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ROTEIRO DE REFLEXÃO PARA AS EQUIPES DE PASTORAL DA SAÚDE Júlio Munaro O sofrimento constitui um drama terrível para o ser humano e a morte representa o seu ponto culminante. No ser humano, a consciência do sofrimento ultrapassa o aspecto biológico ou físico, o que não acontece com os demais seres vivos. A consciência do sofrimento e do que ele representa gera no homem conflitos profundos, que podem levá-lo a perder o encanto pela vida e a clamar pela morte. A Bíblia nos diz: "É melhor a morte do que uma vida cruel, o repouso eterno do que uma doença constante " (Eclo 30,17). O próprio Cristo, diante do sofrimento, "começou a apavorar-se e a angustiar-se " e disse: "minha alma está triste até a morte" (Mc 14, 33-34). Seu pensamento, porém, não se deteve na simples realidade do sofrimento e da morte. Ultrapassou-os e muito, dizendo: "O Pai! A ti tudo é possível: afasta de mim este cálice; porém, não se faça o que eu quero, mas o que tu queres" (Mc 14,36). A doença, quando se abate sobre a pessoa humana, abala e transtorna toda a sua existência, chegando mesmo a perturbar o seu relacionamento com Deus. A sensação de abandono se apodera dela. Sente-se só e impotente. As palavras de Cristo na cruz dizem muito a este respeito: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?'' (Mc 15,34). Até Deus parece fugir na hora do sofrimento e da morte. A caminhada de Cristo para a morte, na entanto, revela algo surpreendente: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito " (Lc 3, 47). Foi o gesto supremo de quem encarava a vida como algo que ultrapassa as realidades terrenas e mergulha na infinito de Deus. De Deus que é Pai e em quem devemos confiar até as últimas conseqüências. E o salto que só a pessoa de fé consegue dar. A vida terrena termina no sofrimento e na morte, mas se abre para Deus numa dimensão inteiramente nova. "Apavorar-se e angustiar-se " no sofrimento é normal. Que a alma da gente se entristeça até a morte, também. Fechar-se neste drama, sem qualquer perspectiva de ultrapassá-lo, é terrível. Só quando o homem o ultrapassa pela fé em Deus encontra luz para entender que a doença e a morte não passam de dois episódios transitórios no conjunto da vida. No centro de tudo está a vontade do Pai, que é amor, e em suas mãos o homem deve entregar o seu espírito. Diante disso, surge a importância do agente de pastoral: manter viva e atuante no doente a fé em Deus. O própria Cristo sentiu a necessidade da presença de alguém que lhe desse apoio. Escolheu Pedro, Tiago e João. Os três, infelizmente, não corresponderam. Acabaram por decepcionar o Mestre. ''Não foste capaz de vigiar uma hora?" (Mc 14,37). Mas, o que é pior, o evangelista conta que "não sabiam o que dizer-lhe " (Mc 14,40). E que agente de Pastoral da Saúde já não se encontrou, alguma vez, na situação de não saber o que dizer ao doente? O doente espera, se angustia, aguarda uma palavra de conforto, e esta não lhe chega. Sente-se só, como o Cristo, embora cercado pelos apóstolos em quem mais confiava. Drama do doente e drama do agente de Pastoral. Talvez gostasse de dizer algo, mas não encontra o que dizer. Também ele se sente só, com um grande "branco" na cabeça e no coração. A dor do irmão e sua caminhada para a morte deixaram-no sem palavra.

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Como sair de um impasse assim? Não vale a pena angustiar-se. Você não é melhor que Pedro, Tiago e João. São os seus momentos de fracasso. Não invalidam, porém, a sua missão. Retome o caminho com ânimo redobrado. Reavive sua fé e seu amor. O seu silêncio pode significar muito. Há horas em que o próprio Deus se cala em nossa vida. Cala, mas está presente.

COMO FALAR COM CRIANÇAS SOBRE A MORTE Casada e mãe de duas filhas, Hedda Bluestone Sharapon, a autora deste artigo, dedica-se, profissionalmente, ao aconselhamento de adultos sobre como conversar com crianças sobre a morte. Em sua opinião, é possível conversar a respeito de tudo o que é humano e, sempre que se pode conversar sobre algo, também se pode lidar com os sentimentos relacionados ao objeto da conversação. Além de sua experiência profissional, Hedda tem sua própria vivência como bagagem: ela perdeu o pai, não faz muito, e admite que aprendeu bastante com as filhas, durante a situação difícil que viveu, então. Com freqüência, muitos pais perguntam-me sabre um livro que os ajude a falar com os filhos sobre a morte. Existem muitas deles que gastada de indicar, mas serão apenas de alguma ajuda, isto é, são melhores como suplemento de alguma coisa, mas não tudo. Morte é um tema cheio de emoções para nós e para as crianças. Os livros, por si mesmos, não podem eliminar os medos e as tristezas. O que podem fazer é contribuir com algo, mas não fazer a aproximação, indicar o caminho e a partilha que cada família proporciona, de uma forma única. A maneira como cada um de nós reage à morte depende das experiências ligadas com perdas par que passamos, algumas delas não associadas com a morte. Outras, aparentemente menores, resultam, no entanto, em dor - em pequenas mortes, como dizem alguns. A maneira de lidar com essas situações influencia nossos sentimentos e comportamentos, quando acorrem perdas significativas. Você pode recordar-se do primeiro dia da escala ou de como você se sentia quando teve de deixar uma velha casa, ao se mudar para uma nova? Você já se perdeu num parque de diversões ou num shopping center, e pode imaginar o que sentiu ao pensar que nunca mais veria os seus pais novamente? Muitos de nós podemos lembrar o que aconteceu quando perdemos nosso brinquedo favorito ou quando nassas roupas mais apreciadas foram ficando pequenas - a tristeza, a finitude de deixarmos para trás alga que estimamos. Muitos de nós também tivemos a experiência de enfrentar a morte de um animal de estimação. Pode ajudar-nos a entender nossos sentimentos a respeito da morte de um membro da família quando refletimos sabre como nos sentimos nessas situações passadas. Para muitos de nós, essas experiências foram tão pungentes e dolorosas que nos é difícil relembrá-las, mesmo quando adultos. Além disso, essas experiências dolorosas dão a coloração de nossos sentimentos atuais sobre a morte. Cada um de nós também tem diferentes maneiras de expressar pensamentos e sentimentos ao falar com as crianças - diferentes palavras e ações que nos convém melhor. Também existem ocasiões em que nos sentimos deslocadas. Não existem respostas fáceis, especialmente quando temos de falar de morte. Mesmo para os profissionais. Meu pai morreu há um ano. Na ocasião, minhas filhas tinham quatro e. sete anos de idade. Eu já iniciara meu trabalho profissional no assunto (falar sobre morte com crianças), mas era ainda penado e difícil para mim, porque, agora era a morte de meu pai e devia falar a minhas filhas.

