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O PRÓXIMO DOENTE

Uma leitura Camiliana da parábola da Bom Samaritano Pe. CALISTO VENDRAME - superior Geral dos Camilianos Introdução Aceitei com muito agrado trazer para este encontro que se realiza no santuário do Amor misericordioso e sob o fundo da parábola do Bom Samaritano, o testemunho de São Camilo e da Ordem por ele fundada para o serviço do próximo doente. A breve troca de idéias com o Superior Geral da Congregação dos Filhos do Amar Misericordioso e com o Pe. Cancian, Conselheiro Geral da mesma Congregação, colocou-nos imediatamente em sintonia na mesma freqüência de onda, que tem como fonte o coração de Cristo e como expressão insuperável a parábola do Bom Samaritano. Camilo de fato teve um insigne dom de amor misericordioso para com o doente. Sua primeira biografia, escrita por um seu co-Irmão contemporâneo, a célebre "Vita Manoscritta" do Pe. Sanzio Cicatelli e impressa pela primeira vez há 3 anos, oferece-nos como introdução uma síntese e uma maravilhosa aplicação a Camilo da parábola do Bom Samaritano. "Este exemplo tão admirável e maravilhoso de caridade (e peço excusa de me limitar e de não fazer nenhuma referência a outras santas pessoas) parece que se ajusta especificamente ao nosso P. Camilo. De rato, o homem assaltado pelos ladrões e deixado semi-morto pelo caminho, a quem melhor está simbolizando senão os pobres abandonados nos hospitais e nas casas particulares?" Desde o principio da Igreja, pelas estradas da vida passaram não apenas um, mas muitos sacerdotes e levitas, isto é, homens santos grandes servos de Deus, fundadores de Ordens religiosas aos quais encaminharam seus institutos e regras para tantas metes santas, mas nenhum deles assumiu como carisma principal e como obrigação de voto o serviço dos pobres enfermos, os agonizantes e os acometidos de peste. Até que enfim, por misericórdia de Deus, passou por perto um piedoso Samaritano (que sem dúvida podemos dizer foi Camilo). Ele, anteriormente um homem mundano, depois convertido ao Senhor, ao ver os pobres á mingua moveu-se de compaixão, achegou-se a eles, tratou deles e assumiu a responsabilidade de os socorrer e de assisti-los. No fim, em seu retorno, o Samaritano é identificado com o Cristo que no dia do juízo vai recompensar àqueles que foram misericordiosos, dizendo: "Estive enfermo e me visitastes, vinde Benditos de meu Pai..." (Vida Manuscrita, edição 1980, p.33.34) . 1. Dois pólos Nesta introdução do Pe. Cicatelli, existem duas maneiras pelas quais o doente se torna nosso próximo: quando é acolhido com amor á maneira do Bom Samaritano (isto é, á maneira de Cristo), e quando é acolhido como se fosse o próprio Cristo. Eis os dois pólos de toda a espiritualidade de São Camilo e dos seus religiosos: identificar-se com o Cristo em sua atitude de Bom Samaritano, que se deixa guiar pelo amar misericordioso para com o enfermo, e servir o enfermo como se serve a Crista que quis se identificar com ele. Em sintonia com esta visão evangélica, nossa constituição afirma de uma parte, que a Ordem dos Ministros dos Enfermos recebeu de Deus o dom de testemunhar no mundo a presença da perene caridade de Cristo para com os doentes (const. 1), para continuar no tempo e no espaço a missão de Jesus, que andava por todas cidades e vilas... pregando a boa nova do Reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades (Cf. Const. 4; Mt. 9,35), cumprindo assim o seu mandato de unir a pregação do Reino a cura dos doentes: "Curai os doentes e dizei: O Reino de Deus está próximo" (Lc. 10,9).

