Movimento Democrático de Mulheres Avenida Almirante Reis, n. 0 90 - 7° A 1150-022 - Lisboa geral@mdm.org.pt 1 218 153 398
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Preâmbulo para uma justificação
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Passam no ano de 2013, 120 anos sobre o nascimento de Maria Lamas e 30 anos sobre a sua morte. De acordo com a lei 28/2000, as Honras do Panteão Nacional destinam-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao País (... ) na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade.
O Movimento Democrático de Mulheres propõe à Assembleia da República a aprovação de uma Resolução, ao abrigo da Lei 28/2000, que atribua a esta mulher portuguesa, ímpar na sua intervenção cívica, política, cultural e universal, as honras para figurar no Panteão Nacional. Na verdade, Maria L amas distinguiu-se perante as mulheres e o povo português. Foi distinguida várias vezes e em várias épocas pelos órgã.os de soberania portugueses pela defesa e valorização dos direitos e papéis das mulheres ao longo da história em Portugal e no Mundo. Uma mulher que fez da causa das mulheres pela sua inserção e reconhecimento social uma preocupação fundamental. A sua abrangência intelectual e política atravessou fronteiras geográficas e culturais tendo deixado um legado enorme de publicações com marcos que perduram no t empo, na defesa dos valores da dignidade das mulheres e dos oprimidos, da paz, da civilização e progresso, da dignificação do género humano. Deürn expressa uma ética irrepreensível a favor da Humanidade e da felicidade humana.
"Há almas a que não bastará nunca a razão e a inteligência. Precisam de sonho, de inií.nito! A minha alma é assim. Não posso limitar-me a uma felicidade egoísta, preciso da felicidade do mundo; mas como essa aspiração é irrealizável, contentar-me-ei dando a minha contribuição para a felicidade do pequeno mundo em que posso intervir. "
Maria Lamas, Para Além do Amor.
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A sua biografia e a repercussão do seu pensamento e obra sã.o ilustrativos do seu pendor humanista e universal. Pioneira de um olhar feminista sobre a vida e o mundo, numa época em que eram raras as mulheres que ousavam falar, escrever e participar na cena pública, desocultando também o pessoal e o íntimo que marcavam a relação da mulher com o seu companheiro. Apontada, pelo Expresso 1 como um dos 100 portugueses que moldaram o Século XX, é de inteira justiça que Maria L amas, seja o rosto feminino, o exemplo da luta das mulheres pelos direitos políticos e de cidadania, simbolicamente a metade feminina do género humano, que merece as honras do P anteão Nacional, que também ele deve significar a cultura inclusiva de género. Porque afinal, os monumentos e os símbolos, restituem-nos o presente, indo ao encontro da premonição de Maria Lamas: "Sem conhecer e compreender as ideias e imagens em que se inscreveu a consciência moderna ou a do passado, não se pode compreender o nosso próprio t empo."
Maria Lamas, O Mundo dos Deuses e H eróis (Mitologia Geral)
Revitalizar a sua memória é um dever de reconhecimento político, no sentido mais nobre da palavra que urge reabilitar. É um dever na nossa actualidade lutar contra o esquecimento e a tentativa de se apagarem brilhantes páginas da nosa luta pela transformação da sociedade e pelos direitos das mulheres. Sobre a condição das mulheres e os diversos campos de intervenção, o seu pensamento intemporal irradia no tempo presente. Com esta proposta de at ribuição da Honra de figurar no P anteão Nacional, pretende o MDM revitalizar o pensamento e a obra de Maria L amas, dar sentido actual às suas palavras, interpretá-las na sua historicidade e na relação com os tempos em que viveu, "Por uma nova manhã, mais luminosa e de maior esplendor." Maria Lamas propõs-se "abalar a indiferença, ou antes, a ironia com que os portugueses usam encarar os problemas femininos" na esperança de que alguém pudesse "estende a. mão, firmemente, às grandes sacrifica.das, vítimas milenárias, que continuam a ser as obreiras da vida.. "
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Revista Expresso, 6 de Julho de 2013
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Abalar a indiferença com a esperança que Maria L amas pôs nas suas palavras é o sentido sublime do que o Conselho Nacional do MDM propõe, neste 2013, à Assembleia da República, exactamente 30 anos depois desta mulher nos ter dei,"Xado. Lisboa, 6 de Dezembro de 2013
O Conselho Nacional do Movimento Democrático de Mulheres
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Escritora, jornalista e conferencista, Maria Conceição VWJsal.o e Silva (Maria Lamas) nasce em Torres Noves, em 6 de Outubro de 1893 e morre aos 90 anos no dia 6 de Dezembro de 1983.
