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DIA MUNDIAL DO DOENTE Datada de 8 de dezembro do ano passado, o Papa João Paulo II divulgou mensagem preparatória para o Dia Mundial do Doente, que a Igreja Católica celebra, a nível universal, a 11 de fevereiro, na festa de Nossa Senhora de Lourdes. No Brasil , CNBB, como de hábito, prefere manter, como é de sua competência, a data da festa de São Camilo (14 de julho ou o domingo mais próximo desse dia) para essa celebração especial. Assim, o Dia Nacional do doente, entre nós, deve ser celebrado, este ano, a 10 de julho (domingo), sugerindo-se aos agentes de Pastoral que o marquem com atividades especiais, apropriadas à situação vivida em cada comunidade. A íntegra da mensagem do Papa é a seguinte, conforme publicação do “L’Osservatore Romano”, em sua edição de 19 de dezembro do ano passado: 1. A vós, caríssimos irmãos e irmãs, que trazeis no corpo e no espírito os sinais do sofrimento humano, dirijo com afeto o meu pensamento na significativa celebração do Dia Mundial do Doente. Saúdo em particular a vós, doentes que tendes a graças da fé em Cristo, Filho de Deus vivo, que se fez homem no sei da Virgem Maria. Nele, solidário com todos os que sofrem, crucificado e ressuscitado para a salvação dos homens, vós encontrais a força de viver o vosso sofrimento como “dor salvífica”. Quereria poder encontrar-me com cada um de vós, em todos os lugares da terra, para vos abençoar no nome do Senhor, que passou “fazendo o bem e curando” os enfermos (At 10,38). Quereria poder estar ao vosso lado para consolar as penas, sustentar a coragem, alimentar a esperança, de modo que cada um saiba fazer de si um dom de amor a Cristo, para o bem da Igreja e do mundo. Como Maria aos pés da Cruz (cf. Jo 19,25), desejo deter-me junto do calvário de tantos irmãos e irmãs, que neste momento são martirizados por guerras fratricidas, detinham nos hospitais ou estão de luto pelos seus entes queridos, vítimas da violência. O Dia Mundial tem, este ano o mais solene momento de Czestochowa, para implorar da intercessão materna da Beatíssima Virgem o dom divino da paz, juntamente com o conforto espiritual e corporal das pessoas doentes ou sofredoras, que em silêncio oferecem à Rainha da Paz os seus sacrifícios. 2.Por ocasião do Dia Mundial do Doente, desejo chamar a vossa atenção, enfermos, agentes sanitários, cristãos e todas as pessoas de boa vontade, para o tema da “dor salvífica”, isto é, para o significado cristão do sofrimento, argumento sobre o qual me deti na Carta Apostólica Salvifici Doloris, publicada a 11 de fevereiro de há dez anos. Como se pode falar de dor salvífica? O sofrimento não é porventura obstáculo à felicidade e motivo de afastamento de Deus? Sem dúvida, existem tribulações que, sob o ponto de vista humano, parecem desprovidas de qualquer sentido. Na realidade, se o Senhor Jesus, Verbo Encarnado, proclamou “Bem-aventurados os aflitos” (Mt 5,4), é porque existe um ponto de vista mais alto, o de Deus, que chama todo à vida e, ainda que através do sofrimento e da morte, ao seu Reino eterno de amor e de paz. Feliz a pessoa que consegue fazer resplandecer a luz de Deus na pobreza duma vida sofrida ou diminuída! 3. Para fazer com que esta luz atinja o sofrimento, devemos, antes de mais nada, escutar a Palavra de Deus, contida na Sagrada Escritura , que se pode definir também como “um grande livro sobre o sofrimento” (Salvifico Doloris, 6). Nela, com efeito, encontramos “um vasto elenco de situações dolorosas para o homem”(ibid.,7), a multiforme experiência do mal, que suscita inevitavelmente o interrogativo: “Por quê?” (ibid., 9).


