SERVIR AO DOENTE E NÃO SERVIR-SE DELE Várias vezes, em palestras ou artigos, tenho destacado o caráter verdadeir amente singular da nossa profissão. O verdadeiro médico, aquele que abraçou a carreira por vocação, deve sempre servir ao doente e nunca servir-se dele. É preciso que o doente sinta esta capacidade de dar, sem a qual, também, não há Medicina. Todos nós devemos entender a linguagem da dor, da angústia, do medo, da desesperança e do sofrimento, para que possamos falar à alma de nossos semelhantes. Do médico se pede toda a sensibilidade que o ser humano pode abrigar, para que possa, no justo dizer de Mário Rigatto, transformar tênues fímbrias de esperança no lenho ardente da vontade de viver. A doença é sempre um processo de análise, uma rara oportunidade para o auto-encontro, a intimidade reveladora da própria personalidade. O orgulho é a antítese da doença. A perda da saúde nos predispõe a compreender o mistério da vida. A possibilidade da morte nos faz deixar de lado a falsa hierarquia de valores, segundo a qual as coisas sensíveis e visíveis, porque mais a nosso alcance, nos parecem de maior importância. A moléstia facilita a reposição de cada coisa em seu lugar. Os valores qualitativos voltam a dominar os quantitativos. A sede dos prazeres sexuais desaparece ou se reduz. E o mundo volta, pela redescoberta do mistério de cada coisa, a possuir para o doente um encanto e uma importância que, em saúde, ele não tinha ou possuía numa falsa colocação de valores. Todo doente é uma criança assustada, qualquer que seja a sua idade. Perde o homem o seu orgulho suas vaidades, suas ilusões de onipotência. Sente-se pequeno, frágil. Precisa de novo do amparo materno. Volta à infância. É toda a infância é um estado de purificação. Deus criou o homem para o sofrimento e a Medicina para aliviá-lo. Nesta missão, referia o grande clínico brasileiro Miguel Couto, não há excesso de bondade e nisto reside toa a sua beleza. A Medicina já foi definida como a ciência da humanidade, gerada pela dor, pelo sofrimento, pelas lágrimas e pela angústia dos necessitados, O que nos inspira é a fraternidade da filantropia. Neste movimento primitivo e bíblico do que pede e do que dá é que reside a sua maior grandeza. Por isto tudo, a Medicina não é uma profissão. Mas uma dimensão alta da própria existência humana. Dar-se deve ser a filosofia do médico. A estatística que realmente nos interessa é a da “felicidade per capita”, procurando criar, com o auxílio de outras ciências e de outras artes, um melhor modelo de vida. Não tratemos, pois, os doentes, como a ciência experimental lida com os animais de laboratório. Não se faz Medicina sem o amor ao próximo, na observação de uma legião de humildes e de humilhados, desfilando diante de nós em triste procissão. Francisco de Castro, o “ divino mestre”, o grande propedeuta que enriquece as nossas letras médicas com as mais belas páginas de filosofia, afirmava que o labor médico era o mais santo dos apostolados, aquele que se exerce junto às dores e às misérias humanas, fazendo lourejar pelas estâncias da vida os reflorescimento da saúde, abrindo na espessura da desesperança larga brecha para a claridade benéfica das consolações. O verdadeiro médico deve ser o irmão de caridade em cada lar salteado pela doença, porque ele veste a toga de uma magistratura quase que divina. Procuremos, pois servir a todo aquele que bate à nossa porta, exercendo a Medicina com elevação de propósito, para que ela possa refugir como a mais pura e a mais útil de todas as ciências – a que tem por exclusivo objeto a idéia do bem. Carlos da Silva Lacaz – Catedrático da Faculdade de Medicina da USP e perito de OMS em doenças infecciosas e parasitárias.