Casa muito jovem em Março de 1911 com o tenente de cavalaria, Rtãeiro da Foll.Seca. Vive com ele em Angola até Março de 1913. No regresso a Portugal, começa a escrever em publicações locais. Usa oe pseudónimos: Ma.ria F0118M8 ou Serra.na d'Ayre. Os seus tem.88 são então a guerra e a defesa da paz. Divorcia-se em 1919, :ã.ce.ndo com duas filhas a sen ea.l'go.
Em 1920 vai trabalhar para a .Agência Americana de Notícias onde ooDhooe o jornalista monárquico Alfredo da Cunha Lamas, com quem CMB em Abril de 1921. Deste segundo casamenoo nasce a filha Maria CA.ndida em Maio de 1922. Com o pi!leud6nimo de &M Silvestre, publica, em 1923, o ~eu primeiro livro, únioo de poesia, Humildes, a que se segue o mesmo ano o romance Diferença de Bagas. Em 1925, começa a colaborar em revistas e publicações infantis, nomeadamente em O Pintainho com o pseudónimo de Rosa Silvestre e em suplementos infantis de vá.rios jornais. Publica. vários contos infantis: Ma.ria Cotnv.ia (1925), Aventuras de Cinco Irmãozinhos (1931), A Montanha Maravilhosa (1933) e ainda as novelas infantis Estrela. do Norte (1934), Os Brincos de Cerejas (1936). Em 1942, dedica a sua neta Mo.ria Leonor, a novela infantil O Vale dos EncaDt:os, sobre a qual o crftico literário João Gaspar Simões tece a seguinte opinião "É assim mesmo que se estll'8V9m romanaes: com f8.otoB, oom simplicidade de linguJllJem e Mm t1.uhirua.
narrativo. Maria Lames escreveu, ~me, o seu melhor livro" 9• Na Revista IDfautil  Joaninha, editada em 1936, publica em folhetim o romance O Relicário Perdido. O primeiro trabalho que assina com o nome de Maria Lamas foi o romance Para Além do ÂmClr (1935), reeditado em 2002. Escreve a.inda o roIIIBDee A Ilha Verde
(1938). Faz da reportagoem uma importante vertenre da 81la acção jornaHstica, nomeadamente com o Cruzeiro pelo Mediterrâneo, nos anos 307 e também outras sobre Gibra.lt.ar, Marrooos, Ar~lie. 011 Madeira, publicadss em váriOfl jornais da época.
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DUí.rw de Lisboa, "Os Livros da Sema.rui', 18 de Fevereiro, 194S, p. 11
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A sua obra de maior ell'Vergadura. jomelísti.ca é> sem dúvida> a grande reportagem que nos aparece em As Mulheres do meu País, publicada em fmculos para fugir à ~nsura,
t&ido saído o primeiro número ~m Ma.io de 1948 e 7 o último em Maio de 1960. Depressa esKOtada só é reeditada pe1a editorial Caminho em 2002, com uma notável edição, prefaciada por três des suas netas e com uma apurada biografia
feita pela sua Dlba Maria Cândida Caeiro. Em 1952, inioia a. publicagão de A Mulher no Mundo, outra obra de ímpar valor hist.óri.co para a. compreensão de. evolução dos papéis e lugares dHB mulheres no mundo, investigação na qual trabalha durante 20 anos. Escreve ainda O Mlllldo dos Deuset1 e dos Heróis, Mi.tologia Gei:alJ publicado a partir de 1960 também por fascículos. Entretanto, na mesma época, faz tra<hlções
de grandes autores como Victor Hugo, Marguerit.e Yourcenar, entre outros. Como jornalhrt.a é na reda~ão de O SOOulo, em Abcil de 1929, que dá os primei~ passos e, pouco tempo depois, integra a direcção do seu suplemento Modas e Bordados. Surge como sua directora, no número de 3 de .Agost.o de 1938, o que faz eomenorme sucesso até 1947. No quadro das SUB~ funções em O SOOula organiza. em 1930 a Exposição da obra femjnina antiga e moderna, de carácter literário, artístico e cientftieo que integra
também uma Exposição de tapetes feit.oe pelas presas da Cadeia das Mónicas.
É reconhecido o seu mérito com a atribui~ão da medalha honor1fi.ca da Ordem Sa.nt'I~
;
da Espada em 1 de Agosto de 1934, pelo Presidente da República Oscar
Carmona. Ainda no Século, em 1936, organiza llillB Exposição sobre a Ilha de S.Miguel. Em 1947, como Presidente do Conselho Nacional das Mulheres
Portuguesas organiza a Exposição de Livros Escritos por Mulheres na Sociedade Nacional de Belas .Artes em Lisboa, acompanhada de uma série de ConfexêncieB. A sua. gnmde repel"Clllls.ão nacional e mundial desa.grada ao regime faBmsta. O
desagrado é tal que o Gwemo Civil de Lisboa manda encerrar o Conselho e ao mesmo tempo , afasta Maria Lamas do jornal, f'wando asslin desempregada e sem ganha-pão. E nessa altura que parte para aquela que será a sua maior reportagem escrita. em .As Mulheres do meu Pais. Só em 1975, é reparada tal injnsti~a, ao ser convidada por Marie. Ant.6nia Fiadeiro, então chefe de redacção de Mulher Modas e Bordadas, para diroot.ora honorária da
Revista onde trabalhou mais de 20 anos e de onde fora obrigada a sair pela censura fascista.