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De outra parte, a constituição da Ordem afirma que servindo o doente estamos servindo ao próprio Cristo que disse: "Toda vez que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes (Mt. 25,40). Nesta presença de Cristo nos enfermos e em nós que em seu nome estamos a seu serviço, encontramos a fonte da nossa espiritualidade (Cf. Const. 13). 2. O doente é um estranho que se torna próximo quando nos aproximamos dele com amor A nenhum leitor atento, passa desapercebido a virada de sentido das termos da questão na resposta que Jesus dá ao doutor da lei. A pergunta: "Quem é meu próximo?", Jesus replica com uma outra pergunta, cuja resposta emerge claramente da parábola: "Quais dos três fez-se próximo do homem que caiu nas mãos dos ladrões?". São muitos os estudos e as pesquisas que pretendem estabelecer em que medida o Evangelista está consciente da virada da questão, ou se o tenha intencionalmente querido. De qualquer modo, o fato certo é que Cristo não se deixa envolver em discussões acadêmicas sem sentido para quem ama. A sua resposta interpelação, vai além das preocupações Jurídicas e dos cálculos interesseiros. O doente é um estranho... O homem que adoece, sofre um corte profundo no seu ser que o deixa longe de todos e de si mesma. Ele sente mais fortemente este distanciamento psicológico que a distância física. A primeira constatação que o doente faz é aquela da ruptura de sua unidade subjetiva. Quando estava são, não sentia o peso da sua corporeidade: todo o seu ser obedecia ao impulso da sua vontade. Agora sente alguma coisa que o paralisa, os membros já não lhe obedecem, sente o corpo como alguma coisa distinta do seu eu, sente-se dividido. Esta ruptura subjetiva é agravada pela crise de comunicação com os outros, imobilizado, longe do seu ambiente, em posição de inferioridade, o doente sente que o mundo se afasta e o deixa só. Mesmo os que vem visita-lo não o compreendem, não conseguem entrar no seu mundo de pequenos interesses, mas que para ele tornaram-se tão importantes, senão os únicos. Com o avançar da doença sente-se em tudo e por tudo dependente dos outros, entregue nas mãos de pessoas desconhecidas, sem as quais não pode prover nem mesmo as suas necessidades mais íntimas. O seu relacionamento com os outros fica profundamente alterado. A dependência absoluta, a penosa sensação de ser um peso, levamno facilmente a dobrar-se sobre si mesmo, numa atitude de fechamento e hostilidade, que impedem a comunicação e podem dificultar mais ainda o diálogo com Deus. Eis o homem ferido para o qual o Senhor teve um carinho todo especial. As páginas do Evangelho nos apresentam Jesus sempre circundado por doentes de todo gênero. Quando se trata de doentes imobilizados, ele mesmo vai encontrá-los. Assim a visita aos doentes, constitui uma parte essencial da missão da Igreja, talvez porque quem é doente é o mais necessitado de ajuda e o mais incapaz de fazer-se próximo de quem o pode ajudar. E como um prisioneiro que deve ser visitado, e com o qual se identifica o Senhor (Cf. Mt. 25, 36, 43). ... que se torna próximo A parábola do Bom Samaritano, constitui um estupendo ensinamento de como o doente se torna nosso próximo, ou como nós nos tornamos próximo do doente. No fundo é o amor misericordioso que cria a proximidade. Somente quem tem amar pode fazer o quanto fez o Bom Samaritano: os seus atos brotaram de um coração que se abriu ao amor. E a partir desta disponibilidade preliminar, que as ações do Samaritano embora sejam no inicio aparentemente iguais àquelas dos homens do templo, no entanto logo tomaram direção oposta. Também ele estava viajando como o Sacerdote e o levita, mas enquanto estes partiam

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como funcionários do culto, talvez para suas casas ou propriedades junto à Jericó, com programas fechados, sem espaço para o imprevisível de Deus, o Samaritano é aberto aos sinais de Deus que fala também fora do templo: no coração da vida, nas pessoas com quem nos encontramos casualmente em nosso caminho. Por isso, vendo a mesma coisa, o ver do Samaritano é diferente. Naquela realidade ele capta um sinal que encontra um respaldo na sua realidade interior, e se comove (splanchnizomai = visceribus moveor), sente compaixão, coisa impossível para quem se protegeu e sufocou a voz interior, com a sebe das prescrições legais e ritualistas. No