Revista Inspira #1

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i inspira JUNHO 2019 EDIÇÃO #1

LEITURA SONORA DISPONÍVEL

Empreender para transformar Negócios que constroem um mundo melhor

Cura pela energia O reiki como ferramenta de equilíbrio físico e mental

A sustentável leveza do ser Atividades físicas com o próprio peso. Funciona?

Viver de frutas Comer sem cozinhar é possível. Conheça a alimentação viva!


VOCÊ TAMBÉM É CAPAZ! “Eu sempre me perguntei por que alguém não faz algo sobre isso. Então percebi que eu era alguém”

Foto: Miguel Bruna/ Unsplash

Lily Tomlin

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Editorial

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Sumário

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ALIMENTAÇÃO VIVA

INTESTINO CALISTENIA

40

EMPREENDEDORISMO SOCIAL REIKI

46

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MOSTEIRO ZEN


ÍNDICE Gira Mundo 6 Mozart: o melhor remédio 7 Cérebro pode ser treinado para funcionar da forma certa e curar doenças 8 Microplásticos são encontrados em todos os tipos de água do mundo 9 Crianças criadas na natureza são menos propensas a transtornos mentais na fase adulta

Alimentação 10 A Era sem Fogo

Se alimentar apenas de vegetais crus é a escolha de alguns. Entenda os motivos!

Fitness

Capa 26 Empreendedorismo Social

Como ideias de negócio podem mudar o mundo

36 Autoconhecimento e Ikigai

Descubra o seu propósito e crie uma nova vida

Artigo 38 Silenciar para comunicar Fugindo da reatividade e curando relações

REVISTA DIGITAL

Holístico 40 Reikilibrando as energias O que é reiki e como a tal energia universal pode ajudar na sua recuperação física e mental?

43 Minha primeira vez no reiki

Relato de uma curiosa que se aventurou pelo reiki

O corpo 46 Intestino: Inteligência para além da cabeça Sem complicação, entenda as conexões que o intestino faz e por que é tão importante estar atento a este órgão

Lugares que inspiram 52 Mosteiro Zen da Vargem Como um mosteiro budista se tornou um passeio imperdível?

24 Calistenia

Exercícios físicos com a força do próprio corpo

ASSINATURA GRATUITA

Receita 54 Suco verde detox

5 dicas 56 5 dicas para ler mais

Inspirações do mês 57 Indicações de leitura, música, série e muito mais para inspirar o seu mês

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Gira Mundo MÚSICA

Mozart: o melhor remédio A música do compositor austríaco foi utilizada em uma experiência com roedores feridos. O resultado foi um melhor efeito dos medicamentos e uma maior resistência à dor É isso mesmo que você leu no título. Um estudo realizado na Universidade de Utah (EUA) e recém-publicado na revista Frontiers in Neurology concluiu que: o simples fato de ouvir a música de Wolfgang Amadeus Mozart é suficiente para suavizar a sensação de dor ou de inflamação dos que a escutam, além de potencializar o efeito dos remédios. A experiência examinou ratinhos em um laboratório que estavam com as patas feridas ou inflamadas. Os roedores que foram submetidos ao som de Mozart, aguentaram 77% mais tempo a pressão e o calor de suas patas machucadas do que aqueles que não escutavam a música. Quando medicados, os roedores que ou-

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viam o compositor austríaco tinham uma resposta muito melhor ao tratamento. O cientista Grzegorz Bulaj, autor do estudo, afirma que essa descoberta pode impactar na diminuição da dosagem dos analgésicos, reduzindo o nível de toxidade da ingestão desses remédios em nosso organismo. As músicas de Mozart foram escolhidas na pesquisa por sua repetição rítmica, que já havia evidenciado um efeito calmante sobre o sistema nervoso. Você não precisa estar doente ou machucado para ouvir esse clássico. Corre lá no YouTube ou no Spotify e sinta, você mesmo, os efeitos relaxantes desse tipo de arte.


PESQUISA

Cérebro pode ser treinado para funcionar da forma certa e curar doenças Pesquisa brasileira avança no caminho da cura para doenças como o Parkinson e a depressão Foto: Freepik

Cientistas brasileiros publicaram recentemente, na Neuroimage, os resultados de uma pesquisa inicial que pode abrir caminho para o tratamento – e cura – do acidente vascular cerebral (AVC), da doença de Parkinson e até da depressão. De acordo com as conclusões, o nosso cérebro pode ser treinado para se curar das doenças que o acometem. O segredo estaria na neuroplasticidade do órgão, a capacidade que ele tem de estar a todo momento se adaptando, mudando a forma como funciona e se conecta com outras áreas. Segundo os especialistas, as doenças alteram o funcionamento do cérebro, mas ele ainda seria capaz de ser “ensinado”, reapreendendo a funcionar de maneira correta e

eliminando sintomas de doenças como as citadas acima. A técnica utilizada pelos pesquisadores foi a do neurofeedback e as modificações podem ser induzidas em menos de uma hora. No estudo, 36 voluntários se submeteram a um exame de ressonância magnética, o qual podiam acompanhar em tempo real, aprendendo a controlar a própria atividade cerebral. Depois da experiência, os pesquisadores notaram que todo o sistema se fortaleceu e que a comunicação entre os hemisférios direito e esquerdo do cérebro aumentou, de modo que o experimento induziu a neuroplasticidade natural do cérebro a trabalhar para a recuperação.

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Gira Mundo MEIO AMBIENTE

Microplásticos são encontrados em todos os tipos de água do mundo Pedaços de plástico menores que 5mm já poluem todas as águas do mundo, até mesmo a água que compõe o seu corpo Foto: JComp/ Freepik

O avanço do microplástico como poluente tem surpreendido cientistas do mundo inteiro. Em pesquisas recentes, esses fragmentos de plástico, que medem até cinco milímetros – e que portanto são invisíveis a olho nu –, já foram encontrados em lagos e rios do Reino Unido, da China e da Espanha, lugares onde foram feitas investigações científicas. Nos Estados Unidos, até mesmo em fontes subterrâneas esse poluente foi detectado, como no caso do aquífero de calcário em Illinois, em que a poluição chega a ser de 15 partículas por litro. As fontes subterrâneas fornecem cerca de um quarto (1/4) da água potável do mundo, a mesma água que ingerimos. Os desdobramentos desse poluente em nossa cadeia alimentar ainda são pouco conhecidos. Ainda mais recente foi a descoberta de plástico no fundo do mar, na Fossa das Ma-

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rianas, durante uma das expedições submarinas mais profundas já realizada. Os microplásticos nascem da quebra de plásticos como brinquedos, embalagens e outros utensílios (a maioria das roupas também contêm plástico) que, descartados de maneira incorreta, muitas vezes vão parar nos oceanos causando um verdadeiro extermínio da vida marinha. Estudo divulgado no Fórum Econômico Mundial de Davos em 2016 estimava que, no ano de 2050, os oceanos terão mais plásticos do que peixes. Uma maneira de tentar equilibrar isso é consumindo menos plástico nas pequenas atitudes diárias, como substituindo as sacolinhas de mercado por ecobags, negando canudos e copinhos plásticos e adquirindo menos supérfluos. Faça a sua parte!


SAÚDE MENTAL

Crianças criadas na natureza são menos propensas a transtornos mentais na fase adulta Pesquisa dinamarquesa publicada no início deste ano confirma que lugar de criança é pertinho da natureza! Foto: Freepik

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, constatou que estar cercado pela natureza e por áreas verdes na infância pode fornecer uma forte base para saúde mental na fase adulta. O levantamento relacionou dados de quase um milhão de dinamarqueses, da base de dados do sistema de registro civil, com imagens de satélite feitas entre 1965 a 2013. Assim, concluiu que indivíduos cercados por grandes quantidades de espaços verdes na infância têm um risco até 55% menor de desenvolver um transtorno mental no futuro, mesmo se comparado com outros fatores de risco tais como status socioeconômico, urbanização e histórico familiar de transtornos mentais. “Com nosso conjunto de dados, mostramos que o risco de desenvolver um transtor-

no mental diminui gradativamente quanto mais tempo você estiver cercado por espaços verdes desde o nascimento até os 10 anos de idade. O espaço verde durante toda a infância é extremamente importante”, explica Kristine Engemann, pós-doutora que é líder do estudo. Os pesquisadores alertam para a necessidade de planejamentos urbanos que considerem criar cidades mais verdes e, portanto, mais saudáveis para seus habitantes. Uma vez que a estimativa é de que, até 2050, 68% da população mundial viverá em centros urbanos. Que tal levar suas crianças para um contato especial com a natureza? Procure um parque legal na sua cidade e experimente esse passeio!

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Foto: Freepik

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A ERA sem FOGO

Alimentação

A era pós-invenção do fogo é, curiosamente, a era da comida sem fogo. O debate acerca do retorno à alimentação crudívora de nossos ancetrais está aceso. Você já deve comer um ou outro vegetal cru, mas sabia que tem gente que só come assim, há anos, por uma escolha saudável e sustentável? Imagine a cozinha da sua casa! Agora retire desta cena todo tipo de eletrodoméstico capaz de esquentar a sua comida: fogão, forno, micro-ondas, fritadeira elétrica, misteira etc. Por fim, responda: qual será o seu cardápio do dia para as três principais refeições? Essa pergunta lhe pegou de surpresa? Antes de descobrirem que o atrito entre pedras ou gravetos gerava o fogo – o que aconteceu no período neolítico, entre 400 mil e 1 milhão de anos atrás –, os hominídeos viviam da coleta de frutos silvestres e, em menor grau, da caça de animais de pequeno porte, que eram ambos consumidos crus. Estima-se que essa rotina durou cerca de alguns milhões de anos, embora quase tudo nesse campo não passe de suposições científicas, uma vez que carecemos de maiores evidências arqueológicas e antropológicas dessa época.

Dominar o fogo simbolizou para esse ancestral uma nova forma de viver. A partir daí ele podia se aquecer do frio, afastar animais selvagens, acabar com a escuridão noturna e cozinhar. Charles Darwin, o famoso naturalista britânico conhecido por seu papel na biologia evolucionista, afirmou que, depois da linguagem, dominar o fogo foi certamente a maior descoberta da humanidade. Cozida, a carne demorava a apodrecer e os nutrientes vegetais seriam melhor assimilados, aumentando a capacidade nutritiva e fazendo com que o pouco que comiam vivendo da coleta e da caça fosse o suficiente, a quantidade de calorias diária necessária. Antes da descoberta da agricultura (que aconteceu entre 10.000 e 12.000 anos atrás) e da consequente sedentarização humana – quando passamos a nos fixar em um lugar –, éramos grupos nômades em busca de co-

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mida, e nem sempre a natureza era generosa em oferecer grandes quantidades de frutos comestíveis, por exemplo. Para alguns cientistas, essa reserva de energia possibilitada pela comida cozida teria fornecido as calorias necessárias que fizeram com que o cérebro humano se expandisse e, consequentemente, aumentasse a nossa capacidade de raciocínio. Na Universidade de Harvard, ainda hoje, pesquisadores tentam testar essa tese de que a relativa inteligência que temos tem conexões com a comida cozida. Para o nutricionista Eduardo Corassa, no entanto, sua capacidade mental nunca esteve melhor. Sem comer nada cozido há quase 13 anos, sua dieta é vegana, composta majoritariamente por frutas e vegetais crus, e a capacidade cognitiva é apenas um dos melhoramentos que ele observou em sua experiência pessoal. Ele adiciona ainda: “uma incapacidade de ficar doente, uma sensação de bem-estar e capacidade física extremamente elevados, e a felicidade de comer quilos e quilos de comida e nunca engordar”. Eduardo é um dos principais representantes de um movimento alimentar ambientalista que tem ganhado força no Brasil: o crudivorismo ou frugivorismo. Em seu canal no YouTube, o Saúde Frugal, ele reúne mais de 68 mil seguidores que buscam por informações constantes a respeito desse tipo de alimentação, sobre a qual Corassa advoga utilizando seus conheci-

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mentos de formação com base em estudos científicos e experiência própria. A história pessoal do nutricionista com o crudivorismo foi o que o motivou a querer compartilhá-la com um público massivo na internet. “Foi o que salvou a minha vida e é o que motiva ao trabalho com o Saúde Frugal. Eu era diabético, precisava fazer duas cirurgias; eu era uma criança bem doente e ao adotar o crudivorismo aos 22 anos foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Tem 12 anos que eu não tenho nenhuma dor de garganta, um espirro, uma tosse”, conta. Apesar do tom apaixonado, Eduardo é consciente em lembrar que saúde não se faz apenas com alimentação, mas com um “estilo de vida” saudável, o que para ele e para os higienistas naturais (sistema de saúde que segue) compreende: “dormir cedo, pegar sol, praticar atividade física, evitar estresse, comer alimentos adaptados à nossa espécie, fazer jejum”, entre outras coisas.