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w . de tudo o ci>p.11,' 0, de: tt't(la., a-. ~ra~õe... de Ioda-. 3\ ttctilJ lh<.' ~hr-gam nor~ e: ternura •• e dAd1~u. e pc:rrurb.aÇÕ('\ , KA qu•'e um t.éi;ulo tll é a mtnUttlra frA,11 da u1opla. ~A•coraa!m
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A luta pelos direitos das Mulheres e pela sua dignificação e a causa da Paz são as traves mestras do seu ardent.e trabalho político no qual transparece sempre a força da ternura, da solidariedade e o e.mor sublime pela Humanidade, bem expressos em toda. a soa. obra, S<ti&. na. êsnrita. para 6cia.n~s, S<tia. no romance on na grande reportagem sobre as vidas das mulheres portuguesas.
Destaca-11e na política mtegrWldO as organizações democráticas opositoras ao Estado Novo e à ttimdl1J'8. Assina as listaB de formação do MUD juvenil que considera ser o seu primeiro acto político. Integra, no mesmo ano de 1945, o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, no qual vem a assumir a Presidência da Direcção, em 1946. No MUD ocupa também cargos de direcção.
Tem uma acti.vidade int.errwcional de gre.nde prestígio. Participa no COllgl'esso fundador da Feder~o Democrática Int.eme.cionel de Mulheres (FDIM) em 1946 e representa muitas vezes as mnlheres portuguesas nos Congressos da FDIM, realizados no estrangeiro, em Congressos Mundiais de Mulheres e ainda, nos Congressos Mundiais da PaE. No ano de 1975, faz a sua última viagem ao estrangeiro, para participar oomo convidada de honra, no VII Congresso da FDIM em Berlim. Esteve presa. em Caxias no ano de 1949 com Vll'gínia de Moura. e Rui Luís Gomes, entre outros. Foi presa mais duas vev.es, em 18 de JuJho de 1950 e em 20 de Dezembro de 1953, qaando regressa do estrangeiro, após ter participado na reUDi.ão do Conselho Mundial da Paz, é presa no Aeroporto pela PIDE que prende também as cerca de 50 pessoas que a esperavam, entre as que.is a pintora Mar.ia Keil do Ame.ral e seu ma.rido o arquitecto Franaisco Keil do Amaral, Sofia Diu Coelho, Antónia Lapa, Maria Machado. Perante a indignação da violência da polícia política, o Movimento das Mulheres Portuguesas apela à luta de imediato
através do folheto Oorre Perigo a vida. de Ma.ria Lamas, realçando a sua destacada
personalidade e reconhecido mérito. Entre fins de 1957 e 1959 viveu na. Madeira pRI'B fugir à :repressão, vindo a exilar-se em Paris de Junho de 1962 a 3 de Dezembro de 1969.
Como conferencista e oradora tem uma intensa acti'Vidade. A Paz ~ um dos seus tem&s de eleigão, sempre ligada A cause. da. eme.ncipação da mulher e à pro~ão dBB arian~. Em Meio de 1960, terminada a II Guerra Mundial, o País vivia em sobressalto nesta luta pela Paz.
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Maria Lamas intervém na Conferência "A Paz e a Vida" na sede da Associação Feminina para a Paz, no Porto, ao lado de Teixeira de Pascoais. Vej amos alguns significativos tópicos. "A Humanidade evoluiu e aprendeu, através da mais cruenta experiéncia, que na ~erra, tanto as derrotas, como as vitórias, correspondem a sacrifícios, destruições e angústias, que são a negação flagrante de todo o progresso, de todos os princípios construtivos e civilizados. (. .. ) Os povos reconhecem que só na Paz - uma Paz estável e justa! - será possível resolver os seus problemas, não em teoria, mas realmente, em face das suas necessidades, dos seus direitos e das suas naturais aspirações. ( ... )Não é possível chegar a uma Paz estável, se toda a acção desenvolvida tiver em vista a ~erra. Só a renúncia categórica ao emprego da violéncia pode libertar as nações do medo e da desconfi.ança mútua, levando-as a uma cooperação pacifi.ca e leal! ( ... ) Se todos nós, homens e mulheres soubermos querer, a PAZ será a mais bela conquista deste século, porque a batalha da Paz é a batalha da Vida. "
LAMAS, Nfaria, PASCOAIS, Teixeira de, Duas Conferências em D efesa da Paz, Porto, Associação Feminina Portuguesa para a PAZ, 1950.
