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ROTEIRO DE REFLEXÃO PARA AS QEUIPES DA PASTORAL DA SAÚDE Júlio Munaro Hoje, graças á evolução da sociedade, a maioria dos doentes é internada e tratada em hospitais. Consequentemente, é também nos hospitais que se presta atendimento religioso á maioria dos doentes. Os hospitais, como sabemos, visam primordialmente o tratamento e a cura dos doentes, e é em função dessa finalidade que montam toda a sua estrutura de serviços. Por isso, durante o período de internação, muitos aspectos da vida global do doente são considerados pelo hospital como de segundo plano. Isto não decorre de incompreensão ou de insensibilidade humana dos médicos, enfermeiros ou administradores hospitalares. Decorre, simplesmente, da necessidade de preservar o bom andamento terapêutico de cada doente e de todos os doentes. O doente, pelo simples lato de estar doente, precisa de e sossego. O hospital, pela sua própria dinâmica de trabalho, via de regra é muito movimentado, o que, por si, já dificulta a tranqüilidade do doente. Que não aconteceria se o hospital deixasse entrar todo mundo á hora que quisesse e para o que bem entendesse ? Isto geraria confusão no hospital, prejudicaria o trabalho e tiraria ainda mais o sossego dos doentes. É por isso que o hospital limita até a entrada de familiares dos doentes e reduz o mais possível o tempo de sua permanência. Em muitos casos, chega até a proibir as visitas. A finalidade do hospital, todos sabem, não é religiosa, mas terapêutica. Isto não significa que o hospital exclua qualquer atividade religiosa ou proíba tenham a assistência espiritual de que sentem necessidade durante o período de sua internação. Hoje, a totalidade dos hospitais do Brasil reconhece a importância do atendimento religioso dos doentes e, na maioria dos casos, o favorece. O que os hospitais não aceitam é um serviço religioso que não se adapte às realidades do hospital ou exorbite do atendimento religioso dos doentes ou de apoio espiritual dos funcionários. Não admitem atividades de proselitismo, propaganda de credos, manifestações religiosas que perturbem a tranqüilidade do ambiente ou desrespeito às crenças de quem quer que seja. Isso não admitem, e têm sérios motivos para não aceitar. Numa sociedade religiosamente pluralista, como a nossa, não fazem exceções nem mesmo para o credo religioso majoritário. E, convenhamos, não seria justo admitir tal exceção, pois os motivos da restrição não são de ordem religiosa, mas de outra natureza, isto é, funcional. Os visitantes de doentes internados em hospitais não podem, pois, ignorar essa realidade. Antes, devem acatá-la de coração aberto e tranqüilo, sem pretensões descabidas. Como o hospital é um ambiente altamente organizado, com dinâmica própria e finalidade especifica, todas as pessoas que nele trabalham, até mesmo as menos qualificadas, como o pessoal da limpeza, são submetidas a um treinamento especial, adequado ás exigências do ambiente. Os visitadores de doentes não podem constituir exceção. Eles também precisam de preparação para seu trabalho no hospital. Não basta que tenham boa preparação religiosa, capacidade de diálogo, respeito pelo outro e por suas convicções religiosas. É preciso que conheçam também as exigências do ambiente hospitalar e saibam comportar-se. Sem isso, podem cometer gafes e criar atritos, tornando-se antipáticas ou mesmo indesejados pelos médicos, enfermeiros ou administradores. Isto seria uma pena, além de uma perda. O problema, porém, não é de difícil solução. Basta que os visitadores de doentes tenham algumas aulas de orientação do capelão do hospital ou de uma religiosa que nele trabalha ou mesmo de uma pessoa leiga familiarizada com o ambiente e conhecedora de suas exigências. Isto dá competência e segurança ao visitador e garante a qualidade do seu trabalho. Custe pouco, mas vale muito.

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APRENDENDO ALGUMA COISA SOBRE O SUICÍDIO Leocir Pessini Alguém muito próximo de você morreu. A dor é mais intensa porque a morte foi um suicídio. O processo de cura será penoso. Em algumas vezes, parecerá não natural, vagaroso. Compreender as emoções. aprender alguma coisa sobre o suicídio pode diminuir a dor. Por que suicídio? Pessoas de todas as idades cometem suicídio: homens, mulheres, jovens, crianças, o rico e o pobre. Ninguém está imune a essa tragédia. Por que- alguém, por vontade própria, apressa ou causa sua própria morte? Profissionais do campo da saúde mental, que por muitos anos têm procurado uma resposta a essa questão, geralmente concordam que as pessoas que tiram a própria vida sentiram-se presas numa armadilha e se viram como que numa situação sem saída. Quaisquer que tenham sido a realidade e apoio emocional recebidos, elas se sentiram isoladas, sem amizades, desgostosas da vida. Mesmo na ausência de doença física. as vitimas de suicídio sofrem intensa dor, angústia e desespero. John Hewett, autor de "After Suicide" (Depois do suicídio), diz: " Ele(a) provavelmente não escolheu a morte tanto quanto escolheu pôr um fim nessa situação insuportável'" Problemas financeiros insolúveis? Problemas no casamento ou na família? Divórcio? Fracasso nos estudos? Perda de um amigo especial? A morte de um amigo ou cônjuge? A combinação destas e outras circunstâncias poderiam ter precipitado o suicídio. O suicídio também poderia ser a resposta a uma depressão psicológica. Embora muitas pessoas enfrentem problemas semelhantes e os superem, seu ente querido não pôde encontrar outra solução que não fosse a morte. Algumas vezes não existem causas aparentes. Não importa há quanto tempo e quão intensamente você procura pela razão do acontecido: você não será capaz de chegar ao porquê que o atormenta. Cada suicídio é individual, único, independentemente das generalizações sobre os porquês, e você poderá não encontrar jeito de entender a vitima de suicídio, através de raciocínio. Ao mesmo tempo que você procura respostas e compreensão, precisa também lidar com os sentimentos de choque, raiva e... culpa A intensidade desses sentimentos depende da proximidade e envolvimento que você tinha com o (a) falecido(a). Da mesma forma que cada suicídio é individual, assim também suas reações, cura e processo de enfrentar a realidade serão únicos. No entanto, as observações gerais que se seguem podem ajudá-lo a lidar com a dor. Choque Inicial: Isto não está acontecendo! O choque é a primeira reação perante a morte. Você poderá sentir-se entorpecido por algum tempo. Talvez até incapaz de seguir sua rotina diária. Este choque pode ser saudável, protegendo-o da dor inicial da perda, e pode ajudá-lo no processo de providenciar os funerais e serviços litúrgicos. Esse período pode durar vários dias e semanas. Tenha algum tempo para estar sozinho, se é isto o que você quer. Mas é também importante estar com outras pessoas, retornar á rotina habitual.