ver do Samaritano, existe uma escuta empática daquele homem semi-morto, e esta escuta faz surgir dentro de si uma outra lei, a lei da nova Aliança que tem uma lógica toda sua, criativa, surpreendente, porque vem do Espírito. Os homens do templo buscavam uma santidade medida pela doutrina e pela disciplina, sob o licito e o ilícito, sobre tudo quanto era prescrito para cada caso e sobre as interpretações dos doutores da lei. As preocupações jurídicas e ritualistas, os haviam tornado insensíveis aos problemas humanos. Diante de um homem necessitado de ajuda, o seu primeiro pensamento era o que era licito ou prescrito naquele caso. O Samaritano assume uma atitude de escuta, porque o seu primeiro pensamento é: O que este homem está precisando? Que quer que eu faça para ele? Assim, enquanto os homens da lei faziam aquilo que era prescrito faziam aquilo que queriam, o Bom Samaritano fazendo aquilo que queria, guiado pelo amor, fez aquilo que devia. 3. Da Compaixão para a ação A compaixão para ser verdadeira, deve traduzir-se em atos. O primeiro movimento do amor é aproximar as pessoas. Enquanto os homens do templo se afastam, o Samaritano se aproxima e age: derrama óleo e vinho sobre as feridas, enfaixa-as, carrega o ferido no burro (que se torna ambulância), leva ao melhor lugar para ser posteriormente tratado (não em uma clínica particular), faz todo o possível para ajudá-lo, paga os gastos e promete voltar. Aquele doente se tornou já seu próximo, um de sua família, seu irmão. Na metodologia desta transformação, existe a insistência sobre o "fazer". Já na primeira pergunta o doutor da lei tinha solicitado "Que devo fazer para ganhar a vida eterna?", e Jesus responde: "Faça isto e viverás". O doutor quer conhecer - e ensinar - e Jesus mostrar o caminho: Fazer. Quando não se está pronto para fazer, encontram-se sempre dificuldades para a aplicação. O grande dilema para aquele doutor, era de saber exatamente quem era o próximo que tinha direito ao amor; e não percebia que o verdadeiro problema era a falta de amor. Quem tem amor, sabe o que fazer e como fazer e não tem dificuldade em descobrir a quem deve fazer. E mesmo o caso de dizer que "quem sabe faz e quem não sabe ensina". Aonde termina o amor, começa a lei, e quando a lei não é observada por falta de amor, multiplicam-se as prescrições e as explicações. Assim os homens da lei podem continuar santamente com fidelidade á doutrina e à disciplina o seu serviço a Deus no templo, enquanto o homem morre na estrada. 4. O comentário de Camilo Podemos dizer que toda a vida de S. Camilo é um comentário vivo da parábola do Bom Samaritano. Foi necessário no entanto, primeira a conversão. Muitas vezes e por muito tempo, Camilo tinha encontrado pessoas feridas e doentes, tinha vivido com elas no Hospital São Tiago de Rama, foi até encarregado de assisti-las. No entanto, nunca se tinha visto com amor, não as tinha escutado, não as tinha sentido próximas. Foi somente quando descobriu Deus, que Camilo descobriu o homem.

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Pelas estradas de Manfredônia, enquanto refletia nas palavras proferidas por um sacerdote (do Novo Testamento), Camilo se sentiu envolvido pela ternura de Deus e se fez luz no seu espírito. Num momento compreendeu tudo aquilo que muitos grandes e sábios deste mundo não entenderão jamais. A partir daquele momento, tornou-se "o homem eleito por Deus para servir os doentes e para ensinar como servi-los". O surgimento de Camilo no campo da saúde foi verdadeiramente revolucionário, numa época em que a cristandade parecia ter esquecido que o segundo mandamento é semelhante ao primeiro. Quem passasse num hospital de Roma, dificilmente se apercebia que era administrado por aqueles que tinham recebido a missão de continuar a obra do Bom Samaritano. E o resultado estava à vista de todos. Entre os 10 mil doentes Internados Hospital do Santo Espírito de Roma, nos anos 1549-50, 9028 morreram. Isto significa que somente 72 entre 10 mil (),72%) saíram vivos e quiçá também curados. As causas de tal mortalidade incrivelmente elevada são assim indicadas pela comissão de inquérito ordenada pela autoridade: - Excessiva demora na internação; - Deficiência da ciência médica; - Má nutrição; - Incapacidade escandalosa da enfermagem. Talvez a quarta causa fosse a origem de todas as outras. Convertendo-se ao verdadeiro conhecimento de Deus e colocando-se