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Recordo-me de inúmeras vezes em que me senti insegura em responder a questões que elas formularam ou quando me perguntava a mim mesma qual a melhor maneira de inclui-las nos funerais. Quantas vezes desejei ter palavras mágicas que fizessem tudo certinho, que as fizessem sorrir de novo... Por vezes, disse as palavras erradas,- outras vezes, as palavras simplesmente não saiam... Agora, olhando para trás, vejo que isso não teve importância. Para mim, a aproximação, o amor e confiança que senti com meu marido, minha mãe, irmã e amigos, foi o que mais ajudou, e acredito que aquela atmosfera foi o que mais ajudou minhas filhas. Isso não significa que não passamos por momentos de ressentimento, instabilidade e mesmo de ruiva. Ao mesmo tampa, ninguém tentou desconversar ou negar os sentimentos. Apoiamo-nos da melhor maneira que podíamos, fizemos o que nos parecia mais indicado no momento e permanecemos juntos num instante difícil para todas. Aprendi muito mais dessa experiência do que em palestras e livros. Em retrospectiva, descubra que foram minhas filhas meus melhores mestres. Quando fui aberta para elas, partilhando meus sentimentos e encorajando-as a comunicar seus pensamentos, elas me ajudaram a descobrir o que elas necessitavam. Pode ser difícil saber muita coisa do que nassas crianças estão sentindo, especialmente as mais jovens, que não verbalizam seus sentimentos ou sequer pensam nessa etapa de sua vida e podem não estar abertas para partilhar suas dificuldades sem receia. É fácil ler equivocadamente respostas das crianças ante a morte de alguém na família. Cada criança é diferente, e lida com a dor da perda de uma forma única e irrepetível. Algumas vezes, ao tentar antecipar-nos à dor e à tristeza, pretendemos protegê-las e chagamos ao ponto de não querer comunicar a morte de alguém da família. "Jefrey tem somente dois anos e meio – disse-me uma mãe -, ele não entenderia tudo isso''. Outra mãe sentiu que sua filha ficaria par demais triste com a morte da avó: "Cheryl amava tanto sua avó –falou-me a mãe – que seria desastroso para ela saber que ela falecera". Embora a decisão de não dizer à criança passa ser compreensível, devemos perguntar-nos se tudo isso vai ao encontro do interesse da criança. A sensibilidade das crianças para vibrações é extremamente aguçada. Nos momentos de tristeza na família, existem tantos sinais fisionômicas, programas interrompidos, pessoas chagando e partindo, conversas diferentes, que estabelecem com clareza que alga de importante está acontecendo. Mesmo que uma criança seja mandada para ficar em casa de um amigo ou vizinho, as chances são de que ela saberá que essa visita repentina tem algo a ver com alguma cosa importante que aconteceu em casa. Sentimentos de exclusão podem ser mais difíceis para as crianças que os sentimentos de tristeza. Exclusão não significa somente rejeição, mas também pode levar a criança a interpretar erradamente o que está acontecendo. Incerteza pode criar ansiedade. Precisamos lembrar que, quando existem questões sem respostas (ou mesmo questões silenciosas), as crianças encontrarão suas respostas fantasiosas- Freqüentemente, essas fantasias são mais perigosas da que a realidade. Por exemplo: as crianças, na procura de compreensão quanto à razão da mona, podem supor que a pessoa que morreu necessitasse de alimentação e não leve como consegui-la. Uma criança que não compreendeu nada sabre o enterro pensou que o corpo de sua avó fora colocado no sótão, pais era proibido bancar lá. Pode ser, então, que um dos melhores tipos de "proteção" que podemos dar às crianças seja providenciar respostas claras e simples para suas questões e ampla oportunidade de sabermos que dúvidas elas têm. E precisamente parque as crianças não entendem o que a marte significa que elas precisam que lhes falemos especialmente sobre marte. Muitas crianças querem saber o que é a morte. Elas podem associar a morte com alga sem vida, mas perguntam se é passível ver quando se está morto, se a gente sente fome ou frio, se

