobretudo, autonomia social e cultural, evidenciando toda a sua vitalidade, assumindo-se plenamente enquanto tradição viva capaz de se redefinir, de assimilar. A cultura vai-se construindo, decanta-se a cada tempo. Só uma tradição alicerçada nos seus portadores, que definem as suas regras e determinam a estrutura das suas práticas, sobrevive ao crivo do tempo. E hoje, mulheres e homens tornam-se os actores principais do Cante, mobilizando os seus recursos, organizando e apresentando à sua conta as suas diversas maneiras de cantar. É esta a contribuição da Mulher: um Cante autónomo, vivo. Resta um último desafio na demanda pela igualdade da Mulher cantadeira: o seu estatuto e o reconhecimento das suas qualidades excepcionalmente valiosas para a prática e transmissão do Cante. No Cante Alentejano, alguns elementos da colectividade de cantadores são reconhecidos como portadores de aptidões e conhecimentos essenciais para a continuidade da boa prática da tradição. São os “Mestre” do Cante Alentejano, estatuto sempre atribuído pela colectividade e nunca imposto (ou auto-imposto). O Mestre é geralmente um cantador de excepção que se assume como ensaiador do grupo coral a que pertence – orienta o grupo, escolhe pontos e altos, indica a forma de interpretar as modas, dispõe os elementos em filas, escolhe o repertório, dirige, representa – e é considerado de tal forma essencial que, na sua ausência, se procura um elemento externo. Foi, efectivamente, o que aconteceu nos grupos corais femininos, que contaram com a direcção de homens cantadores. Com a sua cuja longa experiência de militância em grupo, estes homens permitiram que os conhecimentos entretanto adquiridos no canto em grupo (escolha das modas adequadas às vozes, distribuição dos elementos em filas e todos os aspectos relacionados com a apresentação “espectacular” que a Mulher ainda não tinha vivenciado) fossem legados aos grupos femininos. Hoje, os cerca de quarenta anos de experiência que o canto em grupo conferiu à Mulher, por certo a dotou dessas aptidões e conhecimentos excepcionais determinantes para a boa prática do Cante em grupo. A Mulher canta, ensaia, dirige. É tempo, pois, de tratar estas mulheres, estas cantadeiras profundamente conhecedoras do Cante, por Mestre.

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2 Doutorada em Antropologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é investigadora no Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança, da mesma universidade, e bolseira de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), com o projecto:”A cultura expressiva na fronteira luso-espanhola: continuidade histórica e processos de transformação socioculturais, agentes e repertórios na construção de identidades” (https://culturaexpressiva.wordpress. com/sobre/).

3 Koselleck, Reinhart. 2006. Futuro Passado. Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto.

4 Castelo-Branco, Salwa & Branco, Jorge F. (org.) 2003. Vozes do Povo. A Folclorização em Portugal. Oeiras: Celta.

O Cante na raia do Baixo-Alentejo: experiências e expectativas Dulce Simões 2

Antropóloga, investigadora no Instituto de Etnomusicologia, Universidade Nova de Lisboa

A prática do Cante tem resistido aos desafios de uma sociedade em permanente transformação, e exprime uma tensão progressiva entre experiência e expectativa3. A experiência entrelaça diversos passados de uma prática que foi incorporada, representada, institucionalizada e transmitida por gerações e instituições. As experiências sobrepõem-se, impregnam-se umas nas outras, modificam-se e criam novas expectativas. A expectativa é o futuro construído no presente, que apenas pode ser previsto a partir das experiências dos grupos corais, cuja ação e intervenção são determinantes para o devir do Cante. Os tempos históricos do Cante estão associados à ação social e política, a homens e mulheres que juntos têm formas próprias de ação e esperanças que lhes são imanentes. Na memória colectiva dos cantadores e cantadeiras da raia do Baixo-Alentejo (Amareleja, Barrancos, Santo Aleixo da Restauração e Vila Verde de Ficalho) o canto era enquadrado nos quotidianos, nos tempos festivos e nos tempos de trabalho, marcando a sequência da vida no mundo rural. Na década de 1930 o processo de “folclorização” mobilizou mediadores, pessoas letradas com influência pessoal, política e económica a nível local, regional e nacional, que intervieram na selecção de cancioneiros, na adaptação de repertórios e na organização dos grupos4. A partir de 1933, no processo de adequação do Cante ao contexto político e cultural da ditadura, as casas do povo foram o espaço privilegiado para a formatação dos grupos corais alentejanos, como representações locais e regionais da Nação. Os estatutos da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) de 1935 determinavam uma educação estética de exaltação do rural, assente nos pilares do folclore e da etnografia, segundo um modelo nacionalista-ruralista-tradicionalista da cultura popular, a fim de legitimar o regime fascista e estabelecer um consenso social em torno de um conjunto de valores, imagens e representações. As elites alentejanas participaram no processo de doutrinação como mediadoras, organizando espectáculos e Festivais de Folclore para o público da capital. Localmente a prática do Cante permaneceu para além dos grupos formais, como elemento de sociabilidade e de resistência quotidiana aos poderes políticos e eclesiásticos. Os trabalhadores rurais cantavam nas ruas, sujeitos à repressão das autoridades, exigindo trabalho em frente das câmaras municipais ou das residências dos latifundiários. Em Vila Verde de Ficalho dedicavam cantos ao Menino, à porta da igreja, na Amareleja e Santo Aleixo da Restauração cantavam as Janeiras e os Reis pelas ruas, e no Carnaval afrontavam os poderes instituídos com os versos das Estudantinas (Amareleja e Barrancos). A partir da década de 1960, as transformações na agricultura e os consequentes fluxos migratórios alargaram a geografia emocional do Cante, na interação social entre as pessoas e os lugares, arrancando aos grupos locais os seus cantadores. Durante o processo revolucionário (19741976) o Cante foi resignificado e os grupos alargaram os espaços de actuação a comícios, manifestações e reivindicações dos trabalhadores, criaram “modas” claramente políticas, que correspondiam ao sentimento de esperança que cimentava o movimento da Reforma Agrária.

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A implementação das políticas comunitárias destruíram os “horizontes de expectativa” criados na experiência da Revolução, e a reconversão do espaço rural em espaço turístico agravou a desertificação do Alentejo, com o consequente envelhecimento e desactivação dos grupos. Ao abandono rural correspondeu o desaparecimento da memória colectiva, a que os poderes políticos contrapuseram uma memória social patrimonializada. Mas a partir dos finais da década de 1990 as mulheres assumiram um papel activo na renovação do Cante, recriaram repertórios, reinventaram festas e organizaram Encontros de Grupos Corais, animadas de um forte sentido lúdico e participativo, num movimento cultural que reconstrói a memória colectiva futura. As experiências passadas impregnaram-se umas nas outras, as esperanças foram descartadas e as decepções retroagiram com a candidatura do Cante a Património Imaterial da Humanidade.

O Cante no feminino em Santo Amador

O reconhecimento da UNESCO veio gerar “horizontes de expectativa” diferenciados, em função das experiências dos detentores da herança cultural e dos promotores da candidatura. As expectativas dos promotores direcionaram-se para a internacionalização do património cultural português, e para a oportunidade de interação do Cante com outras tradições polifónicas do mundo. As expectativas dos cantadores e cantadeiras prenderam-se com o reconhecimento e valorização dos grupos corais locais, e com os apoios necessários à sua continuidade, por dependerem das políticas culturais dos municípios. Na raia do Baixo Alentejo os grupos corais têm resistido, moldando-se e adaptando-se a novos impulsos e constrangimentos, que criam novas expectativas. A par dos planos de salvaguarda cantar é uma prática que atribui sentido à vida, no quotidiano das famílias, no convívio das sociedades e dos cafés, e nela se tece o futuro do Cante.

A decisão de encetar um processo que rompe com o social estabelecido é um desafio que tenuemente perdura. O Cante enquanto forma de expressão social e comunitária estava reservado aos homens, em grupos maiores ou menores, enquanto extensão da vida de taberna, enfatizando o trabalho, a luta, os amores e a opressão. As mulheres cantavam, em público apenas no trabalho, nas madrugadas a caminho da apanha do grão ou enchendo os cestos de azeitona. Uma forma de cantar alegre que ajudava a passar os dias quentes ou frios, extremos. Versa-se o campo, o namoro e os desamores, o trabalho, sempre o trabalho, na histórica luta dos trabalhadores alentejanos.

António José Martins 5

Geógrafo, Presidente da Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental de Santo Amador

Em 2000, um grupo de mulheres de Santo Amador, depois de conversas largas aqui e ali, decidiu que estava na hora de se juntarem a sério para formar um grupo coral feminino; mostrar que o Cante também é das mulheres e que a sua participação não poderia ser apenas nos aplausos emocionados ao ouvir o Grupo Coral da Casa do Povo, masculino. Depois de um ano de ensaios, pela mão de um homem, tiveram a primeira atuação em 27 de Outubro de 2001. Faz agora 15 anos, com personalidade definida e imagem renovada, o Grupo Coral Feminino da ADASA – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental de Santo Amador.