a serviço do homem, na escola do Bom Samaritano, Camilo sentiu-se desafiado por tal situação e se colocou de corpo e alma a serviço dos doentes, reconhecendo neles, as pessoas mais necessitadas e abandonadas, mais distantes e solitárias na sua desventura. Inicialmente Camilo lutou sozinho, como um leão, para melhorar a "escandalosa incapacidade da enfermagem". Nomeado mordomo no Hospital São Tiago, sentia-se na obrigação de recorrer á lei para obrigar as profissionais da saúde a cumprir o seu dever para com os enfermos, valendo-se de prescrições, constrições, punições e estratagemas, com os resultados que todos conhecemos. Mas numa noite de luz, enquanto acudia sozinho ao gemido dos mais graves, compreendeu que seria impossível obter dos outros que fizessem como ele, se não tivessem a visão que ele tinha. Disto brotou a solução, nascida como uma inspiração do Espírito, reuniu aqueles que tinham a mesma visão da realidade, uma visão iluminada pela fé e animada pelo amor. Encontrou logo cinco "homens piedosos e de bem", que pensavam como ele e que trabalhavam no mesmo hospital, porém, isoladamente e esmagados pela indiferença e pelo individualismo generalizado. Reunidos em torno do Cristo crucificado e da sua Palavra, descobriram a sua força e logo começaram a trabalhar com entusiasmo e esperança. Antes do que esperavam, dezenas e centenas de jovens generosos, se uniram a eles, engajando-se com entusiasmo e alegria no serviço a toda sorte de doentes, ao ponto de abandonar qualquer outra coisa, renunciando até á formar uma família própria e a construir seu próprio futuro. Naquele momento de suas vidas, o seu futuro se constituía em servir aos doentes por puro amor a Deus e com ternura de mãe. Estavam também convencidos de servir o próprio Cristo na pessoa dos enfermos. O leito dos doentes tornava-se para eles, uma espécie de altar ao redor do qual se desenrolava a liturgia do serviço mais atento e alegre. O programa destes primeiros voluntários para a saúde dos doentes era fixado em poucos pontos por Camilo, na primeira "Regra da Companhia dos Servos dos Enfermos": - Servir os doentes por puro amor a Deus; - gratuitamente; - com a ternura que a mãe tem para com seu único filho enfermo;

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- reconhecendo no pobre e no doente a pessoa do Cristo; - deixando-se guiar pela inspiração do Espírito Santo; e com o máximo de respeito pela liberdade do paciente. Em poucos anos, o grupo de Camilo estava presente junto ao Hospital do Santo Espírito de Roma, Pammatore de Gênova, ao Cá Grande de Milão, em Nápoles, Palermo; em toda a Itália, onde existissem doentes para servir, feridos para socorrer, onde grassasse a peste, onde recrudescesse a guerra. De onde os outros fugiam, esses iam fazer-se próximos, colocando-se a serviço. Os anais atestam que, apenas teve noticias de indícios de peste em Milão, Camilo se pôs a caminho com um grupo de co-irmãos. Na estrada algumas pessoas se sentiam no dever a avisar estes incautos: "Voltem para trás porque em Milão existe a peste". E Camilo respondia para todas: "E justamente por isto que estamos indo para lá! ". Com inteligência do amor, Camilo compreendeu profundamente o homem na sua grandeza e na sua fragilidade e se colocou juntamente com seus religiosos, a serviço da pessoa enferma na globalidade de seu ser. O doente, isto é, a pessoa humana no momento em que necessita de ajuda, torna-se o centro em torno do qual se move a comunidade sanitária, em função da qual tudo o resto funciona, a começar pela própria estrutura hospitalar. Camilo chama com naturalidade os doentes "nossos Senhores e Patrões", porque nos dizem em nome de Deus, como devemos ser e o que devemos fazer. Com sua capacidade de compreender o homem, Camilo teve o mérito de realizar uma reforma sanitária alicerçada mais sobre pessoas do que sobre estruturas. Pouco serve na verdade reformas legais e estruturais, se depois os profissionais da saúde vêem no hospital um lugar de trabalho para os sãos, antes que um lugar de tratamento para os doentes. 