A 5 de Junho de 1950 subscreve o documento fundador da Comissão Nacional para a Defesa da Paz. Em Dezembro de 1952 participa no Congresso dos Povos para a Paz. Ém 1953, é eleita, em Bucareste, como membro do Conselho Mundial da Paz. Em Julho de 1962, encabeça a delegação portuguesa à Conferência para a Paz e o Desarmamento, em Moscovo e em 1963, participa no 5° congresso da FDIM onde, perante as 1 400 delegadas, vindas de todos os cantos do mundo, entre as quais mulheres dos movimentos de libertação das ex-colónias portuguesas, terá feito um discurso brilhante sobre a situação das mulheres portuguesas vivendo sob a ditadura. Convidada e recebida por altas figuras públicas internacionais, viaja por inúmeros países participando em vários congressos pelos direitos das mulheres e pela paz. Maria Lamas participa em congressos e conferências na URSS, China, Japão, Argélia, Ceilão, Albânia e por toda a Europa que a consagram como a figura portuguesa, incontornável, da luta pela Paz e pelos direitos das Mulheres, na cena internacional.
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Depois do 25 de Abril, não deixa cair este nobre ideal e nunca deixa de associar à liberdade a questão da Paz. "Quero paz que corresponda a uma transformação integral de tudo o que está errado nos homens (. . .) uma paz de permanente luta. Toda a minha vida foi uma luta contra aquilo que me apresentaram como irremediavelmente acabado (,,,) .A vida é ou tem de ser amor, paz, liberdade."
(Homenagem do MUTI a Maria Lamas. "Urna vida de luta pela vitória da paz", in Diário do S ul, de 12 de Maio de 1976) ".A Paz é uma espécie de Revolução ( ... ) só na Paz é possível a renovação de cada mulher, de cada homem ... porque o grande inimigo da humanidade é a guerra ...Por isso quando apelo às mulheres portuguesas «Paz! Paz!», apelo a que de mãos unidas transformem o mundo e se conquistem como seres humanos de plenos direitos.(. . .)" (H elena Neves, «Niaria Lamas, m11a vida no feminino colectivo (II)», in O
Diário, Literatura, de 11 de Abril de 1982). "Qualquer guerra que se desencadeie propaga-se de imediato. Os focos de guerra existentes são uma ameaça permanente. Já vi muitas guerras, tenho uma experiéncia de vida que me leva sempre à mesma conclusão: o direito das pessoas a uma vida equilibrada, sem exploração, é inadiável e irreversível. " (Fernando Dacosta, «Maria L amas: a mãe-coragem de mna geração», in
Jornal, de 12 de Março de 1982).
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"As mulheres que lutam pela digniffoação do sexo feminino constituem quase sempre uma minoria. Mas isso não diminui nem a importância nem ajustiça das
suas reivindicações"
(ML, A Mulher no l\fondo, Vol.II: 646) "A condição da mulher está de tal forma ligada aos problemas fundamentais da humanidade que não será possível separá-los."
CML, A mulher no Mundo, Vol.I: 577) "Apesar das dificuldades e limitações que lhe tém sido postas, o papel desempenhado p ela mulher no desenvolvimento da Humanidade, em todos os campos, tem sido tão grande, tão espantoso, que não deixa lugar para dúvidas acerca da sua força moral, do seu valor como elemento de trabalho, da sua capacidade intelectual e poder de realização."
(ML , A Mulher no Mundo, Vol I: 581) Maria L amas é uma das fundadoras do MDM, a 1ªsignatária da escritura pública da criação deste Movimento. Foi Presidente Honorária do Movimento Democrático de Mulheres desde 1975. Esteve presente no III E ncontro Nacional em 1977 e no I Congresso do MDM em 1980. Foi Directora da Revista Mulheres criada em 1978. No meio de cravos vermelhos e brancos, com toda a gente de pé, no dia 8 de Março de 1982, no S. Luis, com 88 anos, foi a primeira personalidade a receber a distinção de hom·a do MDM que Maria Lamas agradeceu comovidamente. Também em vida, recebeu a medalha Eugénie Cotton, a mais alta distinção da FDIM, em 22 de Março de 1983, na Casa do Alentejo, entregue pela Secret ária Geral daquela organização, a finlandesa lVIirjam Vire-Tuominen. A liberdade que Maria L amas viu nascer como seu filho também, trouxe-lhe merecidas homenagens de todos os sectores. A Ordem da Liberdade atribuída pelo Presidente da Republica, General Ramalho Eanes, em 25 de Abril de 1980, marcará certamente o pendor universal da sua vida, do seu pensamento e da sua acção, mas, muitas outras homenagens tiveram o cunho do enaltecimento da sua dedicaçã.o e est atura moral e ética, em prol de causas em que as mulheres, os intelectuais, os políticos, os artistas, os democratas, o povo, se entrelaçaram por valores como a Igualdade, os Direitos humanos e a Paz. A Assembleia da República atribui a Maria L amas a Medalha de Ouro comemorativa do 50°aniversário da Declaração Universal dos Direitos H umanos, que é entregue a sua neta Maria Leonor Machado de Sousa, em 1Ode Dezembro de 2008.