Licenciado em Geografia e Planeamento Regional pela Universidade Nova de Lisboa. Foi técnico de desenvolvimento local na Associação para o Desenvolvimento do Concelho de Moura, com trabalho na área do empreendedorismo, valorização dos recursos locais e interpretação do território. Foi gestor de projetos na Lógica – Sociedade Gestora do Parque Tecnológico de Moura, onde coordenou projetos nacionais e internacionais na área da ciência e tecnologia em energia. Atualmente é técnico superior na divisão de apoio ao desenvolvimento da Câmara Municipal de Moura. É presidente da ADASA – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental de Santo Amador, onde desenvolve trabalho na área do Cante Alentejano, valorização dos recursos endógenos, dinamização da comunidade, criação artística, juventude e recolha de património oral e material.

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Grupos corais na raia do Baixo Alentejo Amareleja: Grupo coral da Casa do Povo (1945) Grupo coral feminino “Espigas Doiradas” (1999) Grupo coral da Sociedade Recreativa Amarelejense (2007) Barrancos: Grupo coral “Arraianos de Barrancos” (1940? desativado) Grupo coral feminino “Vozes de Barrancos” (2015) Santo Aleixo da Restauração: Grupo coral da Casa do Povo (1939) Grupo coral feminino “Papoilas em Flor” (2003)

Mapa do Baixo Alentejo (fonte: bejadigital)

Grupo coral feminino “Sol da Vida” (2006) Vila Verde de Ficalho: Grupo coral “Arraianos de Ficalho” (1937) Grupo coral feminino “Flores do Chança” (2008)

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Ao se iniciar este processo, e numa tentativa de maior aceitação e inclusão social, o cante das mulheres reproduz a sonoridade e o conteúdo da forma do cante masculino, perdendo o seu carácter genuíno. O cante das mulheres transformou-se numa forma de imitação do cante masculino, mais arrastado, mais lento; os agudos do alto correspondiam à medida do masculino. As cantigas refletiam os trabalhos dos homens e eram cantadas experiências alheias às vivências das mulheres, com adaptação de versos. Era necessário iniciar um processo de reversão desta tendência, com a justa preservação da tradição e dignificação do cante no feminino. Recuperar esta identidade de cante no feminino tem-se assumido, nos últimos dois anos, como o maior desafio: devolver ao cante das mulheres o seu carácter. Tem sido um trabalho de fundo na recolha das letras e linhas melódicas e dos contextos em que se cantava, envolvendo as mulheres com mais idade no grupo (e fora dele), valorizando o seu contributo e incentivando o registo contínuo de informação essencial para a preservação de tão rico património, sobretudo oral. Neste processo, tem tido igualmente interesse a exploração do conteúdo das modas e das cantigas. O versar sobre a vida quotidiana rural, numa relação direta de observância do entorno, a que se associa comummente o Cante, pode, em muitos casos, ser muito mais do que apenas isso. A forma de cantar pode trazer ironia; os elementos naturais e hábitos versados podem significar muito mais do que a leitura direta. Os ambientes descritos de ida ao rio para lavar, à fonte, à monda, a maturação e apanha da azeitona, as flores dos canteiros e do campo, os pássaros e outros animais são, em não raros casos, eufemismos e metáforas, formas de comunicar situações amorosas, sociais e políticas de forma não explícita, pelo apertado contro-

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lo social e de liberdade de expressão, sobretudo no período da ditadura. Há ainda outros casos em que as modas versam, de forma alegre, ironicamente, desgostos amorosos, como é o caso da que foi recuperada recentemente e faz parte do repertório do Grupo: “rebatida, rebatida, rebatida na calçada/ o falso do meu amor já tem outra namorada/ já tem outra namorada/ já tem outra rapariga/ rebatida na calçada/ na calçada rebatida”, em que a expressão “rebatida” assume duplo sentido: a dedicação ao namorado que a trai pelo calcorrear constante da calçada, mas também a vergonha de ter sido traída e se sentir ao nível da calçada onde todos pisam. Esta é, também, uma linha de trabalho a desenvolver, para documentação. Recolher, registar, catalogar o património é importante. Mais importante é praticar este património vivo e cantar. Respeitando ritmos, é importante o encontro regular e periódico entre as mulheres para aperfeiçoamento do modo de cantar, mas também para a dignificação do processo de consolidação de um grupo coral feminino. Este encontro constitui-se, em comunidades como Santo Amador, ainda como um processo de empoderamento das mulheres, da valorização do seu papel social e pessoal, melhorando as suas competências, o seu sentido de comunidade e, em não raros casos, um processo terapêutico não prescrito de saúde comunitária. É neste processo de valorização comunitária e progresso social que se assiste à partilha de conhecimento e à renovação do Cante, pelo assegurar da sua continuidade com as novas gerações de cantadeiras. Neste processo foi importante a criação de novo traje, pela estilista Alda Moreira, que resume um conjunto de trajes tradicionais dos trabalhos do campo e domésticos e ainda festivos, com forte ligação à comunidade de Santo Amador, de associação simbólica essencial.

As Vozes… Paulo Lima

Antropólogo, Director da Casa do Cante

As vozes que se erguem nas mudas páginas de então são muitas vezes femininas. Raparigas que cantam com moços, num qualquer despique de baile ou de mastro, no regresso em rancho dos trabalhos dos campos ou vozes que se erguem nos quintais de Serpa nas madrugadas do Verão. São elas que tantas vezes cantam…

Vozes reconstrói-se apenas sobre a masculinidade das vozes, transformando-se no Cante Alentejano. A II Guerra Mundial é como que uma espécie de fronteira. Antes, temos a presença de homens e de mulheres. Depois, apenas homens. É na história individual dos ranchos e grupos, e de quem os suporta e enquadra, que podemos encontrar muitas das razões para esta história do género no Cante Alentejano. Após 1974, ao Cante Alentejano chegaram alterações. Tornou-se um canto aonde a canção social marca forte presença nos territórios a sul de Évora, acantonado tantas vezes nas Unidades Colectivas de Produção, as «agrárias», e aí as mulheres começam de novo a marcar presença. Autoras de modas e cantigas ou estando à frente de grupos infantis com ou sem enquadramento político, como muitos dos grupos de Pioneiros, emulação portuguesa das associações infanto-juvenis da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. E começam a surgir grupos exclusivamente femininos. No presente, e após pouco mais de cem anos da institucionalização da prática a que chamamos hoje Cante Alentejano, as questões de sobrevivência de muitos grupos corais sobrepõem-se às questões de género. Muitos grupos masculinos abrem-se à presença de mulheres ou estas cativam homens para os seus ranchos. A razão desta porosidade não está na procura de uma igualdade, mas antes no ermamento do território. Não há homens, não há mulheres. Lugares que há 30 anos tinham gente suficiente para ter grupos femininos e masculinos, e também infantis, hoje mal suportam um grupo misto. Faltam os estudos de género e das mulheres no Cante Alentejano. Muitas razões podem ser apontadas para o silêncio tantas vezes ensurdecedor das mulheres no Canto às Vozes, mas muitas delas são extraordinariamente simplistas. É por isso de louvar esta iniciativa do Movimento Democrático das Mulheres. A discussão que abriu importa ser continuada e aprofundada. Mas importa entrelaçar as vozes, entender que para lá do Ponto, do Alto e Baixo existem outras vozes. A inscrição do Cante Alentejano pela UNESCO na Lista representativa do património cultural imaterial abre um coro de possibilidades. As questões de género estão agora dentro do presente e do futuro do Cante Alentejano. A isso estamos obrigados e não seja a igualdade de género um direito universal.

Mais tarde, os colectores captam vozes para lá da janela das masmorras. São homens, presos, que cantam a troco do comer… Os ranchos corais, que advinham-se nas imagens a preto e branco, têm homens e têm mulheres. Muitos grupos são também coreográficos. Os bailes de cadeia fazem parte da sua presença. Musicólogos levam do sul transtagano grupos mistos. Quando noutras geografias de Portugal os ranchos folclóricos se constroem com a presença masculina e feminina, no Alentejo mais a sul, o Canto às

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Capítulo II

As Jornadas sobre o património cultural Imaterial e a Igualdade de Género

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Com a presença de Grupos Corais Femininos, investigadores/as e agentes locais desenrolaram-se estas Jornadas a 30 de Abril, na Casa do Alentejo em Lisboa, a 14 de Maio na Casa do Cante em Serpa, a 22 de Maio no Auditório António Chaínho em Santiago do Cacém e a 28 de Maio no Palácio D. Manuel em Évora. Participaram vinte grupos de mulheres e um misto que cantaram e falaram da sua história, da sua luta para se organizarem e poderem finalmente pisar os palcos e cantar. Através de questionários que enviámos a todos os grupos recenseados na Casa do Cante recebemos vários contributos que directamente nos revelam as amarguras e a tristeza, parcelas de vidas duras cheias de sofrimento e exploração mas onde o cante alimenta o sonho e traz forças para vencer. Foi nosso propósito promover encontros de grupos corais de Cante feminino como forma de valorizar o Cante das mulheres, recolher os relatos das experiências e histórias vividas pelas mulheres e perceber as expectativas da comunidade sobre os corais femininos. Foi uma oportunidade para conhecer as suas potencialidades e os desafios que se colocam para a afirmação das mulheres num Alentejo onde o envelhecimento demográfico e a desertificação vão de mãos dadas, onde a baixa natalidade e a emigração de jovens é preocupante. Uma terra onde a vontade e a experiência de luta estão enraizadas desde os árduos tempos em que o trabalho do campo era de sol a sol. Na Casa do Alentejo em Lisboa estiveram presentes e actuaram os seguintes Grupos: As Moças do Cante de Cabeça Gorda, As Ceifeiras do Semblana de Almodôvar, As Ceifeiras de Pias, Grupo Coral Feminino Etnográfico As Papoilas do Corvo de Castro Verde, Grupo Coral Feminino Cantares das Alcáçovas e Grupo Coral Feminino As Madrugadeiras do Alvito. A Mesa do debate foi composta por Regina Marques e Maria Alberto Branco da Direcção do Movimento Democrático de Mulheres, pelo Presidente da Casa do Alentejo João Proença e pela Investigadora Dulce Simões do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança da Universidade Nova de Lisboa.