A PASTORAL DA SAÚDE E A INSERÇÃO Hoje, o agente da saúde, em nosso contexto, por trabalhar em defesa e promoção da vida, em meio a uma situação sócio-econômica e política que se configura pela exploração, manipulação e abandono da vida, está desafiado a concretizar historicamente um modelo novo de vidacompromisso. Este, que é um «acontecimento-chave» para a atitude evangélica eficaz e transformadora, efetua-se pela inserção na vida e no mundo dos empobrecidos. Ou seja: vive a partir de um verdadeiro mergulho compromissor na história da classe popular, de um profundo compartilhar com os sofrimentos, as lutas e as esperanças dos «últimos da terra». É a inserção o testemunho novo, desafiador e ideal de responder, hoje, ao grito da grande maioria que forma a realidade contextual popular e marginalizada. Como? Penetrando, a partir da vivência concreta, nas condições da favela, do alagado, tia selva, do cortiço, do acampamento, do sertão etc. - em vista da libertação verdadeira e integral pessoal, comunitária, estrutural), cf. Doc. Puebla nº 141; 1134; 189. Não nos referimos aqui à inserção pela atitude de condividir o estilo de vida com povos de outra etnia, povos autóctones ou povos indígenas. Aprofundando a temática da inserção, diríamos: inserir a opção-compromisso do agente, de origem social do próprio povo pobre (não esquecendo que a origem não é um «estatuto» suficiente para o processo de práxis libertadora pela inserção) ou de origem social distinta da do povo, pelo experiência um estilo de (con)viver, pensar, trabalhar, recrear, rezar, milita, em sintonia permanente com o ambiente do próprio mundo popular. Ocorrendo, assim, uma redefinição da vida pelo processo de mudança geográfica, social, econômica, espiritual, cultural, política. Falar do compromisso de inserção é referir sempre ao compromisso efetivo com o outro (pessoa, classe, povo, continente), enquanto este tem uma posição histórica subalterna, injusta, causada por um sistema sócio-econômico e político excludente, expropriador e opressor. Todo agente - leigo ou religioso - é remetido à história, o que exige constantemente o desinstalar e deslocar em direção ao povo, o sensibilizar e identificar-se com a causa do povo, o lutar e acreditar com e pelo povo na busca do novo amanhã, o conviver e viver no cotidiano com o povo. Esta atitude converte ( = transforma) profundamente as perspectivas e práticas do agente rompe-se com toda estrutura ou sistema que se apresenta como grilhões da morte. Ruptura que acontece pela práxis libertadora e não fruto da «geração espontânea», da prática natural de todo sofredor, da realidade conquistada por apenas urna «boa vontade» ou mudança em apenas uru nível (por exemplo, geográfico: morar na favela). Nesse sentido, toda pessoa - leiga (do meio popular ou não) ou religiosa - tem que passar por uma profunda e constante redefinição de sua história em todas as dimensões níveis, para tomar-se o agente popular transformador. Um leigo que queira inserir-se terá que se engajar pela práxis transformadora, independente tia posição social. Corre-se o risco de pensar que o homem empobrecido, por estar imerso numa situação de pobreza, automaticamente esteja num processo de inserção. O educador Paulo Freire lembra: «Os oprimidos não obterão a liberdade por acaso, senão procurando-a em sua práxis e reconhecendo nela que é necessário lutar para consegui-la. (...) Mas, quase sempre, durante a fase inicial de combate, em lugar de lutar pela liberdade, os oprimidos tendem a converter-se eles mesmos em apressares ou em 'sub-opressores'. A própria estrutura de seu pensamento viu-se condicionada pelas contradições da situação existencial concreta que os manipulou. Seu ideal é serem homens, mas, para eles, serem homens é serem apressares. Este é seu modelo de humanidade. Tal fenômeno provêm de que os oprimidos, num dado momento de sua experiência existencial, adotam uma atitude de 'adesão' em relação ao opressor. Nestas condições, lhes é impossível 'vê-lo' com suficiente lucidez pata objetivá-lo, para descobri-lo 'fora de si mesmo'. Isto não quer dizer
necessariamente que os oprimidos não tenham consciência de que são pisados. Mas o estar imersos na realidade opressiva impede-lhes uma percepção clara de si mesmos enquanto oprimidos». Também o agente religioso inserido, para não cair numa generosidade inconseqüente, numa prática legitimada e reprodutora da injustiça, deverá redefinir, permanentemente, a sua vida. Para isso, o religioso descobre que a inserção em nosso contexto histórico é a forma mais desafiadora e redefinidora para esse doar a vida pelo outro, o que favorece (poderá favorecer) uma profunda conversão. É um novo e permanente êxodo em direção aos desservidos do sistema capit4ista, no caso de nossa realidade. Mas o que é inserir-se a partir da Pastoral da Saúde? Que implicação ocorre no nível da perspectiva e tia prática no trabalho à saúde através tia inserção? Tendo a visão de inserção que explicamos acima, só urna práxis em favor tio empobrecidos na luta pela vida viabilizará a articulação inserção e Pastoral da Saúde. Assumindo o compromisso em defesa e