Essa pergunta encontrou no Livro de Jó a sua expressão mais dramática e, ao mesmo tempo, uma primeira resposta parcial. A vicissitude daquele homem justo, provado de todos os modos, não obstante a sua inocência, demostra que “não é verdade que todo o sofrimento seja conseqüência da culpa e tenha caráter de castigo” (ibid., 11). A resposta plena e definitiva a Jó é Cristo, “na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo Encarnado se esclarece verdadeiramente”(Gaudium et spes, 22). Em Cristo, também o sofrimento é assumido no mistério da caridade infinita, que se irradia de Deus Trindade e se torna expressão de amor e instrumento de redenção, isto é, se torna dos salvífica. É de fato o Pai que escolhe o dom total do Filho, como via para restaurar a aliança com os homens, a qual se tornou ineficaz pelo pecado: “Deus amou de tal modo o mundo que deu o seu filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). É o Filho que “se encaminha para o próprio sofrimento, consciente da força salvífica deste; e vai, obediente ao Pai e, acima de tudo, unido ao Pai naquele mesmo amor, com o qual ele amou o mundo e o homem no mundo”( Salvici doloris, 16). É o espírito Santo que, pelos lábios dos Profetas, anuncia os sofrimentos que o Messias voluntariamente abraça, em favor do homens: “Ele tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores... O Senhor carregou sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is 53, 4-6). 4.Admiremos, irmãos e irmãs, o desígnio da sabedoria divina! Cristo “aproximou-se do mundo do sofrimento humano, sobretudo pelo fato de ter ele próprio assumido sobre si este sofrimento”(Salviici doloris, 16); tornou-se em tudo semelhante a nós, exceto no pecado (cf. Heb 4,15; 1 Ped 2,22), assumiu a nossa condição humana com todos os seus limites, inclusive a morte (cf. Fil 2,7-8),ofereceu a sua vida por nós (c. Jo 10,17; 1 Jo 3,16), para que nós vivêssemos a vida nova no espírito (cf. Rom ,4,8,9-11). Acontece às vezes que, sob o peso de uma dor aguda e insuportável, alguém dirija uma censura a Deus, acusando-o de injustiça; mas o lamento morre nos lábios de quem contempla o Crucificado, que sofre “voluntariamente” e “ inocentemente” (Salvifici doloris, 18). Não se pode censurar um Deus solidários com os sofrimentos humanos! 5.Perfeita revelação do valor salvífico da dor é a paixão do Senhor: “Na cruz de Cristo, não só se realizou a Redenção através do sofrimento, mas também o próprio sofrimento humano foi redimido”(ibid., 19). “Cristo abriu o eu sofrimento ao homem” e o homem reencontra nele os próprios sofrimentos “enriquecidos de um novo conteúdo e com um novo significado” (ibid. ,20). A razão, que já acolhe a distinção existente entre a dor e o mal, iluminada pela fé, compreende que todo o sofrimento pode tornar-se, pela graça, prolongamento do mistério da Redenção, a qual, sendo embora completa em Cristo. “permanece constantemente aberta a todo o amor que se exprime no sofrimento humano” (IBID., 24). Todas as tribulações da vida podem tornar-se sinais e premissas da glória futura. “Alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo” – exorta a primeira Carta de Pedro – “para que vos possais alegrar e exaltar no dia em que for manifestada a sua glória”(1Ped. 4,13). 6.Vós sabeis por experiência, caros doentes, que, na vossa situação, mais do que de palavras, há necessidade de exemplos. Sim, todos temos necessidade de modelos, que nos incitem a caminhar pela via da santificação do sofrimento.


Nesta Memória da Bem-aventurada Virgem Maria de Lourdes, olhemos para Maria como para o “ícone vivo do Evangelho do sofrimento”. Percorrei de novo com a mente os episódios da sua vida. Haveis de encontrar Maria na pobreza da cada de Nazaré, na humilhação da gruta de Belém, nas dificuldades da fuga para a terra do Egito, na fadiga do trabalho humilde e abençoado com Jesus e com José. Sobretudo depois da profecia de Simeão, que prenunciava a participação da Mãe no sofrimento do Filho (Lc 2,34), Maria experimentou a nível profundo um misterioso presságio de sofrimento. Juntamente com o Filho, também ela começou a encaminhar-se para a Cruz. “Foi no Calvário que o sofrimento de Maria Santíssima, conjunto ao de Jesus, atingiu um pouco culminante dificilmente imaginável na sua sublimidade para o entendimento humano; mas, misterioso, por certo sobrenaturalmente fecundo para os fins da salvação universal”(Salvifici doloris, 25). A Mãe de Jesus foi preservada do pecado, mas não do sofrimento. Por isso, o povo cristão se identifica com a figura da Virgem das Dores, divisando na dor as próprias dores. Contemplando-a, todo o fiel é introduzido, de modo mais íntimo, no mistério de Cristo e da sua dos salvífica. Procuremos entrar em comunhão com o Coração Imaculado da Mãe de Jesus, no qual se repercutiu, de modo único e incomparável , a dor do Filho para a salvação do mundo. Acolhamos Maria, constituída. Por Cristo que morre, Mãe espiritual dos seus discípulos, e confiemo-nos a ela, para sermos fiéis a Deus no itinerário desde o Batismo até a glória. 