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Após o choque inicial, você pode sentir raiva, culpa e, certamente, tristeza. Esses sentimentos podem domina-lo por completo, de repente, e perdurar por semanas, meses e até anos. Você pode conviver satisfatoriamente com eles. Esses sentimentos e o desespero que acompanham a morte passarão. Tente compreender e aceitar o que você sente. É saudável e faz parte do processo de cura. Raiva: por que estou com raiva? Com um parente ou ente querido ás voltas com uma morte por suicídio, você pode experimentar raiva, freqüentemente dirigida ao falecido - "Como ele pôde fazer isso comigo!" dirá. Se ele estava em tratamento médico ou psiquiátrico, você poderá perguntar: "Por que eles não me preveniram?" Você pode sentir raiva de Deus por "permitir que isso aconteça". A raiva pode ser dirigida até para você mesmo: "O que eu deveria ter feito?" ou "por que eu não estava lá?". Não tente negar ou esconder essa raiva: ela é uma conseqüência natural da ferida que você sente. Se você nega-la, ela eventualmente aparecerá de outra maneira, talvez sob formas mais destrutivas, e prolongarão processo de cura. Você precisa encontrar alguém com quem conversar sobre esses sentimentos – quem sabe um amigo ou padre de sua igreja. Talvez você precise libertar sua raiva tisicamente: caminhe ou faça exercícios de acordo com sua capacidade física. A raiva para com o falecido é normal quando o tipo de morte é suicídio. Ele jogou suas emoções num turbilhão e causou dor a você e a outros. Raiva dirigida aos profissionais médicos e de saúde mental pode ocorrer, se a vitima estava recebendo tratamento ou terapia. Embora você possa ter passado pela experiência com alguém, sentindo-se incapaz de ajudar, os profissionais são dedicados, bem treinados e providenciam ajuda para muitas pessoas. Eles serão os primeiros a reconhecer que a sua raiva é uma emoção válida. Se você está com raiva de Deus, partilhe seus sentimentos com um sacerdote de confiança ou mesmo com um amigo. Hewet afirma: "Se você está com raiva do Todo-Poderoso, pelo seu bem, diga a Ele. Deus é o único preparado para aceitar sua raiva". Não negue sua raiva. Fale, pense e, construtivamente, lide com ela. Culpa: se eu tivesse feito mais ... É possível que a raiva intensa que você experimentará seja a respeito de você mesmo. Essa raiva está intimamente ligada a sentimentos de culpa: "Acabei de falar com ele! Por que eu não a ouvi?"... "se eu tivesse somente..." etc. Se o falecido (a) era alguém com quem você mantinha profundos laços de amizade, a culpa possivelmente será mais intensa. E se a morte acontece como uma surpresa, você estará desesperadamente procurando por suas razões. Uma pessoa que comete suicídio geralmente deixa alguns indícios. Assim que você olhar para três, nos últimos meses (ou anos), talvez veja algumas indicações que não percebeu antes. E desejará ter percebido o problema, com tempo suficiente para fazei algo. Talvez você estivesse a par das tendências suicidas do falecido e tenha tentado ajudar. Pode até ter pensado que, embora tenha ajudado, deixou de se preocupar com ele, porque, em período anterior ao suicídio, você percebeu que ele já se sentia melhor. Você precisa saber que não é