promoção da vida (saúde integral) do povo, penetra-se no referencial biológico, econômico, social, político e ideológico que estrutura o processo histórico responsável pelo apequenamento da vida entre nós. É a Pastoral da Saúde como prática política contra o processo acumulativo, produtivo hegemônico, e a favor de uma organização popular, coletiva, libertária, que assegura vida pata todos. A inserção possibilita uma conscientização que cobra organização coletiva, que, por sua vez, mobiliza o povo em direção à libertação integral. Ou seja: «é a partir da inserção do agente (leigo ou religioso) no povo, que este poderá elevar seu nível de consciência, organização, luta» (Cl. Boff); luta responsável pela transformação de toda realidade opressiva, injusta. A Pastoral da Saúde, através da inserção, apresenta características fundamentais, como: a) um serviço do povo e ao povo; b) prática concreta viabilizada através de uma profunda inculturação na vida e na história do povo; c) um amor incondicional a nosso povo; d) uma prática que transforma toda situação ou estrutura anti-vida; e) uma ação-opção preferencial pelos empobrecidos etc. Acreditamos que a inserção introduz a Pastoral da Saúde nutria experiência de ruptura com toda ordem institucional mortífera, com todo sistema sócio-politico nefasto e com os agentes dos ídolos (deuses sangüinários) que semeiam a negação da vida na história do povo injustiçado. Assume uma penetração kenótica entre os que a sociedade considera escória, pária, perigoso, marginal, preguiçoso etc. para resgatar, defender e promover milhões de vidas que clamam por libertação. E mais. Sem um compromisso em prol dessa libertação do homem todo e de todos os homens - preferencialmente os empobrecidos -, a saúde continuará sendo fonte de lucro, garantia para uma minoria, ausência na vida da imensa maioria. No nosso contexto histórico, o novo na Pastoral da Saúde passa impreterivelmente pela inovação da práxis junto aos «porões da humanidade». Dentro desse submundo do pobre, define-se evangelicamente o que priorizar, acreditar e promover, a quem acolher e defender, como organizar e lutar... para se chegar à conquista de uma sociedade onde os «sinais de morte» por exemplo, fome, violência, manipulação, des-serviços ao enfermo) sejam subjugados, destruídos pelos «sinais de vida» por exemplo, saúde comunitária, alimentação alternativa, diretos à vida e aos meios de vida garantidos). Por isso, viabilizar a inserção é a saída pata que a Pastoral da Saúde subverta a estruturação anti-vida vigente, através de práticas que construam uma sociedade com corpos sãos, livres, bonitos, respeitados, servidores, fraternos, esperançosos. É a utopia cristã da vida digna, plena, piorando pata todos os filhos de Deus. Luiz Augusto de Mattos – Frade da Ordem dos Agostinianos, professor de Teologia Moral do Rio de Janeiro
PARA SE TER E FAZER BEM UM TRABALHO DE SAÚDE COMUNITÁRIA Cada comunidade tem suas própria características, marcadas por fatores os mais diversos (culturais, sociais, econômicos, geográficos etc.). Também na área da saúde, há diferenças entre uma comunidade e outra. Mas alguns elementos que dizem respeito à saúde são gerais, se aplicam a qualquer situação. Por isso, ao se falar sobre saúde comunitária, convém entender primeiro algumas questões básicas, como o que é saúde c doença, o que é saneamento etc. Esta é a proposta deste texto, que só será enriquecido com a experiência c participação de cada agente de saúde, cm sua própria comunidade. 1- Conceito de saúde Não basta cuidar da saúde do povo, é preciso cuidar das condições de vida. Estas são muito mais importantes que os recursos médicos. O fator determinante do nível de saúde é o conjunto de fatores que interferem nas condições de vida da pessoa. No passado, era muito valorizada a bagagem genética. Hoje, sabe-se que a interferência genética nas doenças é uma causa apenas secundária. Os fatores que, na verdade, condicionam o nível de saúde do povo são: . interferência genética, peso de menos de 1%, . recursos de saúde (médico, hospital, remédio, ambiente), até 30%; . nível de vida (alimentação, moradia, escolaridade etc.), até 70%, sendo, portanto, o condicionamento mais importante. Definição de saúde - A VIII Conferência Nacional da Saúde (17 a 21 de março de 1986) definiu a saúde como «a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. Assim, a saúde é, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida». Podemos perceber logo que o enfoque é colocado sobre a sociedade, a comunidade, c que o objetivo é «proporcionar saúde» antes de tudo. Toda visão de saúde deve passar pelo entendimento de que, sem uma mudança do sistema no qual estamos vivendo, nunca haverá saúde para cerca de 70% da população brasileira. 2 . Saúde comunitária Pode-se conceituar saúde comunitária como a reunião de todas as ações da comunidade que contribuam para a promoção, prevenção e recuperação da saúde de todas as pessoas dentro de sua realidade, para que todas tenham vida. As preocupações da saúde comunitária devem centrar-se nas seguintes ações: - conscientizar o povo sobre seus direitos á vida e seus deveres de lutar por condições dignas: alimentação, educação, trabalho, transporte, emprego, terra, lazer, liberdade, saneamento básico, acesso aos serviços de saúde; - ajudar o povo a ser agente de saúde e não objeto dela; - capacitar o povo para desenvolver ações básicas de saúde e formar agentes escolhidos dentro da própria comunidade;