A premissa dos crudívoros é de que a cocção dos vegetais e frutas destrói nutrientes essenciais e enzimas que ajudariam em nossa digestão. Dessa forma, a única temperatura que eles acham válida é até 40ºC, um calor


próximo ao que pode ser suportado pela pele humana, o considerado “morno”. Uma temperatura maior do que isso, de acordo com essa postura alimentar, mataria a vida existente no alimento e o tornaria incapaz de nos fornecer vitalidade. Corassa nos explica o que acontece com o alimento durante o cozimento: “Se você cozinha o alimento, se você tem a reação de Maillard, isso produz 420 substâncias tóxicas (cancerígenas, mutagênicas, citotóxicas, ceratogênicas, clastogênicas e pró-inflamatórias), assim como a perda de nutrientes. Tem, talvez, a melhora da biodisponibilidade de um ou outro nutriente como o licopeno, a vitamina A e o betacaroteno, mas ainda assim é insensato”. A reação de Maillard, mencionada por ele, é um processo comum ao assar pães e carnes, por exemplo, sendo responsável por dar o aspecto dourado ou tostado de algumas receitas. Para que ela ocorra devem haver carboidratos, aminoácidos ou proteínas (que são cadeias de aminoácidos) e uma temperatura de 120ºC ou mais. Ou seja, não é nada incomum para quem consome uma dieta cozida. As alegações dos crudívoros incluem o argumento de que em meio a mais de 700 mil espécies de animais existentes na natureza, somos a única que cozinha seus alimentos e a única que sofre com doenças degenerativas. “Cansei de ouvir as recomendações usuais porque percebi que você não fica melhor. Então busquei, pesquisei, achei que fazia

todo o sentido. Há 700 mil espécies no planeta que vivem de comida crua, só o ser humano cozinha e morre de doenças crônicas degenerativas. Então fez muito sentido, já que nós somos classificados pela biologia como primatas antropoides e todos os primatas antropoides na natureza, a antropologia indica, vivemos de fruta durante 8 milhões de anos”, explica Eduardo Corassa. Se você até agora está completamente enojado pensando que eles consomem carnes cruas ou empolgado supondo que vivem de sushis, carpaccio ou ceviche, se enganou. Diferente da famosa dieta paleolítica, que nos últimos anos foi muito comentada no segmento fitness ao também proporcionar uma releitura da nossa natureza pré-histórica; na alimentação crudívora, a carne e os seus derivados são excluídos. Só se come frutas e vegetais crus e, em alguns casos, sementes germinadas, fermentados naturais e desidratados. Alimentos industrializados também ficam de fora. Apesar de nascidos da terra, tubérculos, como a batata e grãos como o arroz e o feijão também não entram no cardápio crudívoro. “Qualquer tipo de alimento que precisa ser consumido cozido, não é um alimento natural à espécie humana. Um chimpanzé pigmeu, mais especificamente o bonobo, compartilha 99,3% do nosso material genético e ele não come batata, arroz, feijão, vaca... ainda mais cozidos”, exemplifica o nutricionista crudívoro.

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Perguntado se havia alguma contraindicação ao crudivorismo, Corassa responde negativamente. “Todos nós nascemos crudívoros, a gente escolhe não permanecer crudívoro ao queimar nossa comida e chamá-la com o eufemismo de 'comida cozida'”, define ele. “Existem contraindicações quanto a queimar a sua comida. Por exemplo, algumas das toxinas formadas pelo cozimento são relacionadas ao câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, endometriose, síndrome do ovário policístico, doenças autoimunes e por aí vai. Até onde eu sei na literatura, desconheço qualquer contraindicação contra uma dieta crua”, pontua o nutricionista. Que frutas e vegetais são sinônimo de saúde não é novidade para ninguém. Fomos educados com puxões de orelha que diziam “coma mais vegetais” e as saladas sempre foram a refeição intuitivamente mais procurada por quem quer levar um estilo de vida saudável. De fato, um estudo encomendado pela Organização Mundial da Saúde, realizado com mais de 60 mil pessoas, revelou que o consumo de legumes é o grande responsável por uma boa saúde, seguido pelas verduras e frutas. Além disso, o Ministério da Saúde do Brasil recomenda a preferência por alimentos in natura, frescos e de conhecida procedência, em detrimento dos alimentos industrializados. Com base nessa noção simples e consolidada de que vegetais são bons para a saúde, Eduardo Corassa defende o crudivorismo, enquadra sua prática dentro dos parâmetros científicos e afirma não discernir das recomendações usuais do CRN (Conselho Regional de Nutrição). “Por uma perspectiva acadêmica, frutas e vegetais crus são inversamente correlacionados a todo tipo de doença crônica degenerativa. Até

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Foto: Divulgação/ Saúde Frugal

"QUALQUER TIPO DE ALIMENTO QUE PRECISA SER CONSUMIDO COZIDO, NÃO É UM ALIMENTO NATURAL À ESPÉCIE HUMANA."

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mesmo fruta é inversamente correlacionado à diabetes. Quando as pessoas pensam que seria o causador”, aponta.

O QUE É UM ALIMENTO? Uma face mais new wave (que de “new” não tem nada) da filosofia crudívora leva a enxergar o alimento para além: como uma fonte de vida que fornece vida para outros seres vivos. Dessa forma, não se come nada que tenha relação com a morte. É a chamada alimentação viva, que enxerga as sementes das plantas germinadas como potências de nova vida entrando em nossos organismos e modificando-nos por inteiro.

Na alimentação viva, o alimento passa a ser compreendido como fonte de “energia vital”. Ele não é apenas o responsável por manter-nos vivos, como também ativa e regenera a vida. Ele é vida. Essa filosofia alimentar foi sendo mantida pela tradição oral naturalista ao longo dos tempos. Foi no início do século XX que o médico higienista francês Edmond Székely traduziu os pergaminhos do Evangelho Essênio da Paz escrito originalmente em aramaico pelo apóstolo João. Os essênios eram um grupo messiânico do movimento

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judaico que foi fundado em meados do século II antes da Era Comum, nas proximidades do que hoje é a Cisjordânia. Esse povo acreditava em rituais de purificação e sua alimentação era basicamente frutas e legumes crus. Székely propôs então um renascimento dessas práticas no mundo ocidental, criando o movimento dos novos essênios da paz e, como contribuição, classificou os alimentos em quatro grupos: Biogênicos (que favorecem a regeneração da vida): sementes germinadas e brotos. Bioativos (ativam a vida, por serem plantas que ainda mantêm a vitalidade): frutas, legumes, verduras frescas e cruas. Bioestáticos (mantêm a vida): alimentos cozidos, congelados e refinados. Biocídicos (consomem a vida): alimentos com produtos químicos ou radiações, conservantes e aromatizantes. Essa abordagem mais espiritualista do alimento perpassa ainda filosofias antigas como a indiana, que mencionava que os alimentos naturais possuem prana; e a chinesa, que trabalha com a noção de chi. A necessidade de ressignificação do alimento nos dias atuais é abordada como um ato de transformação do coletivo no Livro Vivo, disponibilizado on-line pelo projeto Terrapia, que integra os Programas Fiocruz


Saudável. O livro, bem como o projeto, populariza muitas informações teóricas e práticas sobre a alimentação viva.

“A TERRA É UM SER VIVO DO QUAL SOMOS O SISTEMA NERVOSO" Por que o que você come teria a ver com impactos a nível coletivo? O pesquisador e ambientalista James Lovelock, inventor de muitos dos instrumentos científicos utilizados pela NASA para análise de atmosferas extraterrestres e superfície de planetas, inventou também uma polêmica hipótese de que nosso planeta seria um ser vivo. A conclusão pode parecer fantasiosa para quem não entende que Lovelock, na verdade, estava se utilizando de uma metáfora. Muito embora ele mesmo tenha afirmado em entrevistas que a biologia precise rever e ampliar o conceito de “vida”. A conclusão à qual o pesquisador chegou ainda nos anos 1960 analisando, à distância, a vida em Marte foi a de que a composição química da atmosfera desse planeta está morta, isto é, sem muita atividade, em um equilíbrio químico; enquanto a da Terra está viva, com uma química desequilibrada, o que é um indício da existência da vida. Para ele, “a Terra é um ser vivo do qual somos o sistema nervoso” e com uma “retirada sustentável” conseguiríamos cuidar de sua saúde debilitada e do prognóstico que o autor faz para o futuro do planeta com os avanços do aquecimento global.

De acordo com o Livro Vivo do projeto Terrapia, iniciativa de conscientização sobre a alimentação viva: “Nossa maior contribuição ambiental é a saúde de nosso corpo! Ao se alimentar dos produtos da terra ecologicamente cultivados, e criando hábitos que promovam a sustentabilidade do solo, estamos contribuindo para a preservação da vida, seguindo a máxima: solo sadio, planta sadia, homem sadio!”. Se o homem e o planeta fazem parte de um mesmo organismo, a medicina e a ecologia devem andar de mãos dadas, pois uma desencadeia reflexos na outra. Eduardo Corassa também acredita no potencial transformador do crudivorismo. Segundo ele:

Uma dieta crua baseada em frutas e vegetais. Esse tipo de alimentação é a solução para o planeta. É uma forma de a gente reverter todos os problemas criados pela raça humana. Sobre a capacidade de transformação social e ambiental da alimentação crua ainda não há muitas pesquisas, mas em 2016, pesquisadores da Universidade de Oxford revelaram os resultados de um estudo que levantava os impactos de diferentes dietas na saúde das pessoas e

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Foto: Carol Cury

"A ALIMENTAÇÃO FRUGÍVORA E O ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL REVOLUCIONARAM A MINHA VIDA E A MINHA SAÚDE."

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Nanda Cury é adepta do crudivorismo há dois anos e cria conteúdo para as redes sociais


no meio ambiente simulando o ano de 2050, um futuro bem próximo. As dietas em questão eram: a atual; a que segue as diretrizes globais para uma alimentação saudável; a ovo-lacto-vegetariana; e a vegetariana estrita. Entre elas, a vegetariana estrita (vegana) foi a que apresentou os melhores resultados. Ela poderia salvar até 8 milhões de vidas humanas por ano, contribuiria para os cofres públicos em economia com saúde pública, reduziria as emissões de gases de efeito estufa e pouparia U$1,5 trilhão de dólares com danos oriundos do aquecimento global. Os resultados ainda mostraram que o maior motivo para a redução da mortalidade seria o menor consumo de carne vermelha e, em segundo lugar, o maior consumo de frutas e vegetais.

VIVENDO NO PARAÍSO “A alimentação frugívora e o estilo de vida saudável revolucionaram a minha vida e a minha saúde. Basicamente vivencio saúde plena, sinto muita energia e mais disposição e que a cada dia o meu corpo está se desintoxicando. A conexão com a natureza também foi potencializada”. Esse é o depoimento da especialista em marketing digital Nanda Cury, vegana há seis anos e frugívora/ crudívora há dois. Há alguns anos, sua irmã recebeu um diagnóstico de câncer. Nanda, então, começou a pesquisar formas naturais de prevenir e tratar o câncer. “Descobri um

nutricionista brasileiro e crudívoro no YouTube e várias pessoas que se curaram de inúmeras doenças, inclusive câncer, com esse tipo de alimentação”, relembra. O nutricionista em questão foi o próprio Corassa. Disposta a tentar, Nanda Cury adotou o crudivorismo como uma forma de inspirar a irmã a fazer uma mudança na alimentação. Hoje, sua irmã está bem, também virou vegana, mas não crudívora. A inspiração que Nanda queria levar à irmã, chega aos quase 23 mil seguidores que a acompanham diariamente em seu perfil no Instagram. “Foi uma mudança tão profunda que hoje me sinto inspirada a compartilhar dicas e as informações sobre estilo de vida para que mais pessoas possam vivenciar os benefícios”, declara a influenciadora que, em 2018, foi reconhecida pela vice-presidente do Google Maps como uma influenciadora relevante, que gera impacto social positivo por conta de seu ativismo em prol da causa vegana. No dia 22 de abril de 2018, Dia Internacional da Terra, Nanda colocou em ação o projeto PicNic Frugi. Sua ideia era reunir pessoas em um parque para compartilhar frutas, vegetais e informações sobre a alimentação natural vegana, além do desafio de gerar zero lixo. Próximos à natureza, Nanda planta a semente do crudivorismo entre os participantes. Esse projeto colaborativo já passou por Salvador, São Paulo, Santos, Rio de Janeiro e São Francisco (Estados Unidos)

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e cada vez reúne mais interessados. Na experiência de Nanda, o frugivorismo significou a “cura e redução de diversos sintomas e desequilíbrios, como ansiedade, compulsão alimentar, depressão, gastrite, alergia, pele seca”, enumera ela. Eduardo Corassa, em sua experiência profissional como nutricionista, também observa histórias como a dele e a de Nanda se repetirem. “Eu vejo pacientes até mesmo com diabetes tipo 1, que é considerada uma doença autoimune irreversível, adotando uma dieta de frutas e praticamente revertendo a doença. Eu já vi cânceres terminais, e coisas do gênero, onde as pessoas estão vivas e saudáveis 20, 30, 40 anos depois. Já ouvi relatos, histórias e conheci pessoas”, comenta ele.