7.Dirijo-me agora a vós, agentes sanitários, médicos, enfermeiros e enfermeiras, capelães e irmãs religiosas, pessoal técnico e administrativo, assistentes sociais e voluntários. Como o Bom Samaritano, estai ao lado e ao serviço dos doentes e dos que sofrem, respeitando neles, antes de tudo e sempre, a dignidade de pessoas e, com os olhos da fé, reconhecendo a presença de Jesus que sofre. Acautelai-vos da indiferença, que pode derivar do hábito; renovai quotidianamente o empenho de serdes irmãos, e irmãs para todos, sem discriminação alguma; ao contributo insubstituível da vossa profissionalidade, unida à idoneidade das estruturas, acrescentai o “coração”, o único que é capaz de as humanizar (Salvifici doloris, 29). 8.Faço, enfim, apelo a vós, responsáveis pelas nações, para que considereis a saúde como problema prioritário a nível mundial. Está entre as finalidades do Dia Mundial do Doente realizar uma obra de vasta sensibilização sobre os graves e interrogáveis problemas atinentes à salubridade e à saúde. Cerca de dois terços da humanidade ainda não têm assist6encia sanitária essencial, enquanto os recursos empregados neste setor são com muita freqüência insuficientes. O programa da Organização Mundial da Saúde – “Saúde para todos até o ano 2000” – que poderia parecer uma ilusão, estimule, pelo contrário, uma prova de eficaz solidariedade. Os extraordinários progressos da ciência e da técnica e o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa contribuem para tornar cada vez mais consistente esta esperança. Caríssimos doentes, sustentados pela fé, enfrentai o mal em todas a suas formas, sem vos desencorajardes nem cederdes ao pessimismo. Acolhei a possibilidade, aberta por Cristo, de transformar a vossa situação em expressão de graça e de amor. Então, também o vosso sofrimento se tornará salvífico e contribuirá para completar os sofrimentos de Cristo em favor do seu Corpo, que é a Igreja (cf. Col.1,24).


A todos vós, aos agentes sanitários, a quantos se dedicam ao serviço de quem sofre, desejo graça e paz, salvação e saúde, força de vida, empenho assíduo e esperança indefectível. Juntamente com a assistência maternal da Virgem Santa, Salus infirmorum, vos acompanhe e vos conforte sempre a minha afetuosa bênção. A ARTE DE ENVELHECER Envelhecer – a experiência de se tornar idoso – é um processo tanto mental quanto físico. A qualidade de nosso desempenho em relação à idade é importante para cada um de nós no decorrer de toda a vida, mas particularmente quando nos tornamos mais velhos. A expectativa de vida vem crescendo sensivelmente para a maioria da população, aumentando a participação social da faixa etária de indivíduos com mais de 65 anos. Embora no Brasil sua representatividade ( em torno de 5%) não seja ainda igual à dos países desenvolvidos (11%), um estudo nacional recente constatou que a faixa acima dos 60 anos é grupo etário que mais cresce na população brasileira. A alteração da distribuição etária da população está deslocando o enfoque atual de juventude para a faixa mais idosa, que emerge como uma potente força social, política e econômica, que não pode ser isolada ou ignorada. Os idosos trazem para a velhice a sabedoria e a experiência de uma vida inteira. É tempo de olharmos de uma nova forma a velhice e seus benefícios, necessidades e desafios. A imagem estereotipada da velhice está-se modificando com o aumento da diversidade de padrões e estilos de vida do idoso de hoje. Os indicadores físicos e mentais de envelhecimento são também variados e não correspondem necessariamente à idade cronológica. Os principais acontecimentos da vida ocorrem em épocas diferentes para diferentes pessoas. Para alguns, o casamento e filhos acontecem cedo. Para outros, vêm mais tarde na vida. O período entre 60 e 65 anos significa a aposentadoria para muitos, mas alguns se mantêm em trabalho ativo por muito mais tempo. A época em que você vive afeta as atitudes – suas e as dos outros – em relação à velhice. Ter 70 anos em 1990 é muito diferente do que foi em 1890. A expectativa de uma vida longa e uma realidade do século vinte para a maioria das sociedades ocidentais. O DESAFIO DE ENVELHECER Assim como outros grupos etários, os idosos enfrentam mudanças que desafiam seu bem-estar físico e mental, que incluem:  mudanças de papéis,  mudanças de padrões familiares, de amizades e outras relações sociais,  mudanças na situação econômica,  mudanças de comportamento de corpo e mente,  mudanças de interesses e de oportunidades. Nem todas as mudanças são positivas, mas você pode lidar com a velhice e suas vantagens, experiência e gratificações, assim como com seus desafios, se estiver preparado para enfrentá-los. MUDANÇAS DE PAPÉIS Como um cidadão mais velho, você estará aprendendo novos papéis e obtendo novos privilégios. A aposentadoria do trabalho coloca-lo no papel de “aposentado”. Uma das vantagens é não ter mais que acordar com o toque do despertador.