- organizar o povo para que reivindique os seus direitos; - articular a saúde comunitária com postos de saúde e hospitais; - recuperar e valorizar a sabedoria do povo: remédios caseiros, sua fé e religiosidade; - centrar esforços na educação transformadora da comunidade. 3 - Ação comunitária Para qualquer trabalho de saúde comunitária, o primeiro passo é conhecer a comunidade. 3.1.1 Informação - Para realizar uma ação de saúde com a participação comunitária, é necessário conhecer a comunidade, seu modo de vida em particular, a maneira de pensar de seus moradores. Deve-se levar em conta que a ação programada deve ser, sempre, uma resposta às necessidades da comunidade. E toda atividade educativa deve ser direta c de forma a ser entendida por todas as pessoas. 3.1.2 0bjetivos - O conhecimento da comunidade objetiva dirigir o trabalho dos orientadores e o atendimento às necessidades básicas de saneamento, essenciais à comunidade. 3.1.3 Procedimentos - Para se trabalhar bem com a comunidade, é preciso aumentar sempre o que se sabe sobre ela e passar para outras pessoas as informações a respeito de: . seus aspectos geográficos (clima, vegetação, tipo de solo etc.), . seus habitantes (quantos são, que tipo de trabalho fazem, quem são as autoridades, que entidades atuam), . suas condições de vida (tipos de habitação, hábitos alimentares e de higiene, os recursos existentes etc.). Através de observações, conversas, entrevistas, reuniões, questionários c outros meios, é possível obter as informações necessárias ao conhecimento desejado. Também será essencial conhecer: . serviços de saúde disponíveis, . atividades de saúde desenvolvidas, . colaboração dos demais serviços de saúde ao trabalho proposto, . outras entidades existentes c suas atividades (sindicatos, associações de bairros, movimentos populares etc.), . colaboração que outras pessoas da comunidade poderiam dar ao trabalho do agente de saúde e orientador de saneamento. É sempre aconselhável fazer um relatório escrito do levantamento, para deixar registradas as informações. 3.2 O passo seguinte é a divulgação c interpretação das atividades educativas relacionadas com a saúde. 3.2.1 Informação - A divulgação c a interpretação das atividades educativas devem ser feitas para que todos tomem conhecimento do que vai ser feito c de sua importância. 3.2.2 0bjetÍvo - A finalidade dessa ação é buscar a participação comunitária, a partir do conhecimento do que se pretende fazer. 3.2.3 Procedimentos - Para a divulgação, podem ser utilizados : rádio ou alto-falante; visitas a escolas, atingindo também as crianças e jovens; cartazes c faixas colocados em locais bem visíveis; visitas domiciliares. Uma boa divulgação deve apresentar mensagens claras, objetivas, simples com idéias completas. Para a interpretação, são aconselháveis reuniões de grupos, assembléias, visitas domiciliares ou encontros nos postos de saúde, com apresentação de cartazes e slides.
A interpretação exigirá uma identidade perfeita entre a linguagem do orientador e a linguagem do povo. É de uma interpretação bem feita que resulta o conhecimento; este gera a conscientização, que produz a motivação e, consequentemente, a adesão aos projetos, ou seja, a participação comunitária. 3.3 0rientação - O que se pretende é que a comunidade mude sua atitude em relação às coisas da saúde. E, para isso, é essencial que a pessoa esteja bem informada sobre a importância c necessidade da mudança. 3.3.1 Informação - Sem saber a razão de alguma coisa, dificilmente alguém vai aderir a uma causa. Também para que haja mudança de atitude da comunidade, será necessário que haja mudança no comportamento das pessoas que a formam. Por isso, têm importância as ações que cada um realiza, por si próprio, para melhorar suas condições de saúde. Por exemplo: passar a beber água fervida, levar os filhos para vacinação nas épocas certas, cuidar da higiene do corpo e da casa, ter alimentação mais adequada. Algumas pessoas precisam de nossa orientação, tanto para serem estimuladas para essas mudanças, como para aprenderem algo que já querem fazer em suas casas. Uma orientação nunca deve ser imposta, mas sempre estimulante e incentivadora. 3.3.2 0bjetivos – Estimular as pessoas à mudança. 3.3.3 Procedimentos - Ao se uma orientação a uma ciso saber o grau de consciência da tem sobre o que se vai ensinar. Isso porque as atividades individuais, se realizadas conscientemente, se transformarão em bons hábitos, que irão contribuir muito para a melhoria das condições locais de saúde. Convém dialogar constantemente com as pessoas ou grupos de pessoas sobre o que ela sabe a respeito do assunto no qual você quer orienta-la. E volte a tratar do mesmo tema, sempre que for possível c notar resistência. Continue insistindo no diálogo, de forma simpática.