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Na Casa do Cante em Serpa estiveram presentes e actuaram na Praça da República, junto à Câmara Municipal de Serpa, o Grupo Coral Feminino As Rosinhas de Santa Clara do Louredo, o Grupo Coral Feminino Papoilas em Flor de Santo Aleixo da Restauração, o Grupo Coral da Academia Sénior de Serpa, o Grupo Coral Flores do Campo de Almodôvar, o Grupo Coral Feminino Madrigal de Vila Nova de São Bento e o Grupo Coral Feminino Cantadeiras de Essência Alentejana de Almada. O debate teve a presença do Presidente da Câmara Municipal de Serpa, Eng.º Tomé Pires, e de Paulo Lima, Director da Casa do Cante de Serpa, da Professora Maria do Rosário Pestana, do Departamento de Comunicação e Artes da Universidade de Aveiro e de Regina Marques, da Direcção Nacional do MDM.

No Palácio D. Manuel em Évora, houve a presença e actuação dos seguintes grupos: Grupo Coral Feminino e Etnográfico Paz e Unidade de Alcáçovas, Grupo Coral Feminino As Margaridas de Peroguarda e o Grupo Coral Feminino Espigas Douradas de Amareleja. O debate teve a intervenção de Sandra Caeiro e de Regina Marques do Movimento Democrático de Mulheres, de Eduardo Luciano, Vereador da Câmara Municipal de Évora, de Joaquim Soares, ensaiador e fundador do Grupo de Cantares de Évora, de Sónia Cabeça, investigadora no CIDEHUS da Universidade de Évora e de Mara, cantora, natural de Arraiolos. Contou ainda com a intervenção dos grupos presentes.

No Auditório Municipal António Chaínho em Santiago do Cacém actuaram os grupos corais Ceifeiras do Malavado de Odemira, Grupo Coral Feminino de Santo Aleixo da Restauração Papoilas em Flor, Grupo Coral Feminino As Flores do Alentejo de Cuba, Grupo Coral Feminino da ADASA de Santo Amador, Grupo Coral Misto de Alfundão, Grupo Vozes Além’Tejo de Santo André e Grupo Coral Feminino Flores do Chança de Vila Verde de Ficalho. O debate aberto ao público contou com a intervenção de Maria Alberto Branco e de Regina Marques do Movimento Democrático de Mulheres, de Maria do Rosário Pestana, professora de Etnomusicologia da Universidade de Aveiro e ainda do Vereador Norberto Barradas da Câmara Municipal e dos Grupos Corais presentes.

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CapĂ­tulo III

Os grupos participantes: traços e perspectivas

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As Moças do Cante “Somos mulheres Somos alentejanas Somos as Moças do Cante”

Local de origem – Cabeça Gorda, Beja Data de Formação – 1 de Setembro de 2014 Número de elementos – 16 Idades – Entre 13 e 28 anos Actuações – 1 ou 2 por mês, principalmente no Alentejo. Ensaiador(a) – Pedro Mestre Temas principais – Alentejo, Amor. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – Transporte Apoios – Associação de Jovens Carpe Diem e Junta de Freguesia de Cabeça Gorda e Câmara Municipal de Beja Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “É importante que se envolvam no cante alentejano em todos os assuntos, da nossa sociedade. Mostrando assim que a mulher é tão “apta” para cantar como o homem. O que motivou a formação do grupo - “O gosto pelo cante, mostrar uma imagem “leve” e simpática do cante alentejano”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “Naquilo que depender de nós, é continuar com o nosso trabalho, dar a conhecer o grupo cada vez mais, se possível além-fronteiras”.

Responsável - Ana Rita Penacho

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Grupo Coral Feminino As Madrugadeiras Local de origem – Alvito Data de Formação – 1 de Junho de 2007 Número de elementos – 14 (metade dos elementos reside em Vila Nova da Baronia) Média de idades – Entre 50 e 77 anos Actuações – Em todo o País, Alentejo, Algarve e Lisboa. O número de actuações depende; houve anos com vinte actuações e outros entre 12 e 15 vezes. Não usam instrumentos Ensaiador(a) – Sim, Sr. Manuel Cansado Temas principais do repertório – Alguns temas do repertório são compostos pelo ensaiador. São temas dedicados ao Alvito e a Vila Nova da Baronia e outros ao trabalho dos alentejanos no campo. “Não recorremos ao Cancioneiro Tradicional. Cantamos algumas modas tradicionais do nosso Alentejo. Algumas das canções que cantamos têm como principal objectivo a divulgação dos usos e costumes do nosso concelho… algumas canções referem-se à agricultura, às flores da coampo, aos passarinhos, ao amor, ao abandono do Alentejo, e muitas outras que nos trazem à memória o que o Alentejo era antigamente e o que é hoje”. Dificuldades – Para os ensaios, o ensaiador é quem suporta as despesas com a carrinha de nove lugares. Apoios – Grupo Desportivo e Cultural de Alvito (sede dos ensaios) e Câmara Municipal de Alvito (transportes) Acham importante a composição de grupos só de mulheres – Sim. “ acho interessante e dignificante a composição de grupos corais femininos pois as mulheres são seres iguais aos homens, por isso devem beneficiar dos mesmos direitos, não só no Cante como noutras actividades. Como muita gente sabe os grupos de mulheres só começaram a ser formados depois do 25 de Abril. Antes só cantavam nos ranchos no trabalho do campo. Antes do 25 de Abril de 1974 as mulheres eram muito discriminadas. Bendita a Revolução dos Cravos”. O que motivou a formação do grupo – A motivação deve-se à grande força de vontade de duas senhoras que são a Maria Gertrudes Cansado e a Maria Inácia Beguino. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “ É tudo fazer para manter o grupo em actividade e arranjar mais alguns elementos para o grupo. Tenho perspectivado para este ano um encontro de grupos corais só de mulheres, para tentar incentivar outros grupos a fazerem o mesmo”

Responsável pelo Grupo e pelo texto - Manuel José Saldanha Cansado

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Grupo Coral Feminino Cantares de Alcáçovas Local de origem – Alcáçovas Data de Formação – 31 de Maio de 2001 Número de elementos – 12 Média de idades – Mais ou menos 68 anos Actuações – Actuam onde são convidadas, com frequência média de vinte cinco saídas anuais. Ensaiador(a) – Joaquina Gaiato. A ensaiadora compõe alguns temas. Só vozes, não usam instrumentos Temas principais – Recorrem ao cancioneiro tradicional alentejano. Têm repertório de modas alentejanas. Os temas são cantados conforme a situação no Alentejo, a crise económica, a vida no campo. Dificuldades – Às vezes falta transporte e falta de pessoas. Começam a ser pessoas com certa idade. Apoios – Câmara Municipal de Viana do Alentejo (autocarro e sede para os ensaios) Acham importante a composição de grupos só de mulheres – Sim, “porque as mulheres também podem cantar”. O que motivou a formação do grupo – As mulheres reuniram e começaram a cantar. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino –“Temos esperança que apareça juventude e o Cante no Feminino é uma mais valia”

Responsável - Custódia Serafim

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As Ceifeiras de Pias Local de origem – Pias, Serpa Data de Formação – 2 de Agosto de 2009 Número de elementos – 18 Média de idades – Não preenchido Actuações – Principalmente no Alentejo, Lisboa e Algarve, quase todas as semanas Ensaiador(a) – Só pontualmente Temas principais do repertório – Campo, Mulheres, Amor, recorrendo ao Cancioneiro. Só tem uma moda composta para o grupo por uma poetisa local. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – Pagamento do transporte Apoios – Junta de Freguesia de Pias e Câmara Municipal de Serpa Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “Sim, a tonalidade das vozes é diferente da dos homens e nos grupos mistos não é dado o “devido” valor às vozes das mulheres. Em termos sociais, é muito importantes as mulheres terem actividades que as retirem à monotonia das obrigações do tratar da casa e da família. No caso deste grupo, há mulheres que se não fosse o cante, não saíam de casa para fazer nada”. O que motivou a formação do grupo - “Cantar em grupo era uma coisa que não implicava investimento, nem grande aprendizagem, pois a maioria tinha cantado nos campos. É mais uma vez a questão social, o gosto por fazer algo diferente”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “Vai depender das mulheres e da vontade de continuarem a cantar em grupo, organizado. Apesar do cante alentejano ter cada vez mais visibilidade, o cante no feminino aparece muito pouco e no caso do nosso grupo podemos afirmar que o número de solicitações desceu desde que o Cante passou a património”.