SEM O ARROZ COM FEIJÃO, O QUE NOS RESTA? Com o arroz e o feijão de cada dia fora do cardápio, você pode estar pensando: o que eles comem? Bem, Eduardo Corassa revela que chega a consumir até 6 quilos de comida em um dia. “Grãos são acidificantes, contêm excesso de proteína e são literalmente comida de pássaro. Pássaros são adaptados à grãos, não os primatas antropoides. Nós não fomos feitos para o consumo deles. Tanto é que a gente precisa temperar, germinar e fazer vários processos”, informa o nutricionista, ao ex-

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plicar o motivo de feijão e arroz não serem condizentes com a dieta crudívora. No dia a dia, a alimentação de Corassa, por exemplo, consiste em consumir os vegetais da época, que costumam também estar mais baratos no mercado: “Então, é basicamente sempre fruta e vegetal. Oleaginosas, cenoura e beterraba, esporadicamente. Às vezes, uma ervilha e um cogumelo. A base mesmo é fruta e vegetal. Como grandes quantidades de fruta ao longo do dia e uma imensa salada durante a noite”, resume. Já para Nanda Cury, em sua rotina não pode faltar couve e banana. “Eu como couve, quase todos os dias, porque é dos vegetais mais baratos e fáceis de encontrar. Vegetais verde-escuros têm bastante ferro. Em casa sempre tem banana. É uma fruta versátil, que combina com muitas outras, dá para comer in natura e para preparar de várias formas”, explica. Quando Nanda menciona “preparar”, ela está se referindo a receitas cruas. Não se trata apenas de descascar os alimentos e ingeri-los. Em alguns casos, nossa ligação afetiva com a comida demanda que possamos comer algo parecido com o que comíamos antes, tendo a mesma forma, textura e sabor de bolos, sorvetes, macarronadas, pizzas, sopas e outros pratos. Algumas outras receitas, já estamos acostumados a consumir integralmente cruas e nem sequer pensamos que


já estamos inserindo alimentação crua na dieta. É o caso de molhos como a guacamole, saladas, sucos e vitaminas. Existem diversas receitas no YouTube. Eduardo Corassa tem dois livros sobre o tema, o Crulinária Frugal, nas versões receitas salgadas e sobremesas. Recentemente, Nanda Cury lançou um e-book. O Guia da Semana Frugi, como foi intitulado, traz dicas, informações e receitas, para inspirar quem deseja testar uma semana frugívora e incluir mais frutos e vegetais, de forma saborosa, na alimentação. Em um levantamento simples, que não buscava por frutas silvestres não-comerciais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que existem cerca de 200 frutas identificadas entre brasileiras e estrangeiras. Apesar da variedade de frutas e de vegetais comestíveis que temos em nosso país, uma pesquisa também realizada pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde, publicada em 2011 indicou que a ingestão diária de frutas, legumes e verduras do brasileiro está abaixo dos níveis recomendados pelo Ministério da Saúde (400g) para mais de 90% da população. TRANSGÊNICOS: O FRUTO PROIBIDO? A ideia do poder vital das frutas e vegetais em nossa saúde é muito antiga. O mundo, no entanto, mudou bastante e, hoje, a comida que chega em nossas mesas não tem mais a pureza de

um jardim mítico. Em 2017, de acordo com pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, o brasileiro já consumia uma média de 7 litros de agrotóxicos por ano. Essa enorme quantidade de pesticidas, herbicidas, fungicidas, entre outros, que ingerimos estão relacionadas a problemas de saúde que vão de intoxicações alimentares ao câncer. O consumo de vegetais crus seria, ainda assim, uma escolha saudável? Eduardo Corassa explica que ninguém sugere que agrotóxicos sejam benéficos à saúde, entretanto, afirma que: “É melhor levar uma dieta crua convencional, com alimentos com agrotóxico, do que uma dieta cozida com alimentos com agrotóxicos”. Ele justifica: “A literatura médico-científica mostra que é melhor consumir frutas e vegetais do que evitá-los por causa dos agrotóxicos. Por causa dos compostos proativos, fitonutrientes, vitaminas e minerais que são extremamente benéficos à saúde e protegem mais, mesmo com agrotóxico”. O nutricionista alerta ainda para uma comparação com a carne, que é um dos produtos alimentares mais ricos em agrotóxicos, o que ocorre por meio do processo de bioacumulação. “A vaca come soja com agrotóxico por quatro anos – durante o tempo de sua vida – e ela faz bioacumulação. Ela vai acumulando todos os agrotóxicos das 100 mil plantas de soja que ela comeu. Quando um ser humano vai comer carne, queijo e leite acaba fazendo

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biomagnificação, ou seja, ele vai comer dez, mil vacas na sua vida, e vai consumir o agrotóxico que ela consumiu em cada planta que ela comeu”, explica ele. A rotina alimentar de Nanda Cury, por exemplo, se divide entre orgânicos e não-orgânicos. “Em casa, priorizo o consumo de orgânicos, por serem mais nutritivos, saudáveis e sustentáveis, mas fora de casa como o que tem. Procuro evitar consumir morangos, tomates, pimentões, milho e os vegetais transgênicos. Quando o alimento não é orgânico, evito comer a casca, que é onde o agrotóxico fica mais concentrado”, descreve a profissional de marketing digital. Nanda lembra ainda que o cozimento não tira os agrotóxicos e aproveita para fazer um apelo: “Essa ideia de o orgânico ser mais caro precisa mudar. Tudo depende de onde você compra. Se comprar nos mercados provavelmente será mais caro. Mas se você frequentar feiras orgânicas e comprar direto do produtor sai mais em conta, muitas vezes o preço é o mesmo ou até mais barato que o convencional, especialmente quando se trata de alimentos da época, que são abundantes”. No box, colocamos algumas informações que podem facilitar essa busca pelos orgânicos para que você possa sempre se alimentar com mais qualidade. Crudívoro ou não, uma coisa é certa. O brasileiro não perderia em nada se incluísse mais frutas e vegetais em sua alimentação. A descoberta de novos sabores enriquece a saúde e o paladar de quem come!

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APROFUNDE A LEITURA!

Saúde Frugal: o guia ao crudivorismo frugívoro, a dieta original Eduardo Corassa Livro

O Guia da Semana Frugi Nanda Cury E-book


COMO INTEGRAR A ALIMENTAÇÃO CRUDÍVORA EM SEU DIA A DIA? PROCURE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL:

Essa dica é uma regra. Cuidar da saúde é muito importante. Portanto, não se arrisque seguindo dietas da própria cabeça ou porque achou interessante! Procure ajuda de um nutricionista ou nutrólogo que simpatize com essa postura alimentar. Isto é, um profissional que esteja atualizado frente às pesquisas referentes ao veganismo e suas vertentes. Feito isso, aí vão algumas dicas para a adaptação ao estilo de vida crudi-frugi-vegano.

COMECE AOS POUCOS: Nanda Cury dá uma

dica de quem já passou por isso: “Pense na ideia de incluir alimentos novos e aumentar as suas opções, o cérebro não gosta da ideia de restrição. Se conecte com a ideia de abundância, de comer à vontade, de alimentação colorida e de se desafiar”. Alimentos crus são ricos em fibras e em sais minerais. Mesmo uma única refeição por dia consistindo inteiramente de frutas terá um efeito revolucionário na sua saúde. O lema de Nanda é “Coma mais frutas e vegetais! (E deixe os animais em paz)”.

CONHEÇA NOVOS SABORES: Preze pela

variedade: vegetais têm mais proteínas e minerais, frutas têm mais carboidratos e vitaminas. Um equilibra o outro. Não se limite! Nanda sugere que você considere também conhecer pequenos produtores e plantar seu próprio alimento, se houver espaço em sua casa.

VEGETAIS DA ESTAÇÃO: As frutas e

verduras da estação estão em seu melhor estado nutricional, pois contêm vitaminas e minerais em maiores proporções. São frescas, mais saborosas e mais baratas. Além disso, elas tendem a ser menos contaminadas com agrotóxicos.

BANANAS E COUVE: Tenha sempre esses

dois em casa. Além de mais acessíveis, trazem importantes contribuições nutricionais e são bastante versáteis para receitas. O abacate também é um trunfo.

FREQUENTE A FEIRA LOCAL: Frequente

feiras locais, conheça os fornecedores e incentive a economia de onde você mora. “Pesquise em sites como o Mapa da Feira Orgânica (feirasorganicas.org.br) onde tem orgânicos perto de você”. A dica é da influenciadora crudívora Nanda Cury.

BUSQUE INFORMAÇÃO RESPONSÁVEL:

Nanda Cury dá uma dica bem acessível em tempos de conexão: “Busque informações, siga pessoas que praticam esse estilo de vida na internet e que possam te inspirar nessa jornada”. Mas veja bem quem você está seguindo e tenha consciência de que não se trata de uma dieta que visa emagrecimento. A youtuber Rawvana (protagonista de uma polêmica na internet nos últimos meses) estava consumindo uma dieta diária de 1.200 calorias com foco no emagrecimento. O que Eduardo Corassa considera um absurdo para uma pessoa adulta, conforme comentou recentemente no Instagram.

SUPRA SUAS NECESSIDADES DIÁRIAS: Use

a ferramenta gratuita de contagem de calorias Cronometer (http://spaz.ca/cronometer/) para ter certeza de que está comendo o suficiente. Como você já deve ter percebido, crudívoros costumam comer grandes quantidades diárias. Eduardo Corassa estima ingerir 6 quilos de alimentos por dia.

TENHA PACIÊNCIA COM VOCÊ:

Nanda Cury revelou que “sentir o cheiro de comidas com as quais temos relações afetivas e sociais é desafiador”, e inclusive afirmou já ter recaída e comer comida cozida depois de sua transição alimentar, “mas me senti tão mal fisicamente e energeticamente que isso só fortaleceu o meu desejo de me manter no objetivo”, conta. Tenha um foco claro em seus objetivos, mas tenha paciência consigo mesmo. Não se compare a ninguém. Cada um passa por seus próprios processos.

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A

falta de tempo, com a correria do dia a dia, é um dos principais motivos para o abandano da prática de exercícios físicos. E esse realmente é um dos fatores que os brasileiros mais apontam como empecilho para a prática de atividades físicas regulares, de acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE - 2013). Mas não é necessário despender de muito tempo, ou mesmo de dinheiro, para colocar em sua rotina um pouco de movimento e suor. Se você é uma pessoa que pratica atividades físicas, provavelmente, já deve ter feito algum exercício da calistenia. Flexão de braço, barra fixa, abdominais, agachamentos, entre outros exercícios, fazem parte dessa modalidade. Mas o que é calistenia? Bom, vamos à etimologia do termo. Calistenia é uma palavra de origem grega, composta por kallos (beleza) e por sthe-

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Foto: Kate Trysh/Pexels

CA LIS TE NIA nos (força). Ou seja, é a beleza da força. Na prática da calistenia, vários grupos musculares são movimentados com exercícios de esforço. E o melhor: a única ferramenta necessária é o próprio corpo. Outro ponto que facilita é a flexibilidade na montagem das atividades. Os exercícios de calistenia podem ser divididos de acordo com os grupos musculares que necessitam ser trabalhados e são normalmente executados em forma de circuito. Ou pode-se priorizar movimentos que recrutem mais músculos e trabalhem o corpo como um todo. O tempo de execução é um fator positivo Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 150 minutos de atividade física moderada por semana é o mínimo recomendado. Para quem tem uma rotina mais apertada, a calistenia pode ser uma alternativa. Há circuitos que podem ser realizados em até 30 minutos, e isso mesmo em casa, antes de iniciar a rotina de trabalho.