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incomum o rato de um suicida sentir-se melhor, desde que tomou sul decisão: o problema não foi resolvido, mas a vitima encontrou uma resposta - o suicídio. Ao lidar com os sentimentos de culpa, não se critique severamente por seu comportamento em relação á vitima, enquanto estava viva Você, agora, deseja que tivesse encontrado a solução certa ou oferecido mais apoio? Pensamentos como "eu não deveria ter ido ao cinema" ou "eu deveria estar lá" podem passar por sua cabeça. Se você tivesse ficado em casa, se você estivesse com ele, o suicídio possivelmente teria acontecido em outra ocasião. Se você pensa que sua presença naquele momento poderia ter evitado o suicídio, você está assumindo demais. E verdade que todos somos inclinados a pensar que ajudamos nossos amigos e familiares. Mas uma pessoa determinada a cometer suicídio está propensa a fazê-lo. Se você, realisticamente, sente que há alguma coisa que poderia ter feito, encare-a, pense e.. aceite-a. Seu ente querido não pode mais ser ajudado, e você precisa continuar a viver. Você pode aprender a crescer. Algumas pessoas acreditam que um indivíduo tem o direito de acabar com sua vida. O termo "suicídio racional" é usado para descrever um suicídio em que se tem pensado e planejado. E se sugere que talvez pudesse ser uma maneira de lidar com uma doença terminal. Esta é uma área de controvérsia, que se aceita ou não: o que você precisa saber è que o suicídio foi uma decisão individual, não importa se racional ou não. A escolha foi dele, não nossa. É possível aceitar isso mais fácil intelectualmente que as emoções. Qual o valor da culpa no processo de cura? Antes que deixar que o ferimento o isole, partilhe seu tempo e preocupações com alguém que também está ferido. Você pode proporcionar amizade e apoio, envolver-se com os outros, com grupos de apoio que lutam para prevenir suicídios, com qualquer causa que tenha algum significado para você. Alivio: estou melo contente, acabou. Se você tinha um relacionamento intimo com o falecido, talvez a dor e o sofrimento se tenham tornado emocionalmente difíceis. Você poderá sentir-se exausto por envolver-se tão intensamente na situação. E, agora, você pode experimentar uma sensação de desafogo, porque não terá mais com que se preocupar, ou de alivio porque a agonia do falecido finalmente acabou. Sentir-se aliviado quando uma situação difícil termina é normal. Quando o final é infeliz, o alivio ainda pode estar presente, mas colorido pela culpa. Lembre-se: não espere Perfeição de você mesmo.. aceite o sentir-se aliviado e não deixe crescer a culpa em você. O psiquiatra Theodore Raik disse: "Podemos sentir pena por alguma coisa sem sentimento de culpa?" Relembre também que a vitima de suicídio viu a morte como o 'único alivio possível naquela circunstância particular. Estigma: o que dizer às pessoas? Você pode pensar que os outros associam o suicídio com estigma ou vergonha. Isso provem, em parte, de sua interpretação histórica e religiosa. Os romanos e leis inglesas estabeleciam que o suicídio era crime porque pensavam que a pessoa punha fim á própria vida para fugir ao pagamento de impostos! Embora a Bíblia não contenha nenhuma proibição explícita contra o suicídio, a Igreja primitiva o via como assassinato. Hoje, poucas legislações vêem o suicídio como crime, e as existentes não são levadas em conta. Se seus amigos se sentirem pouco á vontade para falar sobre morte, ou mesmo estarem com você, isso é devido ao desconforto que sentem ao enfrentar a morte de qualquer natureza ou a uma reação contra o próprio desconforto. Se você mesmo não se sentir à vontade para falar com os

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outros sobre as circunstâncias em que ocorreu o suicídio, não o faça. Os seus amigos mais chegados sabem, deixe os outros simplesmente reagirem à morte de seu ente querido. Você não precisa partilhar Sua história com pessoas não próximas de você. Contudo, é muito importante que você confronte a palavra suicídio. Repita-a, pense nela, ouça e diga-a Não o faça sozinho, porém você precisa de alguém ou de várias pessoas, com as quais possa partilhar seus sentimentos. Por alguns dias - possivelmente uma semana ou duas -, você queira ficar sozinho, ter tempo para você mesmo... Mas não se isole muito. Deixe os amigos e parentes ajudálo. Ninguém terá uma resposta mágica para você ou fará que doa menos. No processo de cura, é importante que você fale de seus sentimentos, de todas as suas tristezas, raivas, dores e culpa que tem dentro de você. Os amigos podem prover o apoio emocional de que você precisa, você poderá fazer parte de um grupo de apoio, encontrando-se com pessoas que também experimentaram o suicídio de um ente querido. Você pode necessitar de aconselhamento, médico, sacerdote. Não se esqueça: você pode estar-se culpando, mas existem pessoas que partilharão sua dor e o ajudarão a ver mais claramente. Como comunicar às crianças? Se o falecido (a) era pai ou mãe, ou se as crianças eram amigos da vitima, falar a elas sobre a morte pode ser uma das tarefas mais difíceis; você pode ignorar suas necessidades, especialmente se é o adulto mais próximo delas. O Instituto Nacional de Saúde Mental afirma: "ao falar ás crianças sobre a morte, descobrimos o que elas sabem ou não - se existem idéias falsas, medos, preocupações. Podemos ajuda-las, dando as informações necessárias, conforto e compreensão. Falar não resolve todos os problemas; mas, sem falar, estamos até mais limitados em nossa habilidade para ajudar". Muitas crianças estarão conscientes da morte de alguém em suas vidas e necessitam de uma oportunidade para fazer perguntas e receber respostas verdadeiras. Se você reluta em falar sobre suicídio, o que significa e por que aconteceu – saiba que as crianças possivelmente ouvirão de outras fontes, a sua confusão será maior se elas não tiveram alguma comunicação com você. Você precisa explicar que a vitima de suicídio era uma pessoa infeliz. sem dar a impressão de que a morte é a resposta á infelicidade. Além disso, que ela tinha muitos problemas ou estava doente, sem dar ás crianças razão que as leve a supor que elas foram a causa dos problemas ou responsáveis pela doença. Elas precisam saber que você estará com elas por um longo tempo e que a infelicidade delas a respeito da morte não será a razão de sua morte. Crianças mais velhas podem estar mais ao par das circunstâncias da morte, mas talvez menos abertas em termos de partilhar seus sentimentos. Elas podem, também, sentir-se mais responsáveis que as crianças menores, e procurar intensamente por respostas. Elas podem ser mais livres para acusar alguém: você, por exemplo. Toda criança necessita de algum tempo - pelo menos alguns dias - para pensar sobre a morte, sondar seus sentimentos e formular suas perguntas. A natural abertura das crianças mais jovens pode facilitar a tarefa de falar sobre a morte. Uma criança mais velha, com senso de maturidade em desenvolvimento, pode evitar você, para não partilhar os sentimentos. Algumas crianças, não importando a idade, não perguntarão nada, e você tem de encorajar a comunicação. Como os adultos, as crianças precisam falar sobre o assunto e partilhar seus sentimentos sobre o suicídio. Suas reações podem ser similares ás suas. Elas podem mostrar-se insensíveis ou