Outro é dispor de tempo para viajar e visitar lugares que até recentemente eram apenas nomes em guias de turismo. Procure informar-se sobre passeio patrocinados por organizações ou associações locais. Alguns são gratuitos, outros não, mas todos oferecem uma oportunidade de ir a novos e encontrar pessoas diferentes. Desfrute de suas novas experiências. A aposentadoria oferece a oportunidade de se dedicar a atividades interessantes, que podem ser autogratificantes e, ao mesmo tempo, úteis à comunidade. Talvez você não tenha tido tempo anteriormente para se dedicar como voluntário em alguma organização, e gostaria de ser útil agora. Mas o papel de voluntário é novo para você, e você não sabe por onde começar. Uma boa forma de iniciar é procurar serviços públicos de assistência social. A demanda por trabalho voluntário está aumentando, e as atividades voluntárias oferecem muitas opções para o seu espírito de solidariedade, em horários convenientes e em áreas onde seu conhecimento e experiência, ou simplesmente sua boa vontade, possam ser úteis. MUDANÇAS DE PADRÕES FAMILIARES, DE AMIZADES E DE RELAÇÒES SOCIAIS. Talvez você tenha-se tornado avô (ou avó). E aí você já sentiu a alegria da visita dos netos – e o prazer de devolvê-lo aos pais ao fim de uma animada reunião familiar. Avô ou não, dedinhos lambuzados, narizes “escorrendo” e explosões de energia não são mais causa de constante ansiedade. Com o espaço entre você e a geração mais jovem, você será capaz de desfrutar o crescimento de uma outra geração. Você pode representar o vínculo deles com o passado, fazer com que a história adquira vida, porque você fez parte dela. Os jovens podem se surpreender de você também ter sido jovem um dia e até duvidar um pouco, mas eles ouvirão com prazer o que você tiver para contar. Faça questão de lhes comunicar que você também está interessado n que eles têm a dizer. As coisas são diferentes do que eram quando você tinha a idade deles. Os jovens são parte da explosiva era eletrônica atual, com seus vídeos cassetes e computadores. Compartilhe do entusiasmo deles e vocês serão boa companhia um para o outro. Mantenha outros canais de comunicação abertos. Você pode conseguir isto facilmente pelo telefone, não somente para falar com membros da família, mas também para se manter em contato com os amigos, novos e velhos. É um meio conveniente para estabelecer contato com a comunidade, o médico, a igreja ou a sinagoga, a farmácia, o barbeiro ou o cabeleireiro, o banco e outros. Utiliza-o para fazer sua pesquisa comparativa de mercado, como consumidor – do preço de uma passagem de ônibus ao custo de seus remédios. Lembre-se, entretanto, de que, embora o telefone seja excelente, nada supera o contato pessoal. Comunique-se e seja um elemento vital em sua comunidade. Você é um ser social, e é importante para você ver e estar com outras pessoas, compartilhando dos prazeres e mesmo das preocupações dos outros. Agora, mais do que nunca, você necessita expandir suas relações sociais. Utilize sua iniciativa para se informar sobre programas sociais e atividades de grupo disponíveis em sua comunidade. Eles podem ser a resposta à sua necessidade de fazer coisas com outras pessoa. Em algumas comunidades, o transporte público pode ser gratuito ou mais barato para você. Você sabe o que sua comunidade lhe oferece? Agora é hora de descobrir. MUDANÇAS NA SITUAÇÃO ECONÔMICA