Responsável - Mariana Cristina Borralho

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As Ceifeiras da Semblana Local de origem – Semblana, Almodôvar. Data de Formação – 2002. Número de elementos – 14 Média de idades – 43 anos (entre 14 e 72 anos). Actuações – Até treze vezes na época estival, principalmente no Centro e Sul do País. Ensaiador(a) – António Pinto Temas principais do repertório – Recorrem ao Cancioneiro e cantam temas ligados aos antepassados, desigualdades sociais, ligações amorosas. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – Não têm, nem para as saídas nem para os ensaios. Apoios – Junta de Freguesia da Semblana e Associação de Ceifeiros da Semblana (financeiros), Centro Cultural do Povo da Semblana (ensaios) e Câmara Municipal de Almodôvar (transportes). Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “É interessante pelo prazer de cantar e juntar o som de vozes femininas”. O que motivou a formação do grupo – “A união das mulheres da Semblana com a finalidade de cantar”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “A continuação do Cante Alentejano feminino, e como actividade lúdica após os empregos”.

Responsável – Ana de Jesus

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Grupo Coral Feminino e Etnográfico As Papoilas do Corvo * As “Papoilas” são oriundas da aldeia de A-do-Corvo em Castro Verde. Com o objetivo de preservar as mais ancestrais tradições vocais da região, fundaram em 2001 este grupo coral. Em 2006, lançaram o seu primeiro trabalho discográfico, “Zuca Zuca”. O Cante Alentejano está-lhes no sangue. Sempre cantaram, aprenderam com pais e avôs. Recordando que “Naquele tempo cantava-se muito. Cantava-se em todo o lado. Era uma festa!”. As modas do seu repertório, são únicas na região, mas encontravam-se há muito esquecidas. O seu repertório assenta também em modas que se dançam. Apresenta-se trajado com uma farda representativa do trabalho do campo, nomeadamente a ceifa e a monda. Num esforço de preservação da imaterialidade deste património oral da região, Pedro Mestre, ensaiador do grupo, iniciou um trabalho de recolha destas mesmas “modas” e compôs o atual repertório do grupo coral as “Papoilas” que assenta sobretudo em Modas de Baile. As suas actuações são repletas de tradição e alegria, e deitam por terra a ideia que no Alentejo não existem danças tradicionais, pois nesta região sempre se dançou. Dos bailes de rodas, às danças de jogo, as “Papoilas” mostram um outro Alentejo em apresentações únicas e originais, as quais incluem oficinas de Modas e Danças Tradicionais. * Conforme site da Camara Municipal de Castro Verde

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Grupo Coral Feminino Papoilas em Flor Local de origem – Santo Aleixo da Restauração, Moura Data de Formação – 10 de Junho de 2002 Número de elementos – 15 Média de idades – 65 anos Actuações – No Alentejo, dez vezes no ano. Ensaiador(a) – Ana Marques Temas principais do repertório – Recorrem ao Cancioneiro tradicional e têm composições próprias feitas pela ensaiadora. Dificuldades – Não têm Apoios – Casa do Povo de Santo Aleixo da Restauração (ensaios) e Câmara Municipal de Moura ( transportes) O que motivou a formação do grupo – Foi o gosto pela música tradicional Responsável: Ana Marques Silva

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Grupo Coral Flores do Campo Local de origem – Almodôvar Data de Formação – 4 de Setembro de 2010 Número de elementos – 15 (inicialmente 25) Média de idades – 48 anos (entre 9 e 86 anos). Actuações – Centro e Sul do País, principalmente durante o Verão e Cante ao Menino no Natal. Ensaiador(a) – Joaquim Conceição Brás. Temas principais do repertório – Recorrem ao Cancioneiro. O ensaiador faz adaptações e arranjos de algumas modas, e cantam temas ligados ao Alentejo. “Cada terra com o seu uso”. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – “Às vezes. Por questões de saúde, outras vezes por razões de ordem profissional, mas sempre que possível damos a volta”. Apoios – Junta de Freguesia de Almodôvar e Câmara Municipal de Almodôvar (financeiros e transportes). Acham importante a composição de grupos só de mulheres – “Sim, o sol quando nasce, nasce para todos. Tal como os homens, as mulheres também gostam de divulgar o Cante alentejano”. O que motivou a formação do grupo – “Foram incentivadas pela existência de outros grupos e primeiro foi por brincadeira mas o gosto pelo cante acabou por vencer”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “O gosto pelo Cante, a boa vontade e a disposição vai dar-nos força para continuarmos o desenvolvimento e a divulgação do cante alentejano”.

Responsável: Bete Cristina

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Grupo Coral Feminino

“As Rosinhas” de Santa Clara de Louredo

Local de origem – Santa Clara de Louredo, Beja Data de Formação – Março de 2010. Primeira atuação dia 10 de Junho de 2010 Número de elementos – 14 Média de idades – 60 anos Actuações – Alentejo e Lisboa Ensaiador(a) – Não tem Temas principais do repertório – Recorrem ao Cancioneiro tradicional. Fazem algumas adaptações e arranjos de algumas modas, e cantam temas antigos ligados ao trabalho no campo, mas também ao Alentejo, os amores e desamores e a natureza. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – Falta de ensaiador mas ensaiam todas as semanas sempre com a mesma motivação. Para as saídas têm falta de transportes . Apoios – Junta de Freguesia de Santa Clara de Louredo. Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “Sim, acho que as vozes dos homens são mais fortes e fazem com que as vozes das mulheres não se destaquem tanto. Eu, pessoalmente e embora goste de ouvir alguns grupos mistos, prefiro.” O que motivou a formação do grupo –“O sonho de constituir um grupo em Santa Clara do Louredo era já falado há alguns anos mas ninguém tinha a “coragem” de o fazer. Eis que surge uma rapariga filha da terra que no curso de animação sócio-cultural da ESE de Beja resolveu trabalhar na criação de um grupo coral com a Junta de freguesia (…) A partir dessa data nunca mais parámos e sempre com a mesma motivação, a divulgação do nosso cante, da nossa tradição e das nossas raízes (…) ”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “A união entre todos os elementos do grupo e o apoio de todas as entidades. Como se sabe temos de fazer sacrifícios, para conseguirmos estar presentes nos ensaios, nas saídas e nas reuniões e isso por vezes não é muito fácil, deixamos para segundo plano a família e a casa. Mas se houver gosto pelo que se faz e alguma compreensão e apoio por parte das entidades, consegue-se, e com esse envolvimento de todos há uma maior divulgação e desenvolvimento do nosso cante”.

Responsável: Vitória Leandro

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Grupo Coral da Academia Sénior de Serpa Data de Formação – 2010. Actuou em público pela primeira vez, em 2011, no Cortejo Histórico-Etnográfico de Serpa. Número de elementos – 18 Apresenta-se com Trajes Domingueiro, ceifeira, mondadeira, apanhadeira de azeitona Ensaiador – Pedro Mestre

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Grupo Coral Cantadeiras de Essência Alentejana Local de origem – Alentejanas residentes em Almada Data de Formação – 19 de Dezembro de 2005 Número de elementos – 24 Idades – Entre 50 e 86 anos Actuações – No País mas principalmente no Alentejo Ensaiador(a) – Não assinalam Temas principais – Cantam modas do cancioneiro tradicional e de poetas alentejanos. Cantam Modas alentejanas, temas de trabalho, de amor e cânticos religiosos. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – Transportes para saídas. Usam muitas vezes carros próprios no concelho. Apoios – Associação das Colectividades e Câmara Municipal de Almada. Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “Sim, as mulheres tantas vezes esquecidas e que tanto lutam e trabalham têm que fazer ouvir a sua voz”. O que motivou a formação do grupo - “Um grupo de mulheres que em Almada não quiseram esquecer as suas raízes e tradições”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino –“Não só levar o cante pelo País, começamos a levar o cante às escolas básicas assim como os nossos usos e costumes”.

Responsável – Nazaré Avó

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Grupo Coral Feminino de Santo Amador – ADASA Local de origem – Santo Amador, Moura Data de Formação – 1ª actuação: Novembro de 2011 Número de elementos – 19 Média de idades – Ronda os 60 anos (entre 38 e 75 anos) Actuações – Sobretudo Alentejo e Grande Lisboa, em média duas vezes por mês Ensaiador(a) – Existe a figura de coordenador com responsabilidade partilhada com todos os elementos na escolha do repertório. Temas principais – Recorrem ao cancioneiro tradicional. Cantam modas de trabalho, da apanha da azeitona, ceifa, monda do trigo e da colheita do grão-de-bico. Também fazem parte do repertório outros temas: a natureza, o amor, a paisagem. Muitas modas são compostas por membros do grupo, sendo o trabalho de afinação colectivo. O grupo ensaia regularmente, adaptando o repertório a cada actuação dedicada ao momento. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – As dificuldades maiores são nos transportes. Apoios – ADASA (Associação de defesa do património cultural e ambiental de Santo Amador) e Câmara Municipal de Moura (transportes). Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “Sim, pelo processo de participação, pelo conjunto de vozes, pelo repertório dos trabalhos historicamente mais femininos”. O que motivou a formação do grupo – “A preservação da memória. A valorização do papel da mulher e incentivo da sua participação na vida social e comunitária”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino –“O Cante no Feminino precisa de sair da cópia dos grupos masculinos. A memória evidencia contextos diferentes do cantar, também nos temas e nas composições. É importante trabalhar essa afirmação. O Grupo Coral Feminino de Santo Amador continuará a trabalhar no processo de recolha de modas e da dignificação do Cante no feminino. A recolha de informação dos contextos de cante é uma das áreas de intervenção. Aposta-se no rejuvenescimento do grupo”.