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demonstrar mais raiva, dor ou culpa. Você precisa aceitar as reações delas, quaisquer que sejam, mesmo que você não as entenda. Se a comunicação com a criança for difícil, contate pessoas com quais ela está em contato, especialmente os professores. Eles necessitam saber a que a criança está reagindo, o poderão ajudála nesse processo de providenciar respostas, bem como entender modificações de comportamento na escola. Podem ajuda-lo a providenciar apoio adicional. Seja honesto e ouça o que as crianças dizem, bem como o que fazem. Tenha tempo para estar com elas. Aceite seus sentimentos e parti-lhe os seus também. Quando elas perguntam, e você não tem respostas, não ignore as questões ou invente respostas. Especialmente quando a marte è um suicídio, muitas respostas serão "não sei ou "não entendo". Como você precisa de apoio emocional, não de julgamento de alguém próximo de você, suas crianças também necessitam de ajuda nesse momento. Suicídio não é hereditário O suicídio pode acontecer mais de uma vez no seio de uma família, mas não é algo hereditário. Numa mesma família, ou entre amigos, o suicídio pode estabelecer um modelo destrutivo a imitar. Pensamentos de também se suicidar são uma reação não incomum ao suicídio de alguém que você ama, e podem surgir imediatamente ou anos mais tarde. Pensar instintivamente assim, agora, não deveria alarmar. Mas uma depressão prolongada e pensamentos suicidas contínuos necessitam de atenção imediata. Não hesite em procurar ajuda profissional se os seus problemas são maiores do que você pode suportar. Olhando para a frente A dor e a tristeza eventualmente durarão algum tempo, mas você será capaz de reunir os pedaços de sua vida e reconstrui-la. Haverá momentos em que essas sentimentos surgirão mais fortemente. Feriados e outros eventos especiais podem renovar a tristeza. Especialmente no primeiro ano, você precisará decidir se deseja manter as tradições que você partilhou com o falecido ou se prefere novos ambientes e atividades, para apagar as lembranças dolorosas. No aniversário da morte, você desejará ficar sozinho, ir à igreja ou passar o dia de uma maneira que signifique algo especial. Você pode preferir passar o tempo com alguém próximo de você ou fazer planos para um encontro familiar. Você não Podara evitar esses períodos de tristeza, mas tente planejar o futuro, tanto quanto possível. Algumas vezes, solidão e tristeza podem voltar sem uma razão especial. Esteja preparado para enfrentá-las. Procure ajuda de amigos ou aconselhamento, se necessário. Não espere esquecer. Mas você será capaz de lidar com a realidade. Você pode ajudar, mas não se culpe pela morte, depois que ocorreu. Quem lira a próprio vida está fora de si mesmo? Não necessariamente. Embora muitos pacientes sejam diagnosticados como “loucos” por tirarem a própria vida, pesquisadores acreditam que as vítimas de suicídio não procurariam tanto a morte, e sim um meio de fugir ao sofrimento. Os suicidas, assim, sentir-se-iam perdidos pelas circunstâncias da vida e encontrariam na morte o único meio de fuga. No entanto, mesmo na morte,

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eles desejariam que alguém os resgatasse da situação. Por isso, assumir que o suicídio é um ato de insanidade não apenas pode ser falso, como constitui uma indelicadeza para com os parentes. Existem sinais de aviso? A resposta é sim e não. As estatísticas mostram que 80% das mortes por suicídio foram precedidas de alguma pista ou sinais. Contudo, muitos deles estão tão codificados ou imperceptíveis que mesmo um conselheiro profissional pode não os perceber. O percentual de probabilidade de intenção de suicídio nunca deve ser esquecido. Embora o ato final de tirar a própria vida possa ser produto de um longo processo, ele nunca será inteiramente previsível por alguém, até que aconteça. Os suicidas sempre deixam uma carta ou bilhete? Não. Em muitas mortes aparentemente por suicídios não existem notas, cartas ou bilhetes, e somente as circunstâncias podem indicar que a morte foi causada pela própria pessoa. Legalmente, o médico deve registrar o óbito como suicídio, homicídio, acidente ou por causa natural. Para muitas pessoas, tais tipos de morte permanecem um mistério insolúvel. Este é um ponto em que amor e lei nunca estão de acordo. Por que algumas pessoas parecem tão “felizes” justamente antes de porem fim a suas vidas? Sentir-se derrotado, incapaz de tomar decisões ou desempenhar bem tarefas consideradas importantes – isso pode levar alguém a procurar no suicídio algo que se pode realizar com sucesso, de uma vez por todas. É por isso que alguém antes deprimido, em razão de qualquer incapacidade pessoal, pode parecer aliviado e mesmo “feliz” por haver planejado morrer, isso torna as coisas particularmente difíceis para os familiares, porque eles nunca sabem, efetivamente, o que sente o seu ente querido, se está ou não plenamente seguro de si. Como é possível cuidar de alguém a todo instante? Obviamente, ninguém pode. E os que ficam não devem carregar para sempre, como sua, a culpa irracional de que teria sido possível evitar o suicídio. Embora a curva via que leva à morte por suicídio seja, no geral, longa e, por isso, possa oferecer muitas oportunidades para procurar ajuda, chegará o ponto em que nenhum ser humano poderá brecar quem está firmemente decidido pela autodestruição. Mesmo quando a dificuldade é conhecida, lamentavelmente a ajuda não poderá ser dada, sempre, ou recebida a tempo. Muitas mãos podem estar estendidas para ajudar, mas o que os americanos chamam de “tunnel vision” ( e poderíamos traduzir pela “luz no fim do túnel”), característico dos suicidas, pode cegar por completo a vítima e impedi-la de ver todo o amor e carinho que existe a seu redor.