O ambiente também faz bem Se preferir, pode praticar a calistenia em locais abertos, como parques e praias. O interessante é que associar os exercícios físicos à natureza também favorece à sua saúde mental. Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Glasgow, na Escócia, a atividade física ao ar livre melhorou a saúde mental dos analisados, em comparação com os que praticavam atividades em locais fechados. O estudo mostrou que cada vez que uma pessoa inclui a prática de atividades físicas em ambientes naturais na semana, tem cerca de 6% menos chances de desenvolver problemas de saúde mental. Os benefícios da calistenia Em academias, para aumentar a dificuldade do exercício, geralmente, são acrescentadas anilhas de pesos. Já na calistenia, a inclinação ou o posicionamento do corpo fazem com que o exercício exija mais dos músculos. Mas será que os exercícios de calistenia, usando apenas o peso do próprio corpo, ajudam no desenvolvimento muscular?

Segundo uma pesquisa publicada em 2018 na revista científica Journal of Strength and Conditioning Research, a resposta é: sim. Esse estudo dividiu dois grupos de pessoas: as que fariam o exercício de supino e as que fariam flexão de braço. Após quatro semanas, foi observado que não houve diferença expressiva na espessura do músculo entre os dois grupos. Como na prática da calistenia vários tipos de movimentos são trabalhados, o corpo como um todo é acionado em sintonia. Assim, além de recrutar os músculos e ajudar na perda de peso, outros fatores são desenvolvidos, como equilíbrio, flexibilidade e coordenação motora. Existem vários graus de exercícios: desde os mais fáceis, como o agachamento, aos mais difíceis, como a bandeira humana, em que o praticante coloca as duas mãos em um poste e se ergue horizontalmente com os braços (imagem no box abaixo). Portanto, a calistenia é um tipo de modalidade que qualquer pessoa pode fazer, de acordo com o preparo físico. Além de ser de baixo custo, os benefícios são grandes, tanto pela praticidade quanto pelo desenvolvimento de outras habilidades corporais. Vamos nos movimentar?

Alguns exercícios de calistenia Barras paralelas Bandeira humana

Alpinista

Abdominais

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Empreendedorismo l a i c So Como ideias de negócio podem mudar o mundo Pensar em lucro é bom; pensar em ajudar o mundo com seu empreendimento, é melhor ainda. Saiba como jovens empreendedores estão recriando suas carreiras com o próposito de construir uma sociedade melhor.

Empreender é o novo trabalho de carteira assinada. Em março deste ano, a palavra “empreendedorismo” atingiu seu ápice de pesquisas dentre os últimos cinco anos, de acordo com a ferramenta Trending do Google, que mede o número de buscas por palavra no site. No Instagram, se proliferam contas voltadas à desenvolvimento pessoal, motivação empreendedora e investimentos. Muitas publicidades têm trazido uma sedutora narrativa de sucesso, posses e ganhos milionários atrelados a esse empreender.

Entretanto, ter não é ser. É muito comum para a maioria das pessoas, ao chegar na casa dos 60 anos ou próximo de se aposentar, ser assombrado por aquela pergunta: “Qual foi o meu legado?”. Queremos perceber para que valeram as horas diárias que emprestamos para um negócio e em que isso contribuiu para as gerações que virão a seguir. Qual foi o seu impacto nessa história, que é também a sua própria história?

É muito comum para a maioria das pessoas, ao chegar na casa dos 60 anos ou próximo de se aposentar, ser assombrado por aquela pergunta: “Qual foi o meu legado?”

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Aristóteles, o filósofo grego, chegou


Matéria de capa

à conclusão de que a felicidade genuína provém muito mais daquilo que trazemos ao mundo, do que daquilo que obtemos do mundo, e chamou esse florescer humano de εὐδαιμονία, eudaimonia. Em outras palavras, pensar sobre o seu legado é se questionar “o que estou trazendo ao mundo?”, e está intimamente relacionado com a própria felicidade. As gerações que vieram antes, associavam o trabalho à uma moral rígida, algo que dignificava o homem e lhe dava sustentação. Aí nasceu a ideia do “trabalho

árduo”. De outro lado, a partir dos anos 1920 e 1930, de acordo com o sociólogo Leo Lowenthal, o cinema apresentou modelos de trabalho que estavam mais orientados para o hedonismo, o consumo desenfreado e a ideia de buscar prazer nas atividades laborais. Para a geração millennial, que hoje se encontra em plena capacidade produtiva entre seus 18 e 35 anos, o trabalho representa uma releitura entre esses dois significados anteriores. Eles uniram – ou ao menos pretendem unir – o que gos-

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tam de fazer com a prática profissional e uma vontade de tornar o mundo um lugar melhor, é o que aponta a quinta edição da Millennial Survey, da consultoria Deloitte, que ouviu mais de 7.700 pessoas em 29 países, inclusive no Brasil. Os millennials não querem esperar chegar aos 60 para pensar que queriam fazer tudo diferente. Eles querem, de acordo com a pesquisa de 2018, “viver com propósito”, e que isso se reflita em suas escolhas e parcerias profissionais. Essa é a grande marca cultural dessa geração.

boque a diminuição do poder de compra que, por consequência, reflete na redução do número de empresas e do comércio e no aumento da taxa de desemprego. Nesse último caso, no primeiro trimestre de 2019, o número de desempregados chegou a 13,4 milhões, como revelou a pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse contingente passa para 28,3 milhões de pessoas, se incluir os subocupados com menos de 40 horas semanais e os que não conseguem procurar emprego.

Em 2018, 2 em cada 5 brasileiros, entre 18 e 64 anos, estavam envolvidos ou tinham planos de abrir próprio negócio

Para eles, no entanto, as empresas de um modo geral não apresentam esse mesmo padrão ético que perseguem, nem a vontade de contribuir com a sociedade. Sessenta e cinco por cento (65%) dos entrevistados acreditavam que as corporações não se comportam eticamente e 62% acredita que os líderes desses negócios não estão comprometidos em melhorar o mundo. DO CAOS FEZ-SE A LUZ! A crise econômica pela qual o País passa nos últimos anos também gera reflexos diretos na vida dos brasileiros. Com o compasso demarcado na queda do PIB (Produto Interno Bruto), a crise traz a re-

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De alguma forma, entretanto, a crise financeira despertou um potencial empreendedor, como se anunciasse: “Agora é hora de investir naquilo que você sempre quis fazer!”. No mesmo cenário geral, houve o crescimento de outro número: os empreendedores. Talvez você conheça alguém que começou o próprio negócio nos últimos anos. Segundo a pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor), realizada em 49 países, entre 2007 e 2017 o número de empreendedores mais que triplicou no Brasil, ao passar de 14,6 milhões para 49,3 milhões de pessoas. Dados animadores, levando em consideração que as micro e pequenas empresas chegaram a gerar 27% do PIB brasileiro em 2011, segundo pesquisa realizada pela Fundação Ge-


túlio Vargas (FGV), a pedido do Sebrae. De acordo com dados da GEM, somente no ano passado, cerca de 52 milhões de pessoas estavam envolvidas em alguma atividade empreendedora. Os índices dessa investigação mostram que, em 2018, 2 em cada 5 brasileiros, entre 18 e 64 anos, estavam envolvidos ou tinham planos de abrir o próprio negócio. A faixa etária que mais cresceu em empreendedores foi a de jovens entre 18 e 24 anos, totalizando 22,2% dos que estavam à frente do próprio negócio, formalizados ou não. Medidas governamentais tornaram o processo de formalização de micronegócios mais barato e prático, com a criação de categorias como o MEI (Microempreendedor Individual) que existe desde 2008, por exemplo. O avanço e a popularização da internet também facilitou o ato de empreender. Tanto pelo acesso a informações relativas à burocracia do negócio e à parte administrativa, quanto em relação ao próprio espaço virtual e seus baixos custos. A internet alarga as formas de divulgação de negócios, bem como cria novos formatos de empresas que têm como base as trocas que ocorrem no próprio mundo digital. Pegue esse cenário de baixas possibilidades de emprego no mercado tradicional, junte com as insatisfações geradas por crises nutridas há anos como a ambiental, a educacional e a do sistema público de saúde; adicione as inúmeras

Camila Victorino @pensandoaocontrario

possiblidades ocasionadas pela internet e muita vontade de viver com propósito e eudaimonia. Essa mistura dá origem a um tipo diferente de empreendedorismo: o empreendedorismo social. “SEJA A MUDANÇA QUE VOCÊ QUER VER NO MUNDO” Empreender é colocar em execução alguma ideia no mercado, como produto ou serviço, que tenha relevância para o público e traga soluções para o dia a dia. Há aqueles que buscam melhorias também sociais a partir da criação do seu negócio. Isso que é o empreendedorismo social, uma forma de negócio que cause reflexos positivos na sociedade. Esse foi o caso de Camila Victorino, empreendedora social na área de sustentabilidade ambiental e de alimentação. Proprietária da loja Pensando

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ao Contrário e do canal homônimo no YouTube, Camila começou com um blog em 2012, voltado à sustentabilidade e à vida saudável vegana. “Para mim, foi tudo muito natural. Faz parte da minha personalidade acreditar que um mundo melhor é possível, então sempre tentei aliar meus ideais com meu caminho profissional”, conta ela relembrando as origens de seu projeto. Quatro anos depois, em 2016, criou o canal no YouTube, que hoje conta com mais de 300 mil inscritos. “Durante muito tempo, o Pensando ao Contrário era só um hobby, mas hoje em dia consigo me dedicar 100% ao projeto, juntamente com meu marido,que é meusócio”, relata.

em ótimas universidades. Tinha tudo para fazer uma carreira de sucesso no meio acadêmico. O problema é que não me sentia bem comigo mesma. Estava sempre deprimida e sem sentido na vida. Um dia, percebi que o que me motivava eram os comentários das pessoas no meu canal do Youtube e no meu site! Pensei que seria uma ótima ideia mudar de carreira, mas não foi assim do dia pra noite!”, observa Camila. A ideia da loja de produtos surgiu quando retornou do doutorado na Inglaterra. Camila percebeu que, no Brasil, poucas empresas se dedicavam à venda de produtos mais sustentáveis e naturais. E isso se confirmou ao notar que os seus seguidores tinham dificuldade em encontrar ingredientes que ela utilizava nas receitas e também porque comentavam que não conseguiam diminuir a produção de lixo. “Foi aí que vi uma oportunidade que aliaria meus ideais com o meu desejo cada vez mais crescente de transformar o Pensando em minha profissão”, esclarece.

“Um desafio do empreendedorismo social é educar a população sobre a importância de produtos mais responsáveis”

Antes de se dedicar exclusivamente ao projeto, Camila se graduou em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo), fez mestrado em Fisiologia humana pelo Instituto de Ciências Biomédicas (USP) e doutorado em Psicologia, com foco em Neurociências, pela University of Surrey, na Inglaterra. Um currículo que muita gente gostaria de ter! Com essa ampla formação acadêmica, a mudança de carreira foi devido à insatisfação. “Eu sou PhD e me formei

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Da carreira trilhada anteriormente como pesquisadora, Camila integra aos vídeos no canal do YouTube a forma como elabora a sua produção de conteúdo, sempre com embasamento


científico. “Uso meu treinamento científico para ler e entender sobre os mais variados assuntos que envolvem sustentabilidade e saúde, antes de passar informação ao público”, afirma. No canal são publicadas receitas culinárias, dicas de beleza, saúde e sustentabilidade. O empreendedorismo social ligado à sustentabilidade ambiental é uma das questões que movem Camila e inspiram os seus seguidores a construir um mundo melhor. Atitudes simples, como utilizar canudos sustentáveis, já fazem a diferença na diminuição da produção de lixo e de plástico. É nessa ideia que Camila apostou em seu site, ao vender utensílios sustentáveis como canudos de metal, escovas de bambu e produtos de beleza orgânicos e que não contêm microplástico na fórmula. “Eu acredito no potencial do meu projeto. Recebo muitos comentários de pessoas que se beneficiaram pela informação que estou passando e também pelos produtos da minha loja. Como ela é online, pessoas do Brasil todo podem ter um canudo ecológico na sua casa ou fazer seu cosmético em casa porque fornecemos todos os ingredientes naturais e até a embalagem é sustentável”, argumenta. A ideia de empreendedorismo social voltado à sustentabilidade ambiental, como no caso de Camila, é fundamental num país que é o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo, sendo que apenas 1% é destinado à reciclagem. Os dados são do Fundo Mundial para a

Natureza (WWF, em inglês) e mostram que no Brasil são produzidos mais de 11 milhões de toneladas de lixo plástico por ano. Somente por semana, cada brasileiro gera 1kg de lixo plástico. “Um desafio do empreendedorismo social é educar a população sobre a importância de produtos mais responsáveis”, explica Camila. Apesar desses dados ambientais, Camila segue sendo um ponto de esperança e de consciência. Seu lema é “Seja a mudança que você quer ver no mundo”. Para ela, não bastam palavras, para melhorar o mundo devemos ser o exemplo por meio de nossas ações, e é isso que ela representa com o Pensando ao Contrário. Um diferencial do empreendedorismo social é que ele não termina com a ideia de Camila, por exemplo, ele continua circulando pela sociedade como uma corrente do bem. Um seguidor do canal pode empolgar sua família inteira a produzir menos lixo. O Pensando ao Contrário, nesse caso, é um ponto de partida e os produtos que ele oferece não dão origem a um consumo-morto, com obsolescência programada. Trata-se de um consumo-vivo, que não se esgota, gera impactos positivos em quem consome e esse pode seguir gerando microimpactos em várias escalas: social, ambiental e econômica. Essa forma de empreender estimula quem consome a continuar ativando as ideias que o produto carrega.