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necessita ir ao banheiro. Essas questões podem nos surpreender, mas são pane de sua curiosidade natural sobre os aspectos físicas da morte. ''Em que posição m fica quando se morre?" – as crianças perguntam - ou ''se tivéssemos levantado vovô, o que tecla acontecido? ". Não é incomum a criança fazer o mesmo tipo de perguntas repetidamente, antes que as respostas sejam reais. Isso pode ser especialmente verdadeira na tentativa da criança compreender a finalidade da morte. O filho mais novo de nosso vizinho ajudou a enterrar um peixe de estimação não morto, tampas atrás. Alguns dias mais tarde, ele observou cuidadosamente o que restava do peixe no tanque e perguntou: ''quem é que morreu". Fazer a mesma pergunta repetidamente permite à criança testar a resposta e gradualmente compreender o que aconteceu. Enquanto o que fazemos e como fazemos é mais significativo do que dizemos quando falamos da morte, existe uma consideração que faz com que as palavras sejam mais significativas. As crianças entendem o que dizemos literalmente. Ao tentar explicar a morte à criança, o pai ou mãe associa a morte ao alo de dormir: então não é surpresa que a criança entenda que a morte é algo do qual podemos acordar. Ou então, se, ao invés de usarmos a palavra morreu, dizemos descanso eterno, a criança pode ficar preocupada se o falecido acordarão, uma manhã qualquer. Ao usarmos eufemismos, podemos criar aflições nas crianças. O que elas entendem, par exemplo, quando alguém diz que perdeu o pai ou a filha ? Um exemplo de como a criança assume literalmente o que dizemos, com que me deparei recentemente, ensinou-me a importância de descobrir se a criança entendeu corretamente o que dissemos. A família estava preparando a criança para a visita ao velório do avô. E lhe explicou que o corpo do avô estaria deitado num caixão aberto. A criança ficou ansiosa, enquanto não viu seu avô inteiro: ela imaginou que faltava a cabeça do avó, pois estaria lá somente o corpo. Como as crianças tomam tudo ao pé da letra, elas podem também ter dificuldades com o conceito de céu. Precisamos ser honestos com nossos valores individuais e tradição familiar, mas, ao mesmo tempo, devemos estar atentas às preocupações reais das crianças. Muitas de nossas palavras podem assustar ou criar confusão - ''Se o céu está lá, no espaço - perguntam, admiradas, algumas delas - porque eles estão enterrando tia Emília na terra ?". Ou: "a chuva trará mamãe de volta do espaço?". Ou: ''se eu for lá em cima, num avião, posso ver minha irmãzinha?''A explicação de que "papai está no céu, olhando para você ", geralmente tida como positiva, pode criar na criança a imagem de um espião que sabe tudo o que você está pensando ou fazendo, em todas os momentos. ''Sua irmã era tão boazinha que Deus a levou para ele " é uma expressão1teralmente tida como positiva, mas, para a criança, gera dúvidas sobre o sentido de ser bom, e que a bondade de Deus rouba alguém que amamos. Algumas vezes, podemos ajudar melhor, respondendo às questões das crianças desta forma: ''Ninguém sabe, mas eu acredito... "Para alguns, dizer ''eu gostaria de saber também " é ser honesto e algo que as crianças podem entender. Sem dúvida, o céu é um conceito importante para muitas famílias, mas devemos lembrar que as preocupações das crianças com a morte são mais imediatas e práticas, e precisamos lidar nesse nível com suas dúvidas. Por exemplo, a morte pode ser intimamente associada, na mente da criança, com abandona. Para as crianças, a maior aflição poderá ser quem cuidará delas, se o pai ou a mãe, ou ambas, falecerem. Coma suas necessidades básicas, tais como alimentação, casa e roupa, seriam providenciadas? Ao tentar tranqüilizá-las, podemos ajudá-las ao dizer que esperamos viver o bastante, tanto quanto elas precisaram de nós, e que as pessoas vivem muitas anos. Se as crianças perguntarem além disso, podemos lembrar as pessoas que as amam e cuidam delas agora. Elas podem até querer saber, em caso de nossa morte, que medidas terão sido tomadas vara assegurar a vida delas e manutenção, através de testamento e seguro. Há algum tempo, minha filha mais jovem deu-me uma pista sobre suas preocupações a respeito do assunto. Tudo começou quando conversávamos sabre a marte numa família em que

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havia crianças. Laura perguntou-me, preocupadíssima: "Mamãe, se você morresse, o que aconteceria se papai arranjasse alguém para tomar conta de nós e eu tivesse medo de conversar com ela?''. Fiquei contente com essa conversa, que deu chance a ela de partilhar o medo. Fui capaz de responder que, sendo o tipo de família que somos, papai certamente encontraria alguém com quem ela se sentida bem. Perguntei-lhe que tipo de babás e amigas ela gostaria de ter para conversar e então lhe disse que seriam essas as pessoas que papai procuraria. Conversas sobre a morte que não está perto são uma das melhores oportunidades que temos para permitir a nassas crianças articularem seus medos. É por isso que falar sobre a marte de uma planta, um peixe de estimação, é uma maneira tão importante de assentar as bases para uma conversa sobre uma morte mais dolorosa, quando ela acontecer. Nem sempre as inquietudes das crianças chegam até nós através de conversas. Algumas vezes, elas são menos claras, através de brincadeiras. Brincadeira é um assunto sério para as crianças, e o melhor meio para elas lidarem com os sentimentos. Uma criança pode expressar sua raiva ou irritação em relação a uma perda, construindo estruturas com blocos e depois destruindo-as rapidamente. Outra pode brincar com a marte, ao enterrar bonecas na areia, ou, então, deitar na cama, freqüentemente. Para uma criança que brinca com marionetes, brincadeiras emocionantes podem ser uma maneira de dar vazão a muitos sentimentos; para outras, como uma de minhas filhas, pode ser fazer canções (''Meu avó foi enterrado na terra, na terra... "). Precisamos apoiar essas brincadeiras sem interferir. Freqüentemente, nosso papel será o de um observador silencioso, estando perto sem atrapalhar, pranto para conversar, se a brincadeira sugerir normalmente a conversa. Crianças passam pelo luto. Elas sentem tristeza, como nós, e precisamos abordar essa tristeza de alguma forma que nos seja natural. Chorar é uma maneira. Muitos adultos relutam em chorar diante das crianças. Mas, se tentamos esconder nossa tristeza, as crianças podem perguntarse se estamos realmente tristes ou não, e se está certo que elas fiquem tristes. Se chorar é desagradável para nas, então precisamos encontrar outras maneiras para dizer ''estou ferida " ou ''eu também amo vovó ". Sofrendo juntas a perda de alguém, temos a chance de nos confortarmos mutuamente: ''nós nos sentimos tristes, não? ", ''embora a amássemos diferentemente, podemos partilhar nossa dor'', ''você não está sozinha na maneira como você se sente". Surgirão, Porém, ocasiões em que precisaremos ''elaborar'' a perda sozinhos, em nosso estilo pessoal, característica. Para uma criança, poderá ser o isolamento, problemas de comportamento ou falar gritando. Não devemos admirar-nos de encontrar algumas crianças brincando como de costume. Muitas crianças encontram dificuldade em tolerar prolongadas prolongados de exposição à dor pela perda, e isso é uma razão fundamental para dizer a elas que a tristeza não dura para sempre, que irá embora pouco a pouco. Como nós, as crianças podem irritar-se com a morte. ''Como ele pôde fazer isso comigo?" ou ''ela não sabia o quanto eu precisava dela ?''são sentimentos que as crianças, assim coma os adultos, precisam extravasar. Pessoas de todas as idades precisam ter a liberdade de levantar o punho cerrado para o céu e gritar: "por que eu? por que ele?”. Podemos ajudar a criança ao dizerlhe que muitas pessoas sentem a mesma coisa quando alguém que significa muito para elas morre. Também pode ser de ajuda providenciar meios físicos para dar vazão à irritação e raiva, como trabalhar no jardim, na horta etc. As crianças podem sentir-se culpadas. Elas podem pensar que, se se tivessem comportado melhor, ''ela não teria morrido " ou "fui indiferente e, por isso, ele ficou doente''. Nas primaras anos, as crianças pensam que seus pensamentos e desejos têm podres mágicas: desejando a morte de alguém, elas podem causar a morte dessa pessoa. A culpa pode também ler origem em remorsos que temas quando uma pessoa querida morre, remorso por coisas que fizemos ou dissemos. Ou por