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Na Câmara de Évora, recebe a 19 de Novembro de 1982, a Medallia de Ouro de "Instrução e .A.rte"concedida pela Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio e a Câmara de Torres Novas concede-lhe igualmente a Medalha de Ouro, em cerimónia pública . .A.pós a sua morte várias manifestações por todo o país consagraram Maria Lamas na toponímia de várias cidades e vilas, nomeadamente no Porto, Torres Novas, Odivelas, .Almada, Vila Nova de Famalicão, Setúbal, Faro, Lisboa. Organizam-se e mostram-se exposições da sua vida e obra, multiplicam-se conferências um pouco por todo o País. Bibliotecas, museus ou escolas têm o seu nome como mulher da cultura. Em Torres Novas, sua terra natal foi inaugurado um Monumento a Maria Lamas, no centenário do seu nascimento, por iniciativa do MDM.
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O sentido da vida é torná-la melhor Vulto da Cultura Portuguesa, foi uma insigne defensora do progresso universal indissociável da paz, da igualdade entre homens e mulheres, uma igualdade traduzida "na realidade da vida humana e na construção do seu destino e da sua felicidade". Uma realidade de justiça social indissociável da felicidade humana. "Povos felizes são povos que têm trabalho garantido, que não têm fome, que não sofrem perseguições, que desfrutam de uma vida pacfflca", pode ler-se na entrevista concedida a Fernando Dacost a, «Maria Lamas: a mãe-coragem de uma geração», in Jornal, de 12 de Março de 1982. A sua vasta obra, o seu carácter e coerência, a sua inteligência são hoje revisitadas em vários espaços culturais e educativos, na história local, na vida dos Museus e Bibliotecas e reconhecidos na pena de muitos escritores e políticos do seu tempo.
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Figuras públicas, nomeadamente deputados da Assembleia da República, de todos os partidos políticos, salient aram as suas inequívocas qualidades. Pela sua import ância para o espaço da Assembleia da República, no conteÀ'to da nossa proposta, apresent am-se excert os das suas intervenções na sessão de 9 de Março de 1982, que est ão publicadas no DAR I Série, número 62 de 10 de Março de 1982. Maria Alda Nogueira (PCP)
"Saudamos hoje, em especial, Maria Lamas, resistente antifascista e grande defensora dos direitos das mulheres em Portugal ... A escritora e jornalista, cuja obra é toda ela um acto de defesa dos direitos e valores das mulheres portuguesas: trabalhadoras, domésticas, jovens e outras(.. . )" Manuel Alegre (PS)
"É para me associar, muito brevemente, às palavras de homenagem à escritora Maria lamas, Maria Lamas foi precursora e é um símbolo da luta pelos direitos da mulher em Portugal ... Queria deixar o tributo do meu respeito, a minha homenagem a essa grande mulher portuguesa, que é também um símbolo da resistência portuguesa( .. . )"
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Natá lia orreia (P SD)
"Não vejo melhor enqua.dra.mento pa.ra. homenagear Maria. La.mas do que o Dia Interna.ciona.l da. Mulher, como muito bem fez a. Senhora. Deputada Alda. Nogueira. (com a.pla.usos do PSD, do PS, do PCP, do PPM, da. ASDI e da UEDS). A sua obra literária e social dedicada à mulher, a sua altíssima dignidade moral, o seu enorme valor cívico, o seu comportamento exemplar na luta pela liberdade, que a condenou à prisão e ao exílio, são motivos que nos vergam ao respeito que essa grande figura de mulher nos merece. Símbolos como Maria Lamas, na luta pela emancipação feminina. e pela. resisténcia à intolerância. que se abateu sobre o nosso pa.ís a.o longo de muitos anos, são raros e são de venerar para sempre." Ba rrilero Ruas (PP M:)
"Queria, em nome do PPM, associar-me em palavras muito singelas, à homenagem prestada à grande escritora e portuguesa que é Maria Lamas(... ) Maria Lamas a.compa.nhou depois os tempos nas suas circunstâncias e soube adaptar-se, de modo extremamente digno, a. essas circunstâncias, lutando sempre pelos ideais mais nobres da criança., da. juventude, da mulher, da. comunidade política em geral, tanto no âmbito nacional, como internacional. Tornou-se de facto, um grande nome das letras e um grande nome da luta pela liberdade, pelos direitos humanos fundamentais, pela paz e pela grandeza dos ideais humanos. ( ... )"
Mário 'l'orné (UDP)
"A UDP apresentou na. mesa., um singelo voto de saudação a Ma.ria. Lamas com este conteúdo "a Assembleia da República, ao comemorar o Dia Internacional da Mulher, saúda a cidadã Maria Lamas, exemplo vivo de uma luta de vida inteira pela digniíícação da mulher e pela. defesa das liberdades no nosso pais" Sanches Osório (CDS) "Depois de tudo o que aqui foi afirmado sobre a figura ímpar de Maria Lamas, mais não tenho a acrescentar, a não ser no sentido de deixar o meu testemunho de muito apreço pela lutadora corajosa e exemplar que foi e é Maria Lamas."
