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ROTEIRO DE REFLEXÃO PARA AS EQUIPES DE PASTORAL DA SAÚDE Júlio Munaro Entre as muitas perguntas que as pessoas fazem sobre o sacramento da Unção dos Enfermos, quero destacar três, e dar a cada uma a devida resposta, com o intuito exclusivo de ajudar os Agentes de Pastoral em sua ação prática. Deixarei de lado a reflexão teológica. Quem pode administrar a Unção dos Enfermos? A resposta, segundo a doutrina oficial da Igreja, é simples: só o Padre e o Bispo podem administrar este sacramento. Nem o diácono e menos ainda os Agentes de Pastoral da Saúde, mesmo que seja freira, podem administrar o sacramento da Unção dos Enfermos. Algumas pessoas ligadas a movimentos carismáticos, quando visitam doentes, além de rezar com eles e por eles, costumam ungi-los com óleo bento. Trata-se de um costume que vem de longe na história da cristianismo, e este costume não deve ser desprezado nem proibido. Faz parte da religiosidade popular e merece respeito. Não se deve, porém, confundi-lo com o sacramento da Unção dos Enfermos. Conheço casos em que Padres estão dando licença a leigos para administrarem a Unção dos Enfermos. Trata-se de atitude que exorbita da doutrina da Igreja. Repetindo: só o Padre e o Bispo administram validamente a Unção dos Enfermos. Pode ser que, um dia, o aprofundamento teológico do sacramento da Unção dos Enfermos chegue à conclusão que pode ser administrado também por leigos. Por enquanto não chegamos a tanto. Quem pode receber a Unção dos Enfermos? Também aqui a resposta é simples: só a pessoa que é portadora de uma doença séria e que pode constituir perigo para a sua vida. Quem não está doente ou sofre apenas de doenças banais, que não implicam em risco de vida, não pode receber a Unção dos Enfermos. As pessoas de idade, embora não estejam doentes, podem receber a Unção dos Enfermos, desde que seu estado geral indique sensível declínio de suas forças físicas e psíquicas, que lhes impeça de levar vida normal para a sua idade. No caso, não se trata de número de anos que a pessoa tem, mas do estado geral de saúde em que a pessoa se encontra. Há pessoas de 60 anos e que estão mais envelhecidas e depauperadas que outras de 80 ou 85 anos. Talvez as primeiras, apesar de mais novas, precisem da Unção dos Enfermos. As outras, não. As crianças portadoras de doença grave também podem receber a Unção dos Enfermos, desde que tenham o uso da razão e formação religiosa suficiente para entender que recebem um sacramento. Quantas vezes a mesma pessoa pode receber a Unção dos Enfermos? Houve tempo em que a Unção dos Enfermos era administrada uma só vez à mesma pessoa. Por exemplo: uma pessoa de 40 anos ficava gravemente doente e recebia a Unção dos Enfermos; depois, ficava boa e vivia mais 20 ou 30 anos. Mesmo que ficasse gravemente doente outra vez, não podia mais receber a Unção. Hoje, graças aos estudos teológicos, sabemos que este sacramento pode ser repetido. Assim, a pessoa que fica gravemente doente cinco ou seis vezes na vida, em cada uma delas pode receber o sacramento da Unção dos Enfermos. Também no decorrer da mesma


doença, a pessoa pode receber a Unção dos Enfermos mais de uma vez. Hoje, em algumas paróquias, costuma-se dar a Unção dos Enfermos aos doentes da comunidade uma vez por mês. Consequentemente, pode haver doentes, sobretudo pessoas de idade, que recebem a Unção dos Enfermos até onze ou doze vezes num ano. Seria certo proceder assim? A primeira vista parece que se trata de pastoral de massa, com todos os inconvenientes que a acompanham. Melhor seria que o vigário verificasse caso por caso. De qualquer forma, é bom lembrar que, no passado, pecamos por excesso de restrições na administração da Unção dos Enfermos e acabamos criando no povo uma mentalidade desfavorável a este sacramento. Hoje, talvez estejamos exagerando um pouco, mas pode ser que isto não seria tão ruim pastoralmente, pois contribui para que o povo perca o medo que tem deste sacramento e se familiarize com ele.