Algumas pessoas se aposentam com uma boa renda, ou talvez até se aposentem em uma carreira e dediquem-se a outra, com o benefício de rendimentos adicionais. Estes são os “idosos jovens”, física e mentalmente cheios de vigor. Se você se encontra neste grupo, pode ser a primeira vez que sente alívio da pressão financeira e á capaz de se dar “as boas coisas da vida”, que anteriormente estava, fora de seu alcance. Uma sensação de conforto e realização advém de seu novo estilo de vida e status econômico. Não importa, porém, qual o seu nível de renda. Você está só se estiver preocupado em se proteger da inflação. Se você tem renda ou recursos limitados, a situação se torna ainda mais preocupante. Você está apreensivo com a despesa de ir a lugar ou fazer coisas? A conveniência de transportes e o fácil acesso a compras, por exemplo, são considerações importantes ao se selecionar um lugar para morar. Par seus passeios, aproveite os descontos ocasionais oferecidos para cidadãos idosos em transportes públicos, teatros, cinemas, museus e restaurantes. Estes são benefícios que podem ajudá-lo a desfruta mais por um preço menor. MUDANÇAS DE COMPORTAMENTO DE CORPO E MENTE Você se lembra de como era cuidadoso com os exames médicos e dentários regulares de seus filhos? Pois bem, agora você tem mais tempo para cuidar de sua própria saúde. Verifique quais são os benefícios aos quais você tem direito, que como previdenciários ou como segurado em planos de saúde a que você eventualmente pertença. Consulte seu médico sobre seus problemas de saúde e leve sua lista de pontos a discutir. Conte a seu médico o nome de todos os remédios que você estiver tomando e em que doses. Não seja uma vítima de ‘abuso de drogas” por excesso de medicação. O médico também o informará sobre quando e com que freqüência você deve se submeter a um exame físico completo. Faça questão de discutir com seu médico todas as pequenas coisas que o estão incomodando, desde dor nos pés ao caminhar (ou mesmo quando sentado) até deficiência de visão que não lhe permita colocar linha em uma agulha. Se o som de televisão não teme estado suficientemente alto para você, mas ninguém mais parece perceber, pode ser hora de procurar o médico para um exame auditivo. O seu médico pode ajudá-lo ou enviá-lo a um especialista, mas é você quem deve procurar ajuda médica. Organize-se e dedique tempo a seguir as recomendações de seu médico sobre um bom programa de condicionamento físico para melhorar a saúde física e mental. O exercício é importante. Não é apenas essencial para o seu bem-estar físico, mas é bom para a saúde emocional. O exercício não tem que ser formal ou organizado. Ele pode incluir as atividades que talvez sejam parte de sua rotina diária, como o trabalho doméstico, jardinagem ou mesmo subir escada. Faça flexões e extensão para ativar a circulação e manter a elasticidade muscular. Você está pronto para um programa de atividades mais estruturado, mas não sabe por onde começar? Tente dar caminhadas. Faça-o sozinho, com sua esposa, um neto ou mesmo com seu cão – mas caminhe. Você também pode correr, nada, jogar boliche, tênis, bocha, peteca, etc. Procure estas e outras atividades esportivas em escolas, grêmios ou centros esportivos comunitários (em algumas cidades há a Associação Cristã de Moços). Algumas são gratuitas para idosos. Há um número crescente de academias esportivas particulares. Elas oferecem uma variedade de programas e instalações a preços variados.