O PADRÃO HOSPITALAR CAMILIANO TEM QUE SER O MELHOR Entendemos por padrão hospitalar a qualidade do serviço que é prestado por um hospital. Como a qualidade, em geral, é composta de graduações que, em comparação ao imaginário perfeito, assumem configuração bem claras de aproximação e distanciamento, o mesmo ocorre com o serviço prestado por um hospital. Acompanha indissociavelmente a trajetória da sua qualidade. A necessidade de um padrão hospitalar decorre da iniludível necessidade do próprio hospital para a manutenção e/ou recuperação da saúde das pessoas. A pessoa com saúde ou saudável tem chances de realização muito mais elevadas do que a pessoa doente. A realização pessoal carrega em seu bojo indícios de uma felicidade plena. O hospital, na vida da pessoa, tem muito que ver com sua realização. É por isso que o cognominamos de guardião da vida da comunidade. Por tratar de pessoas que só se completam quando todos os seus componentes físicos e psicológicos funcionam a contento, o hospital nunca pode errar. Se o fizer, estará correndo o risco de diminuir ou até selar em definitivo a vida de uma pessoa. Estará truncando irrecuperavelmente um projeto que poderia traduzir-se num rosário de benefícios pessoais e comunitários. O cerro está presente no hospital na proporção inversa do seu padrão. O hospital é, reconhecidamente, também um instrumento de aprendizado e realização profissional dos agentes de saúde. A qualidade do serviço que presta é uma das condições para que tanto o aprendizado quanto a realização se arvorem em verdadeiro padrão.
O padrão hospitalar elevado dá ao nosocômio a possibilidade concreta de oferecer uma hospedagem cômoda, de atenuar os traumas de um tratamento por intervenção dolorida e sempre indesejada e de fazer com que a pessoa se sinta sujeito e não objeto do atendimento. Ao invés de cliente, o paciente é recebido como hóspede. O padrão hospitalar elevado facilita e acelera a cura da pessoa. Diminuem, com isso, as dor. Cessam as ânsias. Com a recuperação mais rápida, a pessoa passa a viver mais tempo e mais intensamente. Como corolários, temos resultados humanos, técnicos e econômicos proporcionalmente acentuados. Uma das causas de mortalidade e de seguidas reinternações é a chamada infecção hospitalar. Sua intensidade está também na proporção inversa do padrão hospitalar. O que todo paciente deseja, ao se internar, é, ao menos, segurança. Esta é resultante do preparo e satisfação dos profissionais, de uma correta administração, que supra as necessidades do hospital, e ainda de instalações e equipamentos que respondam á altura de sua demanda. A preocupação com o padrão hospitalar é muito antiga. Há 400 anos, São Camilo de Léllis, administrador do Hospital São Tiago, em Roma, queixava-se amargamente de que a diretoria da entidade mantenedora fechava negócios para o fornecimento ao hospital de produtos de péssima qualidade. Também por causa disso, desistiu da função e preferiu dedicar-se só ao atendimento direto ao paciente. Embora lamentemos essa decisão, alcunhando-a de simples fuga, não podemos deixar de elogiar sua preocupação de defender ao menos aquele que, no hospital, além de mais fraco, não tem em geral nem voz e nem vez: o paciente. Um trabalho sistemático de fixação e elevação gradativa do padrão hospitalar foi introduzido pela primeira vez em 1918, nos Estados Unidos da América, por obra e mérito do Colégio Americano de Cirurgiões. Fixava condições mínimas, sobretudo no que concentre à documentação dos pacientes, para que os hospitais fossem credenciados a realizar cirurgias. Em quatro anos, mais de 80% dos hospitais americanos já ostentavam as condições exigidas. Em 1951, um grupo de entidades fundou a Comissão Conjunta de Acreditamento de Hospitais, entidade mantida pelos próprios hospitais e com o encargo de orientar e aferir o desempenho de cada hospital americano e a conseqüente fixação de seu padrão. Coube a iniciativa ao Colégio Americano de Cirurgiões, ao Colégio Americano de Médicos Clínicos, à Associação Americana de Hospitais e à Associação Médica Americana e Canadense. Em 1959, o Canadá se retirou, fundando uma entidade própria, que denominou de Conselho Canadense de Acreditamento de Hospitais. Em 1961, fixou um quadro de pessoal com dedicação exclusiva para aperfeiçoar e aplicar a cada dois anos, em todos os hospitais americanos, o roteiro de avaliação, que é extremamente detalhado e preenche vários volumes, além de conter especificações para cada tipo de hospital. Os hospitais, além disso, se auto-avaliam a cada mês, através do levantamento de informações que são enviadas à Comissão Conjunta, para controle e divulgação de uma estatística hospitalar americana. Esse trabalho foi coroado de pleno êxito quando o Congresso Americano, em 1965, fixou em lei os padrões elaborados pela Comissão Conjunta. Nenhum hospital americano pode, hoje, desenvolver sua atividade se não se enquadrar nesses padrões. No Brasil, nunca houve real interesse, nem por parte dos órgãos públicos e muito menos por parte das instituições de classe hospitalares, em fixar e implantar padrões hospitalares. Foram publicados vários artigos sobre padrões mínimos de funcionamento de hospitais, sem resultados práticos. O INPS inicialmente e depois o INAMPS implantaram a classificação hospitalar para os hospitais que, com os mesmos, mantém convênio. Além de ser um instrumento estático e não dinâmico, e além de deixar na imobilidade os hospitais cuja classificação os elevou à primeira