ORAÇÕES Estas orações foram compostas por Frei Elezário Schimitt, OFM, Capelão do Hospital de Caridade, de Florianópolis, Santa Catarina. A oração é um meio de louvar, agradecer, pedir e ter mais ânimo na caminhada humana. Através destas orações, Deus nos fala de uma maneira ou de outra. Sejamos atentos aos apelos de Deus.

Oração da família “Senhor, aquele a quem amas está doente” (João 11,3). Vimos nós também, Senhor, fazer a mesma prece pela pessoa querida de nossa família, como as irmãs Maria e Marta te mandaram seu confiante recado a favor de seu irmão Lázaro, com humilde e angustioso amor. Ouve a prece de nossa aflição pela sua saúde. Cura-lhe o corpo dolorido, os membros afetados, o tremor da angústia, tu que, no Evangelho, restituíste a saúde completa a tantos filhos de Deus carregados de dor. Mandaste-os de volta para casa, com vida plena, alegria e gratidão. Cristo Senhor, que, na Cruz, foste o maior doente do mundo, ensina-nos que o caminho da Ressurreição só pode ser o que passa pela Cruz. Por isto, Senhor, nossa família quer levar, como família cristã que é, a cruz desta doença que a todos nos atinge. Como Cirineus, queremos todos carregá-la um pouquinho. Assim, ela será mais leve. Com doçura e confiança muito humilde, pedimo-te muita fé na vida, toda a calma deste mundo, mas também toda a resignada paciência até que a tua misericórdia desça sobre a dor do nosso doente e sobre a nossa, tu que nunca deixaste de suavizar o sofrimento dos que te procuram de verdade e sinceramente, sem fazer a Deus as perguntas inúteis que nunca restituíram a ninguém a saúde e a paz do coração. Por isto, põe no coração do nosso doente a transfigurante certeza de que sua invencível fé em ti o há de curar, como a fé invencível das irmãs de Lázaro conseguiu que o fizesses voltar à vida depois de morto, e como curaste os incontáveis que te procuravam. «A multidão o rodeou, trazendo consigo coxos, cegos, mudos e muitos outros, e ele os curou» (Mateus 15,30). Senhor, curavas a todos...