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coisas que não fizemos e deixamos de dizer. As crianças não são diferentes, e estamos nos ajudando uns aos outros, quando partilhamos esses sentimentos. Uma adolescente, enfrentando a morte da mãe, confidenciou à assistente social: “ela não sabia que eu a amava? E, as vezes, eu disse: eu odeio você!” Ela precisava ouvir, como todas nós, que freqüentemente demonstramos raiva e irritação para com pessoas que amamos e que elas entendem e nos perdoam. Precisa moa, da mesma forma, perdoar-nos a nós mesmos. Adultos e crianças podem encontrar conforto e mesmo prazer em relembrar fatos. Algumas crianças gastarão de fazer um "livro de memórias" com notas e fotos da pessoa que morreu. Quando revivemos essas memórias com as crianças, quando partilhamos nossos sorrisos e lágrimas que tais recordações provocam, temos ocasião de profundo crescimento, para termos um íntimo relacionamento. Além disso, as memórias reafirmam para a criança - e para nós - que a pessoa que amamos vive em nós e que será sempre parte importante do que somos agora e do que seremos no futuro. Muitos de nós nas preocupamos se nossas crianças devem ou não estar presentes ao enterro de alguém que estas amam. Não serão muito jovens? Não será uma experiência traumática para elas? Não há resposta, mas acredito que mesmo a criancinha mais nova pode beneficiar-se significativamente ao partilhar pelo menos parte dos rituais relativos à morte, se as tivermos preparado para esses fatos e tivermos respondido a suas perguntas. Os funerais preparam uma estrutura para os primeiros dias de luto. Criam uma oportunidade para partilhar a dor e uma atmosfera de aproximação e "ponta final", que, mais cedo ou mais tarde, teremos de aceitar. Os funerais são uma oportunidade para liberar nossas emoções e encontrar alivio. Acredito que as crianças também necessitam de alivio. Deixar nossas crianças verem um caixão aberto pode preocupar-nos, mas, mesmo assim, pode ser que a realidade de um corpo morto seja menos perigosa do que as fantasias da criança. As crianças podem surpreender-nos ao quererem ver ''coma é o morto ". Elas podem até quem tocar no corpo, "para ver como o morto sente". Elas podem perguntar "o que existe sob o manto onde estão os pés do vovó", ''porque está inchado'' etc. Elas poderão manifestar a vontade de saber o que há dentro do carro fúnebre. Embora os pais sejam os melhores conhecedores de coma suas crianças devam participar dos funerais, precisa mas levar em conta se pelo menos alguma participação nos rituais do enterro não poderia ser bom para elas. Uma professora primária que conheço perguntou certa vez na sala de aula: "se você tivesse dás desejos, quais você escolheria?". Um de seus alunos respondeu: ''participar do funeral de alguém e ir a um casamento". O rapaz, que foi excluído de funeral que acontecera recentemente na família, sentiu a necessidade de saber o que sucedera nesses dois latas importantes em sua vida. Outra criança de cinco anos de idade, também impedida de participar do sepultamento de sua avó, dais anos antes, sempre que ouve uma noticia de funerais na igreja, implora a sua mãe para levá-la para participar. As decisões não são sempre fáceis. Além de considerar o que é melhor para nassas crianças, precisamos responder também ao que é melhor para nós. Quando estamos sob o stress do luto, podemos sentir-nos exauridos peta constante necessidade de lidar com as perguntas, medos e frustrações das crianças, sem mencionar as exigências do dia-a-dia. Embora Amy, com sete anos de idade, estivesse conosco nos funerais de meu pai, decidimos que Laurie, de quatro anos, iria ficar com sua prima, da mesma idade, em casa dela. Embora ela não participasse do enterro, nós a levamos conosco ao velório, antes do sepultamento, e prometi levá-la ao cemitério posteriormente. Achei mais fácil adiar aquela visita, mas quando, numa tarde de outono, fomos juntas ao cemitério, a experiência não foi terrível quanto eu pensava e antecipava. Ao caminharmos para junto do túmulo de meu pai, expliquei a Laurie que ali era o lugar aonde viemos após os rituais do funeral, para enterrar o caixão. Ela olhou para mim,

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comovidamente, e perguntou: ''por que eu não vim aqui, então ?''. Expliquei, cama anteriormente, que os funerais. velório, rituais e enterro são longos demais, com discursos, e que pensei que não seria interessante para ela passar por tudo isso. Mas talvez tivéssemos crescido mais estando juntas. Isto me faz lembrar a experiência que uma amiga teve, quando precisou contar para seus alunos que um de seus colegas de classe havia falecido. Ela reuniu as crianças ao seu redor, mas sentiu a necessidade de ter uma criança no seu colo enquanto explicava o que havia acontecido. Durante aqueles momentos difíceis - disse-me ela - sentiu-se confortada pela vitalidade e novidade da criança que ela eslava abraçando. Nossa família sentiu a mesma coisa quando as crianças esta vem perto de nós, quando meu pai morreu. Concluindo, eu diria que não existem livras que façam milagres par nós nem palavras mágicas ou ''certas'' para dizer. São as tentativas, a partilha e o carinho - a vontade de ajudar a ouvir - que falam mais alto eu te amo. Quando sabemos que somas importantes, uns para as outros, então, juntos, podemos falar e lidar sobre as mais difíceis situações e coisas deste mundo.