categoria, é encarado por todos como um simples expediente de conseguir uma remuneração um pouco melhor. Houve casos até, e não poucos, de hospitais que encomendavam equipamentos variados e caros, bem como contratavam profissionais específicos, só para o dia da aplicação da classificação. Realizada esta, os equipamentos eram devolvidos e os profissionais dispensados. Em 1975, quando ocupávamos o cargo de coordenador da Coordenação de Assistência Médica e Hospitalar do Ministério da Saúde, elaboramos a Classificação Hospitalar Brasileira, publicada no livro «Avaliação do Hospital». Propúnhamos que a mesma fosse aplicada e financiada pelos próprios hospitais, em etapas escalonadas de aperfeiçoamento, de forma que, em cinco anos, a maioria dos hospitais brasileiros se encontrasse em patamares razoáveis no que concentre à qualidade da sua prestação de serviços. O Ministério da Saúde e o da Previdência e Assistência Social aplaudiram a iniciativa. Os hospitais a enterraram. Em grande parte, o atraso dos hospitais brasileiros se deve, também, a isto. Não sendo exigido um padrão, o hospital fica ao sabor da preparação e/ou interesse de seus proprietários. Quando se encerrou o XVIII Congresso Internacional de Hospitais, em 1969, em Dusseldorf, na Alemanha, há, portanto, 19 anos, seu presidente declarou enfaticamente: de hoje esta diante, o hospital do mundo que não tiver UTI não poderá se chamar mais hospital. No Brasil, decorridos esses 19 anos, não chega a 5Vv o número de hospitais que dispõem de UTI. A fixação, portanto, de um padrão hospitalar é uru trabalho que reiniciamos novamente. Agora, em âmbito restrito, no seio dos hospitais camilianos próprios, assessorados ou administrados, temos a certeza de estarmos plantando uma arvorezinha que, com o tempo, crescerá, produzirá frutos e, quem sabe, se reproduzirá por todo esse nosso imenso Brasil, dando aos pacientes melhor guarida e aos serviços de saúde indiscutível apoio. Niversindo Antonio Cherubin – Sacerdote Camiliano, superintendente as Beneficência Camiliana do Sul.
NA PARÁBOLA DO SAMARITANO, A MISERICÓRDIA QUE GERA VIDA EM ABUNDÂNCIA. Tome a Bíblia e leia Lucas 10, 29-37. É uru trecho conhecido de todos quantos trabalham na Pastoral da Saúde. Mas sempre é bom revé-lo. O texto nos coloca a nós, que desejamos ser homens de luta e de fé, frente a uma situação toda especial, vivida por Jesus de Nazaré. Jesus, o homem que assumiu o Reino de Deus, trazendo vida, e vida cm plenitude, não se poupou ao ensinar como deveria ser o nosso comportamento frente aos sistemas de anti-vida. Veremos que o sistema institucional de seu tempo, há quase 2 mil anos, não era tão diferente do que temos hoje. Tem-se a impressão até de que a história brinca com os homens. Veremos que essas instituições não eram administradas por pessoas estranhas ao sistema religioso, pois eram os próprios sacerdotes que lideravam tanto no campo político como no religioso, tanto no que diz respeito ao sagrado quanto ao profano. Como nossa reflexão está sob uma oração-ação e ação-oração, refletiremos, também, e em especial, sobre os símbolos religiosos sagrados da época de Jesus e na nossa atualidade. Na época, as instituições políticas e religiosas coabitavam o mesmo teto: o templo. E usavam as mesmas justificativas para a sustentação do sistema gerador de anti-vida/morte.
O Samaritano Em primeiro plano, vejamos quais os personagens ativos do relato do evangelista: . o sacerdote - representa a instituição (cf. Dt 18, 6-7; Ez 48,11); . o levita - representa a instituição e a lei (cf. Num 3,5ss); . o samaritano - homem excluído do templo e de Jerusalém. Ele pertencia à Samaria, reino do Norte, enquanto Jerusalém pertencia ao reino do Sul. Entre os dois, existia uma grande rivalidade, mesmo referente ao culto. Vejamos, agora, quais os sinais fortes (simbologia) que o relato nos apresenta: . o óleo - unção sacerdotal e real - «fazer messias» (Cristos); . o vinho - era usado nas festas judaicas e na comunhão - aliança. O presidente, nessa cerimônia, era o Pai (Gn 14, 18-20); . o hospedeiro - aquele que exercia a diaconia, trabalho que o próprio Jesus identificou como a sua missão, quando servia c dizia que viera para servir (cf. Lc l0,38); Vejamos também o que significam Jerusalém, Jericó e os assaltantes. . Jerusalém - lugar da exploração, feita pelos sacerdotes com seus pesados impostos sobre o povo. Também era o lugar do culto sagrado, dirigido de igual modo pelos sacerdotes; . Jericó - lugar da nova manifestação da salvação. Lá, Jesus se manifesta como perdão a Zaqueu e cura o cego Bartimeu; . os assaltantes - eram os sacerdotes que roubavam com seus impostos, sem preocupação de qualquer espécie para com o pobre, o órfão e a viúva. Eram os exploradores que arrancavam o último real da viúva, tendo como justificativa a «lei sagrada».