Consulte seu médico antes de iniciar uma nova atividade ou programa de preparo físico. Juntos, vocês podem encontrar a atividade adequada para você – e para o seu bolso. A partir de então, torne um hábito a prática regular de exercício físico. Um bom programa de preparo físico inclui boa alimentação . Você pode necessitar de menos calorias à medida que envelhece, mas ainda precisa de vitaminas e sais minerais. A melhor forma de obtê-los é através de uma dieta equilibrada. Às vezes pessoas que moram sozinhas não gostam de cozinhar só para si mesmas, fazem apenas lanches pouco nutritivos ou esquecem-se de comer. Se você mora sozinho, talvez possa se beneficiar de um programa de entrega de refeições a domicílio disponível próximo à sua casa. Verifique esta possibilidade. Ou você pode considerar mudar-se para uma residência comunitária de idosos, onde os residentes fazem uma ou duas refeições em grupo, diariamente. Isto resolve dois problemas – contato social e boa nutrição. Não trate este assunto como “coisa sem importância”. Você se lembra como se preocupava com a qualidade da alimentação das crianças? Agora é hora de você fazer o mesmo para si próprio. Não menos importantes são as mudanças na vida sexual. Aqui, novamente, mais uma vantagem para casais de idosos: sexo sem medo de gravidez significa que se pode relaxar desfrutar. Embora nem todos os casais idosos ainda encontrem prazer na relação sexual, a idade não impõe limites para se sentir o prazer do “aconchego” produzido pelo contato físico terno e íntimo. Uma observação interessante na população de grande longevidade em mulheres é a de que elas apresentam um estado emocional mais saudável quando estão envolvidas em relacionamentos íntimos e afetuosos. MUDANÇAS DE INTERESSES E OPORTUNIDADES Você está em dia com suas leituras? Que tal aqueles best-sellers que você queria ler, mas para os quais não tinha tempo? A biblioteca local é um bom lugar para se encontrar todos os tipos de leitura – e um ambiente agradável para desfrutá-la. É um ótimo local para ampliar seus horizontes. Aumente seus conhecimentos enquanto você aproveita seu lazer, não apenas lendo, mas através de outras atividades culturais, como assistir a filmes e palestras. A sede de conhecimento não é limitada pela idade. Observe a tendência de pessoas mais velhas freqüentarem a universidade. Adultos são bons alunos, e a maioria das faculdades os recebe bem. Alunos mais velhos também contribuem financeiramente para o sustento de faculdades que estão enfrentando a diminuição das matrículas de alunos mais jovens. Você não teve educação superior em sua juventude? Há cursos que você não pôde encaixar no seu currículo, mas gostaria de fazer agora? Muitas universidades e faculdades, incluindo as públicas , oferecem muito ampla variedade de cursos, em nível de graduação e pós-graduação, com crédito ou sem créditos, em tempo parcial ou integral. O estudo pode ser a realização que você está procurando. Estudantes adultos mais velhos vêem-se si mesmos como mais maduros – e em desenvolvimento! OUTROS ASPECTOS Acontecimentos da vida, como nascimento e morte, divórcio e novo casamento têm um efeito importante em qualquer idade. Eles afetam os idosos de forma mais crítica, especialmente aqueles acima dos 75 anos. Eventos como a morte de um cônjuge, a perda de amigos e mudanças no ambiente próximo são mais difíceis de enfrentar na idade mais avançada. A ameaça de redução da renda, de solidão, de isolamento, de dependência ou de imobilidade freqüentemente resulta em depressão. Às vezes os sintomas são semelhantes


aos do início de doença orgânica cerebral (senilidade) e são incorretamente diagnosticados como tal. Doses incorretas de medicamentos ou alimentação inadequada podem também produzir sintomas falsos de doença orgânica cerebral ou de outros distúrbios mentais ou físicos. O diagnóstico criterioso e importante para o tratamento e cuidados apropriados dos idosos. A velhice em si não é incapacitante, mas as doenças que ocorrem na velhice freqüentemente o são. Médicos pesquisadores estão estudando as soluções para este problemas, para melhorar a qualidade de vida na velhice. PLANEJAMENTO POSITIVO Envelhecer com sucesso requer um planejamento cuidadoso. Uma compreensão realista das mudanças e desafios do envelhecimento significa estar preparado para enfrentá-los. Nunca é mito cedo para se fazer as seguintes perguntas:  que tipo de moradia e estilo de vida me oferecerão o máximo conforto, conveniência, independ6encia e companhia a um preço que me seja acessível?  a que tipo de trabalho e atividades de lazer eu devo me dedicar para permanecer física e mentalmente apto?  que organizações de prestação de serviços para idoso eu deveria conhecer?  