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Domingo de Ramos de 2015. Caríssimos Irmãos e Irmãs: A Semana Santa inicia-se com este Domingo chamado de Ramos e da Paixão. Hoje, Jesus entra em Jerusalém para, na cidade de Davi, consumar o plano de seu amor: pelo seu sacrifício na Cruz, resgatar-nos para Deus, seu Pai. Na primeira parte de nossa celebração, com o rito de abertura – tendo proclamado o Evangelho de S. M arcos e dado prosseguimento à procissão com ramos – atualizamos o evento histórico: Jesus é aclamado pela multidão como Rei e M essias. Porém, muito provavelmente, os que aclamaram-no Rei pediram, igualmente, sua condenação na cruz. Jesus entra em Jerusalém montado num burrinho e não num cavalo, animal utilizado para a guerra. Realiza assim, a profecia de Zacarias. Apresenta-se como um Rei humilde e pobre. Anuncia a paz que veio trazer a este mundo. Seu reinado será de paz. Esta será implantada quando entronizado na cruz, fazendo a sua páscoa para o Pai. A exortação inicial que fizemos reza: “Hoje aqui nos reunimos e vamos iniciar, com toda a Igreja, a celebração da Páscoa de Nosso

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Senhor”. Com o Senhor ingressando em Jerusalém, iniciamos a Páscoa. Páscoa significa passagem do Senhor. Deus passou e assinalou as portas dos hebreus, quando de sua saída do Egito e foram poupados dos infortúnios que atingiram os egípcios. Deus sempre será fiel em sua páscoa, isto é, em sua passagem entre nós para salvar-nos. Lamentavelmente, nem sempre somos fiéis à páscoa que nos compete, isto é, à passagem que Deus nos concede realizar. Quando o Cristo passa em nossa vida, precisamos, também, passar da escravidão do pecado para a vida da graça. Hoje, pela nossa celebração, passa o Senhor como o Rei pacífico, convidado-nos a aclamá-lo nosso Único Senhor. Empunhando ramos expressamos a alegria de viver como homens redimidos pelo seu sangue. Estendendo os mantos de nosso tempo, nossa saúde, nossa inteligência, nossa vontade, nosso serviço de misericórdia e de nossa criatividade para amar e servir, proclamamos nossa fé em sua divindade e convocados à vivência de seu mandamento novo: “amaivos como eu vos amei”. Nosso Hosana, caros irmãos, deve se prolongar em todo e qualquer ambiente onde estivermos. Sem temor e constrangimento, neste mundo secularizado, urge proclamar: sou cristão; Jesus é o único Senhor. 2


Jesus Cristo, a quem nós aclamamos como único Senhor, do alto da Cruz nos vê da mesma forma como nos viu aclamando-o com Hosanas. Como Ele, também nós mudamos de posição. Ele, porém, nos vê sempre como somos: incoerentes, fracos, irresponsáveis no plano salvífico, porém desejosos de salvação, de paz e de alegria. Contudo, não façamos como os hebreus, que contemplaram o Senhor de forma diferente: num momento Rei, e no outro, malfeitor entre os malfeitores. Seu olhar tanto do alto do burrinho como do alto da cruz foi o mesmo olhar de amor. Aprendamos Dele, de onde estivermos, na alegria ou na dor, saber olhar tudo e todos com seu olhar. Ser assim é permitir o divino agir no humano; realidade sobrenatural de todo batizado. Quando estivermos com Cristo configurados, pregados à Cruz, saibamos manter o seu olhar. No abandono, realidade do Calvário que todos nós experimentamos, possamos ter presentes nossos irmãos, mesmo que fisicamente ausentes para pedir-lhes perdão e perdoar; amar o pecador e odiar seu pecado. Possa a Páscoa do Cristo, atualizada na Eucaristia, levar-nos sempre mais à passagem do desamor para o amor; do rancor ao perdão; da indiferença à solicitude; do interesse à gratuidade; da ignorância à sabedoria, da manipulação à liberdade, do egoísmo para a 3


caridade, enfim, da tristeza para a alegria, pois sua páscoa é também a nossa Páscoa da Ressurreição. Amém.

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