Hoje O sistema de anti-vida reinante em nossa sociedade não está distante daquele vivido pela sociedade judaica no tempo de Jesus. Basta darmo-nos conta de que a nossa situação legalista, normativa e piramidal funciona perfeitamente, com os devidos estigmas de que «quem tem pode tudo, quem não tem nada pode». Quanto à situação religiosa, não sentimos grande diferença: o sacerdote não pode contaminar-se com o impuro. Portanto, concluímos que a vida não tem grande importância, mas sim a norma, a lei, a regra. Assim, a pessoa passa a ser tratada como um objeto, e a entramos no mundo da fetichização: o objeto passa a ser sujeito, e o sujeito passa a ser objeto. O homem passa a ser coisa e não mais a imagem e semelhança de Deus. Sacralizam-se as coisas e se coisifica o humano. O levita, em obediência cega à lei, não pode atender, e menos ainda cuidar dos inimigos. Sobressai a lei, e a pessoa pode morrer de fome, verminoses, febre amarela, doença de Chagas, câncer, tuberculose, lepra, frio, sede etc. E dentro de nossas casas? Na nossa comunidade, no nosso meio social? Cabe a cada um refletir pessoalmente: qual a maneira de matar ou deixar morrer o ser humano que dizemos comungar juntamente com o Cristo na Eucaristia. 0 texto O samaritano não pergunta pela causa da dor, da miséria; atende ao ser humano que está quase sem vida. Não busca razões para o sofrimento; trata imediatamente. Não examina se o outro tem razão ou é culpado; ama porque é seu semelhante. Não faz indagação alguma; carrega-o no seu
jumento. Não convida a uma oração de cura; cura. Não busca o grau de responsabilidade; assume a problemática com todas as suas conseqüências. Não procura saber qual a posição social; dispensa atenção igualmente. Não leva em consideração o fato de ser inimigo; atende a necessidade premente. Não espera recompensa; doa-se gratuitamente. Quem escuta a Palavra não pode ficar de braços cruzados. 0 agente de Pastoral O homem que se dispõe a servir deparará com situações coma esta, constantemente. E, no momento da necessidade, a única salda é atende-la. O bom samaritana, o homem expurgado do convívio da santidade, do templo, da presença de Deus, mostra ser - e prova com sua atitude - aquele que usa de misericórdia para com seu semelhante, seja de quem for. Esse personagem livre, fora das amarras ideológicas da lei, geradora da morte, dispensa sua vida, seus afazeres, obrigações, negócios, planos outros, para cuidar do seu próximo que está semimorto. A disponibilidade e a criatividade do agente da vida devem funcionar e estar em alerta para, a cada momento, enfrentar, no Ímpeto da fé e do amor, situações que provavelmente o tirarão do comodismo e do caminho rotineiro que estava acostumado a trilhar. Jesus, o Cristo, incomoda até os mortos (Lázaro). Portanto, somos felizes, porque temos este questionador que nos impulsiona para gerar vida, e vida em plenitude. ÉTICA E SAÚDE
OS PROBLEMAS LEVANTADOS PELA UNÇÃO Vários sacramentos levantam hoje sérios questionamentos não apenas na prática pastoral, mas, por vezes, numa teologia contextualizada na cultura atual ( como falar em transubstanciação eucarística? Perguntou o Pe. Schillebeeck), e não somente a nível de especialistas, mas amiúde entre fiéis mais avisados. A Unção dos Enfermos pertence a esse elenco. Não se trata aqui de como, de fato, essas dúvidas são contornadas. A questão do ministro deste sacramento é contornada simplesmente pela incuriosidade a respeito do passado desse rito e dos eventuais empecilhos pastorais que sua administração multiplicará amanhã; ora porque o ministro certo não estará no lugar certo, no momento conveniente, ora porque este ministro não reconhecerá mais no pedido da família uma adequada motivação eclesial, ora por falta de interesse por parte do público. Por enquanto, a autoridade hierárquica mantém o monopólio sacerdotal. Não vemos, porém, argumento decisivo, bíblico, teológico ou cultural, que se oporia no futuro a uma revisão desta norma. Caiu o Segundo Templo de Jerusalém e nem os israelitas que governam a cidade santa pensam em sua reconstrução, sinal provável de que os homens não são para o sábado, mas o sábado para os homens. Aí vêm outros conselhos para se estiver pontos nevrálgicos. 1) Ainda que num contexto de iminência de morte, preferir desenvolver o tema dos eventuais benefícios físicos para a recuperação biológica do paciente, como convida a fórmula sacramental (na parte que se pode omitir ou substituir): “Concedei-lhe plena saúde de alma e corpo a fim de que, restabelecido pela vossa misericórdia, possa retomar as suas atividades...”O costume fortemente enraizado na prática hospitalar e observado a maioria das vezes pelas famílias é de chamar o sacerdote apenas quando o doente já perdeu a consciência (duplo benefício: a questão da