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MISSÕES NO INFERNO VERDE Encontros e reencontros no distante Amapá Raul José Matte Pracuuba é uma das madeiras resistentes, usada aqui no Amapá, nas embarcações ou esteios de casa. Embora a devastação seja intensa, ainda existe, na Ilha das Pracuubinhas, muita madeira, o que lhe valeu esse nome. E foi numa das Comunidades ali situadas que marquei presença no mês de outubro de 85. Dia 28, outro grupo de 13 pessoas completou o Curso de Agentes de Saúde no Hospital São Camilo. Entre elas, o sr. Francisco Palheta - o "Capixito". Desta vez, decidi apresentá-lo antes de retomar as suas atividades na Comunidade. Insisto em que o Agente de Saúde deve ser, tal como o médico, mais um educador do que um curador. Como já estou acostumado (....), i partida atrasou As marés, a confusão embarcações no porto, uma prosinha a mais com os amigos - tudo é motivo pata posteriores desculpas. Mas essa éa nossa realidade. Após três horas de barco, rio acima, passamos pela casa do sr. Jacó, já conhecido e pai de outro Agente de Saúde. Estivera internado no Hospital São Camilo. Encontrei-o piorado, "malado" e, junto com os familiares, celebramos uma emocionante Unção dos Enfermos. Mais outras três horas, e uma casa repleta de crianças curiosas me assegurava ainda estar no Brasil... e o fim de viagem. Açai e soiá (um pequeno roedor) foram a nossa janta. Prato do pobre. Tão gostoso como os menus franceses. É questão de critérios... o silêncio da noite, a serenata dos sapos e vento na floresta eram bem diversos do "som" do Mingo Show, instalado bem diante de nossa casa de Santos, onde passei o mês de agosto. No domingo, a Missa concorrida. Atendi as Confissões e rezamos por todos os nossos professores. Motivo: acompanhava-me nesta viagem o meu primeiro professor, irmão Zenóvio, Marista. Em 1942, no Colégio Santa Maria, em Curitiba, enviados por Deus, ele e eu iniciávamos outra etapa da vida. Professor e aluno que, depois de 43 anos, novamente nos encontrávamos numa vocação comum - missionários. A caminho de Tapauá, no Amazonas, onde os Irmãos Maristas mantêm um colégio, visitou-me este querido professor, para um reforço mútuo na fé e na alegria de viver. Que mundo diverso... Q "Jornal Hoje" da TV Globo vem mostrando, nestes dias, desfiles de modas e declarações dos figurinistas. Aqui, a simplicidade do interior e a pobreza de outros brasileiros, aliás, a maioria deles. Famílias inteiras vestidas com o mesmo estampado de tecido, uns metros de peça mais baratinha que o papai comprou e serviu tanto para as camisas dos meninos como para os vestidos das meninas e da mamãe figurinista.,, Esta foi a "coleção" apresentada pata o dia da festa... .”Desfile" descontraído e seguramente com "modelos" bem mais naturais e felizes do que os da televisão... São fatos que constato e que surgem diante dos olhos. Não pretendo condenar este ou aquele. Apenas valores que recebem critérios diferentes de observadores diferentes. Mas não posso negar que, no fundo de minha alma, canto as palavras de Jesus: "Eu te louvo, ò Pai. Senhor do Céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos..." A leitura da Epístola do dia (Tg 5,1-6) trazia mais alguns subsídios para esta

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reflexão. Como o luxo (nem falo em conforto) vai-se apoderando dos homens, que aos poucos vão achando ser "natural" viver faustosamente, justificando sei fruto de seu espírito empreendedor.... A seqüência do dia foi como de costume: palestras e consultas e, desta vez, um passeio de canoa pelo lgarapé da Ilha. Um concertinho de flauta também não podia ficar de fora. O retomo foi programado para as 4 horas da madrugada. Descontados os atrasos rotineiros, sob um luar especialmente encomendado, o Irmão e eu na tolda do barquinho aguardávamos o amanhecer, singrando os ingarapés e rios destas ilhas do Pará (um dos furos era tão estreito que apenas dava passagem a uma embarcação: uma teia de aranha, apoiada em ambas as margens, foi cortada por nós, parecia fio de linha e segurava até enormes mariposas). Para louvar o Senhor, renovava a lembrança dos primeiros anos de colégio, junto daquele que me ensinou a rezar o Terço de Nossa Senhora, ainda afinado no mesmo tom daquela cantilena ouvida e aprendida há tantos anos. o sol já despontava quando chegávamos novamente á casa do "seu" Jacó, aproveitando a maré cheia que encurtava o roteiro A família permanecia unida, mas o seu papai acabava de falecer. Ainda com seu corpo quente, fizemos a sua encomendação fúnebre. Senti-me enviado por Deus. Imagine-se a uma cena de Unção e assistência ao falecido nestas distâncias de nosso interior - tudo na hora certa. A família, agradecida, refletia sobre tais coincidências e com mais empenho louvamos a Deus pelo exemplo de vida cristã deste homem agraciado por Deus até nos seus últimos momentos. Depois do Congresso de Pastoral da Saúde, parece que ganhei novos amigos. Deus seja louvado' Então minha saudação a todos. E até a próxima!