Responsável: António Martins

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Grupo Coral Feminino Flores do Alentejo Local de origem – Cuba Data de Formação – Setembro de 1986 Número de elementos – 14 Idades – Entre 50 a 70 anos Actuações – Em qualquer zona, nas datas festivas e onde nos convidam Ensaiador(a) – Não têm Temas principais – Recorrem ao cancioneiro tradicional e não tem composição própria. Os temas têm a ver com a emigração, a família, o trabalho, o Alentejo. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – Não têm Apoios – Junta de Freguesia e Câmara Municipal de Cuba. Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “Sim, porque retratam a nossa vida” . O que motivou a formação do grupo - “O convívio e o gostar do cante, mostrar as nossas raízes”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino –“Ser mais divulgado e a juventude não ter vergonha das suas raízes”.

Responsável: Mariana Casaca Guerreiro

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Ceifeiras do Malavado Local de origem – Malavado, S. Teotónio, Odemira Data de Formação – 19 de Junho de 2005 Número de elementos – 6 Média de idades – entre 60 e 70 anos Actuações – Actuam onde são convidadas, vinte actuações por ano Ensaiador(a) – Sim. Não especificado Temas principais – Têm uma poetisa que faz as letras para o grupo. Recorrem por vezes ao cancioneiro tradicional. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – Não ter transporte próprio Apoios – Têm apoios sem especificar Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “Sim, porque o Cante não tem sexo”. O que motivou a formação do grupo - “Porque sempre gostámos de cantar “. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “que tenhamos sempre força para continuar e nos ajudar!”.

Responsável – Maria da Piedade Marcelino

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Grupo Coral Misto de Alfundão Local de origem –Alfundão, Ferreira do Alentejo Data de Formação – Abril de 2006 Número de elementos – 18 Média de idades – Não refere Actuações – Por todo o país, mas principalmente Baixo Alentejo, entre seis a dez actuações Ensaiador(a) – António Vitor Doroteia Temas principais – O vasto repertório do Cancioneiro tradicional alentejano. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – Principalmente nos transportes para deslocações estão sempre dependentes da Câmara Municipal. Apoios – Junta de Freguesia de Alfundão e Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “O grupo nasceu só com mulheres mas dadas as circunstâncias da vida foram-se perdendo elementos e tivemos que recorrer a ajuda de elementos masculinos para dar continuidade ao grupo”. O que motivou a formação do grupo - “O gosto pelo cantar alentejano, todos os elementos eram trabalhadores do campo e daí o gosto pelo cantar alentejano”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “As minhas perspectivas não são as melhores pois cada dia que passa são menos os elementos que se disponibilizam para participar, os mais novos vão a 2 ou 3 ensaios e não voltam mais, mas espero estar enganado para bem do Grupo”.

Responsável pelo grupo e pelo texto: António Vitor Doroteia

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Grupo Coral Vozes Alem’ Tejo Local de origem – Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém Data de Formação – 19 de Novembro de 2014 Número de elementos – 20 Idades – Entre 50 e 72 anos Actuações – Abaixo do Tejo até Algarve, duas a três actuações por mês Ensaiador(a)– Adelaide Lemos, que também compõe alguns temas que cantam Temas principais – Recorrem ao cancioneiro tradicional alentejano, têm 60 temas ligados ao amor, à vida no campo e ao trabalho, sendo os principais as ceifeiras e os alentejanos. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – A maior dificuldade é o transporte. Apoios – Junta de Freguesia de Vila Nova de Santo André (ensaios), Câmara Municipal de Santiago do Cacém (transportes). Usam também carros próprios. Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “Sim, a mulher tem que ter mais expressão no cante alentejano, ela é mãe, é mulher e esposa. Ela com a sua voz embala os filhos, ela é guerreira, por isso através do cante exprime sentimentos”. O que motivou a formação do grupo - “Todas somos alentejanas e a tradição do Cante corre nas nossas veias”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “Recriar as tradições do Alentejo através do Cante ”.

Presidente – Adelaide Lemos

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Grupo Coral Feminino Flores do Chança Local de origem – Vila Verde de Ficalho, Serpa Data de Formação – 18 de Outubro de 2008 Número de elementos – 21 Idades – Entre 34 e 80 anos Actuações – De Lisboa ao Algarve, 2 a 3 vezes por mês Ensaiador(a) – Sr. Marta Temas principais – Têm uma colega do grupo que faz as letras para o grupo e cantam modas antigas. Recorrem também ao cancioneiro tradicional. São temas ligados ao trabalho do campo e ao Alentejo. Cantam “ à nossa terra e à nossa padroeira”. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – Por vezes, falta de transporte. Apoios – Sociedade Recreativa 1º de Dezembro e Junta de Freguesia Vila Verde de Ficalho e Câmara Municipal de Serpa. Acham importante a composição de grupos só de mulheres – “Sim porque o cante alentejano é um património que também pertence às mulheres”. O que motivou a formação do grupo - “Porque gostamos de cantar e para mostrar ao País que o Alentejo também existe “. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “Que o cante alentejano no feminino possa ter o valor que os grupos masculinos têm”.

Responsável – Margarida Castelhano

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Grupo Coral Etnográfico Feminino As Margaridas Local de origem – Peroguarda, Ferreira do Alentejo Data de Formação – 24 de Novembro de 1998 Número de elementos – 13 Idades – Entre 50 e 80 anos Actuações – Actuam onde são convidadas Ensaiador(a) – Não têm Temas principais – Recorrem ao cancioneiro tradicional alentejano, temas religiosos, do trabalho, as Janeiras, o Alentejo. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – “A maior dificuldade é que alguns dos elementos não assumem que andar no cante é uma responsabilidade e por qualquer coisa faltam aos ensaios e também às saídas”. Apoios – Para saídas e ensaios Câmara de Ferreira do Alentejo e União das Juntas Alfundão e Peroguarda. Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “Acho interessante pelas roupas que são usadas tal como vestiam antigamente. Faço parte de um grupo misto mas acho que é muito difícil misturar vozes de homens com as das mulheres. Aprecio mais um grupo só de homens ou só de mulheres, porque as vozes soltam-se com mais à-vontade”. O que motivou a formação do grupo - “Peroguarda sempre foi ligada ao Cante… a certa altura as mulheres que também gostavam de cantar entenderam que tinham que formar um grupo feminino e assim foi tudo combinado numa aula de alfabetização de seniores”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “Precisávamos de ter mais mulheres jovens a aderir aos grupos antigos”.

Presidente – Virgínia Maria Martins Frazão Coroa Dias

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Grupo Coral Feminino Espigas Douradas da Casa do Povo da Amareleja Local de origem – Amareleja, Moura Data de Formação – 6 de Junho de 1999. O primeiro ensaio foi a 19 de Maio de 1999 e a estreia a 26 de Julho Número de elementos – 12 Idades – Entre 13 a 60 anos Actuações – Alentejo, Lisboa, Faro e Espanha Ensaiador(a) – Sr. Joaquim Temas principais – Recorrem ao cancioneiro tradicional mas o ensaiador faz as modas. Os temas têm a ver com o trabalho, “ a nossa terra”, o religioso pelo Natal. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades – Não têm Apoios – Casa do Povo e Junta de Freguesia da Amareleja e Câmara Municipal de Moura. Acham importante a composição de grupos só de mulheres - “Sim, pela nossa liberdade”. O que motivo a formação do grupo - “O convívio e o gostar do cante, mostrar as nossas raízes”. O grupo nasceu com a ideia de duas alunas da 4ª classe e respectiva professora. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino –“Divulgar o nosso Cante”.

Responsável - Mariana dos Anjos Paulino

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Grupo Coral Feminino e Etnográfico Paz e Unidade Local de origem – Alcáçovas, Viana do Alentejo Data de Formação – 30 de Abril de 2000 Número de elementos – 26 Média de idades – 57 anos Actuações – Essencialmente na Região do Alentejo mas também noutras zonas do país do norte ao Algarve, Madeira e Praga na República Checa em 2008. Têm ligações com grupos corais alentejanos e intercâmbios regulares com o grupo da Casa do Povo de Curral das Freiras na Madeira. Têm tido actuações na televisão e em eventos de grande projecção como o Got Talent Portugal 2015. Ensaiador(a) – Maria Gertrudes Garcia Temas principais – Recorrem ao cancioneiro tradicional alentejano e aprendem modas com os mais velhos mas dois elementos do grupo fazem algumas letras. Cantam muitas modas mas os temas do repertório são em geral O Alentejo, os trabalhos do campo, a beleza dos campos como as flores, os passarinhos. Só vozes, não usam instrumentos. “O cante alentejano, na sua essência, é à capela”. Dificuldades – Sobretudo, quanto a transportes. “Às vezes também nos falta o tempo”. Com a participação em eventos televisivos e o Cante na lista do Património Imaterial da Humanidade as solicitações mais que triplicaram e, por vezes, tem 4/5 actuações num fim-de-semana. Apoios – Associação Cultural e Recreativa Alcaçovense (logística) e Câmara Municipal de Viana do Alentejo (transportes). Acham importante a composição de grupos só de mulheres – “As mulheres sempre cantaram no trabalho, na ida para o trabalho e na vinda do trabalho. Só quando o trabalho do campo começou a escassear é que a mulher se viu privada do seu papel de intérprete porque não tinha acesso ao espaço onde o cante começou a ter lugar - a taberna. Após o 25 de Abril, foi possível à mulher organizar-se para ensaiar e voltar a cantar em grupo, agora de forma mais formal, em palco”. O que motivou a formação do grupo – “O grupo formou-se por incentivo do Pároco Salvador Dias Terra, que incumbiu a Maria Gertrudes de ensaiar um grupo para cantar na festa de encerramento do jubileu do ano 2000, no Santuário de Nª Srª de Aires. O grupo, a partir daí não parou mais”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “Penso que com a inscrição do Cante na Lista do Património Imaterial da Humanidade da UNESCO e, se houver da parte das Entidades ligadas ao Cante, um trabalho de salvaguarda do mesmo, o Cante no Feminino naturalmente tem futuro, poderá crescer e aperfeiçoar. Sou da opinião que só preservando a cultura e a tradição sem” vergonha ou pudor” é que podemos melhorar. Há grupos femininos que se apresentam mal, quanto a mim. Malas ao ombro, sandálias, saias curtas… coisas que não representam o nosso passado que queremos preservar. Quanto ao meu grupo, penso que irá crescer mas só o tempo dirá. A vida dos grupos tem sempre altos e baixos e com 26 elementos, às vezes não é fácil”.