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Queimados (ES – 1849) – insurreição de negros contra a escravidão – , o espaço é administrado Antônio Vitor, graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e mestre em Psicologia Institucional (Ufes). A ideia de empreender com o Centro Cultural Eliziário Rangel (CCER) surgiu a partir de uma provocação e de um incômodo.

Antônio Vitor @eliziariorangel

EMPREENDER COM ARTE Ao pensarmos em empreendedorismo, geralmente, relacionamos prestação de serviços inovadores, empresas de vestuário ou de alimentação. Esquecemos que a cultura também pode ser a força motriz que movimenta um empreendimento.

“O CCER nasce da provocação de pensar quais afetos estão sendo criados, cotidianamente, na cidade de Serra e sobre a cidade de Serra. Do incômodo de viver numa cidade que lidera, historicamente, índices de violência contra grupos minoritários politicamente e paradoxalmente uma cidade com poucas opções de arte e cultura bem como lazer. A proposta do CCER é fomentar arte para torcer a normativa cultural da violência, bem como desconstruir a Serra enquanto periferia afetiva, uma vez que os índices de violência não se relacionam diretamente com índices econômicos”, relata.

"A proposta do CCER é fomentar arte para torcer a normativa cultural da violência, bem como desconstruir a Serra enquanto periferia afetiva"

É isso que acontece na Serra, município mais populoso do estado do Espírito Santo, com mais de 500 mil habitantes. No bairro São Diogo, um local voltado para a promoção de cultura está em funcionamento, o Centro Cultural Eliziário Rangel. Com nome do líder da Revolta de

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Único teatro na Serra, o Centro Cultural Eliziário Rangel tem programação diversificada, em busca de integrar artistas regionais e ser convidativa para os moradores. O Centro conta com projeto de ocupação dos espaços, chamado #TeatroNoEliziário, com espetáculos de Artes da Cena,


como teatro, dança, circo e performance. Já o Cores no Branco, visa a ocupação da Galeria de Artes Plásticas e Visuais Benedita Terrão. Além disso, são realizadas oficinas permanentes de capoeira, karatê, balé e pintura. Os espaços também são ocupados por atrações como o Sarau no Beco e o Tablado Queimado. Ao colocar a experiência cultural como principal moeda, Antônio e os colaboradores do Centro Cultural Eliziário Rangel ressignificam o que é empreender. Atualmente, a grande maioria dos eventos realizados no CCER são gratuitos. “A renda vem mais da venda de comidas e bebidas do Bar Café do que da bilheteria. Mas quando há bilheteria ou oficinas pagas é sempre pensando a acessibilidade e a viabilidade, afinal o objetivo é sempre o de difundir ao máximo o acesso à produção artística e cultural”, explica Antônio Vitor. Como forma de criar sustentabilidade financeira, o CCER tem estratégias traçadas para que possa movimentar recursos financeiros que viabilizem trabalhos em arte. “Esses trabalhos, certamente, gerarão rendimentos que permitirão o sustento de pessoas, inclusive eu. Mas não é um propósito pessoal e intimista uma vez que o pensamento não é do lucro e do acúmulo”, esclarece Antônio Vitor. Da sua formação na área da Psicologia, Antônio Vitor integra ao cotidiano do Centro Cultural a dimensão da revolução pelo afeto. “Embora a arte seja infinitamente maior que o saber Psi, foi pela Psicologia que apostei na dú-

vida, no questionamento e na formação de pensamento crítico a si mesmo e ao mundo. Acredito que essa formação contribui e muito com a missão, visão e valores do Eliziário”, observa. Antônio destaca os desafios de empreender a partir da arte: “O desafio é como fazer a arte algo interessante e para isso exige conversa. Aí é a educação: no diálogo e não na adaptação do público ao teatro. Esse processo é lento, mas apostamos que seja sólido. Apostamos, ainda não temos garantias, porque a vida é da ordem da surpresa”. ROMPENDO PARADIGMAS Outra ideia que também surgiu em terras capixabas de empreendedorismo social foi mesclando a área jurídica com a da saúde. Carolina Massuyama Martinelli, advogada, e João Virgílio, clínico e endocrinologista, fundaram a start-up Katana Clube de Benefícios. Com o trabalho de médico, João Virgílio atuou em bairros mais carentes, onde via de perto a dificuldade de acesso a uma saúde de qualidade. Então, teve a ideia de fazer um cartão de descontos para consultas e exames, porém mais amplo que os existentes no mercado. Junto à sócia Carolina, desenvolveram o modelo atual que oferece quatro pilares de benefícios: descontos em redes credenciadas, seguro de acidentes, portal de oportunidades com informações e proteção cidadã com assistência jurídica. Os sócios conectaram suas es-

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pecialidades para criar esse modelo de empreendedorismo: João, com a sensibilidade da prática médica; e Carolina, com sua experiência na área jurídica. “Hoje, o Sistema de Saúde, por vezes nega direitos e informações. As pessoas não sabem o que fazer, que documentos apresentar e a quem recorrer. Além disso, a população não tem sequer informação básica dos seus direitos, como, por exemplo, os prazos estabelecidos por lei para tratamento de doenças sérias, a possibilidade de internação de um dependente químico pelo Poder Público, entre outros direitos. Assim, há filas e faltam vagas e medicamentos. Não é raro pessoas que morrem à espera de uma cirurgia. São essas as dificuldades que o Katana pretende enfrentar junto aos associados”, explica Carolina.

tendam o alcance e a mudança de paradigma com o Katana”, pondera Carolina. Mesmo com esses desafios, Carolina engloba um desejo na forma de empreender. “Sempre tive o sonho de poder ajudar as pessoas. Mas nunca soube por onde começar ou o que fazer. Vejo com o Katana uma oportunidade de trabalhar e, ao mesmo tempo, conseguir levar uma esperança de vida melhor a essas pessoas”, destaca.

"Vejo com o Katana uma

oportunidade de trabalhar e, ao mesmo tempo, conseguir levar uma esperança de vida melhor a essas pessoas”

Essa forma de negócio que atende às carências sociais em setores constantemente negligenciados pela gestão pública é nova e ainda pouco conhecida pelas pessoas. “Principalmente, por se tratar de uma start-up de Empreendedorismo Social, tudo é novo. As demandas da sociedade não atendidas e aspectos nunca antes enfrentados no mercado trazem desafios adicionais de comunicação para que as pessoas en-

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EM BUSCA DE UM PROPÓSITO O que os nossos três entrevistados da matéria têm em comum, além da alta qualificação acadêmica, são ideias empreendedoras que impactam positivamente a sociedade. Como toda boa ideia empreendedora, nasce a partir de uma necessidade ou de uma provocação, como na área ambiental, para Camila; nas artes, para Antônio; ou na saúde e no direito, para Carolina e João. Alinhar um empreendimento ou a carreira com o que realmente acredita é um importante caminho para a transformação da sociedade. Atualmente, muitas pessoas chamam isso de “propósito”. Mas o que, geralmente, vem associado à ideia de propósito é a noção


de que é uma busca, algo que pode ser achado em algum lugar, ali pelas alturas da vida. No entanto, há pessoas que trocam o “achar” por “criar”, quando definem, de maneira prática, o que gostam de fazer e o que podem fazer. Assim, o propósito fica mais palpável. Na criação do propósito, algumas dessas perguntas são respondidas: O que me incomoda aqui? O que gosto de fazer? O que posso fazer para melhorar? Quanto tempo disponho para colocar isso em prática? Como isso se encaixaria no mercado? Ao responder essas perguntas, talvez você descubra um propósito ou mesmo um potencial projeto de empreendedorismo social. Existem ferramentas que podem ajudar a definir o propósito de vida. Uma técnica e filosofia japonesa chamada Ikigai, que ajuda a visualizar e entender a “razão de viver”, é esquematizada em passos, como mostramos na página seguinte. Entender todos os aspectos que direcionam o seu propósito pode auxi-

liar no aumento de satisfação em várias áreas da vida, como no trabalho. Ainda mais num país em que 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho manifestam alguma sequela ocasionada pelo estresse, como mostram os dados da pesquisa feita pela Isma-BR (representante da International Stress Management Association). Não à toa, a Síndrome de Burnout, também conhecida como a Síndrome do Esgotamento Profissional, foi considerada como doença e será incluída na próxima revisão da Classificação Internacional de Doenças, segundo anúncio feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Precisamos ressignificar nossas relações com o trabalho e com o dinheiro. Lucrar a qualquer preço é algo digno para a sua vida? E para a vida da sociedade como um todo? Garantimos que a resposta é não. “De quanta terra precisa um homem” (1880) é um conto de Tolstói que recomendamos a leitura. Você verá que você já tem tudo de que precisa!

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Autoconhecimento

E O SEU PROPÓSITO?

COMO ENCONTRAR O SEU Okinawa é um grupo de ilhas no sul do Japão conhecido como a "Terra dos Imortais". O apelido deriva de sua grande população de centenários, pessoas que vivem mais de 100 anos. Além de ter uma das taxas de mortalidade ligadas a doenças crônicas mais baixas do mundo, Okinawa é também a dona de uma das maiores expectativas de vida do planeta! Alguns autores, curiosos com a longevidade dos nativos, pesquisaram e descobriram que o ikigai é um dos motivos dessa qualidade de vida. Não há uma tradução direta do termo para o português, mas ikigai pode ser definido como uma razão de viver, o que dá propósito a sua vida, o que lhe faz levantar feliz todas as

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manhãs. Já pensou nisso? Trata-se de se observar, buscar o que lhe dá prazer e assim colocar isso em sua rotina de forma a transbordar a sua existência de felicidade diariamente. Você pode buscar as respostas sobre o que lhe dá alegria de viver na simples observação das suas práticas mais cotidianas, como tomar café. A mandala ikigai pode ajudar a encontrar essas respostas e colocá-las em prática também na vida profissional. Você quer descobrir o seu ikigai? Acima disponibilizamos a mandala. Ela representa quatro dimensões do seu self: a sua paixão, a sua vocação, a sua profissão e a sua missão na vida.

1. Imprima esta página ou transcreva a mandala para uma folha de papel. O modelo de mandala é importante. 2. Responda de acordo com suas experiências e opiniões sinceras às perguntas que aparecem no interior de cada círculo. Pode colocar muito mais de uma resposta! 3. Depois de tudo respondido, observe o que mais se repetiu, algo comum entre as respostas, e tente pensar em qual profissão ou projeto poderia se encaixar ali, vale também tentar criar um novo projeto. Tente colocar mais disso nos seus dias e em sua carreira!



Silenciar para comunicar

Q

uando acontece aquela situação estressante – alguém que te faz comentários ácidos, te julga, te insulta ou aparentemente te coloca em uma posição que você não merece estar – você inspira ou pira? Sempre tive dificuldade de aplicar na vida real essa tática namastê do “conte até 10”. Em resumo, eu sou a pessoa que pira. A reatividade é um traço forte da minha personalidade e, tentando sufocá-la, no estilo “deixa disso”, me sentia pior ainda. Sentia que não poderia me calar, que isso seria falta de personalidade, uma negação completa de quem eu sou, o equivalente a “deixar os outros passarem por cima de mim”. Me sentia uma completa “banana” no ato de não-reagir.

lações, com o objetivo de atingir a calma no meio da tormenta. Tem muito a ver com o papel do silêncio como uma porta para a real comunicação.

Ainda estou aprendendo a lidar com isso. Um filósofo alemão contemporâneo, Christoph Türcke, certa vez escreveu que em nossa sociedade midiatizada, “quem não emite, não é”. Essa máxima resume todas as discussões em redes sociais, e as nossas relações sociais como um todo. Sempre tem alguém querendo dar a palavra final, impor sua opinião como a correta. Como se emitir uma opinião e se identificar com ela fosse o atestado de que você realmente existe no mundo.