RELACIONAMENTO HUMANO NO TRABALHO Christian de Paul de Barchifontaine A pessoa humana é um ser físico, psíquico, social e espiritual. Ao falar de relacionamento humano, entendemos que a pessoa humana deve ser atendida nas suas necessidades físicas (alimentação, saúde, habitação digna, saneamento básico etc. ), nas suas necessidades psíquicas (ambiente favorável ao desenvolvimento da pessoa humana), nas suas necessidades sociais (emprego, salário condizente) e nas suas necessidades espirituais (liberdade de culto, ter tempo para freqüentar a religião). Além de conhecer as necessidades da pessoa humana, precisamos entender que a pessoa humana viva em sociedade, vive com outras pessoas: o homem é um ser social que procura juntarse a outras pessoas e grupos com dois objetivos: tornar-se aceito e compreendido, e realizar seus interesses e aspirações. Toda a dificuldade do relacionamento humano hoje provém do sistema no qual vivemos. De fato, o capitalismo, na sua raiz, tem por filosofia o individualismo, a produtividade e a concorrência. Portanto, dificulta uma vida comum harmoniosa. Todo o nosso trabalho é justamente criar condições para que o relacionamento humano seja desenvolvido em todos os níveis para amenizar o lado negativo do capitalismo. O relacionamento humano pode ser definido como a arte de bem- viver com as outras num clima de compreensão e ajuda.

A RELAÇÃO COM OS OUTROS Podemos distinguir quatro tipos de relacionamento com os outros: . relacionamento de dependência - é normal na criança que está na fase de aprendizagem. Uma educação sábia se encarregará de ajudá-la gradualmente a ser ela mesma, de introduzi-la pelos caminhos da autonomia e da liberdade. E normal também no estudante e no aprendiz, que só se sentem seguros quando têm um guia em que possam apoiar-se sem medo;

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. relacionamento alienante - esta dependência torna-se alienante se o jovem, quando sente nascer em si a capacidade de decidir e de assumir sua autonomia, continua a permanecer dependente, aceita ser conduzido por outras. A situação resultante não é normal e, com os anos, torna-se perigosa para o equilíbrio da pessoa. Não é natural que, na presença de outros, eu me sinta intimidada, anulado em minha personalidade, cheio de medo, diminuído. Ninguém foi criado para ser escravo: o calar e o ceder "para ter a paz " é uma péssima dinâmica; . relacionamento de oposição - rebelar-se contra esta situação de alienação é sinal de saúde. Contudo, ás vezes, o remédio é pior do que o mal! Cansado de ser controlado pelos outros, o jovem quer, de repente, tornar-se autônomo. Coloca no centro de cada decisão o próprio ''eu ", e não as ordens, os conselhos ou as expectativas dos outros. A independência pode dar-se sem maiores problemas, na dinâmica do crescimento, mas, se não acontecer na adolescência, será acompanhada por manifestações de agressividade, de violência ou de rejeição. A passagem anormal de adolescência para a idade adulta compromete os anos posteriores com desabafos retardados de uma adolescência difícil que se manifesta por problemas na convivência e que faz enlouquecer a família e os grupos comunitários. Todos conhecemos certas aposições sistemáticas, certas agressividades e transferências absurdas, certos relacionamentos negativistas, autênticas maldades. Um trabalho psicológico de superação far-se-ia necessário... . relacionamento de liberdade - na presença do outro sinto-me livre com a minha personalidade, com a minha competência, também com meus limites. A presença do outro não me incomoda, antes me dá prazer, face a ele sinto-me sujeito e não objeto; não sou um boneco, mas uma pessoa. Não me sinto nem tímido nem agressivo, mas livre, à vontade. Em geral, falar com os outros, ocupar-me deles, colaborar com eles não produzem mim ansiedade. Sinto-me livre em face aos outros e ao mesmo tempo próximo deles. Leva em consideração as pessoas, escuto suas opiniões, mas decido como me parece melhor. Não me alieno, não ajo mais em função da opinião dos outros, supero a situação de polêmica e de distância. Se existir diferença de opiniões, esta não leva nunca a rejeições mútuas. Na dialética da contraposição e da setorização das responsabilidades (isto é comigo, é meu setor, não se meta... ), coloco a dinâmica da liberdade e da proximidade. Face a estes quatro tipo de relacionamento, cada um deve refletir e ver qual é o seu tipo. Isso ajudará no relacionamento no trabalho.

FATORES POSITIVOS E NEGATIVOS As boas relações humanas no trabalho, das quais o elevado moral é a primeira conseqüência, podem ser perturbadas por motivos provindos de diversas fontes: Manifestações de descontentamento – O empregado pode estar descontente por diversas razões: condições de trabalho, atitudes negativas do chefe e dos colegas, clima psicológico do ambiente, condições físicas ambientais, problemas fora da empresa etc. ; Manifestações de personalidade do chefe - A personalidade do chefe é o fator decisiva na criação de boas relações humanas, e ela será fator negativo quando tiver: a) instabilidade emocional, que se revele na incapacidade de concentração, na irritabilidade freqüente e nas mudanças de atitudes e comportamentos; b) tendências sádicas, que se manifestam na prazer de castigar, ou mortificar; c) frustrações e desajustamentos na sua vida particular, que ele descarrega no ambiente de trabalha; d)

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insegurança no trabalho ou conhecimento insuficiente, o que se manifesta no uso de uma autoridade excessiva, na repulsa ao diálogo, no desestimula à criatividade dos subordinados, etc. ; e) ausência de capacidade para diagnosticar situações humanas: f) ausência de preocupação de dar uma oportunidade ao seu pessoal, que se manifesta na falta de reconhecimento dos méritos, na falta de promoções e de incentivos, etc. : g) favoritismo que provoca muita, falta de confiança e desmoralização do chefe; h) ausência de soluções imediatas, que agravam ainda os problemas; i) indefinição de atribuições pela inexistência de uma descrição de cargos e funções; j) falta de respeito à pessoa humana e a sua individualidade. O tratamento das problemas deve atingir os latos e não as pessoas, seus interesses, suas aspirações e sua integridade. Estas são algumas das causas das más relações humanas. Evidentemente existem outras. Cada empresa, cada hospital deve analisar sua própria situação e adotaras medidas preventivas que julgar adequadas. Como solucionar os problemas de relações humanas? Em primeiro lugar, relações humanas, mais do que técnicas e principias, são uma atitude de espírito, uma maneira de ver as pessoas, que permita respeitar nelas suas personalidades próprias. Aceito isto, podemos indicar algumas técnicas: . conhecer bem a situação ou o problema, obtendo todos os dados e informações passíveis. Por exemplo, informar-se a respeito das pessoas envolvidas, sua maneira de agir, de pensar, suas reações, seu comportamento, suas relações com os colegas etc. e conhecer as normas, regulamentos e regimentos da empresa; . analisar os problema de maneira inteligente, sem se deixar influenciar por aspectos emocionais, por transferências ou favoritismos e considerando os objetivos a alcançar com a solução do caso. Focalizar o falo e não pessoas; . decidir-se por uma solução que seja, de toda, as mais adequada ao caso, devendo ter ao mesmo tempo os melhores efeitos sobre o indivíduo, o grupo e a produção; . responsabilizar-se pela decisão tomada e assumir as conseqüências. CONCLUSÃO Dois são os fatores básicos das boas relações humanas no trabalha- disciplina e cooperação. Onde existirem não haverá "quem deve mandar" e "quem deve obedecer", mas sim "colaboradores ", embora submetidos a ''status " diferentes de hierarquia, integrantes de uma equipe de trabalha, sempre dispostas, todos a colaborar eficientemente para a solução dos problemas administrativas e organizacionais da empresa. Todos terão consciência de seus deveres e responsabilidades e não haverá necessidade de "mandar alguém fazer alguma coisa ". Havendo colaboração, a disciplina, entendida como obediência às normas, regulamentos, costumes estabelecidos e respeito à autoridade, não terá um caráter impositivo de coação, e será aceita naturalmente como indispensável processo de controle social, decorrente não da vontade do chefe, mas das conveniências e interesses de todo o grupo. A criação de um espírito de colaboração entre o "staff'' do hospital é o verdadeiro sentido e objetivo da administração democrática que considera a todas como pessoas humanas e procura a integração dos interesses do grupo e da empresa contratadora.