confissão assustará com o rito) e os familiares perderam toda esperança de recuperação. Ao chegar, à pergunta se o enfermo ‘r católico, o padre recebe a resposta: “a família é muito católica” (subentendido: como o prova este chamado). A resposta é muito esclarecedora: em questão não estão tanto as disposições reais do moribundo quando a vontade dos próximos de se desculpabilizar. A família costuma atribuir maior importância à encomendação do corpo no velório do que à unção, e maior importância à unção (por vezes confundida com uma bênção simples, a qual basta em não poucas ocorrências, conforme o próprio pedido recebido) do que à confissão e ao viático de que falam os manuais. O chamado de último momento é justamente percebido como a prática que menos incomoda a todos. Se a situação não for tão extrema, a promessa do milagre será geralmente bem-vinda (fora os casos em que o interesse seria antes apressamento do bem morrer). Para reforçar esta esperança terrestre de problemática cura, não convém omitir a leitura evangélica de algum milagre de cura, oportunidade em que se explica como a Igreja atual rechaça todo dualismo para uma salvação que deve ser total. “Salvação”, “libertação” devem escapar à perversa influência da dicotomia grega. Para muitos, o ideal seria que a cerimônia dispensasse qualquer referência à morte biológica. De cura em cura, quem sabe se não chegaremos à imortalidade de fato? Nesta perspectiva, mais de um carismático está convencido de que não multiplicamos as curas por imposição das mãos apenas por falta de fé nossa. 2) A segurança recomendação almeja supor, mesmo na ausência de qualquer indício neste sentido, que o moribundo que nunca solicitou assistência religiosa e poço se importou com normas eclesiais durante a vida, de repente, misteriosa e secretamente, converte-se. Pode ser. O problema é de até onde tirar conseqüência a partir do improvável. 3) Numa alocução sobre os últimos momentos do batizado, não convém duvidar que o viático seja realmente o último sacramento. A maioria dos cidadãos urbanos morre no hospital; a maioria dos moribundos hospitalares carece da faculdade de falar e de engolir: questão de aparelhos, questão de consciência, questão de funções e disposições mentais. É por erro, porém, que a unção é considerada como sendo o último sacramento. Mas qual outro sacramento poder-se-ia administrar ao adulto inconsciente? Na prática, a teoria é outra. 4) Não convém salientar que a assistência desejável ao moribundo é mais uma presença ou ajuda qualitativa do que quantitativa. Sem negar situações exemplares, sabemos que há casos de carência assistencial e, ao extremo, famílias que durante horas ou dias invadem o silêncio dos doentes e lhe roubam qualquer derradeiro sossego (podendo prejudicar tanto a enfermagem quanto a visita do ministro religioso ou o simples desejo de paz do doente): não pretendemos receitar a medida certa, apenas chamar a atenção no ponto. É obvio que, a priori, o doente gosta da presença dos realmente próximos e amados; o antigo rito monástico desenrolava uma ampla liturgia e tinha sabor estético e nobreza sacra. Sem esquecer a música preferida, para os estetas menos religiosos mantidos longe da mofina. 5) Apesar da insistência em desvincular a unção e a morte, o povo não parece ainda convencido; resta lastimar o relativo desuso atual do sacramento da Carta de Tiago. Considera-se “muito católica” a família que cultiva a idéia de que este sacramento abre o céu quase que independentemente da vida passada e das disposições presentes do maior interessado (interessado?). Não será o formalismo ritual a transposição duma sociedade civil burocrática para a sociedade dos eleitos? Constatei o cuidado com que capelães de um passado não remoto caligrafavam, rubricavam o nome dos ungidos como se estivesse recém-casados, sem dispensar a entrega de certidão.
São Pedro precisa olhar esses registros? A certidão é para entrar onde? No velório, no cemitério? Graças a Deus, ninguém mais exige este inútil atestado. Hubert Lepargneur – Sacerdote camiliano, teólogo moralista Comunidade de São Paulo.