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Vilhena de ar valho (ASDI)
"Ao associarmo-nos ao voto de saudação a Maria Lamas, queremos significar que apreciamos o seu exemplo de civismo, espelhado numa vida inteira de uta +pela liberdade dos seus concidadãos, muito especialmente pela libertação da mulher portuguesa de todas as opressões de que foi vítima e das desigualdades de que tem também sido sofredora ... é um acto de justiça que se lhe presta". H elena Cidade Moura (MDP/CDE)
"O espírito de tolerância de Maria Lamas, a sua grande capacidade de sentir o colectivo e a sua inteligência abriram no coração de todos os homens e de todas as mulheres que a conheceram um campo amplo ... não havia de facto distinções políticas. Havia apenas distinções humanas(... ) Maria Lamas era daquelas mulheres indiscutíveis, que nunca p6s o ódio na política, antes sim, p6s sempre a compreensão, na medida em que estava ao serviço dos trabalhadores, da honestidade e da inteligência". T eresa Santa Clara Gomes (UEDS)
"O grupo parlamentar da UEDS não pode deixar de se associar, com o mais vivo sentimento, a este voto apresentado em honra de Maria Lamas, Maria Lamas é de facto, uma figura ímpar de mulher da nossa - . ( ... )" geraçao
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"Não dou à mulher, sistematicamente, categoria de vitima ou de heroína: limito-me a apresentá-la tal como ela tem vivido. Se me refiro em especial a algumas figuras femininas que se notabilizaram pela sua beleza, pelo seu talento, pelos seus amores, coragem, virtudes, crimes ou vida amorosa, é porque essas figuras concretizam o apogeu do prestígio da mulher, ou da sua decadéncia e miséria, em determinados períodos, sendo assim pontos de referéncia indispensáveis para se acompanhar a sua evolução. Só por isso as destaco da multidão anónima, que é onde se encontra o nível comum do desenvolvimento da mulher e as condições gerais da sua vida." (Maria Lamas, Prefácio, A Mulher no Mundo, VolI)
Maria L amas, enaltecia as mulheres, num cenário de universalidade e transversalidade das suas causas. Tecia essa trama complexa, entre o particular e o universal, visando compreender a diversidade das mulheres e com elas agir. Maria Lamas deix~ou o seu rasto como cidadã. Dirigent e do movimento das mulheres acreditou sempre no papel insubstituível da organização das Mulheres para construir um mundo melhor de igualdade para cidadãs e cidadã.os. Maria L amas, com a sua escrita solidária e em tribunas internacionais, engrandeceu os movimentos e as associações que criou ou ajudou a criar, ligando generosamente o brilho dos seus gestos individuais ao dos colectivos - defendendo valores e direitos, pugnando pela liberdade e a democracia, contra o regime fascista assumindo no quotidiano, as bandeiras e os ideais da igualdade, da justiça, da paz, da solidariedade. Revitalizar a memória de Maria Lamas é lutar contra o esquecimento e a t entativa de se apagarem brilhantes páginas da nossa história pelos direitos e a dignidade.
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MAíllA LAMAS
m<1'·imento democrático de mulneres
"Foi o amor que inspirou toda a sua maravilhosa exi.sténcia, não somente o amor que procria, como ela escreveu numa das suas obras mais belas, mas também, e muito, a ternura humana que suplanta afectos pessoais e torna o homem irmão do homem."