A SANTIFICAÇÃO DOS AGENTES DA PASTORAL José Maria Ronchi

A escolha do tema "a santificação dos Agentes da Pastoral da Saúde" para uma reflexão não é casual, mas encontra sua justificativa na santificação da Igreja Precisamos tomar consciência de nosso ser em Cristo, de nossa comunhão com os irmãos, para sermos sinais de santificação, e também santificarmos com a nossa ação de filhos Deus. A vida da Igreja à o nossa vida : sacramento visível de salvação - Que a Igreja esteja no mundo é coisa conhecida, enquanto "ela se edifica com os homens". Mais profundamente, porém, trata-se da expressão de uma solidariedade. "As alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens de hoje, dos pobres, e sobretudo, de todos os que sofrem, são também as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos discípulos do Cristo, e não existe nada de verdadeiramente humano que não encontre eco no seu coração... Por isso, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e a sua história" (G.S. l). Esta união, além de ser um dom que vem do alto, é condição essencial de vitalidade. "Nesse corpo, difunde-se a vida de Cristo nos crentes que, pelos sacramentos, de modo misterioso e real, são unidos a Cristo morto e glorificado" (L.G. 7b) Além disso, "deu-nos de seu próprio Espírito que, sendo um só e o mesmo na cabeça e nos membros..., vivifica, unifica, santifica e move todo o corpo" (L.G. 7f). Ora, o plano de Deus concretizou-se num sinal: Jesus, o Homem-Deus. É graças a este ''sinal'' insubstituível que os homens conseguem ir ao Pai, conquistando a salvação. Foi para continuar a ser sinal visível e causador de salvação que Cristo quis associar a si os homens.

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De fato, nossa comunhão invisível de vida com Cristo, no seu Espirito, manifesta-se de modo visível, através de uma comunidade, a Igreja, que tem seu chefe, seus diversos cargos, sua organização, seus sinais visíveis que o próprio Cristo quer. A Igreja é “sacramento universal de salvação" e "um sinal de salvação" (L.G. 48b). Mas é este o termo mais técnico que o Concilio Vaticano II prefere: "A Igreja j...) é para todos e para cada um sacramento visível desta salutífera unidade" (L.G. gd). O sacramento é, assim, um sinal que produz aquilo que significa, palavra que se transforma em realidade: a santificação. O "sinal", porém, deve estar em continua relação com sua origem última, que é a atuação de Cristo e a santidade dele. que è sua força e também a nossa. É em nome do Senhor que pondo-me em comunhão com os outros, posso formar a Igreja, e é por obra do Espirito que louvo o Senhor na comunidade. E será sempre dom de Deus, se eu me sentir filho do Pai, irmão unido aos outros irmãos, e chamado á santidade. O Cânone 839 assim apresenta a função de santificar a Igreja : “Ainda com outros meios exerce a Igreja seu múnus de santificar, a saber: com orações. cora as quais roga a Deus a fim de que os fiéis sejam santificados na verdade, e com obras de penitência e caridade, que muito ajudam a enraizar e fortalecer o Reino de Cristo nas almas e concorrem para a salvação do mundo". O Agente do Pastoral da Saúde, "ministro" de santificação - A multiplicidade de dons que o Espírito do Senhor distribui entre os fiéis faz com que, ao lado dos ministérios próprios, permanentes, surjam uma multidão de ministérios e serviços espontâneos ou institucionalizados, provisórios e temporários ou vitalícios. Uma lista destes ministérios nós encontramos já na Sagrada Escritura (1Cor12,8~10). E no Evangelho encontramos o nosso serviço: " Eu estava doente e vocês cuidaram de mim" (Mt 25,36a). É aqui que nos colocamos, como Agentes da Pastoral da Saúde. Como Cristo veio para servir (Mc 10,45), também nós estamos a serviço dos nossos irmãos enfermos, participando assim de algum modo das funções de "profeta, sacerdote e rei", como o Concilio Vaticano II nos ensina (L.G. 25-27, 34-36; C.D.12-16; P.O. 4-6). Com isso, o que é importante lembrar aqui é que essa distinção dos três aspectos não deve fazei esquecer sua intima ligação, que tem como fim a santificação e salvação dos homens. Agora, como pode um Agente da Pastoral da Saúde concretizar tudo isso? Qual o significado de ser "ministro de santificação"? São estas algumas das perguntas que podemos nos fazer. Examinemos, por isso, nossa identidade cristã e o significado das visitas aos doentes. A nossa Identidade cristã – O gesto gratuito de serviço aos que sofrem deveria fluir espontâneo da consciência de ser cristão. Lembramo-nos de São Camilo de Léllis: ele só conseguiu mesmo ser disponível, no instante em quê abraçou e curou os doentes abandonados e que ninguém queria ajudar, por seu aspecto repugnante. Para cuidar e servir o doente não há necessidade de especialização ou curso: basta ter um coração misericordioso, como teve o bom samaritano da parábola evangélica. Portanto, para que o doente possa conseguir chegar a esta santificação, precisa ser despertado para a fé e, sobretudo, estarmos nós próprios, conscientes de nossa missão de cristãos. Entretanto, ninguém dá o que não tem. E como ajuda o cristão a santificar o mundo? Em primeiro lugar, quando revive os mistérios de Cristo. A nossa participação na morteressureição de Cristo deve sempre lembrar que nós levamos não somente o Cristo morto e ressuscitado, mas também o Cristo da vida, escondido no exercício de nossa vida cristã Por sua morte e ressurreição. Cristo nos transformou. Essa transformação é uma " nova criação", uma nova vida de graça.