Lemos no teu Evangelho de São Mateus: Jesus andava «curando toda doença e enfermidade do povo» (4,23). «Os atacados de doenças e dores diversas... ele os curava» (4,24). Na mesma hora em que Jesus foi á casa do centurião, «o servo ficou curado. (8,13). Curou todos os que estavam doentes (8,16). Percorria todas as cidades..., curando toda enfermidade e doença. (9,35). «Muitos o seguiram, e ele os curou a todo» (12,15). «Trouxeram-lhe um cego e mudo, e ele o curou» (12,22). «Viu uma grande multidão e, sentindo compaixão, curou os seus doente» (14,14). «Estenderam a seus pés os aleijados, cegos, mudos e muitos outros» (15,30). «Uma grande multidão o seguiu, e ele curou ali os doentes» (19,2). “Achegaram-se a ele cegos e coxos, e ele os curou”. (21,14). Também no Evangelho de São Marcos lemos: «Curou muitos doentes de enfermidades diversas» (1,34). «Curou muitos, de modo que se lançavam sobre ele, para o tocar, todos os que sofriam de algum mal (3, l0). Uma doente queria tocá-lo e, quando o fez «sentiu no corpo que estava curada daquele sofrimento» (5,29). Os apóstolos, enviados por Jesus, «ungiam com óleo muitos doentes e os curavam. (6,13). Lemos ainda em São Lucas: «Todos os que tinham enfermas de várias moléstias traziam, nos, e ele, impondo a cada um as mãos, os curava» (4,40). Disse ao paralítico: «Levanta-te, pega o teu leito e vai para casa, e imediatamente, diante deles, ele se levantou e foi para casa, louvando a Deu» (5,25). «Toda a multidão procurava tocá-lo, porque dele saia uma força que sarava a todos» (6,19). «Naquele momento, Jesus havia curado a muitos de enfermidades» (7,21). A mulher que sofria de fluxo de sangue, “sem conseguir ser curada por ninguém, achegou, se... e lhe tocou a orla do manto, e logo estancou-se a hemorragia. (8,44). «Curou o menino e o restituiu a seu pai. (9,42). «Tomou o homem pela mão e o curou (14,4). O Evangelho de São João conta também: ao homem que estava doente há trinta e oito anos, Jesus perguntou: «Queres ficar curado? e depois lhe disse: «Levanta-te, toma o teu leito e anda» (5, 5-9). Senhor Jesus, quantos doentes! Cura-me também. Eu tenho a mesma fé em ti, a mesma confiança em tua bondade. Cura-me com essa tua bondade infinita do teu Evangelho. Perdoa-me também os meus erros, fazes-me um cristão mais humilde, e dá de volta a saúde que de Deus, teu Pai, recebi. Eu te suplico, por tua bondade infinita. Amém. Dai-me OLHOS que vejam com o coração. MÃOS que trabalhem com alma. PÉS que andem com fé. LÍNGUA que seja mais suavidade. OUVIDO que seja mais compreensão. CORAÇÃO que seja mais amor. CABEÇA que seja mais humildade. BRAÇOS mais para abraçar do que para repelir. BOCA mais para desculpar do que para acusar. VONTADE muito e muito mais para dar do que para receber. Sobretudo, ANSEIOS muito e muito mais de vós do que das pessoas e das coisas. Desiderata Avança calmo por entre o ruidoso e inquieto movimento, e lembra que a PAZ nasce da serenidade. Olha por estares de bem com todos, se possível, sem que isto te desoriente.


Diz a tua verdade com plácida clareza, e aprende a escutar o próximo, até mesmo o molesto e o ignorante; pois também eles têm sua história. Foge das pessoas agressivas e escandalosas; são espinhos para o espírito. Com teu semelhante, guarda-te tanto da presunção quanto do despeito, pois sempre haverá pessoas de competência superior à tua. Desfruta teus sucessos. Alegra-te com teus planos. Guarda interesse pelo teu trabalho, por modesto que seja, porque ele é riqueza real nas mudanças da fortuna que o tempo traz. Tem cuidado com teus empreendimentos: o mundo está cheio de armadilhas. Não deixes, contudo, que estas coisas não te façam ver a virtude. Ela existe. Há muitos lutando por elevados ideais, e em toda pane existem heróis. Sé tu mesmo. Sobretudo, não mostres afeto quando não o sentes. E não desprezes o AMOR. Pois, a despeito da aridez e do desencanto das coisas, o amor é eterno como os prados. Aceita com placidez o desgaste dos anos, e deixa para trás, com indulgência, os formigamentos da juventude. Alimenta a resistência do teu espírito, para que te projeta e sustente no inesperado infortúnio. Nem deixes que te empolgue a imaginação, porque muito fantasma nasce do cansaço e da solidão. DOMINA-TE. E, ao mesmo tempo, seja compreensivo para contigo mesma. Es uma criatura do universo, de par com as árvores e as estrelas. Tens o direito de morar aqui. Portanto, não te preocupes em saber se o mundo gira como deve ou não deve. Ainda par isso, trata de estares em paz com DEUS, como quer que o vejas. E, quaisquer que sejam teus afãs e tuas angústias na ruidosa confusão da vida, conserva em teu intimo a PAZ. Pois, apesar de todas as tuas farsas, árduas fadigas e perdidos sonhos, o mundo é belo. Luta por seres feliz.

O programa dos fortes Quero que meus pés ainda caminhem muito. Quero que minhas mãos ainda tenham muito o que fazer. Quero que as minhas cantigas ressoem sempre. Quero que os meus sonhos não acabem nunca. Quero que os meus anseios ainda voem longe. Quero que as minhas flores estejam sempre vivas. Quero que as minhas boas lembranças não murchem mais. Quero que o meu medo nunca seja tão forte como eu. Quero ainda ser muito útil aos outros. Quero que a minha esperança vá mais longe do que a morte. Porque, então, eu estarei sempre jovem, mesmo que os meus anos sejam muitos, mesmo que se acabem as ilusões, mesmo que eu já tenha muitas rugas. Então, vocês vão ver: eu estarei sempre jovem, sempre jovem.


