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formação e discipulado missionário

Nos tempos atuais, comunicar é uma ação repleta de possibilidades, mas também de desafios. Neste tempo histórico, que marca para a humanidade uma página rabiscada de individualismos, dores, depressões e ansiedades. Para nossa alegria, em meio às trevas, incide a Luz que não se apaga, acendendo para nós a chama da esperança!

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A realidade, com frequência, se mostra cruel e nós que cremos nos perguntamos: qual nosso papel como cristãos, em relação a ela? Como reanimar e motivar as pessoas para a alegria de viver e conviver? Esse mistério que nos parece imenso se esconde em uma pequena palavra: fé.

Como canta Milton Nascimento:

“...Mas é preciso ter força, é preciso ter raça/

É preciso ter gana, sempre/ Quem traz no corpo a marca (...) mistura a dor e a alegria/

Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça / É preciso ter sonho sempre/ Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida”.

A Igreja, a comunidade dos cristãos e a comunidade cursilhista precisam saber ler e escrever o ‘‘Evangelho da alegria’’, anunciando, com júbilo, o Cristo que está vivo e vive no meio de nós. Do mesmo modo como Papa Francisco inicia a Exortação pós-sínodal, 2018: ‘‘Cristo vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso as primeiras palavras, que quero dirigir a cada jovem cristão, são estas: Ele vive e quer-te vivo!’’ (Christus vivit).

Não obstante, nosso esforço de fazer coisas boas não é o suficiente. Mas, as intenções com que as realizamos, a pureza de intenção, isso conta para darmos sabor ao agir pelo qual optamos. Às vezes, me vejo absorta em meus pensamentos, contemplando um ano cinzento, difícil, mas que foi amenizado, e muito, pelas atitudes comunicacionais, verdadeiros sopros do Espírito, um refrigério para nossas inquietudes, presença de Cristo no meio de nós (simbolizando uma verdadeira epifania em meio às turbulências da vida). E para nos ajudar a contextualizar, trago aqui algumas fontes dessa epifania, que tanto bem nos fizeram e nos ajudaram com suas atitudes comunicacionais cristãs: as homilias,

os programas das TVs Católicas, um leque enorme de lives, envolvendo GEN, GERs, GEDs, Setores, Escolas Vivenciais. As Encíclicas do Papa Francisco e as novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019 a 2023). E, também, a Revista Alavanca 2020 que, do primeiro ao último artigo, teve a intenção de ao passar pelos nossos olhos, chegar ao coração com uma leitura orante, nos conduzindo a reflexões informativas e formativas. Enfim, como foram para mim e para você todas essas comunicações? Quanto bem fez à nossa formação?

Na busca por respostas, é oportuno recordar que o significado de comunicação, há muito nos remete à ideia de comunhão, de compartilhamento. Porém, com o passar dos tempos, a comunicação tomou apenas o sentido de transmitir ou difundir. É aí que o MCC cuida de suas comunicações, com seriedade e com espiritualidade, objetivando o alcance de sua formação: formar formadores para formar, sem perder de vista o sentido de comunhão e pertença. Meu caro leitor, minha querida leitora, trazemos conosco a intenção de não perdermos nosso compromisso com a missão recebida em nosso batismo e queremos perseverar no amor trinitário, que nos inseriu no Coração de Deus como seus filhos e filhas. Isto nos remete à memória do múnus sacerdotal, profético e real, recebidos no batismo. A dimensão sacerdotal é aquela dimensão orante que nos abençoa e nos faz portadores de

bênçãos. Com ela, podemos abençoar nossos alimentos, nossos filhos, nossa casa... É tão belo sermos uma benção para também abençoar (Gn 12,2). Somos investidos da dimensão da benção! O cristão batizado é também profeta no meio das turbulências deste mundo, agente do querigma, que conclama outras pessoas ao encontro com Cristo, ao seu fiel seguimento, interpelados a ser agentes de transformação. Isso é profetismo e é, também, a dimensão que nos leva a gritar em defesa dos direitos de Deus, investidos nos direitos básicos da dignidade humana.