5. Ação e contemplação Da que seja capaz de fazer um homem quando descobre "a preciosa pérola da caridade", disse-o Camilo, não com palavras, mais com fatos. Camilo se aproximava dos doentes, como se aproximava de Deus. Para ele não existia diferença entre o sagrado e o profano, entre a templo e a estrada, entre a Igreja e o hospital, entre o culto a Deus e serviço ao homem. Onde está o doente ali está Deus e aquele se torna o lugar de celebração. Tamanha era esta fé, que ás vezes, antes de ouvir a confissão do paciente, era ele quem pedia perdão dos seus pecados. Outras vezes foi visto em êxtase diante do Cristo presente no enfermo. Não se trata de uma convicção somente de ordem intelectual. É uma visão interior, uma experiência vital que envolve toda a seu ser, o seu coração, a sua sensibilidade. Nesta luz, podemos compreender sua atitude com relação ao doente, como no-lo descreve, uma entre muitas testemunhas oculares, o P. Peliccioni: "... não posso deixar de admirar, nem jamais esquecer que, quando se aproximava de um doente, parecia de fato uma galinha preocupada com seus pintainhos, ou então uma mãe ao lado de seu filho enfermo. Como para o seu amor não lhe bastassem os braços e as mãos, quase sempre curvava-se, envergava-se sobre o doente como se quisesse com seu coração, com seu alento, com sua alma prestar-lhe a assistência de que precisava. E antes de deixar aquele leito, cem vezes ajustava o travesseiro, acertava o cobertor á direita, á esquerda, em cima e em baixo. E como que atraído por um imã invisível, parecia que não era capaz de partir, indo e vinda de um lado para outro da cama. E como se estivesse meio inseguro, perguntava ao doente se estava bem, se não precisava de alguma coisa a mais, lembrandolhe alguma coisa referente á saúde. Não sei como se poderia descrever o seu serviço e o afeta de uma mãe carinhosa ao lado de seu único filho gravemente enfermo. Quem não conhecesse o Padre, não pensaria que ele tivesse ido ao hospital para atender todos os doentes indistintamente; mas que tivesse

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ido só para aquele tal; poderia ser uma pessoa muito querida, cuja saúde lhe interessa muito e como se aquela doença fosse a única preocupação neste mundo" (Vita Manocritta, edizione 1980, p. 436). Podemos assim compreender suas reações insólitas, como a resposta que deu ao Monsenhor Diretor do Hospital S. Espírito, que o tinha mandado chamar enquanto Camilo estava servindo um doente: "Diga ao Monsenhor que estou ocupado com Jesus Cristo, mas quando tiver acabado de fazer esta caridade, estarei á disposição de sua senhoria ilustríssima..." 6. O doente hoje Não é dito que após 4 séculos de história, desde quando Camilo criou uma "nova escola de caridade" (como disse Bento XIV), a situação do doente esteja substancialmente mudada. No mundo industrial mudaram as estruturas, a ciência médica fez um salto de qualidade, produziram-se boas legislações e os hospitais tornaram-se ás vezes por demais pressurosos e a alimentação por demais abundante... contudo ainda morre-se por falta de amor. São mais do que atuais as palavras de Camilo: "Um bom enfermeiro pode valer por mil e mil não podem valer por um, porque se faz necessário mais coração nas mãos". Por uma estranha convicção geral da sociedade, o doente é sempre o outro, alguém que não nos diz respeito, que não nos deve disturbar, do qual é bom manter-se longe. Portanto, mesmo na Igreja, não estamos totalmente conscientes de que o doente seja quem for, deve ser acolhido com amor e competência. Uma vez tornado próximo, o paciente torna-se ponte de ligação com todo o mundo das pessoas distantes, que buscam luz. O hospital, com todos os seus limites é, no entanto, sempre uma encruzilhada da humanidade. Aqui se encontram ciência e fé. Ideologia e realidade, Igreja e mundo. Tornando o doente seu próximo, a Igreja assegura a sua presença e o seu testemunho no meio desta sociedade minada na base pelo economismo servil, onde somente o amor autêntico e gratuito pode merecer crédito. Mas, se na cidade industrial, não obstante o progresso científico, o doente sofre e morre de desumanidade, o doente do 3.° mundo (apesar da boa vontade de muitas) continua a sofrer e morrer por falta de técnicas e estruturas que poderiam estar disponíveis também a eles, se existisse maior vontade política de desenvolver e condividir meios de vida e de saúde, antes que produzir e exportar meios de destruição e de morte. Todo dia, milhares de irmãos e irmãs ainda morrem de fome e de doenças banais já há muito tempo superadas pela ciência médica. Esta triste realidade poderá cessar quando surgirem muitos samaritanos, capazes de tornarem-se próximos dos doentes, também para além dos confins da Samaria.