Deixa-me Deixa-me pelo menos olhar nos teus olhos, para que eu veja o Pai, tu que disseste: quem vê a mim vê o Pai. Deixa-me pelo menos pisar no teu rasto, para que eu não perca o caminho, tu que disseste: eu sou o caminho. Deixa-me pelo menos tocar na tua veste, para que me livre da lepra que enfeia minha pessoa, tu de quem diz o Evangelho: dele saia uma força que a todos curava. Deixa-me pelo menos tocar na tua mão, para que sinta as chagas, tu que disseste: põe aqui a tua mão! E também para que me envergonhe cada dia por não ter chagas nenhuma; pois as chagas que imagino ter provêm das formações da minha vaidade. Deixa-me pelo menos gostar mais dos ensinamentos teus do que das frases bonitas minhas, tu que disseste: as minhas palavras não passarão! Mas deixa-me sobretudo, e pelo menos, ouvir tua voz ali na Cruz, no meio . Do tropel dos dromedários que me esmagam aqui em baixo: Pai, perdoai-lhes, pois eles não sabem o que fazem... para que eu seja, pelo menos, mais manso. Quand même... Se o mundo não está bonito, mesmo assim não podes fazer feio. Se a paisagem está fria, mesmo assim precisas continuar quente. Se o dia está sem luz, mesmo assim, dentro de ti, ela há de estar. Se o calor não vem mais, mesmo assim não podes tremer. Se a ingratidão só dá espinhos, mesmo assim não deve morder-te. Se a sinceridade mudou de planeta, mesmo assim precisas continuar no teu, sorrindo. Se a religião se fez pretexto, mesmo assim precisas vivê-la, sem ele. Se o amor se fez escárnio, mesmo assim precisas amar, amando. Se Deus se fez mitologia, mesmo assim precisas ajoelhar-te, para dizer com Tagore:


«Quando o caminho me cansa, não te peço que me fales, mas que me dês a mão». No teu deserto, o poço só vai aparecer, se continuares caminhando, caminhando, mesmo assim. Ainda que seja de bambu, mesmo assim tua flautinha há de ser reta, para flautar direitinho, para Ele. Quand méme...

UM ENSAIO SOBRE A CURA, BASEADO EM MATEUS. Com o título «Um ensaio sobre a cura: Jesus expulsa os demônios», baseado em Mateus 8, 28-34, Frei Klaus Th. Fínkam, OFM, frade franciscano e médico, que trabalha na Diocese de Bacabal-AL, num pequeno projeto de medicina comunitária, recolheu estas informações, de um encontro de Agentes de Saúde, da Diocese, em março de 1984. Conviria que as comunidades fizessem a mesma experiência de Frei Klaus. Poderiam, também, verificar a sabedoria de nosso povo. Ficamos agradecidos a Frei Klaus pela autorização para que se transcrevesse aqui o texto. Na luta por uma saúde melhor, com grande esforço homens e mulheres do campo ajudam seus companheiros como Agentes de Saúde. Nesta difícil tarefa, eles queriam aprender mais sobre os «remédios da farmácia» e «remédios do mato». Num primeiro curso, estudamos os remédios da farmácia, sua utilidade e perigos. Dentro deste estudo, uma questão nos interessou bastante: o que nos cura? São realmente os remédios? Queríamos saber como Deus, que é Senhor da Vida, criou o nosso corpo e o expôs ao mundo, para que ele assumisse a luta contra as enfermidades. O exemplo de Jesus podia nos trazer mais clareza. Este estudo tem como base a leitura bíblica no Evangelho: Mt. 8, 28-34. «No outro lado do lago, na terra dos guadarenos, dois possessos de demônios saíram de um cemitério e vieram-lhe ao encontro. Eram tão furiosos, que pessoa alguma ousava passar par ali. Eis que se puseram a gritar: “Que tens a ver conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?” Havia, não longe dali, uma grande manada de porcos. Neste instante, toda a manada se precipitou pelo declive escarpado para o lago, e morreram nas águas. Os guardas fugiram e foram contar na cidade o que se tinha passado e sucedido com os endemoniados. Então, a população saiu ao encontro de Jesus. Quando o viram, suplicaram-lhe que deixasse aquela região.» Para o nosso estudo, preparamos uma série de perguntas. Depois da leitura bíblica, iniciamos os trabalhos em grupos: os 40 participantes do curso, todos homens e mulheres do campo, se dividiram em cinco grupos para, juntos, encontrarem respostas (R) para perguntas (P). Partimos de quatro pontos: . Evangelho . Nós - a Igreja A saúde do nosso corpo . Auxiliares do nosso corpo.