Exercemos o múnus profético quando defendemos esses direitos, quando somos contra aqueles que vilipendiam os direitos das famílias e da vida; quando somos a favor da liberdade de cultuar a Deus; quando olhamos com o olhar de Cristo as realidades que estragam a dignidade da pessoa humana; quando nos esforçamos para discernir a voz de Deus em meio ao burburinho das vozes mundanas.

Exercemos o profetismo quando cuidamos da nossa formação e da nossa espiritualidade, para estendermos a formação a outros que não tiveram, ainda, a alegria de reconhecer Jesus como único Salvador. A dimensão do profetismo recebida no batismo nos leva a agregar novos membros da fé cristã ao corpo místico de Cristo.

Jesus dá o exemplo com sua vida dedicada, totalmente, ao anúncio da boa nova, marcada por gestos que comunicavam os sinais da presença do reino de Deus no mundo. O múnus real nos reveste da simplicidade daquele que serve. Somos chamados ao poder para o serviço. Somos revestidos do poder que serve a Deus, servindo aos irmãos e irmãs, principalmente os mais fragilizados e necessitados.

Pensemos com São Paulo: “Há diversidade de dons, mas o espírito é o mesmo” (1Cor 12,4), portanto, entendemos que esse poder real, recebido no batismo, não nos confere autoridade de uns sobre os outros, mas a missão de reunir o povo de Deus, formar comunidades, criar laços de fé, esperança e caridade. Esforço constante de incluir na grande família do Povo de Deus, em marcha, todos os filhos e filhas dispersos pelo mundo.

Nesse caminhar surgem os desconfortos, as contradições e até confrontos, mas devemos nos fortalecer na teologia católica da fé que professamos e, nessa ótica, sermos bons profetas, sacerdotes e reis em favor do Reino que Cristo, que quer ver alcançar os confins da terra.

Cuide de sua formação, informe-se, você é formador de formadores. É simples, aproveite todas as oportunidades e aprenda a aprender, garantindo, com a graça, um discipulado missionário e abençoado pela fraternidade que nos une e nos faz todos irmãos!

Lucília Alves Cunha

Mestre em Ciências da Religião Membro do Grupo de Apoio do GEN e GER C/O

Rafael Antunes Willemann

Advogado - OAB-SC 40554 Especialista em Direito do Trabalho Causas: Trabalhistas, Previdenciarias, Medicamentos e Cíveis

Fone: (48) 9667-5193 / 3622-3753 rafaelantuneswillemann@gmail.com Rua Santos Dumont, 497 - Uberlândia - MG | (34) 3236-0056

Cartaao MCC (258ª)

“Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois ele diz: ‘No momento favorável, eu te ouvi e no dia da salvação, eu te socorri’. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,6,1-2).

Caríssimos irmãos e irmãs: que a graça e a força do Espírito de Deus nos fortaleçam na peregrinação rumo à casa do Pai misericordioso!

Introdução. A Quaresma, no ano litúrgico, tem início com a imposição das Cinzas na quarta-feira. Nesse momento, também inicia-se um tempo favorável e propício no seguimento de Jesus; o tempo de vivência do tripé: a esmola, o jejum e a oração. Desde o ano passado, a humanidade tem sido colocada à prova pela terrível pandemia da Covid-19. Todos os aspectos da vida diária tiveram que ser alterados na esfera familiar, social, profissional e, até, religiosa. O “fique em casa” ressoou e continua ressoando em nossas mentes e na prática dos nossos hábitos e costumes. Pois bem, como viver esta Quaresma em tais circunstâncias? Mais do que em outras quaresmas, é preciso termos presente a orientação de Jesus no Evangelho de Mateus, ou seja, o tripé acima mencionado.