Voltando da pausa, tudo pode ser diferente. Você retomou o seu poder pessoal. Em touradas, dizem que enquanto o touro permanece enraivecido e reativo às provocações do matador, o matador está no controle da situação. De repente, em meio à confusão da arena, o touro encontra o que é chamado de querência, um lugar de paz interna onde ele recupera sua força e poder. A partir daí o jogo vira e fica tudo realmente perigoso para o toureiro. O touro redescobriu sua força interior!

Não sou a pessoa que discute no Facebook, mas ainda assim entro na espiral dos reativos, e acredito que muita gente se encontre aqui também. Acontece que, nessa necessidade de defender quem eu sou, será que estou defendendo a pessoa certa? Eu sou a pessoa reativa ou absorvi e cristalizei essa atmosfera cultural que nos torna reativos?

“Quando pausamos, nós não sabemos o que acontecerá a seguir. Mas por rompermos com nossos comportamentos habituais, nos abrimos à possibilidade do novo e de formas criativas de responder aos nossos desejos e medos”, escreve Tara Brach no livro.

Imagem: Darwis Alvin/ Pexels

No caminho de descobrir quem eu realmente sou, encontrei o livro Radical Acceptance, da psicoterapeuta americana Tara Brach (ainda sem tradução no Brasil). Lá, pela primeira vez, as técnicas de meditação e mindfulness fizeram sentido para mim. Tara conseguiu explicar como isso pode nos ajudar na prática, por exemplo, quando alguém nos magoa e a única vontade que você tem é de dar um soco na cara dessa pessoa! Tudo se resume ao exercício da pausa. Mas não se trata apenas de congelar a cena para que você possa respirar com foco nas suas inalações e exa-

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Quando, em uma conversa ou discussão, nos sentimos ofendidos ou humilhados, não há necessidade alguma de responder imediatamente. Devemos respirar e é fundamental que olhemos nos olhos da pessoa por alguns segundos. Isso dará tempo para que possamos refletir sobre as raízes de nossos sentimentos e como devemos reagir da melhor forma, de acordo com nosso próprio eu, e não no automático. Mesmo que a outra pessoa na discussão não tenha feito o pacto de dar essa pausa reflexiva, o fato de você ter aberto esse espaço temporal na conversa também a colocará para refletir um pouco da situação.

Às vezes, para ser real mesmo, uma comunicação não precisa de palavras, mas sim de silêncios. E de um olhar que expresse. Somente aí poderemos encontrar nossa querência e dar mais verdade a nossas interações. Não tente impor nada na base do grito e da força. Sun Tzu defendia que a suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar. Lembre-se que essa tática de recuar já derrotou grandes líderes, como Napoleão Bonaparte, e levou outros à loucura, como o general Aníbal. Em tempos de redes sociais, não sei muito bem como colocar isso em prática. O visualizado e não respondido teria o mesmo efeito?


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Holístico

REIKIli REIKI

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Que somos feitos de carne e osso, isso a gente já sabe essência, espírito, seja qual for o nome, essa é uma parte busca de reequilibrar sua existência de

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á observou como seus sentimentos podem oscilar “do nada”? Uma hora você está bem, e na outra, triste e pra baixo. Às vezes, só de entrar em determinados ambientes, nos sentimos mal, como se a angústia tomasse conta. Em outros ambientes, no entanto, nos sentimos instantaneamente mais alegres. O que explica isso? Alguns mencionam a existência de um sistema energético, a existência da energia, que habitaria cada um de nós e se conectaria em afetação mútua com a energia de tudo o que existe. A boa notícia é que descobriram como utilizar essa energia a seu favor! Desde os mais remotos tempos, muitas foram as filosofias de cura que se utilizaram do conceito de energia. No século XX, desapegado de vínculos religiosos, o estudioso japonês Mikao Usui desenvolveu um método de cura, de elevação da consciência e da energia vital disponível a todos, não apenas restrito a iluminados. Esse método é capaz

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de ser ensinado e aprendido. O reiki, como foi chamado, é um método que incita a cura do corpo e da mente por meio do trabalho com a energia. A própria palavra reiki, que é um neologismo do japonês, deriva da união de outras duas palavras: rei, que significa energia de todo o universo; e ki, energia vital individual. A partir daí fica mais simples de entender. Trata-se de uma doação da Energia Universal para a energia que habita cada um de nós. Essa mediação é feita por um terapeuta reikiano, que funciona como um canal. Wallace Carvalho é terapeuta holístico e trabalha com esse método há mais de 11 anos, já tendo realizado mais de dez mil atendimentos. Atualmente, é diretor e professor da Casa do Reiki de Vitória (ES). Ele nos explica que, no reiki, “Considera-se a existência de uma energia universal canalizada, pelo praticante, que atua sobre o equilíbrio da energia vital com o propósito de harmonizar as condições


ibrando as rgias

refratores dessa cura. É algo inato. Quando um animal se machuca na natureza, os demais lambem a ferida, como que estimulando a cura. Quando uma criança se machuca, a mãe instintivamente leva a mão ao machucado. Nesse mesmo sentido, os estudos de linguagem corporal demonstram, que, quando algo nos incomoda ou entristece, nos tira do equilíbrio, é muito comum que realizemos movimentos inconscientes de autocontato. Tocamos partes do nosso corpo na tentativa de que nos acalmemos, como se alguém nos reconfortasse. Movimento similar ao da autoaplicação de reiki. Como afirma o mestre reikiano Wallace Carvalho, nosso estado natural é de harmonia e equilíbrio e o próprio corpo busca esse equilíbrio:

O objetivo do Reiki é sempre reconduzir a pessoa ao seu estado original (harmonia, paz e felicidade). Quando se busca um tratamento, normalmente, a pessoa está vivenciando essa desconexão com sua Essência Pura. E um dos efeitos dessa desconexão é o que conhecemos como 'doença' O reiki estimula a energia que já está presente em todos nós para que possamos recuperar nosso estado natural de harmonia e essência sempre que possível.

e! Mas e a parte sutil que constitui o que somos? Alma, e fundamental e está na hora de cuidar melhor dela. Em e maneira completa? Conheça o Reiki. gerais do corpo e da mente [do receptor] de forma integral”.

A CURA ESTÁ EM NÓS Esse conceito de energia universal rende algumas interpretações errôneas e associações com algumas técnicas de cura religiosas. No entanto, Wallace enfatiza que: “O Reiki não faz parte de nenhuma seita, religião, doutrina ou filosofia. Reiki é um método científico”. Dessa forma, não é necessário ter fé, crenças ou fazer mentalizações para que se possa receber os resultados da aplicação. Acontece que se trata de uma energia tão sutil que nem mesmo a ciência consegue medir, por não apresentar picos ou intensidade superior à normal, aponta o terapeuta João Magalhães nO Grande Livro do Reiki. Por se tratar de uma energia disponível, ela é passível de ser acessada por qualquer um, e não se restringe a uma elite de gurus. De acordo com a filosofia de Mikao Usui, fundador desse método, todos nós temos a capacidade de nos tornarmos

COMO FUNCIONA? Parece abstrato demais? Wallace nos ajudou a entender como o reiki funciona na prática: “No reiki se usa a imposição de mãos com a finalidade de estimular os mecanismos naturais de recuperação da saúde. Não se administra remédios e nem se usa instrumentos. Apenas o toque das mãos, sopros, olhar, batidas (leves) nas áreas afetadas”. A energia é aplicada diretamente em pontos do corpo que funcionam como centros de energia. De maneira inteligente, ela então viaja dentro do corpo do receptor até encontrar o ponto onde precisa agir para possibilitar o equilíbrio e a liberação de energias que estejam armazenadas de maneira negativa. “A ferramenta objetiva fortalecer os locais onde se encontram bloqueios, eliminando as toxinas, equilibrando o pleno funcionamento celular, de forma a restabelecer o fluxo de energia vital. A prática promove a harmonização entre as dimensões físicas, mentais e espirituais. Estimula a energização dos órgãos e centros energéticos”, detalha Wallace. Portanto, não se trata apenas de uma cura à nível energético, como se pode imaginar por ser um tratamento energético. Além do humor e das emoções, nosso corpo físico

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também recebe melhorias. Conforme explica Wallace, “A prática do Reiki, leva em conta dimensões da consciência, do corpo e das emoções, ativa glândulas, órgãos, sistema nervoso, cardíaco e imunológico, auxilia no estresse, depressão, ansiedade, promove o equilíbrio da energia vital”. Ao receber essa energia, Wallace explica que diversos mecanismos internos são (re)ativados no corpo do receptor, dentre eles, o sistema imunológico, com as natural killer cells e o aumento da secreção de hormônios, promovendo harmonia e equilíbrio. O terapeuta relembra alguns casos de recuperação que mediou através do reiki desde leves desarmonias como dores de cabeça, tensões e ansiedade; até casos mais agudos e graves de câncer, tumores, cistos, síndrome do pânico, depressão. “O que me vem de imediato à lembrança foi de uma cliente que chegou com o pé imobilizado devido a uma lesão por torção. A estimativa médica era que ainda deveria repousar por pelo menos uns dois meses antes de retornar (com moderação) às atividades habituais. Porém, na semana seguinte, na próxima sessão, a mesma já estava completamente recuperada”, compartilha o mestre reikiano. Esse é apenas um dos casos que Wallace compartilhou conosco.

EFEITOS COLATERAIS Na internet, você pode encontrar relatos bastante metafísicos sobre sessões de reiki, como sonolência profunda, tremores e formigamentos no corpo, até visualizações de imagens “aparentemente” desconexas. Para Wallace, é muito difícil não sentir nada, até porque somos seres sensoriais, mas garante que “aconteça o que acontecer sempre será para o Bem Supremo da pessoa”. Como efeitos colaterais da terapia reiki, Wallace Carvalho explica “é natural que ocorra uma liberação maior de urina, fezes, suor, secreções” após cada sessão, pois é aí que as substâncias tóxicas são liberadas do corpo, pelas vias naturais de excreção. Há também um outro tipo de efeito colateral, do tipo que todos querem ter: “também é natural que se experiencie muita paz, estado de conexão com a vida, com as pessoas que se relaciona, clareza para tomada de decisões, dentre muitos outros mais efeitos”, lista o mestre.

TERAPIA INTEGRATIVA, E NÃO ALTERNATIVA Os efeitos positivos são muitos, mas o terapeuta e professor Wallace Carvalho adverte que o reiki não deve ser utilizado como única fonte de tratamento de doenças. “O reiki não substitui tratamento médico”, afirma. Ele deve ser procurado como uma técnica terapêutica complementar. Em questões pontuais, crônicas e agudas, o mestre reiki orienta que, além do tratamento médico específico, o enfermo receba reiki todos os dias, durante quarenta dias, para que se tenha uma mudança no quadro clínico. Mas sabendo que nem sempre é possível essa periodicidade, Wallace recomenda que se “receba o quanto for possível. Quanto mais, melhor!”. O reiki ainda pode agir como princípio preventivo, então, independentemente de se estar doente ou não (entendendo doença como qualquer

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Demonstração de aplicação de reiki Imagem: WavebreakMedia/ Freepik

desarmonia, em qualquer nível), você pode usufruir dessa energia. Essa prática preventiva, no entanto, Wallace acredita que seja pouco aplicada em nossa visão e rotina ocidentais, onde, para ele, só buscamos esses tratamentos quando já estamos com alguma queixa pontual e já em estado avançado.

REIKI NO SUS Desde janeiro de 2017, o reiki e outras terapias integrativas passaram a fazer parte dos procedimentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nacional. O reiki se encontra, junto a outras 28 práticas, na categoria de "ações de promoção e prevenção em saúde" e pode ser acessado gratuitamente. O Ministério da Saúde destaca que, entre 2017 e 2018, a busca por terapias integrativas mais que dobrou, cresceu 126% - passando de 157 mil para 355 mil atendimentos anuais. Wallace vê com muita alegria e gratidão essa difusão do reiki: “Sabemos o quanto a ciência moderna vem evoluindo e sua seriedade se expressa com tratamentos e profissionais mais e mais sérios. Porém, sabemos que não podemos mais negligenciar que dentro do ser habita também uma parte sutil. Dê o nome que quiser dar: alma, essência ou divindade. E, tratar apenas o físico jamais nos permitirá nos libertarmos de determinadas moléstias. Muitas delas têm suas raízes muito profundas e que, recorrentemente, se não tratadas levando em consideração essa visão integrada, retornarão cada vez mais agressivas”. O terapeuta holístico enxerga que o reiki consegue ir além da superfície e vê com bons olhos a integração entre a medicina moderna e tais terapias integrativas, cujo tempo de prática pelo qual que vêm sendo utilizadas (há mais de 5 mil anos, a exemplo da Medicina Tradicional Chinesa e Medicina Ayurvédica) funcionam como comprovação de sua eficácia.