Responsável pelo grupo e texto: Maria Gertrudes Garcia

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Grupo Coral Feminino da Casa do Povo de Nossa Senhora das Neves 2

Local de origem – Nossa Senhora das Neves, Beja Data de Formação – 23 de Agosto de 2004 Número de elementos – entre 16 e 18 Média de idades – 61 anos. A mais nova tem 12 anos e a mais velha 84 anos. Actuações – Actuam 12 a 15 vezes por ano Ensaiador(a) – Uma das senhoras ensaia o grupo com a ajuda do presidente da direcção da Casa do Povo. Temas principais do repertório – Recorrem maioritariamente ao Cancioneiro tradicional. Alguns temas são letras feitas pelo grupo, aplicadas a músicas do Cancioneiro tradicional. Normalmente quem compõe é o presidente da Casa do Povo, Jorge da Mata. O principal tema é o Alentejo - suas paisagens, trabalho agrícola, relações entre as pessoas.

Grupo Coral Rosas de Março 1

Dificuldades – “Não nos deparamos com quaisquer dificuldades, neste sentido, pois temos instalações próprias e transportes e motoristas sempre

Local de origem – Ferreira do Alentejo

disponíveis”.

Data de Formação – 26 de Março de 2001

Apoios – para as deslocações têm duas viaturas de nove lugares, uma da

Número de elementos – 16

Casa do Povo e outra da Junta de Freguesia de Nossa Senhora das Neves.

Média de idades – 66 anos

Para deslocações maiores, pedem o autocarro da Câmara Municipal de Beja.

Actuações – Em várias zonas. Com muita frequência.

Para os ensaios deslocam-se a pé e os elementos que residem nos montes

Ensaiador(a) – Não tem

deslocam-se em viatura própria, sem apoios.

Temas principais do repertório – Recorrem ao Cancioneiro. Cantam temas

Acham importante a composição de grupos só de mulheres – “Acho muito interessante. Aliás, os grupos devem ser só de homens ou só de mulheres porque o tom de voz muda, conforme o género o que torna, às vezes, difícil, conciliar as vozes de homens e mulheres. Além disso torna-se mais bonito ver o grupo só de homens ou só de mulheres em termos de traje. O que motivou a formação do grupo – “Foi o trabalho de uma animadora sócio-cultural que desenvolveu este projeto e procurou quem o quisesse pôr em prática. O grupo começou então, inicialmente com oito senhoras”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “Poucas, uma vez que o grupo é composto por pessoas com alguma idade que lhes vão faltando as capacidades e não vemos qualquer adesão por parte de pessoas mais novas, apesar de termos duas crianças e um jovem no grupo”.

diversos. Só vozes, não usam instrumentos. Dificuldades –Não têm Apoios – Junta de Freguesia e Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo (transportes) Acham importante a composição de grupos só de mulheres – “Sim, porque as mulheres também fazem parte do Cante alentejano”. O que motivou a formação do grupo –“o gosto pelo cante”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “Boas, manter a tradição e continuar a incentivar jovens para a continuar”.

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Grupo que não esteve

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Grupo que não esteve

nas Jornadas mas enviou

nas Jornadas mas enviou

resposta ao questionário

resposta ao questionário

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Grupo Coral e Instrumental dos Leões A Cantar o Alentejo 3(Foto site) Local de origem – Moura Data de Formação – 16 de Agosto de 2000 Número de elementos – 4 mulheres e 3 homens Média de idades – 60 anos Actuações – Em todo o País. Entre 20 a 30 vezes por ano. Fazem muitos intercâmbios com grupos nacionais. Organizam o festival de música tradicional que já vai na 16ª edição. Ensaiador(a) – Sim Temas principais do repertório – Compõem alguns temas mas recorrem mais ao Cancioneiro Alentejano. Acompanham o grupo com instrumentos, acordeão, bombo, guitarra, ferrinhos, pandeireta e reco-reco. Dificuldades – Não têm para os ensaios, mas para as deslocações por vezes a falta de transporte, “em virtude da Câmara nem sempre ter disponibilidade de nos ceder o mesmo”. Apoios – Centro Recreativo Amadores de Música “Os leões” e Câmara Municipal de Moura (transportes). Para os ensaios não tem dificuldades, “estamos mais ou menos organizados”. Acham importante a composição de grupos só de mulheres – O grupo sempre foi misto. O que motivou a formação do grupo –“Fomos contactados por um grupo de mulheres que queriam cantar, depois de reunir a direcção aceitamos a sugestão e fundámos um grupo misto”. Perspectivas para o desenvolvimento do grupo e para o cante no feminino – “É muito difícil arranjar elementos do sexo feminino para o grupo em virtude de muitas delas serem casadas e ficam sem disponibilidade para as saídas”.

Responsável – Carlos Farinho

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Grupo que não esteve

nas Jornadas mas enviou resposta ao questionário

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CapĂ­tulo IV

Palavras de quem vive, sente e canta O Cante

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Respigámos das intervenções nas Jornadas algumas expressões, desabafos sentidos, transbordantes de amor por uma tradição popular de que são parte, mulheres e homens. O Cante corre-lhes nas veias, e por isso, o sentem e vivem, de maneira muito particular. Com muita emoção e espírito crítico deixam no ar sugestões e reflexões. Desafiam as certezas feitas porque o Cante tem que ter a dignidade que merece, na musicalidade, no repertório, cantando os problemas dos dias de hoje, para ser canto de afirmação e protesto. São muitas as vozes que reclamam estar lá em pé de igualdade, fazendo o ponto, o alto e os baixos sendo solistas ou parte do coro, mas também na busca de novas modas, de ensaiadoras e ensaiadores, poetisas e poetas para actualizar o repertório. As mulheres aceitam como ninguém as diferenças entre as vozes femininas e masculinas e reconhecem a importância do trabalho que há a fazer sobre as vozes mas reconhecem que também aí está o valor da sua presença. Valor para si porque as insere de pleno direito nas suas terras e nos diferentes patamares da participação local e nacional mas também para toda a comunidade – na defesa do Cante, esse património imaterial que o Alentejo quer salvaguardar e levar longe. Sobre a vivência e o sentido do Cante no Feminino, contaram-nos de viva voz: “Antigamente no Alentejo viam-se grandes ranchos de homens e mulheres imersas nas planícies alentejanas, trabalhavam e cantavam todo o dia, nas suas canções exprimiam alegrias, tristeza e cantigas aos seus amores. Acabado o dia de trabalho, vinham para casa, os homens pegavam num bocadinho de pão, umas azeitonas com mais qualquer coisa e iam para a taberna onde se juntavam todos e ali é que era cantar. Foi assim que se formaram vários grupos de cantores. As mulheres, vindo do trabalho ficavam em casa a fazer o jantar, a tratar e cuidar dos filhos, era assim a vida da mulher, não só cantavam no campo, também cantavam em casa enquanto faziam a sua lida, cantavam em alturas de romarias e festas, como por exemplo S. João, Carnaval, etc. Agora a sociedade evoluiu, apesar da nossa faixa etária ir sendo avançada, nós mulheres vamos tendo os mesmos direitos dos homens, tanto assim que já há mulheres a desempenhar cargos e chefias que eram só dados aos mesmos. Hoje em dia as mulheres também formam grupos corais femininos e já há algum tempo que existem estes grupos femininos. Agora mais que nunca temos que nos unir para os nossos grupos prevalecerem. Porque o Cante Alentejano passou a património imaterial da humanidade. Nós todas juntas com os nossos grupos temos o dever de divulgar o Cante das nossas terras de que todos nós temos orgulho”. Texto escrito e lido por Maria Rosa Pirote do Grupo Coral Feminino As Flores do Alentejo de Cuba nas Jornadas em Santiago do Cacém “O Cante no Feminino vem essencialmente do trabalho, pago de forma diferente ao homem e à mulher. Esconder o Cante no imaterial é esconder o motor que é o trabalho duro e a exploração intensiva… Os Cantares de Évora têm uma experiência de grupo misto porque homens e mulheres fazem um trabalho conjunto. O Cante de homens e mulheres é algo que se nos fizer arrepiar, sobrevive. É algo que provoca o choro ao canto do olho quando se ouve.” Eduardo Luciano, Vereador C. M. Évora