1. A esmola. Além dos gestos de compaixão para com os sofredores, marginalizados ou abandonados pela sociedade egoísta, a esmola, nos desafiadores tempos atuais, adquire uma dimensão especial. É a dimensão da solidariedade. O papa Francisco não se cansa de chamar a atenção do povo de Deus sobre essa importante virtude nos dias atuais. Felizmente, olhando ao nosso redor, até nos emocionam tantos gestos de amor e de partilha, manifestados através da ajuda e da sensibilidade diante do sofrimento. Exemplos de solidariedade, frequentemente beirando o heroísmo, encontramos, por exemplo, nos profissionais da saúde, através da assistência diuturna aos enfermos atingidos pelo nefasto vírus. São eles, quase sempre, as únicas testemunhas do sofrimento tanto dos doentes como dos seus familiares impedidos de estar ao lado dos seus entes queridos na hora suprema de sua morte. Não só. Longe até de poder dar-lhes o último adeus, no momento do seu sepultamento.

Pois bem: cabe a cada um de nós, nesta Quaresma, buscando a prática da esmola, perceber as situações nas quais se

Carta

ao MCC (255ª)

exige a nossa solidariedade, a partilha do nosso amor fraterno. Talvez possamos até testemunhar, pessoalmente e com emoção, como algumas pessoas anônimas se aproximam perguntando: “vou sair agora, precisa de alguma coisa”?

2. O jejum. Devido ao necessário isolamento, nem sempre se consegue, nestes tempos, praticar o jejum e a abstinência de alimentos. Assim, a geladeira pode tornar-se a meta de frequentes corridas para preencher o tempo de ociosidade com as tentações da comida e, infelizmente, do excesso de bebida. Basta acompanhar algumas notícias para tomar conhecimento de quanto aumentou, no decorrer deste ano, o consumo de bebidas alcoólicas. Ou, então, gastar horas e horas com a televisão ou com o celular. Chega-se, até, em alguns casos, ao exagero de comunicar-se com pessoas presentes no mesmo ambiente pelo celular... Como, então, falar em jejum nesse clima e, sobretudo, como praticá-lo? Como uma das possíveis sugestões, volto ao que eu já havia escrito na Carta de março, no ano passado: “Para uma melhor compreensão do jejum que agrada ao Senhor, leia-se, por exemplo, todo o Capítulo 58 do profeta Isaías. E por que não praticar como jejum o “desconectar-se” um pouco do celular, de um mundo virtual e sem sentido, das novelas, muitas vezes atentatórias à moral e à ética, dos filmes indignos de um comportamento sadio, para não dizer ridicularizadores da fé e da religião? Penso, ainda, numa outra prática do jejum, que é evitar o triste desperdício de alimentos com todas as suas consequências”. Leve-se em conta que o Brasil é um dos países do mundo onde mais se desperdiçam alimentos...

3. A oração. Nem sempre, na correria da vida normal, encontra-se o tempo para destinar à oração. Mil são as desculpas: “não tenho tempo”, “chego muito cansado”, “com tanto barulho não consigo me concentrar” etc. Pois, superando agora as desculpas, devido ao longo tempo de permanência ociosa, pode-se dedicar parte considerável do dia, à oração. Não só para falar com Deus, mas, sobretudo, para escutá-Lo. “Fala, Senhor, que o teu servo escuta”. Numerosos são os momentos já no Antigo Testamento, nos quais Deus se dirige a seus servos. No silêncio da solidão. Ou na tranquilidade da brisa suave. Por que, então, não aproveitar este tempo, para a prática da leitura orante da Bíblia? Procure, portanto, interessar-se por este caminho da oração, no qual Deus nos fala e nós falamos a Deus com as próprias palavras d’Ele.

Sugestão para reflexão individual e/ou em

grupo: Procuremos refletir – à luz dos acontecimentos em que estamos agora imersos – sobre o tripé jejum-esmola-oração... Seremos capazes de, diariamente, pedir a inspiração do Senhor para “jejuar”, pelo menos em dois aspectos: abrindo mão da aquisição de algumas guloseimas e transformando-as em alimento para os necessitados; abrindo mão do uso da tecnologia que temos à disposição para nos dedicar ao transcendental? Seremos capazes de, diariamente, refletir sobre a “esmola” como partilha do que temos e somos, esforçando-nos para aproximarmo-nos – virtualmente, claro – daqueles aos quais há muito não vemos, nem ouvimos, oferecendo-lhes a preciosa atenção da qual talvez estejam tão necessitados? Seremos capazes de, diariamente, “separar” um pouco do nosso precioso tempo, recolhermo-nos ao silêncio para ouvir o que o Senhor quer-nos falar?