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O administrador deve ter plena consciência de que a vida da instituição dependerá sempre da colaboração de quantos dela façam parte: funcionários, chefes, supervisores e diretores, e não imposição de sua vontade ou das suas preferências e inclinações. Os indivíduos não devem ser comandados autocraticamente, mas atingidos por um Processo de atração, simpatia e conquista.

Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes A Fraternidade Cristã da Doentes e Deficientes é um movimento internacional, ecumênico, de apostolado leigo, reconhecido pela Igreja Católica, de natureza promocional, no qual os próprias doentes e deficientes assumem sua direção e se encarregam de sua difusão. É fundamentado no espírito cristão que reúne pessoas com experiência de sofrimento, as quais, vivendo o sentido último da existência, tentam ajudar-se mutuamente na partilha das seus problemas e procuram desenvolver toda sua plenitude espiritual, moral e material. Dirigir-se a todas as pessoas, sem qualquer discriminação. Trata-se de um movimento evangélico, que tenta explicitar os valores que o povo possui, mas ignora. A evangelização é feita sempre através de sinais, que podem ser fortes ou fracos. Um doente, que esquece o próprio sofrimento para ajudar um outro que passa mal, já é um sinal forte de evangelização. A Boa Nova chegou nos por intermédio do Cristo que nos amou até o sofrimento e a morte, embora não gostasse de sofrer (Lucas, 22,42; Marcos 14;36; João 12, 27-29). Cristo conviveu com muitos doentes, que o ajudaram a difundir a novidade de sua mensagem. Os enfermos são canais da primeira evangelização. Hoje, a novidade da mensagem se perdeu, e os doentes são chamados, outra vez, a manifestar a glória de Deus (João 9,2). No entanto, a FCD possui também a dimensão social, que se preocupa em conscientizar os doentes e deficientes de seus direitos e deveres para com a sociedade, e não se deixa envolver por estratégias assistêncialistas e paternalistas, pais estas tendem a acomodar e a marginalizar. Tenta desenvolver sua ação social de dois modos: suscitando responsabilidades pessoais, ameaçadas muitas vezes pelo desânimo, pelo preconceito da saciedade e pela depressão própria da doença, e unindo indivíduos e grupos numa luta fundamentada na amizade e no respeito mútuo. A FCD, em principio, não é assistência social, não é entidade de cunho caritativo e nem cabe à Fraternidade dar remédios, cadeiras de rodas, roupas, material ortopédico etc. Para isso já existem estruturas montadas de assistência social, e não cabe à Fraternidade criar nova estrutura sem valorizar e ativar o que existe. A FCO quer, antes de tudo, a participação de todos. Ela pretende o desenvolvimento integral dos doentes e deficientes. Tem como propósito conscientizar o deficiente de seus valores, mostrar que ele é uma pessoa como qualquer outra e que, por isso mesmo, deve sentir-se valorizado. A Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes é um movimento internacional que afirma seu espírito de serviço aos doentes e deficientes com base em sete princípios fundamentais, que animam toda sua atividade: * fomenta uma grande união pessoal e comunitária entre doentes e deficientes e colaboradores; * pretende o desenvolvimento integral dos doentes e deficientes em tocas as dimensões; * contribui para que os doentes e deficientes se integrem na saciedade com vistas á transformação da mesma;