(Mário Neves, E sboço de um P erfü de Maria Lamas, Casa da Imprensa,
6.10.1973). No romance Para Além do Amor, Maria Lamas, t ece as histórias das vidas sofridas, das mulheres e dos homens. E vai dizendo que são as emoções, a ternura, a intimidade, a felicidade que transformam a nossa capacidade de amar o mundo. E sse mesmo pensamento está present e naquele que terá sido o seu romance autobiográfico inacabado, O Despertar de Silvi.a, "Descobri que, para mim, o A.mor teria de ser a minha realização total. O que em mim eJristia de ardente, inquieto, insatisfeito, não era apenas o coração, era também o cérebro. Eu não podia limitar-me a ser uma mulher que sonha ... Eu queria ser uma mulher que vive conscientemente."
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Maria Lamas, escritora, jornalista, conferencista, cidadã, insigne defensora das mulheres, t em uma vida intensa de fervor e luta que irradia no nosso t empo. Maria Lamas deixa-nos um legado de Conhecimento e de E studo sobre as mulheres numa diversidade de papéis e conte.>.'tos. Dei,"'<:a-nos uma reflexão sobre os diferentes feminismos existentes à época, uma proposta de reflexão e acção da maior actualidade. Na acção destemida, inconformada e comprometida, pugnou pela transformação da vida e da sociedade. Maria L amas foi uma Mulher de acção. Exemplo de participação sem medo, com uma intervenção cívica e política viva e solidária com as mulheres anónimas, trabalhadoras ou intelectuais, sedenta de melhorar a vida das mulheres, essa "metade femimna do género humano". Maria Lamas foi uma Mulher de intervenção humanista e política. Com uma intervenção viva e solidária com as mulheres anónimas, com trabalhadoras das fábricas e dos campos, carregadas por um trabalho que justificava a rudeza da pele nas mãos e nos rostos. Com as intelectuais trabalhou e partilhou formas de fazer e saber-fazer em muitos gestos simples. Sempre, de forma singular e integradora, procurou melhorar a condição de vida das mulheres, dignificar o seu estatuto. Com muitas partilhou momentos de alegria e dor. Quando morre aos 90 anos, o jornal 1° de Janeiro escrevia "m.orreu uma, mulher que combateu pela, m.ulher e por todos os explorados e oprimidos .. . uma a,ffrmação da inteligência e da especificidade femimna" ( 1° Janeiro de 7.12.93) Maria Lamas não falou apenas de si, mas de todas as outras, mulheres invisíveis, a quem abriu as páginas dos jornais e revistas e lhes deu visibilidade. Essa mulher que defendeu a presença da mulher no espaço público e que ousou entrar no espaço privado da mulher, enalt ecendo os afectos e o Amor, como motores indispensáveis ao bem estar e felicidade, essa Mulher merece ser estudada e reconhecida, como intelectual, pensadora, filósofa, empreendedora de grandes ideias. A leitura e (re)leitura da sua obra é um hino à razão de ser das organizações de mulheres e um hino de esperança e confiança na sua luta pela dignidade, pela solidariedade e a Paz, questões indissociáveis da maior actualidade.
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Maria Lamas deixou o seu rasto como cidadã de corpo inteiro. "As mulheres que lutam pela dignificação do sexo feminino constituem quase sempre uma minoria. Mas isso não diminui nem a importância nem a justiça das suas reivindicações"
(ML, A Mulher no l\fondo, Vol.II: 646) "A condição da mulher está de tal forma ligada aos problemas fundamentais da humanidade que não será possível separá-los".
CML, A mulher no Mundo, Vol.I: 577) Esta mulher continua a ser inspiradora de novos desafios para as jovens investigadoras do nosso tempo, ávidas de conhecer, de estudar e dar novos horizontes teóricos às interpretações, o que se confirma com o seguinte texto, inserto na nota de abertura da Revista Nova Augusta, editada pela Câmara Municipal de Torres Novas, n°25, 2013,"dedicada à, figura e ao legado de l\l[aria Lamas", no 120° aniversário do seu nascimento "A memória de Maria L amas abre um novo capítulo nos nossos estudos locais. Contendo uma secção própria e a ocupar boa parte desta edição, um conjunto substancial de trabalhos centrados no género fem.inino, em várias épocas. São aqui evocadas algumas mulheres que se fizeram notar pelo seu talento artístico ou pelo seu protagonismo em diversas áreas da vida pública e social, mulheres cuja memória se recupera, a renovar no tempo histórias que o tempo tinha deixado para trás. ( ... ) "