Depois do trabalho, discutimos na assembléia as respostas dos grupos e, juntos, resumimos cada ponto. EVANGELHO O exemplo de Jesus: Jesus expulsa os demônios. Os demônios entram nos porcos, que se precipitam no lago. P - Como Jesus expulsa os demônios? R - Com autoridade e poder. P - Quem deu a Jesus esta força? R - O Deus Pai. Resumo - Jesus, com autoridade e poder, dados por Deus Pai, expulsa os demônios. Ele liberta e salva o possesso. Os demônios se destroem. Assim, Jesus anuncia a presença e o poder do Reino de Deus entre os homens e inicia a conquista sobre as forças do mal. NÓS - A IGREJA Os irmãos na fé, seguindo o nosso mestre Jesus. P - Quem pode expulsar os demônios hoje, e o que se precisa para poder fazer isto? R - Nós, os irmãos na fé. Precisamos de fé e amor, de sacrifício, de união e de luta de base. P - Quais são as atitudes de demônios (do pecado, e do mal) hoje? R - Orgulha, vaidade, egoísmo, ganância, medo, preguiça... P - Quem é possesso hoje? R - Quem se afasta de Deus e do próximo: Nós, mas também muitos empresários, políticos, latifundiários, grileiros, pistoleiros. P - Quais são os frutos do mal e do pecado? R - Opressão, guerra, fome, injustiça, tortura, e doença. Resumo - Nós, como irmãos unidos na fé, somos também, hoje, capazes de agir como Jesus («Curem os leprosos, e outros doentes, ressuscitem os mortos e expulsem os demônios» Mt 10,8). Com fé e amor, expulsamos os nossos demônios (orgulho, ódio, egoísmo, vaidade, medo, preguiça...), mas precisamos nos sacrificar (cruz), unir e lutar na base. Assim, libertamos os possessos. Nesta libertação precisamos resistir, impedir, dizer a verdade, denunciar a violência, mas também estender a mão e perdoar aqueles que se afastam de Deus e do próximo, como muitos empresários, políticos, latifundiários, grileiros... e nós também. Os frutos do pecado: a opressão, guerra, fome, injustiça, tortura e doenças diminuem, como os porcos se destroem.

A SAÚDE DO NOSSO CORPO O nosso corpo que cura. P - O nosso corpo tem a ver com o Evangelho e com a Igreja? R - O nosso corpo foi feito por Deus Criador. O Corpo é o templo do Espírito Santo (1Cor 6,19/3,16 e Rom 8,11). É isto que aprendemos por nossos antepassados e os apóstolos, irmãos na fé como nós. P - Quais são os demônios que atacam o corpo? R - São as doenças: diarréia, tuberculose, vermes, malária, sarampo, tétano. P - Quais são os sinais de doenças, como se mostram as doenças? R - Pela fraqueza, febre, dor, inflamação, tosse...