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* está animada por equipes de coordenadores, pessoas doentes e deficientes; * recebe orientação vital cristã especialmente dos conselheiros. O terceiro ponto dos princípios fundamentais da FCD diz que a Fraternidade fomenta grande união pessoal e comunitária entre os doentes limitados físicos e colaboradores. Essa união recebe estimulo pela presença e atividades do Responsável, do Conselheiro e do Colaborador. Responsável, para a FCD, é a pessoa deficiente que se integra ao movimento, aceitando a missão, tornando-se alguém com direitos e deveres. Tem a missão de transmitir otimismo, amor, fé, união e vida aos demais doentes, ajudando na integração do doente deficiente no lar, na comunidade e na sociedade. O Conselheiro na Fraternidade destaca-se pelo espírito de fé, união e esperança que transmite ao grupo. Ele desperta a vivência evangélica e revive a presença de Cristo no movimento da Fraternidade através do testemunho, do contato pessoal e da palavra. Por ser uma pessoa com profunda base no Evangelho, procura sempre ouvir e orientar o doente e deficiente. Sendo a Fraternidade um movimento de Igreja, o Conselheiro é um elas de ligação entre a hierarquia eclesiástica e a comunidade. Ele ajuda o grupo a encontrar-se consigo mesmo, com os outros e com Deus. Vitaliza as atividades do responsável. Conscientizará a família para tratar o deficiente coma os demais membros. O Colaborador é um membro ativo e importante no movimento da FCD. Ele promove a unidade entre sadios e deficientes. Os Colaboradores são pessoas sadias que ajudam os doentes e deficientes a realizar tudo aquilo que eles não podem fazer por si. Para o Colaborador da FCD, o trabalho significa muito mais da que uma ajuda ocasional, momentânea, esporádica. Significa missão, chamada. O seu trabalho é feito sempre que necessário e não quando quer ou quando pode. É espontâneo e gratuito, criando taças de verdadeira amizade entre doentes e deficientes. UM POUCO DE HISTÒRIA A FCD nasceu em Verdun, na França, em 1842, par iniciativa de Monsenhor Henry François, que foi Conselheiro Internacional da Fraternidade até julho de l980. Ocupa esse cargo, atualmente, o Pe. Juan Manuel Amau, da Espanha. Henry Français, durante sua estada em um hospital, pensou comunicar-se com outros doentes. Perceberam juntos que a enfermidade não lhes havia tirado os valores e capacidades e, com tocas as limitações, estavam vivos, e esta vida deveria ser vivida com intensidade. Foi quando se iniciou a FCD, ''um movimento de doente para doente ". NO BRASIL No Brasil, a Fraternidade se iniciou em l972, na cidade de São Leopoldo, RS, através do Pe. Vicente Masip. Na época estudante jesuíta, de passagem pelo Peru, ele trouxe o movimento para o Brasil. Em 1973, o movimento difundiu-se pelo Nordeste, a começar par Recife, PE. Em setembro e outubro de 1975, a Fraternidade ampliou-se para os Estados de Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. Atualmente, a FCD no Brasil está subdividida em oito Regionais, sendo, do Sul para o Norte: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grossa, Bahia e Nordeste II (Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte). Inicia-se ainda nas cidades de Foz do Iguaçu, PR, Fortaleza, CE, e Belém, PA.

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Ao toco, somam-se mais ou menos 20. 000 fraternistas em cerca de 200 núcleos no Brasil. EM SÃO PAULO A Regional de São Paulo conta com 15 núcleos: Piracicaba, Campinas (com três núcleos), São Paulo (com cinco), Ubatuba, Atibaia, Mairiporã, Santa Bárbara e Ourinhos. Trabalho bastante desenvolvido nestes últimos anos foi a visita aos núcleos, feita pela Coordenação Regional, num esforço de crescimento e integração. Apesar disso, entretanto, desativaram-se os núcleos de Marilia, Andradina, São José do Belém (São Paulo) e do Parque São Rafael (também em São Paulo), motivados, ao ver da Coordenação Regional, por um encaminhamento mais assistencial do trabalho. O grupo de Taubaté, ainda em fase de começo de atividades, transformou-se em associação de deficientes e segue até hoje. Ele constitui uma associação um tanto original, pais é a única no Brasil que tem assistente eclesiástica. PONTOS ESSENCIAIS Estes são alguns pontos originais e essenciais da experiência da Fraternidade: • descoberta de que a convivência e amizade são aspectos imprescindíveis do trabalho apostólico, e ausência de paternalismo e assistencialismo, mas incentivo à solidariedade e apoio mútuo na luta pela vida, • o próprio doente lutando com e para o deficiente, • integração, troça de experiência inter-congregracional no trabalho apostólico, • religiosos idosos, aposentados, enfermos, redescobrindo seu potencial pessoal de trabalho com os deficientes e doentes, • manifestação de talentos e qualidades escondidas debaixo de longos anos, de solidão e depressão, por preconceitos familiares e sociais, • desbloqueamento de traumas familiares manifestados na vergonha por seus defeitos, • reuniões mensais, encontras de integração dos núcleos no interior, conhecendo vários locais, com esforço de todos no crescimento, • vivência do lema ''mínimo de estrutura para o máximo de espírito", próprio dos deficientes, que têm a corpo limitado. MOMENTOS FORTES Foram momentos fartes de crescimento para a FCD: . a visita do Papa ao Brasil, ocasião em que foi realizada a primeira participação das membros como movimento numa manifestação no meio do povo, . a visita da coordenadora internacional aos núcleos do Estado. A Fraternidade teve participação em : . reivindicações junto com outros movimentos, . passeata ao Metrô para reivindicar a possibilidade de acesso para pessoas deficientes, . presença consciente na política atual, como na campanha pelas "diretas já ",

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. exigência de participação nas eleições de 1982, que não estava sendo permitida par falta de acesso aos locais de votação, . presença de membros em duas Assembléias Nacionais da CNBB, para melhor conhecimento dos Bispos da presença dos deficientes nos trabalhos das dioceses, . atividades do ano internacional da pessoa deficiente em 1981, . participação nas celebrações de Corpus Christi, na praça da Sé, em São Paulo, e assembléias e comitês nacionais da própria FCD, . encontro significativo de todas as instituições de deficientes do Estado, promovidos pela FCD, . encontras de formação, de aprofundamento, de lazer etc., . criação de uma federação civil que agrupasse todas as associações de deficientes e para deficientes de todo o Estado, . presença catalizadora, unificadora e harmonizadora em todas as atividades que englobam associações de deficientes, . viagens dos membros da Nacional aos núcleos Regionais de Pais e das membros da Regional aos núcleos do Estado, . organização e participação de um colóquio internacional, realizado em São Bernardo do Campo, SP, promovido pelo Conselho Mundial das Igrejas. MOMENTOS DIFÍCEIS Também aconteceram momentos difíceis para a FCD, como a saída do Pe. Vicente Masip, iniciador da Fraternidade no Brasil, que deixou o sacerdócio, em 1981, para casar-se. Isso provocou um grande bloqueamento em muitos membros, temor da não continuação do trabalho em dimensões nacionais. A transferência, pela congregação, de religiosos que exercem o cargo de Conselheiros, também constitui, quase sempre, um momento difícil, assim como a saia de lideranças antigas, par diversas razões, entre elas o trabalha, estuda, casamento... Após o Ano Internacional, a descrença foi grande, frente à expectativa e esperança de benefícios que o Ano traria, na diminuição das dificuldades dos deficientes. PRÓS E CONTRAS Entre os fatores que estão favorecendo a experiência pode-se destacar o perceber o bem que é feito com a presença de grupos de deficientes da FCD em encontros de jovens, encontros de religiosos, seminários, casas de formação, assembléias de Bispos. A solidariedade que despertam as atividades da FCD nos grupos de Igreja e outros setores sociais é outro estimulo. Exemplo disso é o fato de a Transbrasil fornecer gratuitamente para a FCD passagens para toda o Brasil já há três anos. Nota-se, também, uma grande necessidade e desejo dos deficientes de participarem de encontros, seminários, passeios, retiros etc. Fatores que estão dificultando a atuação se situam: . na falta de disponibilidade de sacerdotes e religiosos, que acreditem nessa atuação apostólica e evangelizadora, e dificuldade sempre maior de transporte, . sobrecarga especial sobre o deficiente da situação sócio-política e econômica, . famílias que não assumem seus deficientes, . falta de acesso ás igrejas, casas de retiro, salões paroquiais, centras comunitários, colégios de religiosos, que poderiam possibilitar maior participação dos deficientes na vida da comunidade, para se ter melhor formação religiosa e humana, e maior contribuição com a comunidade.