que serviço e benefício médico e de saúde estão disponíveis para mim?  qual será o valor de meus rendimentos de aposentadoria, juntamente com eventuais benefícios adicionais? Tanto na velhice como nas demais idades, mudanças e desafios são parte da vida. Prepare-se para eles positivamente. EPIDEMIOLOGIA E BIOÉTICA Vamos refletir sobre a Epidemiologia, não do ponto de vista médico, mas apenas do ponto de vista moralista. A Epidemiologia é naturalmente aliada à moralidade, na medida em que consegue fazer frente aos progressos do individualismo que reivindica “cada vez mais direitos, às cegas. A guerra não é declarada porque é oculta. É evidentemente a sexualidade que apresenta as ilustrações mais óbvias. Aos “direitos individuais” para a liberdade da prostituição ou do homossexualismo opõem-se certas evidências estatísticas respeitando ao contágio de diversas doenças. A luta social pró ou contra a permissividade do aborto não perdeu nada de sua virulência, mas os libertários ocultam o preço social, para não falar em decorrência individuais e psíquicas, da lei laxista, em qualquer país que seja. A defesa do direito subjetivo enrola-se com facilidade na fantasia do romantismo que fala mais à imaginação evasiva que o frio cálculo do gasto acarretado pelas barreiras derrubadas. Sejamos mais explícitos. A Bioética encontra-se amiúde prensada na alternativa duma discriminação reprovada pela opinião pública e duma irresponsabilidade racional objetiva. Em outubro de 1992, os europeus tiveram uma reunião em Estraburgo com vistas a analisar as tendências epidemiológicas da AIDS no continente. O vírus HIV está se difundindo agora, nessa praia, em três grupos de transmissão de crescente relevância: as mulheres de origem africana; as mulheres não toxicômanas, mas parceiras sexuais de homens toxicômanos, e os homossexuais masculinos. 1- Qualquer medida em relação às mulheres de origem africana, imigradas na Europa, encontra reação, como se a medida fosse inspirada por xenofobia ou


preconceito racista visando os pretos africanos. Caso sério na Grã-Bretanha como na França. 2- Tentar restringir as relações estáveis ou menos estáveis com toxicômanos levantaria reprovação pública por marginalização indevida dos coitados. O caso polonês é particularmente significativo e alarmante: a quebra do sistema marxista favoreceu a proliferação duma economia informal muito estimulante par a droga e a prostituição, fatores decisivos da proliferação da AIDS. 3- Os lobbies homossexuais tanto cresceram que se constituíram em orça política. De fato, esta área de vulnerabilidade aidética diminui proporcionalmente em 1988 e 1989, graças à informação intensiva, ma está retomando dinamismo na Grã-Bretanha, na França, na Suíça e na Dinamarca. 4- Qual é a mensagem fundamental da Epidemiologia? Somos solidários diante de certos inimigos ou perigos à saúde. Existem grupos de risco, mais vulneráveis, que mais difundem determinado mal que a média do resto da sociedade. Não se trata de simples opinião ou de preconceitos; são fenômenos cientificamente estabelecidos estatisticamente medidos dentro de limites conhecidos de espaço e tempo. Qual é a mensagem fundamental da Bioética? A liberdade individual não deve ser exercida em detrimento dos direitos dos outros à integridade física e moral. Qual o dever, então, dos poderes públicos? Arbitrar, de maneira prudente mas taxativa, o constante antagonismo entre os interesses divergentes dos indivíduos e dos grupos, deles e da nação inteira, presente e futura. A Epidemiologia ajuda a Bioética a superar as limitações de qualquer deontologia essencialista ou dogmática, com vistas a convencer empiricamente o maior número possível de pessoas a respeito da conveniência da adoção de certas normas. Epidemiologia e Bioética, por conseguinte, sem se sobrepor, convergem normalmente para pressionar os poderes públicos, a fim de enfrentar o egoísmo individual ou grupal, numa perspectiva de prevenção do bem comum relativa à vida e saúde. Em meio a essas forças, freqüentemente conflitantes, o poder dos mass mídia intervém, ora num sentido, ora noutro, segundo a energia do argumento moral, da pressão sociológica do mercado, do poder do dinheiro ou da tática política dos donos. Mesmo quando os princípios morais são estáveis, uma batalha ético-social jamais é ganha definitivamente, inclusive porque os dados da situação são movediços, e a zona na qual é oportuno concentrar o esforço muda de país para país, de região para região, de período para período. A Rom6enia, que sozinha é responsável por mais de 1.800 dos 3.400 casos declarados de AIDS pediátrica na Europa, tem de investir bastante na nãotransmissão do vírus aos fetos e recém-nascidos. A epidemiologia serve de propedêutica ao juízo moral, ao situar constantemente o caso individual no seu contexto sócio-territorial, cultural, mas também no seu quadro temporal: toda epidemia se desenrola no tempo, repercute uma origem situada no passado, apresenta uma dinâmica atual e permite uma prospectiva a médio prazo, quando não uma esperança de extinção do mal a longo prazo. Hubert Lepargneur é Sacerdote camiliano, teólogo moralista, comunidade de São Paulo.


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