P - Qual é o possesso? R - O doente. P - Se Deus deu a força a Jesus para ele expulsar os demônios e se ele transmitiu essa mesma força para nós, será que Deus, que criou nosso corpo, também não deu força ao mesmo, para que ele pudesse expulsar as doenças? O que o corpo precisa para fazer isto? R - O corpo precisa de fé e força, resistência e de boa alimentação e de limpeza. Resumo - Deus criador dá ao nosso corpo a capacidade de expulsar as doenças: diarréia, tuberculose, vermes, malária, sarampo, tétano... Assim, o próprio corpo cura e sana a doença, mas somente quando ele é repleto de fé, força, resistência. Os sinais de doença (fraqueza, febre, dor, inflamação, tosse) então acabam e se destroem. Sabemos por enquanto que nem sempre o corpo vence esta luta contra os demônios, como também os irmãos na fé nem sempre são fortes para vencer os males.

AUXILIARES DE NOSSO CORPO Nós, os homens na família, comunidade, sociedade. P - Se o corpo cura, onde fica todo o esforço da medicina, dos médicos, das enfermeiras...? Onde fica o esforço de todos nós: na família, no lar, da curandeira, da rezadeira, da parteira? Verificamos, então, que nós podemos ser grandes auxiliares do nosso corpo. Mas não nos esqueçamos: auxiliar e não ser curador. Quem cura é o nosso corpo. Podemos também atrapalhar e impedir o nosso corpo nesta luta contra as enfermidades. De várias maneiras, em lugares mais diversos e com meios diferentes, podemos ajudar o corpo na difícil tarefa da cura: . Alimentação - Uma alimentação suficiente e bem variada (arroz, feijão, verduras, frutas como também leite, ovos, peixes e carne) é importante para que o corpo ganhe força e resistência. Essa chamada resistência do corpo possui instrumentos extraordinários de defesa: são as substâncias ou pequenas unidades de vida (células), que comem e destroem os micróbios (micro = pequeno e bios = vida, pequenos viveiros). Essas substâncias e células se encontram no 'tutano' (medula óssea), na 'passarinha' (baço) e na 'íngua' (gânglios linfáticos) e também no sangue (glóbulos = células brancas). . Higiene - A limpeza do corpo, dos alimentos e da água e da comunidade aumenta a força da resistência do corpo e afasta as sujeiras: os micróbios, vermes e outros bichinhos (parasitas). . Vacina - Tem vacina que provoca no corpo uma resistência especial contra uma certa doença, como o tétano (vacina ativa). Outras vacinas, como o soro antitetânico, são usadas para ajudar diretamente no combate ao micróbio (vacina passiva). . Plantas, antibióticos, vermífugo... que atacam o demônio – Plantas medicinais e remédios caseiros ajudam destruir os micróbios, vermes e parasitas. Os medicamentos modernos, como os antibióticos (anti= contra, bios = vida = contra-vida) matam ou dificultam a vida dos micróbios, das bactérias (elas provocam a tuberculose, pneumonia...). Outros medicamentos ajudam a matar os vermes e os parasitos (por exemplo, a malária). Para a tuberculose, a lepra (doença de Hansen) e outras doenças, estes medicamentos são uma ajuda importante e sem eles um ou outro iria morrer, porque o corpo sozinho não venceria a luta. Na prática do dia-a-dia, estes remédios são poucos, e o uso é bastante limitado. As vezes, os micróbios já se acostumaram a estes remédios, e não morrem mais. . Operações e outras ações do médico - Quando a doença já está instalada, a medicina pode ser de grande ajuda: colocando um gesso na perna quebrada, tirando um cálculo dos rins ou da vesícula...