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“Porque é que não há mulheres mestres? Ao fim de 50 anos não há mulheres capazes de transmitir o conhecimento com modas originais? […] “esse é o desafio, porque o Cante é de todos nós”. Sónia Cabeça “O Cante é o Cante… pode ser menos bem cantado mas precisa de ser com a dignidade que merece”. “Morei em Beja, numa rua onde passavam mulheres e homens e crianças a cantar, iam e vinham a cantar, as grandes obreiras do Cante são as mulheres. Na taberna, eles cantavam e ensaiavam, as mulheres cantavam em casa, sozinhas. São mulheres de trabalho que sempre defenderam o Cante… É certo que não pode ficar fechados na nossa conchinha. Há que falar sobre o Cante alentejano. Cada um tem de dar de si. Há lacunas. Há falta de ensaiadores. Têm que dominar o Cante… não é remediar, as vozes têm que ser trabalhadas … há que respirar, entoar no sítio certo.” Mestre Joaquim Soares Concordando com o Mestre Soares como faz questão de o tratar, Mara, a cantora do mundo, diz que “o Cante é a minha pele. O Cante entrou na minha vida pelo lado das mulheres”. “O Cante vive dentro de mim. Cresci a ouvir isso. Faz parte da minha música, da minha raiz, emociono-me muito quando oiço. Sou cantora, trabalho nessa área. Cantar modas alentejanas é o que me faz sentido. Não sou o Cante; o Cante, são essas mulheres que estão à minha frente. Canto com o respeito que tenho e acho que os grupos merecem. Não tenho teoria sobre isso mas quero continuar a viver… é uma identidade. Este Cante é vivido, é sentido, é pele, é corpo. Eu sou Cante… Estas vozes têm de chegar mais longe. Ouve-se menos os grupos femininos, eu própria consumo menos o grupo feminino. Há caminho a percorrer…as mulheres têm muita força para andar. Os homens aprenderam com estas mulheres”. Mara, cantora, natural de Arraiolos “Houve esse sentimento de que os homens eram mais chamados do que as mulheres. Também quanto às modas, temos que renovar. Nós, as mulheres temos que apostar. “Muitas das Modas são feitas na perspectiva do homem” D. Gertrudes Garcia do grupo Paz e Unidade de Alcáçovas

O nosso Cante alentejano Rosa Coelho Campaniço (6 de Fevereiro de 2016, lido em Santiago do Cacém, a 22 de Maio de 2016, por Rosa Coelho Campaniço, do Grupo Flores do Chança de Vila Verde de Ficalho) O Alentejo cantando nos campos a trabalhar a todos quer ir mostrando como se canta a penar

O cante foi reconhecido há mais grupos a cantar os jovens não tinham incentivo nem nisso queriam ouvir falar

Pomos a alma na voz esquecendo o sofrimento não nos sentimos tão sós e ajuda a passar o tempo

Agora há grupos de mais novos também grupos de crianças a representar os seus povos e pôr no cante mais esperanças

Nas modas que nós cantamos mostramos as nossas lidas assim ao mundo dizemos como são as nossas vidas

Vozes lindas e poderosas que cantam para mostrar que o Alentejo tem prosas para o seu cante elevar

Cantam homens e mulheres o cante a todos pertence ouvir um grupo qualquer não é assim tão diferente

Vão grupos ao estrangeiro a mostrar o que sabemos podem não ganhar dinheiro mas mostram o que valemos

Quem gosta de ouvir cantar a todos dá o seu valor não é por uma saia usar que a mulher canta pior

Os grupos sobem aos palcos com tanto orgulho e afinco recebem sempre aplausos e alegram os recintos

A voz delas, destoa mais já ouvi alguém dizer se as vozes fossem iguais homens teriam que ser

Acho bonito em haver Tanta pessoa a cantar E qualquer grupo, o seu brio ter De o nosso cante louvar

Já D. Virgínia Dias do Grupo As Margaridas de Peroguarda diz que gostava de ter uma ensaiadora … e que não consegue encaixar bem a sua voz com a voz dos homens. Há que fazer com que as mulheres se levantem, por mais formação para as mulheres e pelos direitos das mulheres, acrescenta D. Mariana do Grupo Espigas Douradas da Amareleja Ana Maria Charrua está a formar um Grupo no Barreiro - As Cantadeiras do Barreiro -, mas diz que ainda tem que trabalhar muito. São ensaiadas por um homem e ainda não definiram bem se será um grupo de Cante só feminino porque, por tradição, o grupo coral é dos homens… está associado aos homens. As modas são mais rápidas e sentimos isso. Na cidade, os trajes são mais fáceis. Sente que o Cante alentejano está a tomar um caminho sobre o qual há que reflectir. Há grupos que levam dinheiro e estão a entrar numa lógica de profissionalização, perdendo-se o Cante generoso e de amigos.

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Capítulo V

Cartografia do Cante – inventário e localização geográfica

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Mapa dos Grupos

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CONCELHO

DESIGNAÇÃO

TIPO

MORADA

CONCELHO

DESIGNAÇÃO

TIPO

MORADA

Aljustrel

Grupo Coral Feminino Flores da Primavera

Feminino

Rua das Eiras de Cima, N.º 1 7600 ERVIDEL

Beja

Grupo Coral Feminino do CCRD de Santa Vitória Estrelas do Alentejo

Feminino

Rua da Igreja, 13 7800-732 SANTA VITÓRIA

Aljustrel

Grupo Coral Rosas de Abril

Feminino

Bairro da Escola, N.º5 / 7600-503 RIO DE MOINHOS

Beja

Grupo Coral do Centro de Desporto Cultura e Recreio dos CTT de Beja

Misto

Largo dos Correios, S/n, 7800-419 BEJA

Almodôvar

Grupo Coral Flores do Campo

Feminino

Junta Freguesia Almodôvar Rua do Cinema, Apart. 17 7701-909 Almodôvar

Beja

Grupo Coral Feminino As Douradas Espigas de Albernoa

Feminino

Rua do Porto, N.º 27 7800-621 ALBERNOA [Antiga Junta de Freguesia]

Almodôvar

Grupo Coral Feminino Ceifeiras da Semblana

Feminino

Rua Principal, CX. Postal 11 7700-272 Semblana Almodôvar

Beja

Grupo Coral Misto Serões da Aldeia

Misto

Estrada Nacional 7800-761 TRINDADE

Almodôvar

Grupo Coral As Andorinhas do Rosário

Feminino

Caixa Postal 192 7700-235 ROSÁRIO

Beja

Moças do Cante

Feminino

Almodôvar

Grupo Coral As Mondadeiras de Santa Cruz

Feminino

Monte das Viúvas Caixa Postal 1047 7700-351 ALMODÔVAR

Castro-Verde

Grupo Coral Feminino As Camponesas de Castro Verde

Feminino

Cortiçol Rua Prof.ª Ema Júlia, N.º 36, 1.º Dt.º Apartado 25 7780-909 CASTRO VERDE

Alvito

Grupo Coral Feminino As Madrugadeiras

Feminino

Rua das Parreiras, N.º 2 7920-44 ALVITO

Castro-Verde

Grupo Coral Feminino e Etnográfico As Ceifeiras de Entradas

Feminino

Rua Prof.ª Ema Júlia, N.º 36 Apartado 25 7780-909 CASTRO VERDE

Beja

Grupo Coral Feminino Terra de Catarina

Feminino

Rua Francisco Miguel Duarte, N.º 22 7800-611 BALEIZÃO

Castro-Verde

Grupo Coral Feminino Os Carapinhas de Castro Verde

Infanto-juvenil

Cortiçol Rua Prof.ª Ema Júlia, N.º 36, 1.º Dt.º Apartado 25 7780-909 CASTRO VERDE

Beja

Grupo Coral Feminino de Mombeja

Feminino

Largo da Igreja 7800-641 MOMBEJA

Castro-Verde

Grupo Coral Feminino e Etnográfico As Papoilas do Corvo

Feminino

Largo do Centro, N.º 3 7780-000 CASTRO VERDE

Beja

Grupo Coral Feminino da Casa do Povo de Nossa Senhora das Neves

Feminino

Rua Soares Garrido, N.º 9 7800-651 NOSSA SENHORA DAS NEVES

Castro-Verde

Grupo Coral Feminino As Atabuas

Feminino

Rua Gonçalves Correia, N.º 57 7780-536 SÃO MARCOS DA ATABUEIRA

Beja

Grupo Coral Feminino As Alentejanas

Feminino

Rua Miguel Fernandes, N.º 64 7800-361 PENEDO GORDO

Cuba

Grupo Coral Feminino As Flores do Alentejo

Feminino

Rua do Touril, N.º 3 7940-151 CUBA

Beja

Grupo Coral da Casa do Povo da Salvada

Feminino

Praça 5 de Outubro 7800-680 SALVADA

Cuba

Grupo Coral Feminino Ceifeiras do Alentejo

Feminino

Largo dos Jasmins, s/n 1º 7940-013 Cuba

Beja

Grupo Coral Feminino As Rosinhas de Santa Clara do Louredo

Feminino

Rua D. Alice Valadas Mendes, 18 7800-721 SANTA CLARA DO LOUREDO

Cuba

Grupo Coral Feminino Amigas do Campo de Faro do Alentejo

Feminino

Rua da Fé, N.º 41 7940-311 FARO DO ALENTEJO

Junta Freguesia Cabeça Gorda

Pç. Magalhães Lima 7800-631 Cabeça Gorda

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CONCELHO

DESIGNAÇÃO

TIPO

MORADA

CONCELHO

DESIGNAÇÃO

TIPO

MORADA

Ferreira do Alentejo

Grupo Coral Misto de Alfundão

Misto

Junta de Freguesia de Alfundão Rua do Ouro, N.º 1 7900-042 ALFUNDÃO

Moura

Grupo Coral Feminino Associação Sol da Vida

Feminino

Rua de Moura, N.º 18 7875-169 SANTO ALEIXO DA RESTAURAÇÃO

Ferreira do Alentejo

Grupo Coral Desfrutar Destinos de Aldeia do Rouquenho e Gasparões

Misto

Rua Pedro Álvares Cabral Caixa Postal N.º 22, Aldeia do Rouquenho 7900-112 FERREIRA DO ALENTEJO