PASTORAL DA SAÚDE - DIOCESE DE SANTOS Orientações e normas para o agente da Pastoral da Saúde (Continuação do número anterior) 2ª parte 4.14 - O agente deve manifestar sua bondade, paciência e interesse com todos funcionários, principalmente com os mais humildes e necessitados. 4.15-A Intimidade com Deus através da oração e da participação na liturgia sacramental é indispensável na vida do Agente. "Sem mim nada podeis fazer", disse Jesus. Como falar de Deus com os doentes se o próprio Agente desconhece o diálogo com Deus? 4.16 - Participar das reuniões e reflexões paroquiais, regionais ou diocesanas sobre a pastoral da saúde para estar em consonância com o vigário quer nas programações, quer nas

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atividades. Esforce-se, também, para promover e formar núcleos de pastoral da saúde em sua comunidade. 4.17 - O respeito pela dignidade da pessoa humana e pela consciência religiosa do paciente ou funcionário deve merecer especial consideração. Orientar e confortar. Evitar fazer promessas descabidas ou proselitismo. 2ª parte 1. DO AGENTE 1.1 - Agente da Pastoral da Saúde é aquele que, sob a dependência da autoridade e em nome da comunidade eclesial, coloca-se à disposição dos enfermos para confortá-los na fé e atendêlos em suas necessidades, bem como procura interessar-se pelos que as assistem. 1.2 - O Agente deve ter: a)- equilíbrio emocional b) - bom relacionamento c)- relativo preparo intelectual d)- gosto pelas coisas de Deus e)- conduta digna. 1.3 - O Agente deve saber: a)- trabalhar em equipe b)- assumir com responsabilidade seus trabalhos. c)- ser acolhedor e paciente d)- preparar o enfermo e seus familiares para a visita do sacerdote e para a participação dos sacramentos. e)- encontrar tempo para a oração e meditação. 1.4 - O Agente não se omita de: a)- Participar dos encontros, retiros espirituais, reuniões e conferências devidamente programadas a nível diocese, paróquia, hospital e região. b)- Reciclar cursos de que lhe dá o direito de continuar função de agente da Pastoral da Saúde na área escolhida ou estabelecida. c)- Participar do encontro anual a nível de diocese, programado pela Pastoral da Saúde a fim de estabelecer paulatinamente unidade de mente e de ação entre todos os agentes da Pastoral. d)- Corresponder às tarefas assumidas dentro da programação do hospital ou paróquia em que se engajou. 2. DO MINISTRO DA EUCARISTIA NO CAMPO DA SAÚDE 2.1- Ministro da Eucaristia na Pastoral da Saúde é o próprio agente da Pastoral da Saúde, capacitado e formado para este ministério e provisionado pela autoridade diocesana. 2.2-Condições para os Ministros da Eucaristia: a)- Ser provisionado pela cúria. A provisão tem validade por 1 (um) ano, podendo ser renovada, quando houver conveniência pastoral e condições por parte do ministro. b)- Ter curso específico. Somente pode trabalhar como Ministro da Eucaristia nos hospitais quem fez o curso orientado e administrado pela paróquia hospitalar. Os Ministros da Eucaristia paroquiais não estão credenciados para o exercício ordinário desta função nos hospitais: excepcionalmente poderão fazê-lo; comunicando-se com o Capelão ou com o Coordenador da pastoral da saúde. 2.3 - Participar do encontro anual. Anualmente o Ministro da Eucaristia que trabalha na área da Saúde deverá participar do encontro estabelecido pela coordenação da Pastoral da Saúde. 2.4 - Participar das reuniões trimensais estabelecidas pela Paróquia Hospitalar. (Conclui no próximo número)

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TUAS PALAVRAS SÃO ORAÇÕES EM TEMPO DE DOENÇA - III