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Cristo era um testemunho vivo do Pai e uma manifestação perpétua da verdade e do amor do Pai. E, todos nós, como membros de Cristo, somos chamados também a dar testemunho. Sçhillebeckk comenta este aspecto de dar testemunho: "Nossa vida deve ser a encarnação daquilo em que nós cremos, porque, quando os dogmas são vividos, exercem o puder de atração". Estas poucas observações mostram claramente como cada membro do povo de Deus é chamado a viver toda a vida de Cristo. Por isso, a nossa identidade de cristãos è: . mostrar que Deus se manifesta ao homem, . é falar sobre Deus na linguagem que o homem entenda, para encontrar Cristo. . é mostrar o divino que só existe neste mundo, . é unir a fé à vida que se vive todo dia.. . è testemunhar Jesus Cristo libertador . é anunciar o que ele anunciou e imitar sua pedagogia carregada de amor pelo povo. Enquanto vivemos a nossa vida, estamo-nos tornando mais cristãos, mais semelhantes a Cristo. Como parte da vida nova de Cristo, o cristão está intimamente envolvido no processo de redenção e santificação continuador. Por isso, deveríamos inicialmente preparar o doente para o encontro com Cristo, pão da vida, suscitando nele sentimentos de conversão, de fé, de esperança e de amor, requisitos indispensáveis à comunicação da graça divina, á santificação. Para uma visita santificadora - Estamos todos convencidos da importância das visitas aos doentes. Por isso, tantas pessoas fazem visitas: para levar um pouco de alegria, um sorriso de solidariedade, participação no momento de dor e isola dos doentes. Por isso, o doente é tremendamente importante para nós. No entanto, para visitar e confortar quem sofre, não podemos ir apenas confiados em nossa experiência, maturidade ou veleidade. Devemos ir sempre levando Cristo aos nossos irmãos doentes. Com alegria. E da atividade do visitador toda a família do doente ou ambiente familiar se beneficiarão. A visita de Maria levou a santificação a João Batista. Quantas vezes a visita leva o doente á conversão, á santificação! Confirmem em Mateus 9,1-8. Isabel, recebendo a visita de Maria, começou a falar e a louvar a Deus. Deixemos, também nós, o doente falar. Juntemo-nos a ele, louvando e bendizendo a Deus, como tez Nossa Ajudemos o doente no que preciso e no que pudermos. Deus derramará suas graças sobre ele, usando-nos como bom instrumento. O bom senso e a discrição devem conduzir a ação, sem nunca perdermos de vista o essencial: o bem da pessoa, como filho de Deus. O sacramento que todo doente deve receber no hospital, seja ou não católico, tenha ou não confessado, é o sacramento da pessoa humana. Ele deve receber Cristo através do seu irmão que o visita, do seu irmão que o serve desinteressadamente. É claro que todos temos os nossos problemas e as nossas faltas. Mas, quando estamos a serviço dos doentes, devemos ser bastante humanos para compreender sua dor, e bastante sobrehumanos para zombar de nossos próprios problemas e dores. E, assim, permitir que Deus chegue a eles através de nós (1Jo 4,12): "Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e seu amor em nós é perfeito". Quem dedica parte de sua vida a visitar doentes torna-se confidente do que há de mais intimo na pessoa. Participa do mundo interior do seu irmão. O mundo verdadeiro mesmo é esse, o que se esconde no coração, na mente, na alma das pessoas. E há tesouros maravilhosos ai, há instantes de perdão que, ao comum dos mortais, pareceriam impossíveis. Não para o visitador, porém, pois, para ele, fervilham essas experiências - estímulos fortes para sua perseverança e que o enriquecem.

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Deus nunca se deixa vencer em generosidade. E é dando que se recebe. Não se sabe como, mas se recebe. E muito. Fixemos, pois, estes pontos: a santificação é viver Cristo na unidade de nosso ser e na resposta ao amor de Deus. Nele nós vivemos também as outras dimensões de nossa vida divina. Em Cristo nós amamos os doentes. Um verdadeiro Agente da Pastoral da Saúde é uma pessoa que está continuamente procurando amor, que está sempre disposta a amar. Para o Agente da Pastoral autêntico, porém, a vida é uma vida de santificação. Um leitor e um soneto à enfermeira Leitor assíduo do Boletim ICAPS, que adjetiva com excessiva bondade de "sensacional", Inácio Andrade Torres é professor da Universidade Federal da Paraíba, odontólogo especialista em cirurgia bucofacial. Nas horas vagas, também poeta. E, dedicado á enfermeira, enviou-nos um soneto-homenagem para publicação, que transcrevemos: Amado querubim da humanidade, alma sensível, generosa e santa, amas a janta gente estranha e tanta gente amiga não vê tua bondade! O teu mundo não é de alacridade, tua palavra o enfermo levanta, és sentinela que este mundo encanta e ilumina com tua claridade Olvidas tua dor e as próprias chagas e a este mundo cruel ainda alagas sem que abracem a ti, leu corpo forte. Corredor da hospital - tua avenida, viela, às vezes. onde passa vida e, algumas vezes, tristemente a morte!

ECOLOGIA: O CUIDADO COM O MEIO AMBIENTE Hubert Lepargneur

"No vestibular da ecologia, o Brasil seria por certo reprovado": com essas palavras o ministro do meio ambiente, Flávio Peixoto, abriu a Seminário Educação Ambiental e Participação Comunitária (Brasília, 10-12-85). A moral antiga ensinava a inexistência de solidariedade entre os vícios, mas a vigência duma conexão entre as virtudes: a (alta de uma delas prejudica o exercício das demais. É de se perguntar se as qualidades do bom cidadão não devem começar, hoje em dia. pela sensibilização ao meio ambiente, como a criança se inicia aos problemas de vida e morte junto