Minha primeira vez no reiki Por Amanda Meschiatti A curiosidade me levou ao reiki. Tinha uma visão bem espiritualista da coisa, do tipo que esperava coisas de outro mundo acontecerem durante a sessão. Para mim, não foi nada disso. E isso não tira o brilho e o mérito da prática, ao contrário. Antes de qualquer sessão, passei por uma entrevista. Respondi um questionário sobre minhas principais queixas e fui orientada sobre alguns pontos. O primeiro deles: se você faz algum tratamento relacionado ao seu sintoma, não o abandone, o reiki é uma terapia complementar. A voluntária ainda pediu que, nos dias agendados para receber o reiki, eu me alimentasse de maneira leve (se possível evitando carne) e que, após a aplicação, bebesse bastante água, para ajudar na eliminação das toxinas. Ela ainda alertou que os sintomas poderiam se intensificar antes de melhorar. Por ter me inscrito em um plantão voluntário, encarei uma fila de espera. A demanda é grande! Semanas depois, fui convidada para a minha primeira sessão. Gente muito simpática e de todas as idades frequenta o lugar. Isso quebrou um pouco com os estereótipos que eu esperava encontrar por lá. Ao contrário de jovens naturalistas meio hippies e esotéricos, encontrei senhoras que passavam muito longe desse modelo. Fui tão bem tratada por todos, que só conseguia sorrir e agradecer, o tempo inteiro. Deixei meus sapatos na porta e entrei na sala do reiki. Um cheiro gostoso de incenso, a iluminação anil, o fresquinho do ar-condicionado e a música instrumental já alteraram minha vibração agitada. Fui dirigida a uma das três macas. Duas outras pessoas receberiam o tratamento ao mesmo tempo que eu. Deitada e vendada, a experiência era bem sensorial. Na primeira semana, ainda sem saber como seria, fiquei um pouco nervosa de início ao ser tocada por uma desconhecida. Muitos pensamentos vieram à minha cabeça: “Será que estou fazendo algo errado?”, “Será que estou na posição correta?”, “O barulho da minha respiração estaria atrapalhando

Imagem: Vincent Guth/ Unsplash

os outros?”. Perguntas que tinham tudo a ver com a minha principal queixa, que era justamente a da inadequação e baixa-autoestima. A terapeuta passou a maior parte do tempo com as mãos fixadas na minha cabeça. Em algum momento consegui relaxar, e passaram-se uns 40 minutos. Quando levantei estava com o corpo tão relaxado que precisei passar ainda alguns minutos sentada na sala de espera até conseguir retomar meu ânimo e ir embora. Outra semana, outra maca, outras terapeutas. Senti quatro mãos trabalhando em minhas energias. Duas na cabeça, duas nos pés. Dessa vez estava mais relaxada e lembro de ter pensado que não queria que esse relaxamento acabasse nunca. Nessa segunda sessão, passei por algumas experiências que ainda não entendi muito bem. Em alguns momentos, senti como se minhas roupas estivessem encharcadas de água. Ao terminar a sessão, a terapeuta me perguntou se eu tinha algum conhecimento sobre os estudos do sagrado feminino (assunto que tenho lido muito ultimamente) e afirmou ter intuído essa energia para mim enquanto aplicava. Curioso isso, pois a água é um símbolo do feminino. Fiquei bastante surpresa! Na terceira sessão, também à quatro mãos, subi na maca em perfeito estado e logo nas primeiras aplicações em minha testa senti fisgadas e dores de cabeça que me acompanharam durante todo o restante do dia. Tive também movimentos involuntários nas pernas que pareciam chutes, tive que buscar controle para não machucar os aplicadores com nenhum movimento brusco. Ainda tenho cinco semanas recebendo reiki para completar meu ciclo, e minha curiosidade (e certo ceticismo inicial, confesso) foram substituídos pelo feedback que recebi das pessoas que convivem comigo. “Você parece mais feliz”, me disseram. Não se trata de que num passe de mágica minhas crenças limitantes sejam dissolvidas, é um trabalho árduo. Mas realmente me sinto mais confortável dentro de mim e isso já é um grande passo!

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Imagem: Pixabay/ Pexels



O corpo

INTESTINO

Inteligência para além da cabeça Descubra o papel do intestino para a sua saúde como um todo. Por exemplo, você sabia que esse órgão do sistema digestivo pode ter alguma responsabilidade sobre os nossos comportamentos e reações emocionais?

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ocê já ficou “enfezado” diante de algum episódio estressante? Sentiu “frio na barriga” por ansiedade? Fezes e barriga são dois elementos atrelados ao nosso processo de digestão. Mas o que isso tem a ver com o nosso estado emocional? A linguagem popular desde muito tempo vem apontando essa relação e, antes mesmo dessas expressões serem inventadas, filosofias ancestrais como a hinduísta e a budista também seguiam por esse caminho. De acordo com eles, existe um vórtice de energia localizado dois dedos acima do umbigo capaz de reger todos os órgãos ao redor dele. Esse chakra (como é chamado o vórtice) chama-se Chakra do Plexo Solar, e dois dedos acima do umbigo é o mesmo endereço ocupado pelo intestino, é ali que ele começa. Energeticamente falando, o

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plexo solar seria o responsável por nossa atitude e motivação na vida. Exatamente o que uma pesquisa desenvolvida na Universidade College Cork, na Irlanda, descobriu em 2011 ao realizar uma experiência com camundongos em laboratório! Basicamente, o experimento lidava com roedores portadores de traços depressivos. Uma parte desses ratinhos tinham, então, sua flora intestinal tratada por algumas semanas com o uso de probióticos (alimentos que contêm seus próprios micro-organismos vivos, como o iogurte). Depois desse tratamento, os pesquisadores colocaram os camundongos para nadar numa bacia bem funda, expondo-os ao risco de se afogarem. O que aconteceu? Os ratos que receberam esse tratamento intestinal lutavam com mais disposição, por mais tempo e com mais força para se salvarem. Eles


Imagem: MacroVector/Freepik

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Corpo tinham mais motivação para viver. Em oposição, os que não receberam alimentação com probióticos, não tinham muito ânimo em lutar pelas próprias vidas. ESTÁ TUDO CONECTADO! Essa não foi a primeira, nem tampouco a única, das pesquisas e observações que associam a saúde do intestino à saúde de outras partes do organismo, em especial à saúde mental. Na primeira metade do século XX, Sir Arbuthnot Lane era o cirurgião do rei da Inglaterra. Era também especialista em amputar partes doentes do intestino de seus pacientes a fim de que o órgão recuperasse assim o seu funcionamento saudável. Ele foi um dos primeiros a notar que, passados alguns meses desses procedimentos cirúrgicos, seus pacientes também se curavam de doenças que aparentemente não tinham nenhuma relação com o intestino, como artrite e bócio. ambém nesse início de século, o químico George Porter Phillips observou algo que parecia uma coincidência: seus pacientes que sofriam de melancolia, sofriam também constipação severa. Com base nessa conexão, Phillips resolveu testar um palpite: é possível aliviar a depressão tratando do intestino. Ele alimentou 18 desses pacientes com uma nova proposta de dieta: poucas calorias, carne apenas de peixe e kefir (um probiótico lácteo fermentado). Por fim, 11 foram curados e outros 2 apresentaram melhoras significativas no grau de melancolia. . Além da melancolia e da depressão, a esquizofrenia já foi cientificamente relacionada com uma flora intestinal empo-

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O sistema nervoso e o sistema gastrointestinal estão interligados em vários aspectos. É comum pacientes se queixarem nas consultas que sentem diversos sintomas sob circunstâncias de estresse, ansiedade e cansaço. brecida; o autismo com a ausência da flora bacteriana; e os males de Parkinson e o Alzheimer com uma destruição dos neurônios intestinais que progrediria até o cérebro, destruindo neurônios por lá também. VOCÊ TEM UM "SEGUNDO CÉREBRO" Mas, afinal, o que é o intestino e porque ele tem todo esse poder? O intestino é um órgão conhecido por atuar na terceira etapa do processo de digestão dos nossos alimentos, que entram pela boca, passam pelo estômago (onde acontece a maior parte da digestão), e aí chegam ao intestino, onde os nutrientes dos alimentos que comemos serão absorvidos e uma outra parte será eliminada no bolo fecal. Ele parece uma réplica do cérebro, só que maior. Se fosse aberto e esticado ocuparia o tamanho de uma quadra de tênis, 250 metros quadrados. No entanto, está tudo bem dobradinho e guardado dentro de você. Com toda essa área dando sopa, é claro que a natureza ia se encarregar de ocupar. Calcula-se que cerca de 100 trilhões de


sistema gastrointestinal estão interligados em vários aspectos. É comum pacientes se queixarem nas consultas que sentem diversos sintomas sob circunstâncias de estresse, ansiedade e cansaço. Da mesma forma, todo o trato gastrointestinal exibe uma rica estrutura neurológica de regulação, com diversos ‘neurônios’, que interage diretamente com comandos centrais do corpo, além de produção de neurotransmissores, regendo esse segmento do organismo”, explica ela. Dessa maneira, há um diálogo constante entre o intestino e o cérebro, com um podendo afetar o outro. É uma via de mão-dupla. O seu estresse, ansiedade, tristeza e cansaço afetam a saúde do seu intestino, assim como a saúde do seu intestino pode refletir em seus comportamentos e em como você reage frente à vida.

Mariana Scarlatelli é médica (CRM/ES 13975) e especialista em gastroenterologista e doenças do fígado (RQE 10.407)

bactérias e 500 milhões de neurônios habitam a região. Toda essa quantidade de neurônios é o que possibilita a relação comentada acima entre o intestino e a sua saúde mental. A médica Mariana Scarlatelli, especialista em gastroenterologia e doenças do fígado, aponta o trato gastrointestinal como um verdadeiro “segundo cérebro”, e destaca que a “neurogastroenterologia” é uma especialidade em alta na atualidade. “O sistema nervoso e o

Um exemplo disso é a serotonina. A serotonina, conhecida como a responsável pela sensação de bem-estar, é um dos neurotransmissores de que Mariana Scarlatelli mencionou. Noventa por cento (90%) da serotonina que circula em nosso organismo é produzida no intestino e afeta o cérebro. Logo, quando o intestino funciona bem, maior deve ser a produção de serotonina enviada ao cérebro e, consequentemente, mais frequente será a nossa sensação de bem-estar. A comunicação intestino-mente é tão forte que alguns médicos alegam que se você comer algo que imagina que não te fará bem, certamente o intestino acreditará na mensagem e tal alimento realmente desencadeará uma reação negativa. HÁ SERES MINÚSCULOS VIVENDO DENTRO DE VOCÊ Não é só na saúde mental que o intestino

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ocupa um papel importante. Ele também está associado a doenças comuns, como a gripe. Cerca de 70% das células do nosso sistema imunológico vivem no intestino, e a consequência disso é que um intestino debilitado é sinal de um corpo vulnerável. Para reverter isso, é preciso acionar uma boa equipe de ajudantes: as bactérias. De nome elas podem assustar um pouco, mas saiba que nem todas as bactérias são ruins, inclusive, muitas agem como verdadeiros anjos-da-guarda nos protegendo de infecções e ajudando a regular todo o organismo. Há quem considere que algumas bactérias são o primeiro presente que a mãe dá ao filho. Saindo de um ambiente esterilizado como é o da placenta, os bebês são banhados em um mar de bactérias ao passar pela flora vaginal durante o parto normal. Os que nascem de cesarianas, entram em contato com um número mais reduzido delas, apenas através dos micróbios presentes na pele materna. É comprovado que essas colônias de micro-organismos serão vitais para os sistemas digestivo, metabólico e imunológico da criança. Independente da quantidade de presentes-bactéria que o bebê receba da mãe, nada é permanente, e essa flora bacteriana vai se modificar, precisando ser mantida durante a vida por meio da alimentação. A NADA MOLE VIDA DAS BACTÉRIAS DO BEM Alguns alimentos, no entanto, sobretudo os refinados e ricos em aditivos químicos, têm uma digestão muito difícil de ser feita e acabam acumulando uma camada

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espessa nas paredes do intestino, dificultando seus processos biológicos. A isso, inclua também o fato de que o estresse é um fator que provoca alteração dessas paredes, o que ocasiona contrações excessivas ou insuficientes. Tudo isso levou o médico e professor alemão Arnold Ehret a alegar, ainda no século XIX, que muitas pessoas carregam dentro de si, desde a infância, vários quilos de substâncias que nunca foram eliminadas.