Oração em tempo de desapontamento - Senhor, passei por tantas esperanças e medos ao esperar pelos resultados dos meus exames. - Sempre esperando e rezando pelo melhor, mas também temendo o pior. Estava começando a encontrar uma certa paz. Foi então que o médico trouxe-me "más noticias", tentando explicarme com bonitas palavras. Eu sinceramente falando, não queria ouvi-lo. Eu não queria acreditar...Certamente ele estava errado... Devia estar errado,..que não era verdade,.. eu que sempre tive tanta saúde... - Agora Senhor, que o curso do tratamento foi definido, ajudai-me a fazer o melhor, a acreditar nos profissionais da vida. Além disso, Senhor, dai-me a capacidade de redefinir as minhas esperanças a cada acontecimento, seja este bom ou não. - Permita que a Vossa Boa Nova entre em meu coração, suavizando a dureza das noticias ruins que recebi. Ao chorar pela perda de minha segurança, sustentai-me com a boa nova de teu amor eterno. Que a vossa paz consoladora habite em mim, afastando o desapontamento e dando-me forças e renovadas esperanças para enfrentar o futuro. Amém. Antes de uma cirurgia - Senhor, as horas parecem tão longas e não passam. - Estou tão cansado e com tantas preocupações... Sobre o resultado da cirurgia...sobre meu futuro... sobre minha família. - Estou com medo e ansioso porque é justamente meu própria corpo, minha própria vida que está em jogo. - Levanto minha voz para vós Senhor, porque somente vós podeis repor nos meus medos, confiança e na minha ansiedade, fé: nos vossos instrumentos humanos de cura. - Abençoe os cirurgiões que farão a minha cirurgia, guiai suas mãos para colocar saúde aonde existe doença, força aonde existe fraqueza. - Abençoe minha família que através da sua presença e apoio, deu-me tanta força e coragem para enfrentar este acontecimento. - Abençoe minha noite. Ajudai-me a ter paz no meu descanso e sob vossa proteção eu possa estar pronto para o dia de amanhã. Amém. Oração em tempo de dor - Senhor meu Pastor, não lembro mais a dor de ontem, mas não sei nada a respeito da dor de amanhã. Por favor, ajudai-me a suportar a dor de hoje. - Dai-me as forças humanas e espirituais de que necessito para carregá-la. Ajudai-me a lembrar da tua cruz... da tua oração ao Pai...do teu espírito de entrega e aceitação... - Libertai-me da tendência de sentir-me vitima, de sempre lamuriar das coisas e pessoas que estão ao meu lado. É verdade que nesta altura dos acontecimentos simplesmente não aprecio longas visitas como antes, ou mesma os esforços dos amigos preocupados em alegrar-me. - Senhor, mesmo quando sinto-me interiormente partido e confuso, dai-me a força suficiente para que eu não seja um peso para os outros, mas antes uma fonte de coragem e paz. - Guiai-me para que eu veja teu amor presente nas faces das pessoas que cuidam de mim. Ajudai-me a descobrir nas vozes que quebram o silêncio de meu dia, o conforto e a promessa de uma vida renovada. Ajudai-me a receber a vossa graça em meio das experiências inesperadas. Amém.

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Quando estou desesperado... - Deus nosso Pai, vosso filho Jesus Cristo veio a este mundo para curar nossos corações e guiar nossas vidas. Ele partilhou nossa solidão humana: a solidão do não familiar, a solidão do deserto, a solidão do esperar. - Eu também estou esperando e é tão difícil. A medida que o tempo passa, fico mais nervoso e impaciente, O desconhecido faz da minha espera uma verdadeira agonia. Neste hospital as horas parecem dias e os dias parecem séculos. Sinto-me perdido em não conhecer exatamente aonde estou Indo, ou por não conhecer o que está acontecendo comigo - Surpreendi-me olhando pelo corredor espetando para que o médico ou a enfermeira aparecesse e ao mesmo tempo temendo o que eles poderiam dizer. Encontro-me também olhando pela janela, esperando pela aurora de um novo dia, visto que a noite foi tão pesada e longa. - Senhor, livrai meu coração do cansaço e ajudai-me a confiar em vós. Amém.

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