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Também pode ser considerado fator de dificuldade o fato de o trabalho da FCD ter o caráter de movimento, o que pressupõe orientação vinda de fora, e que, portanto, levanta suspeitas e rejeições por Parte de Padres e Bispos, zelosos de seu feudo.

ABORTAMENTO E DIU Hubert Lepargneur Por vezes nos perguntamos se serve proclamar princípios tão óbvios que ninguém os contesta na sua formulação geral: vencendo sem contraditor, triunfa-se sem avançar; ainda que a prática seja outra. Defender a vida: tacto o mundo está a favor. O problema real é saber como, quando, até que limites e se existem exceções. Parte substancial das atuais discussões de bioética giram em volta dos desafios concretos que a norma abstrata enfrenta. Mesmo o ''não matarás " dos dez mandamentos (senão da lei natural, já vêm dúvidas) encontrou não poucas exceções no decorrer da história da civilização e do cristianismo. Uma coisa pelo menos é pacifica: o infanticídio, prática comum em várias culturas antigas, das mais eminentes, não é mais aceite. A contribuição dó cristianismo neste ponto foi decisiva, pelo menos para apressar a humanização. O mesmo não se pode afirmar no mesmo grau para o abortamento: a condenação cristã ainda não consegue convencer todo mundo na sua radicalidade intransponível. Talvez seja mister distinguir entre a legislação que importa em exeqüibilidade para todos os cidadãos residentes num pais, quaisquer que sejam suas convicções pessoais, e o enfoque moral ao qual vamos nos limitar. A lei jurídica leva em consideração elementos de vivência social que nem sempre são decisivos para a consciência individual. A ética cristã condena o abortamento provocado, como sendo atentatório a uma vida humana já iniciada, qualquer que seja a fase a que chegou, desde a fecundação. Essa é a norma e sua justificação. Pormenorizando: como é impossível determinar com precisão o momento em que começa uma nova pessoa individual, a Igreja decide pelo mais seguro - a época primitiva do encontro e fusão dos gametas, a fecundação. A prática médica opta em geral por outro critério, o da nidação, inicio da gravidez que envolve mais decisivamente o destino da mulher e o interesse do ginecólogo ou obstetra. A diferença dos conceitos importa em diferença das perspectivas e, por vezes, em malentendidos ou equivocas nas trocas. De qualquer maneira, porta-voz da lei natural, a Igreja veta terminantemente o abortamento voluntário, chamado induzido. A proibição não comporta exceções, mas não abrange eventuais conseqüências indiretas, decorrências não desejadas, de intervenções terapêuticas visando a prospectiva mãe, urgentemente necessitados por seu estado de saúde e não tocando diretamente no conceito. Em geral, os médicos não são favoráveis ao abortamento, fiéis nisso ao espírito do juramento de Hipócrates (o que não impediu o Pai da Medicina de descrever como se induz um abortamento). Nos países democráticos cuja legislação prevê casos legais de aborto, um médico pode invocar a objeção de consciência para não efetuar pessoalmente o serviço. E de se registrar, todavia, que o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo emitiu parecer favorável á legalização do aborto no Brasil (mais exatamente, ao alargamento dos casos de não penalização), em data de 5 de março de 1985. Vários órgãos católicos expressaram sua reprovação. Chama particular preocupação o fato que, segundo o CREMESP (órgão mencionado supra), ''a maioria dos

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abortos praticados no Brasil não é de natureza médica, mas psico-social", terreno de maiores abusos. O dispositivo intra-uterino de prevenção da gravidez (diu) encontra firme reprovação eclesial por dois motivos: desrespeita a proibição do usa de "meios artificiais de impedimento de fecundação" e atenta diretamente á vida própria do ser concebido. O segundo motivo pesa mais do que o primeiro, na opinião pública. Por essa razão levantou-se uma controvérsia biomédica sobre uma questão de fato e não dogma: alguns médicos pretendem até hoje que pelo menos o diu usando cobre impede a fecundação e não apenas a nidação, não sendo abortivo (o diu T de cobre é permitido no Brasil desde 1974). As pessoas preocupadas em não abortar, infelizmente insensíveis á distinção entre "meios naturais" e "meios artificiais " de prevenção da gravidez, estão, portanto, interessadas. Muitos, porém, acham que todos os dius são abortivos e prejudiciais á saúde da mulher, mesmo sem provocar as infelicidade que motivaram a eliminação do diu Dalkon Shield. A vivência moral está envolta em dados concretos contingentes e movediços; não prescinde daquilo que o povo chama de vida. Desde que o mundo humano se tornou mais complexo, e as soluções tradicionais mais questionadas, é normal que haja mais desejo por parte das pessoas conscientizadas em refletir profundamente sobre as alternativas éticas. Nesta perspectiva apontamos ser conveniente distinguir as dúvidas de ordem teórica e ética (dúvidas de direito, como se diz), das dúvidas de ordem fatual (incertezas de fato): as primeiras são mais de ordem teológica, mas podem depender de dúvidas do segundo tipo, que cabe geralmente aos cientistas esclarecerem. Como a segunda ordem de questionamento é mais mutável que a primeira, convém não misturar os planos, sem desconhecer suas vinculações. Misturar os planos é, por exemplo, dizer que a Igreja proíbe a pílula porque faz mal á saúde; é simplificar demais uma situação cujos parâmetros escapam á avaliação eclesial. Este reparo serve obviamente apenas para quem procura aprofundar questões de bioética contemporânea; o fundamentalismo nunca se preocupou em conhecer as razões especificas duma proibição.

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