assim, a dor diminui e alivia o sofrimento. Nestes casos, os médicos aliviam ou melhoram bastante a situação do doente, até o restituem completamente. Mas nem todas as enfermidades se deixam melhorar através de uma operação, e os danos causados por operações não são poucos. . Plantas e medicamentos, que talvez aliviam, mas nunca curam e somente abafam os sinais das doenças - Infelizmente, a maioria dos remédios que usamos somente abafa os sinais: dor e inflamação...E muitos médicos, também nós os pacientes, raramente nos preocupamos em atacar as doenças. Quando abafamos um desses sinais, pensamos que também as doenças desaparecem. Por enquanto, a nossa própria experiência nos deixa perceber a grande mentira: quantas vezes não tomamos um comprimido ou uma injeção contra gripe: o nariz fica livre, a febre baixa, mas continuamos nos sentindo doentes. Porém, precisamos de um alivio, quando uma dor forte nos incomoda demais (o epiléptico precisa de um remédio, que o ajude a levar uma vida normal, sem o sofrimento de tantos ataques). Os remédios caseiros também aliviam e normalmente não provocam males ou doenças. Geralmente, os remédios de farmácia provocam males, até doenças mais graves do que aqueles que nos atacaram primeiro. Por que então tomar tantos comprimidos ou injeções? Somente para abafar os sinais da doença? Devemos nos lembrar que muitas doenças (até a grande maioria) são curadas por nosso próprio corpo. . Uma vida digna = vida de paz com o irmão, que nasce do RESPEITO A DEUS - Não podemos esquecer o que é mais importante. Uma vida digna e justa, onde todos têm trabalho, salário justo, uma moradia digna, terra para plantar e liberdade, participando nos direitos e nos deveres. Tudo isto fornece as condições para que o corpo possa ter aquela força e resistência que cura e dá proteção. Precisamos também de uma vida de paz e harmonia com o irmão e o respeito diante de Deus, nosso Criador, para viver naquela graça de fé, em que o nosso corpo pode fazer os milagres da nossa cura. Conclusão Pensei que o Evangelho podia nos auxiliar neste estudo, da mesma maneira como uma parteira auxilia uma mulher no parto. Assim, partimos do Evangelho olhando os males do nosso tempo para responder á questão básica: O que nos cura? Fiquei surpreendido ao descobrir que o Evangelho não é somente uma boa maneira de abordar um assunto difícil, mas também corresponde ao saber científico sobre a cura, que os médicos vêm, aos poucos, recuperando. Também me surpreendeu a sabedoria simples do nosso povo. Verificar como Ele revela a sabedoria aos pequeninos foi, para mim, um inesperado presente de Deus. A todos que quiserem repetir este ensaio com grupos de Saúde da Comunidade desejo muita alegria nesse trabalho. A exegese literária de demônio é complexa. Neste trabalha tomo o sentido passível do vocábulo, baseada em alguns episódios, registrados pelos evangelistas sinópticos, segundo o qual podemos interpretar a palavra “demônio” como semelhante a “doença”.