Desejando que esse tempo de penitência e conversão com que a Igreja nos brinda na Quaresma seja terreno fértil para a nossa santificação nos tempos que correm, permaneço unido a todos nessa caminhada que nos prepara para as alegrias da Ressurreição.

“Todas as Cartas Mensais escritas pelo Pe. Beraldo podem ser encontradas no site do MCC, através do seguinte link:

www.cursilho.org.br/index.php/cartas-mensais

Pe. José Gilberto Beraldo

Equipe Sacerdotal do Grupo Executivo Nacional  jberaldo79@gmail.com

O CURSILHO: CAPÍTULO VIII IFMCC (PARTE 6) FASES DO CURSILHO: PROCLAMAÇÃO

A pessoa é o centro de atuação do MCC (IFMCC,19).

E o MCC tem como característica essencial da sua mentalidade uma nova visão da realidade, uma nova forma de ver e entender Deus, a pessoa, o mundo, a Igreja e a evangelização.

A proclamação inicia mostrando que vemos a pessoa como única, irrepetível, capaz de Deus e capaz de viver a partir dele, em plenitude e sentido, e ser chamada a realizar-se a partir da sua própria consciência e liberdade (IFMCC, 77, b).

No Brasil, a mensagem O Sentido da Vida inicia esta fase e, nela, proclamamos quem é o ser humano e toda a sua grandeza.

Para encontramos a felicidade em plenitude, proclamamos o Plano de Deus e ele vem a nossa procura. E ao aceitar a Graça de Deus, cada um se abre a uma realidade nova, a uma nova forma de se relacionar consigo mesmo, com Deus e com os irmãos. “O amor de Deus faz-se fundamento de vida” (IFMCC,242).

Na sequência a graça, em determinado momento da história, se faz carne, Jesus Cristo, homem e Deus libertador. Proclamamos ser Jesus verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, de modo que o homem temos como provar e o Deus temos razões para acreditar. Assim sendo, este Jesus nos deixa uma missão: segui-lo, tornar concreto o projeto de Deus, transformar as realidades, convertê-las aos critérios de Jesus.

Sempre gosto de lembrar das palavras do Pe. Xiko, de como Deus-Pai não envia uma carta de ouro, uma tábua com escritos em joias, mas envia carne – Jesus Cristo – seu filho amado. Jesus também deixa, para a realização do Reino de Deus na terra, carne – sua Igreja. Proclamamos que a Igreja é carne, é vida, é presença de Cristo no mundo. “A Igreja é Cristo que caminha na história (IFMCC, 242). Igreja é Cristo que se torna visível através dos homens que formam a comunidade do povo de Deus (CPD, p. 114).

Proclamamos, a seguir, que para acolher a graça de Deus, para acolhermos Cristo como verdadeiro Deus e para sermos os seus braços, pernas, olhos ouvidos e boca no mundo, precisamos responder ao chamado, precisamos dizer o nosso sim, e o fazemos pela fé. A fé é nossa resposta ao “toc toc” da Graça de Deus em nossa porta. Essa resposta impõe um estilo de vida – a espiritualidade, uma vida de coerência entre o que se professa com as palavras e a prática no dia a dia em todos os ambientes que nos encontramos.

Nossa união com Cristo, o ser seu instrumento, exige intimidade, exige regar a semente, reavivar a presença do Cristo no diálogo todos os dias. E uma forma muito especial de vivermos esta intimidade é a oração. Proclamamos que a oração é a alavanca da vida e do Cursilho.

Esta fase descrita no IFMCC nos relembra as palavras de nosso patrono celestial São Paulo, somos chamados a proclamar com a palavra e com a vida, anunciando de forma jubilosa, com entusiasmo e ousadia que sonhamos ser a carta de Cristo ( 2 Cor 3, 2-3): “Nossa carta sois vós, carta escrita em vossos corações, reconhecida e lida por todos os homens. Evidentemente, sois uma carta de Cristo, entregue ao nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações”.

Decolores! Viva a vida!

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