Moura

Grupo Coral Feminino de Santo Aleixo da Restauração Papoilas em Flor

Feminino

Rua do Poço das Canas, N.º 7 7875-176 SANTO ALEIXO DA RESTAURAÇÃO

Ferreira do Alentejo

Grupo Coral Feminino Alma Nova

Feminino

Rua D. Diogo Passanha, N.º 5 7900-623 FERREIRA DO ALENTEJO

Moura

Grupo Coral Feminino da ADASA

Feminino

Rua Nova, N.º 6 7875-264 SANTO AMADOR

Ferreira do Alentejo

Grupo Coral Feminino Rosas de Março

Feminino

Estrada de Ervidel – Piscinas Municipais, Apartado 85 7900-561 FERREIRA DO ALENTEJO

Odemira

Grupo Coral Vozes Femininas de Amoreiras-Gare

Feminino

Rua da Estação Amoreiras-Gare 7630-514 SÃO MARTINHO DAS AMOREIRAS

Ferreira do Alentejo

Associação Grupo Coral Os Rurais de Figueira dos Cavaleiros

Misto

Largo da Igreja, N.º 17 7900-252 FIGUEIRA DOS CAVALEIROS

Odemira

Grupo Coral de Cantares Canta São Teotónio

Misto

Sociedade Recreativa Santeotoniense 7630 S. Teotónio

Ferreira do Alentejo

Grupo Coral Feminino Margaridas de Maio de Santa Margarida do Sado

Feminino

Rua 25 de Abril, N.º 1 7900-295 SANTA MARGARIDA DO SADO

Odemira

Ceifeiras do Malavado

Feminino

Apt. 3728 Malavado 7630 - 584 S. Teotónio

Ferreira do Alentejo

Grupo Coral Alma Alentejana de Peroguarda

Misto

Rua do Lobo, N.º 6 7900-465 PEROGUARDA

Serpa

Grupo Coral Feminino Madrigal

Feminino

Rua da Branca, N.º 48 7830-064 VILA NOVA DE SÃO BENTO

Ferreira do Alentejo

Grupo Coral Feminino As Margaridas de Peroguarda

Feminino

Rua do Poço Novo, N.º 21 7900-466 PEROGUARDA

Serpa

Grupo Coral da Academia Sénior de Serpa

Feminino

Rua Manuel de Moura (Antiga Escola das Moças) 7830 Serpa

Moura

Grupo Coral Feminino Espigas Douradas da Amareleja

Feminino

Rua da República, N.º 16-A 7885-023 AMARELEJA

Serpa

Grupo Coral Juvenil de Vila Nova de São Bento

Misto

EB 2/3 Largo do Rossio Grande 7830-055 VILA NOVA DE SÃO BENTO

Moura

Grupo Coral Feminino de Moura Brisas do Guadiana

Feminino

Rua Nova Salúquia 7860-201 MOURA

Serpa

Grupo Coral Feminino Flores do Chança

Feminino

Rua do Poço Acima, N.º 15 7830-651 VILA VERDE DE FICALHO

Moura

Grupo Coral Infantil da Escola da Porta Nova

Misto

Largo José Maria dos Santos 7860-008 MOURA

Serpa

Grupo Coral Feminino As Ceifeiras de Pias

Feminino Adulto/Sénior

Rua Luís de Camões, N.º 33 Apartado 1 7830-260 Pias, Serpa

Moura

Grupo Coral e Instrumental Os Leões a Cantar o Alentejo

Misto Coral Instrumental

Rua 5 de Outubro, N.º 7 7860-013 Moura

Serpa

Grupo Infantil-Juvenil “os Rouxinóis de Pias”

Misto Infantil/Juvenil

7830 - PIAS

Moura

Grupo Coral Feminino da Casa do Povo de Safara As Trigueiras do Alentejo

Feminino

Praça 25 Abril, N.º 20 7875-053 SAFARA

Serpa

Grupo Coral Feminino Papoilas do Enxoé

Feminino

Rua do Mercado, s/n 7830-518 VALE DE VARGO

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CONCELHO

DESIGNAÇÃO

TIPO

MORADA

CONCELHO

DESIGNAÇÃO

TIPO

MORADA

Évora

Grupo Coral da Associação de Idosos e Reformados do Bacelo

Misto

Avenida Fernando Pessoa, Lote 28, Cave Direita 7005-152 ÉVORA ote 28, Cave Direita 7005-152 ÉVORA

Sintra

Grupo Coral da AFAPS As Andorinhas

Feminino

Avenida João de Deus, N.º 21 B Serra das Minas 2735-421 RIO DE MOURO

Évora

Grupo Coral da Associação de Humanidade e Respeito pelos Idosos Évora

Misto

Travessa do Cordovil, N.º 1 7000-956 ÉVORA

Almada

Grupo Coral Feminino Cantadeiras de Essência alentejana

Feminino

Rua da Cooperativa Piedense, N.º 93 R/c Dt.º 2805-124 COVA DA PIEDADE

Évora

Grupo Coral Cantares de Évora

Misto

Rua António Simões Paquete, N.º 2 Malagueira 7000-793 ÉVORA

Almada

Grupo Coral Feminino Recordar a Mocidade do Laranjeiro

Feminino

Rua Dr. Pires Castro, N.º 16 Laranjeiro 2810-269 ALMADA

Alvito

Grupo Coral e Etnográfico Pastores do Alentejo

Misto

Rua Catarina Eufémia, N.º 9 7000-784 TORRE DOS COELHEIROS

Alcácer do Sal

Grupo Coral Feminino de Cantares do Xarrama do Torrão

Feminino

Sociedade 1º Janeiro Torranense Rua 1º Janeiro 7595 Torrão

Mourão

Grupo Coral Feminino Flores de Abril da Granja

Feminino

Rua da Misericórdia, N.º 22 7240-012 GRANJA-MOURÃO

Santiago do Cacém

Vozes Além’ Tejo de Santo André

Feminino

Junta de Freguesia de Santo André Largo 20 Junho 11-B 7500-011 VILA NOVA DE SANTO ANDRÉ

Mourão

Grupo Feminino de Cantares Alentejano da Granja — GRANJARTE

Feminino

Rua das Flores, N.º 18 7240-012 GRANJA-MOURÃO

Redondo

Grupo Coral dos Trabalhadores de Montoito

Misto

Sociedade União Montoitense Avenida da Escola, N.º 29 7200-053 MONTOITO

Reguengos de Monsaraz

Grupo Coral Gente Nova de Campinho

Misto

Praça Bernardino José Cruz, N.º 5 7200-503 CAMPINHO

Viana do Alentejo

Grupo Coral Feminino Cantares de Alcáçovas

Feminino

Rua do Castelo,12 7090-045 ALCÁÇOVAS

Viana do Alentejo

Grupo Coral Feminino Paz e Unidade de Alcáçovas

Feminino

Rua dos Sevilhanos, N.º 15 7090-054 ALCÁÇOVAS

Viana do Alentejo

Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo

Feminino

Estrada de Portel APARTADO 25 7090-222 VIANA DO ALENTEJO

Silves

Grupo Coral Alentejano de Tunes

Misto

Edifício da Junta de Freguesia Rua Teófilo Carvalho dos Santos 8365-235 TUNES

Amadora

Grupo Coral Infantil Os Rouxinóis da Damaia

Infantil Misto

Escola Condes da Lousã Praceta Afonso Lopes Vieira Damaia 2720-493 AMADORA

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FICHA TÉCNICA

Título O Cante no Feminino

As vozes das mulheres no património cultural imaterial

Textos António Martins, Dulce Simões, Odete Borralho, Paulo Lima, Regina Marques, Sónia Cabeça Poema de Rosa Coelho Campaniço Edição: MDM – Movimento Democrático de Mulheres Coordenação e organização de textos Direcção Nacional do MDM Design e concepção gráfica João Lobo Colaço Fotografia: Gabinete de Comunicação da Câmara Municipal de Évora Gabinete de Comunicação da Câmara Municipal de Santiago do Cacém / Paulo Chaves Maria Cunha Maria Moreira Pedro Soares Vanessa Rocha Impressão Regiset Número do Depósito Legal: preencher Data de Edição: Novembro de 2016 Tiragem: 400 exemplares ISBN: preencher

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