VASECTOMIA E LAQUEADURA DAS TROMPAS


Hubert Lepargneur Nem percebemos estes termos no manual evangélico Ética Cristã, de Norman L. Geisler (US; trad. S. Paulo, 1984). A Igreja romana não costuma muito distinguir ou condenar os modos artificiais de limitação da natalidade, ainda que insista - não sem razão - sobre a proibição do aborto, por envolver outra pessoa existente; mas não faltam condenações oficiais das várias formas de esterilização. A atual reação da Igreja é, portanto, conhecida. Convém situa-la melhor. Após a crise das pílulas anticoncepcionais, após a crise atual do dispositivo intra-uterino, milhões de casais voltam-se hoje em dia para a esterilização: laqueadura das trompas para mulher, vasectomia para homens, intervenções consideradas benignas, sem perigo se devidamente planejadas e efetuadas. Cirurgião responsável não executa estas operações sem consentimento do casal (em ambos os casos) e sem profundo diálogo para esclarecer a motivação, a conveniência da intervenção, para assegurar-se da forte improbabilidade de os sujeitos voltarem atrás nas suas intenções. Não cabe aqui especular sobre a reversibilidade ou irreversibilidade desta pequena cirurgia (progressos foram ultimamente realizados no sentido da reversibilidade da vasectomia). A prática mais séria leva ainda em conta a idade do paciente, o número de seus filhos, sua saúde e condição econômica. Mas, que importa se o não eclesial é categórico, como é habitual de se ler? A castração ou esterilização nem sempre foi descartada na Igreja. Origenes ordenou sua própria castração. Mais tarde, no século XII, Abelardo foi castrado por ordem do cônego pai de Heloisa, que o filósofo freqüentava. Até 1884, os papas deixaram castrar os sopranos da Capela Sixtina. A castração serviu também de castigo admitido, e o próprio papa Pio XI hesitou (L. Rossi, “Esterilidad.”, Dicc. Teol. Moral, Madrid, 1974). Seu emprego foi também terapêutico. Enfim, a condenação dos papas modernos visa a esterilização direta. Os teólogos contemporâneos assumem posições mais matizadas. Como discordar do Pe. Haering (e outros eminentes teólogos) quando escreve: «Se um médico competente pode opinar, em total acordo com sua paciente, que para esta pessoa uma nova gravidez deve ser excluída agora e sempre, porque seria totalmente irresponsável, e se a esterilidade é a melhor solução possível do ponto de vista médico, não pode ser contra a moral médica, nem é contra a lei natural (sadia razão). Por exemplo, se uma mulher adquiriu durante as duas últimas gestações uma psicose de gravidez e não há esperança de que seu marido atue responsavelmente, neste caso a ligadura das trompas pode ser o único, ou ao menos, o melhor meio de salvar a mãe para o cumprimento de sua missão como esposa ou mãe em sua situação já penosa. Há muitos casos com gravidade semelhante. (Medicina e moral). Desde 1965, em livro publicado entre nós, no Brasil (Limitação dos nascimentos), o Pe. Paul - Eugene Charboneau assim questionava os teólogos: «Desejaríamos que fosse reconsiderado o problema delicado da ligadura de trompas... Será realmente intocável a integridade biofisiológica? Mas se é precisamente por respeito à integridade geral do corpo que inúmeros médicos propõem a ligadura de trompas!... Em suma, é o famoso principio da totalidade que se aplica a estes casos. Este princípio estabelece que todas as partes do corpo humano, enquanto partes, são destinadas a existir e a funcionar para o bem do corpo no seu conjunto e são portanto subordinadas pela natureza ao bem deste... Mas, não sei por medo de que, uma vez que se colocou este principio geral, toma-se muito cuidado em explicar que ele vale para tudo, salvo para o sistema genital... Reclamamos que o principio de totalidade seja aplicado aos órgãos genitais como a todos os outros órgãos do corpo humano, e que a decisão de uma intervenção como a da ligadura de trompas seja deixada à consciência profissional do médico, de acordo com o casal». O mesmo teólogo responde em seguida á segunda objeção, atinente ao respeito dos fins do matrimônio. Naquela época, a prole dominava exageradamente o sistema clássico dos «fins do matrimônio». Hoje em dia, reconhece-se mais valor á auto-realização do próprio casal. De qualquer


maneira, responde o Pe. Charboneau: «Reconhece-se a legitimidade da continência periódica (aproveitamento de tempos de esterilidade). Poder-se-ia dizer o mesmo do casal que cria um estado de esterilidade, recorrendo à ligadura de trompas. Se tiverem chegado a isto por egoísmo, seria condenável. Mas se tiver sido pelo próprio bem dos filhos já nascidos, e para proteger a harmonia e a unidade conjugais, seria então plenamente justificável». Mais recente entre nós, o manual de moral do Pe. Marciano Vidal, espanhol (Moral de atitudes, t. 2, Ética da pessoa, 1981), chega a semelhante posição. “Por razões de humanização e não por preconceitos de uma ordem natural sacralizada, defendemos que a esterilização não pode ser considerada como um método normal de controle de natalidade. Contudo, pode haver situações em que o único método aconselhável para se conseguir o valor de uma natalidade responsável (tanto em nível conjugal como em nível social) seja a esterilização. Em tais situações, a moral não deveria oferecer dificuldades, já que o que se intenta é realizar de uma maneira responsável um valor humano. São bastantes os moralistas atuais que aceitam esta apresentação”. Em resumo, não se trata de incentivar esterilização nenhuma, mas de perceber que a moral humana não pode circunscrever-se ao biológico, no seu sentido mais físico possível, sem transpô-lo afim de atingir o âmbito dos valores próprios da pessoa. Se a salvação é da pessoa toda, a moral é também da pessoa toda.


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