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gastroenterologista Mariana Scarlatelli alerta: “podemos dizer que a má alimentação, o sedentarismo, o excesso de ansiedade e os hábitos de vida com níveis elevados de estresse são os piores inimigos de uma boa saúde intestinal, incluindo-se nesse grupo excesso de álcool e fumo.” Tais hábitos abrem espaço para que as bactérias ruins se proliferem, dizimando as populações de bactérias boas e desequilibrando a paz no intestino e, consequentemente, no seu corpo inteiro. “A saúde intestinal depende de um bom equilíbrio entre os demais sistemas do nosso organismo. É importante que tudo esteja em harmonia para que funcione corretamente”, reitera a médica. “Devemos manter uma boa alimentação com ingesta adequada de fibras e líquidos, além da prática de atividades físicas regulares. Além disso, o sistema nervoso também tem papel fundamental, portanto manter uma saúde mental equilibrada, com redução do estresse diário, controle de ansiedade e sono adequado contribuem”.


Cuide do seu intestino! COMO PERCEBER QUE HÁ ALGO ERRADO? Quando os vilões estão em maioria no nosso intestino, podemos identificar observando o nosso próprio corpo. Alguns médicos apontam que quando o intestino está carregado de impurezas, o reflexo disso são inflamações na pele como cravos, espinhas e furúnculos. Mas isso não é regra. Mariana Scarlatelli alerta para a observação dos nossos hábitos intestinais. Segundo ela, diarreia ou constipação, fezes ressecadas e esforço para evacuar, dores abdominais, distensão excessiva com gases que geram desconforto e flatulência podem traduzir um mau funcionamento intestinal. Neste caso, a ingestão de líquidos e fibras pode ajudar, mas é recomendável uma investigação médica adicional, além do tratamento individualizado para cada sintoma. De acordo com a médica, esses sintomas podem estar relacionados à doença diverticular, disbiose (desequilíbrio da flora intestinal, que leva a alterações como diarreia, constipação, alergias alimentares, infecções intestinais) e até mesmo ao câncer colorretal. Portanto, não se automedique. Procure um médico! No box ao lado, você encontra algumas dicas para ficar bem longe desse tipo de problema. Conheça o seu corpo e cuide-se. Seu corpo é a sua morada!

EMPODERE AS BOAS BACTÉRIAS QUE VIVEM NELE! Adicione uma variedade maior de frutas, vegetais e cores em sua alimentação. Quanto maior a variedade de alimentos saudáveis, maior é a diversidade do microbioma! São os chamados prebióticos. Mariana Scarlatelli explica que os prebióticos são componentes alimentares não digeríveis (fibras), presentes em alimentos como aveia, semente de linhaça, farelo de trigo e vegetais, como aspargos, alho-poró, cebola e alho. “São literalmente alimento para as bactérias da nossa flora intestinal, estimulam as bactérias desejáveis ao intestino”.

COLONIZE O SEU INTESTINO COM BACTÉRIAS BOAS E ELAS EXPULSARÃO AS NOCIVAS! “Os probióticos são as próprias bactérias em si, como por exemplo lactobacilos, que atuam na absorção de vitaminas, boa função intestinal (atuando inclusive na prevenção do câncer colorretal) e na função imune, ajudando na proteção contra bactérias e outros micro-organismos indesejáveis ao intestino”, lembra a médica. Eles podem ser encontrados em produtos como iogurtes e bebidas fermentadas como o kefir, que contenham uma taxa maior desses micro-organismos. Mariana recomenda que sejam ingeridos à noite, mantendo-se um período de jejum após a ingesta. O consumo dos prebióticos e probióticos deve ser feito sob prescrição orientada por profissional especializado sempre. Foto: Sewcream/ Freepik

BEBA ÁGUA! A água ajuda a hidratar o bolo fecal, favorecendo também os movimentos do processo digestivo e a expulsão do que não tem utilidade para o corpo.

REDUZA O CONSUMO DE INDUSTRIALIZADOS Vale lembrar que produtos refinados e com aditivos químicos em demasia criam uma camada espessa que impede o funcionamento normal do intestino.

EVITE O ÁLCOOL! O consumo frequente de álcool altera a composição da flora intestinal e a permeabilidade da mucosa intestinal, permitindo que bactérias nocivas afetem o organismo de modo mais direto.

VIVA EQUILIBRADAMENTE E REDUZA O SEU NÍVEL DE ESTRESSE Práticas de relaxamento, mindfulness e meditação podem ajudar, bem como atividades físicas como a ioga. Para Mariana Scarlatelli, “o grande segredo é o equilíbrio. Mantendo esses hábitos e procurando orientações com especialistas, é possível manter um intestino saudável com grande qualidade de vida”.

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Foto: Freepik


Lugares que inspiram

Mosteiro Zen Morro da Vargem

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uito além de ser um lugar para tirar fotos instagramávéis e com poses de yoga. O Mosteiro Zen Morro da Vargem, em Ibiraçu (ES), é um lugar de conexão verdadeira. Conexão com a natureza e consigo mesmo. Situado em uma antiga cratera vulcânica, o lugar é de uma energia altamente impactante, cercada por vegetação paradisíaca da Mata Atlântica. Fundado em 1974 pelos mestres Ryohan Shingu, Renpo Niwa Zenji e Iko Narazaki, o mosteiro segue a tradição da escola Soto Zen, introduzida no Japão no século XIII. Aos domingos, das 8h às 11h, está aberto para visitações guiadas. Na entrada, é cobrada uma taxa simbólica no valor de cinco reais por pessoa, para a manutenção do local. Os monitores explicam acerca da tradição budista revelando ensinamentos que os impactados, com certeza, tentarão adaptar em seu dia a dia. Além do passeio guiado, os visitantes podem participar da oficina gratuita de zazen, um tipo de meditação. Cerca de 20 mil pessoas visitam anualmente este que é o maior mosteiro budista da América Latina. Esculturas monumentais de Buda e de outras figuras da mitologia budista, como a deusa Kanon e Boddidharma, estão espalhadas pelos 150 hectares, dos quais 140 provêm de reflorestamento e de preservação da Mata Atlântica. A vida monástica no mosteiro também é integrada às ações para a sociedade. Grupos de professores, estudantes, militares e empresários fazem parte de projetos voltados ao ensinamento budista e à educação ambiental. Além disso, quem quiser uma experiência mais aprofundada no cotidiano do mosteiro, pode se inscrever nos retiros agendados ao longo do ano.

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Mosteiro Ze n Morro da V argem Endereço: B R-101, Km 2 17, Ibiraçu/ES - CEP: 29670 -000. Tel.: (27) 32 57-3030/ 9 E-mail: most 9743-6285 eir ozen.retiro

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Imagem: Freepik

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RECEITA DE SUCO VERDE DETOX Ingredientes 1. 3 folhas de couve; 2. 2 maçãs; 3. 1 pepino japonês; 4. 1 cenoura; 5. 1 pedacinho de gengibre; 6. Suco de 1/2 limão; 7. 300 ml de água mineral ou de água de coco. Modo de preparo Higienize todos os alimentos. Corte em pedaços e retire os caroços. Coloque todos os ingredientes no liquidificador e bata por 2 minutos. Está pronto! Se preferir, coe o suco. O adequado é consumir imediatamente para que não haja perda dos nutrientes pela oxidação.

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5 DICAS PARA

LER MAIS Pesquise antes

A primeira dica para ler mais é pesquisar. Quando somos fisgados por uma história ou por um assunto, mergulhamos nas palavras e não notamos o tempo passar. Por isso, pesquise antes de escolher o que vai ler, como em resenhas ou em sinopses. Em alguns casos, o sumário ou a introdução mapeiam o que será abordado. Ah, e não ligue para os spoilers que encontrar; tem todo um universo antes e depois do fato que descobriu.

Tenha uma meta Estipule uma média de horas para ler diariamente. Caso não tenha o hábito de ler, essa média também servirá como um marcador de fluxo de leitura, que ao longo do tempo será mais fluída, lendo mais páginas. Ainda seguindo a meta de leitura, você pode ampliá-la para a quantidade de livros que quer ler por mês. Neste caso, é bom conhecer o ritmo de leitura para fazer uma lista com títulos que realmente serão lidos.

Melhor horário Imagem: Ricardo Esquivel/ Pexels

Escolha o melhor horário para ler. Isso influencia diretamente em seu rendimento. Tem pessoas que preferem ler à noite, antes de dormir. Também há aqueles que gostam da manhã. Outros, dizem não dispor de muito tempo. Neste último caso, se for possível, acorde uma hora antes do habitual. Várias páginas podem ser lidas em apenas 60 minutos do seu dia.

Duas versões Além do livro físico, se possível, tenha a versão digital da obra no smartphone ou no tablet. Assim, fica mais fácil aproveitar o tempo vago lendo em qualquer lugar. Para evitar distrações, coloque os dispositivos no modo avião ou se desconecte da internet.

Compartilhe Está escrito em um notável livro que a “felicidade só é real quando compartilhada”. Já que a leitura nos proporciona momentos tão bons, que tal compartilhar o que você gostou no livro e inspirar outras pessoas a lerem? Criar grupos de leitura com amigos (reais ou digitais) pode te manter motivado e te ajudar a encontrar novas obras que despertem seu interesse.

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INSPIRAÇÕES DO MÊS LEITURA PRA QUEM TEM PRESSA As coisas que você só vê quando desacelera | Haemin Sunim Este é um livro que inspira a encarar a vida com mais calma e leveza. Ele é organizado como um compilado de vários conselhos e reflexões do mestre zen-budista sul-coreano Haemin Sunim. São frases curtas (e outras nem tanto assim) que abordam de tudo um pouco: amor, relacionamentos, espiritualidade, futuro, nossos pensamentos e emoções.

MÚSICA MÁGICA BRASILEIRA Luíza Boê Luiza Boê faz música mágica brasileira. Aquele estilo de música que cura pela suavidade do som e pela profundidade das letras. O segundo disco da cantora e compositora já está prestes a nascer e algumas faixas já foram liberadas (inclusive com videoclipe) são elas: Concha e Mãe. Procure no Spotify e se prepare para essa experiência terapêutica!

DOE SEM TER DINHEIRO Ribon | Google Play e AppleStore O Ribon é um app brasileiro, gratuito e sem fins lucrativos. Ele oferece diariamente uma seleção de notícias positivas e, cada vez que você lê uma delas, coleta moedas digitais (de forma gratuita). Com o apoio de grandes empresas parceiras do projeto, essas moedas se transformam em dinheiro de verdade, que é destinado a ONGs que trabalham com diversas causas. Você pode, por exemplo, doar água potável, fortificação alimentar, medicamentos e saúde básica para comunidades carentes.

Se a paz não começar em mim, não começará. Monja Coen

PARA SE APAIXONAR PELO PLANETA One Strange Rock| Netflix Essa é uma série documental que conta a história da Terra com a ajuda de 8 astronautas que viram essa estranha rocha, que chamamos de casa, do lado de fora, direto do espaço. Em 10 episódios, são apresentados os processos químicos, físicos e cósmicos que permitiram que a vida surgisse e permanecesse aqui. Impossível assistir e não sentir o arrepio que é poder estar aqui e agora, vivendo neste planeta! A produção está disponível na Netflix.

CONHEÇA GRETA THUNBERG Na sua infância, seus pais provavelmente mencionavam a frase “estudar para ter um futuro”. Mas que futuro? A estudante sueca de 16 anos Greta Thunberg está lutando para que esse futuro exista. Ao estudar sobre o colapso climático na escola, ela achou estranho que essa grande ameaça à nossa existência não estivesse sendo tratada como prioridade. Então, decidiu fazer alguma coisa. Em agosto de 2018, Greta começou a faltar à escola todas as sextas-feiras. No horário letivo, ela ia ao Parlamento, onde se sentava do lado

de fora segurando um cartaz na intenção de chamar atenção dos políticos. Nasceu assim o movimento Fridays For Future. Em 15 de março, essa greve estudantil se tornou global, com mais de 2 mil manifestações organizadas em 123 países, incluindo o Brasil. Greta concorre ao Prêmio Nobel da Paz deste ano.

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Sua história importa! Sua história Inspira! Caro(a) leitor(a), Já pensou em ver o seu texto nas páginas da Revista Inspira? A gente tem certeza que a sua jornada e as suas reflexões podem ajudar a inspirar muitas pessoas. Você topa? Envie um e-mail para movimentoinspira@gmail.com. No assunto do e-mail, coloque “Minha história Inspira”. A sua voz importa! Também te encontramos nas redes sociais! Ao publicar sua história no Instagram, use a hashtag #MinhaHistoriaInspira que nós iremos te achar. Mas lembre-se que o perfil precisa estar público. Abraços e até a próxima edição, Inspira.

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