O MDM tem orgulho de enaltecer Maria Lamas e de contribuir, perenemente, para o conhecimento e reconhecimento da sua figura, estimulando outros agentes para a investigação sobre a sua vida, obra e pensamento, de que é exemplo o Congresso organizado pelo MDM com vários parceiros, que decorreu na Biblioteca Almeida Garrett no Porto sob o lema Maria Lamas "( ... )Empenhada na promoção da leitura, no desenvolvimento do gosto estético dos mais novos e na formação da sua consciéncia cívica, foi, além disso, uma das fundadoras da nossa moderna literatura para crianças e jovens. Por tudo isto, Maria Lamas é um exemplo para este tempo difícil que é o nosso e um símbolo para todas as Mulheres e Homens que acreditam que um mundo diferente é possível. "
José António Gomes (Professor da Escola, Superior de Educação, do Instituto Politécnico do Porto; director da revista Malasartes; crítico literário)
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"(. .. ) Só voltei a ver Maria Lamas depois do 25 de Abril em Portugal. Mas, como amiga distante, segui o seu percurso e, de certa maneira, a evolução do seu pensamento sobre as questões sociais e políticas relacionadas com a Mulher, e não só. Nas suas intervenções e nos seus escritos defíne-se claramente a consciéncia de que a luta pela igualdade de oportunidades, contra a discriminação, pela eliminação de preconceitos, a luta pela emancipação da mulher está indissoluvelmente ligada à luta geral da Humanidade progressista por uma sociedade mais justa, mais humana e igualitária. (. .. )"
Nfargarida Tengarrinha (artista plástica)
"Paladina dos direitos humanos e dos direitos das mulheres, em Portugal e pelo mundo, Maria Lamas é uma das (esquecidas) escritoras da segunda metade do século XX. cuja obra, que a espelha como mulher e cidadã, merece ser relida através de uma óptica renovada de recepção que seja consciente da exi.sténcia de um programa de escrita, no feminino, assente na verdade, na auto-referencialidade e no valor documental."
Eugénia Vasques (Prof8' Escola Superior de Cinema e T eatro)
"(. .. ) Maria Lamas, mulher intelectual, escritora, jornalista, militante de causas justas, defensora intransigente dos direitos das mulheres, pela palavra e pela acção, é um exemplo e um estimulo. ( ... ) O mais surpreendente nesta lutadora foi nunca desesperar. Apesar das vicissitudes dolorosas por que passou nunca se subtraiu à participação, à intervenção cívica e política com coragem e desassombro. (. .. ) Maria Lamas foi a grande impulsionadora da criação do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) de que foi eleita Presidente Honorária em 1975. "
Dulce Rebelo (Investigadora e Prof8' na Univ.Aberta)
"(. .. ) Cidadã de corpo inteiro, escritora e jornalista, cívica e politicamente comprometida, Maria Lamas é um exemplo de empenhamento no estudo e na compreensão dos problemas, mas também de denodada participação na resolução das suas causas e na transformação da Sociedade. (. . .) "
Direcção Sindicato dos J orna.listas
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"(. .. ) As qualidades de transparéncia e simplicidade (que o Estado Novo procuraria incutir na conduta feminina) exigiriam a coragem de despir a máscara da hipocrisia e do pudor femininos. Não conhecendo exemplo "vi.vo" de tal - em 1973, afumaria ainda "acho difícil ser sincera e ser mulher" - Maria Lamas opta por inventar uma personagem ( em Para Além o Amor) no fundo mais verdadeira, com a "alma torturada por mil interrogações, em luta com o meio ambiente e consigo própria, . . . uma alma onde todas nós, mulheres, encontraremos muito das nossas revoltas inconfessadas, das nossas ilusões, dos nossos sonhos e da nossa dor."
Ana Paula F erreira (Professora na Universidade de Irvine, Califórnia)
"(. .. )Participem, para que a mulher possa na realidade despertar na transformação da sociedade. A transformação das mulheres é essencial para a transformação da sociedade - são palavras de Maria Lamas(. .. ). palavras que exprimem um precioso sentido actual e urgente da participação das mulheres, sujeitos do devi.r histórico de qualquer transformação. Sublinhamos, por isso a importância da sua apurada leitura, nos meios académicos e nos movi.mentos sociais - em nome da pluralidade, da diferença, da modernidade e pertinéncia dos feminismos. Temos que reconhecer que na construção das ideias feministas aliadas a uma praxis democrática pela transformação social, esta intelectual que foi Maria Lamas deu em Portugal um contributo pioneiro inigualável(... )"
Regina Marques, Profl Ciências da Comuni.cação, na, E SE de Setúbal
movimento democrático de mulheres
Com mais de 40 anos de história, o MDM define-se como um movimento de opinião e intervenção pelas causas da igualdade, desenvolvimento e paz, pela emancipação das mulheres e por uma sociedade de justiça social. Afirma o valor da participação das mulheres enquanto força social com papel próprio e insubstituível, para uma nova e geral dinâmica política, social e cultural.
"Eu nĂŁo podia limitar-me a ser uma mulher que sonha ... Eu queria ser uma mulher que vive conscientemente" Maria Lamas, Para AlĂŠm do Amor