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aos bichos de estimação da casa e frente ao fenômeno das matanças injustificáveis de animais em via de extinção e exterminação. Já passou o tempo em que o crescimento acelerado praia se omitir com as conseqüências no meio ambiente, o cuidado com ele pressupõe esforços anteriores para melhorar a condição das pessoas e afinal serve de indicador para situar o nível da civilização regional. Ecologia como instrumento da preservação da natureza que sustenta a vida e saúde da comunidade humana resulta pouco de ações pontuais, mas denuncia comportamentos coletivos errados. Caberia aos nossos profetas sociais interpretar tais sinais Civilização responsável não é aquela que não comete erros (esta não existe);é antes aquela que sabe corrigir erros quando confrontada com suas decorrências. A natureza pode ser caprichosa e nem sempre previsível, mas não admite tanta excentricidade quanto a cultura que se gaba de sua irracionalidade. Os desertos e as correlativas secas ganham terreno a cada ano sobre terras férteis: isto era previsível com o desmatamento. Nos países desenvolvidos, mais de três mil quilômetros quadrados das melhores terras aráveis desaparecem, cor ano, abaixo do concreto (estradas, construções, aeroportos). Defesa da vida começa pelo respeito pela vida, com os devidos matizes quanto aos níveis de organização e dignidade dos seres vivos questão de educação antes do que de legislação. Porque encher as Constituições de artigos não aplicados? Por que fazer leis, se a prática é outra, com apoio tácito dos poderes públicos e da opinião pública? Com o tempo recolhem-se os frutos das sementes plantadas: a natureza tem memória. Respeito pela vida, defesa da vida, não significa necessária e racionalmente ignorância dos problemas demográficos. Os animais nos proporcionam por vezes surpreendentes exemplos de comportamentos finalizados. No fim do ano de 1988, milhares de ratos suicidaram-se nas colinas de Galã por motivo de superpopulação (250 milhões de ratos na região: Jediot Acharonot, Israel; Jornal da Tarde, 19-12-85). Por se colocar com outros parâmetros e novos valores, o problema demográfico humano nem tampouco desaparece. O questionamento ecológico suscita dois tipos de reação, em duas frentes de progresso. Por um lado, encaramos o problema educativo do respeito á vida e condicionamento objetivo de sua esfera, com os matizes que uma ética obtusa ignora. Por outro lado, a opinião pública, através de movimentos ecológicos notadamente, pressiona parlamentares e poderes públicos a fim de melhorar uma regulamentação do uso não precatória do meio ambiente. O objetivo não é apenas fazer leis boas, mas fazer leis observadas, sancionadas. Ecologia constitui um terreno propicio para uma retórica de grande sonoridade e pouco eleito prático. Consagrada à "Sobrevivência do Pantanal", o II Encontro Nacional de Ecologia e Meio Ambiente (Cuiabá. MT, nov.185) recomendou a proteção do Pantanal, a educação ambiental como matéria do primeiro e segundo graus, campanhas de conscientização e a proibição dos frigoríficos que congelam o pescado no Mato Grosso. Após decênios de conversações para que as baleias tenham futuro, a Comissão Internacional da Baleia, integrada pelo Brasil, firmou convenção, em 1982, para a proteção desta espécie ameaçada. Mas o País demorou até dezembro de 1985 para consentir uma suspensão da caça por cinco anos. Como outros problemas entregues nas mãos dos políticos, a ecologia não depende apenas do subjetivismo dos detentores do poder ou de vacilante informação do público (o presidente Sarney falou em “legitima aspiração de setores expressivos da opinião Pública brasileira”): respirar venenos altera objetivamente a saúde, ainda que o sujeito esteja convencido de armazenar torças ou que os peritos de Cubatão declarem que a vinculação entre a poluição do meio ambiente e a alta taxa de malformações fetais não é provada. A longo prazo, a natureza é mais coerente que o ser humano, a não ser que ele se reconheça como membro da natureza e sujeito duma razão que lhe permite melhorar o meio ambiente ou caminhada.

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A ética ecológica, como vemos, não cuida apenas da proteção de espécies menos nobres que nós: ela entende proteger também a vida e saúde humanas, notadamente limitando a poluição das águas e da atmosfera respirável e preservando os alimentos contra todo tipo de corrupção. Não matarás, nem que seja através de agrotóxicos invisíveis (ou de agradáveis cor e sabor) ou da venda de produtos tora do prazo adequado para consumo. A conscientização do consumidor a cidadão constitui o primeiro passo: conscientização do perigo, das suas origens e conseqüências, dos remédios empregados em países disciplinados. A Cetesb revelou que, nos dias 15 e 16 de outubro de 1985, a concentração de ozona (padrão normal: 160 microgramas por metro cúbico) atingiu 253 no centro de São Paulo a 278 no bairro da Mooca; em 1984, já se chegou em São Paulo a 527 micro gramas. Será que o País vai impor efetivamente um limite à poluição urbana pela indústria e pelos automóveis (o automóvel brasileiro emite 33 gramas de monóxido de carbono por quilometro, taxa inadmissível em muitos países, de modo que a indústria automobilística fabrica filtros catalisadores para seus carros de exportação)? Há campanhas populares na França contra o chumbo na gasolina. O governo brasileiro não está preocupado em fazer cumprir a lei, na medida em que, agindo a lavor da população, estaria indo contra os interesses das indústrias" (Shopping News, São Paulo, 2/11/85, p. 10) “O homem esqueceu suas raízes, para pretender ser Deus, inclusive contra seu próprio semelhante”, opina Jacob Pinheiro Goldberg, que prossegue: “Ele dedica toca a sua vida por um abandono alienado de si mesmo, para atingir a glória do narcisismo: corre a espaço para a convicção repentina de ter trabalhado, lutado e sofrido inutilmente. Para incerto proveito individual, esquece-se dos outros, seus direitos e legitimas aspirações; prescinde-se até de conseqüências letais ou nefastas para todos. Todos os seres vivos são atingidos pala variação da meio, poluição industrial, dos rios, mares, atmosfera, que causam traumas psíquicos e fisiológicos, pela quebra da harmonia vivência... Urge incorporar ao debate brasileiro essa visão ecológica de problemáticas relacionadas com os anseios profundos do homem. a integração política do desenvolvimento com o respeito pela equação indivíduo- sociedade- natureza” (Goldberg). E nem falamos da necessária disciplina do nível dos ruídos, inclusive nos hospitais (essas constantes reformas!)

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