PAI NOSSO PAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS E TAMBÉM AQUI JUNTO A MIM, SANTIICADO SEJA O VOSSO NOME, NA SAÚDE E NA DOENÇA. VENHA A NÓS O VOSSO REINO, NA FORMA COMO VOS APROUVER. SEJA FEITA A VOSSA VONTADE COMO ELA SE MANIFESTAR ASSIM NA TERRA COMONO CÉU ALEGRE OU REGIGNADO, A ACEITO O PÃO NOSSO DE CADA DIA DAÍ-NOS HOJE, DOCE OU AMARGO, ABRIGADO, PAI! PERDOAIS AS MINHAS OFENSAS POIS PROMETENDO EVITÁ-LAS DORAVANTE, PEDOO A TODOS OS QUE ME OFENDERAM. SENHOR, NÃO ME DEIXEIS CEDER À TENTAÇÃO DE REVOLTAR-ME CONTRA VOSSOS DESÍGNIOS, E LIVRAI-ME DO ÚNICO MAL: O DE ME ESQUECER DE VOSSA ININITA BONDADE! UMA CONVERSA FRANCA SOBRE DEPRESSÃO SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA CLÍNICA Estima-se que 8% das pessoas adultas sofram de uma doença depressiva em algum período da vida. O custo do sofrimento humano não pode ser avaliando. Doenças depressivas freqüentemente interferem com o desempenho normal e causam sofrimento não somente aos portadores, mas também aos que os amam. A depressão grave pode destruir a vida familiar, assim com a do doente. Provavelmente, a verdade mais triste da depressão é que muito deste sofrimento não se justifica. A maioria das pessoas com depressão não procura tratamento, embora uma grande parte possa ser auxiliada, mesmo aquelas com distúrbios mais graves. Graças a anos de pesquisas produtivas, encontram-se disponíveis medicamentos e terapias psicossociais que aliviam a dor da depressão. Infelizmente, boa parte da pessoas afetadas não reconhece que tem uma doença que pode ser tratada. Leia este artigo e verifique se você é um destes muitos deprimidos não-dignosticados, ou se você conhece alguém que o seja. A informação, aqui apresentada resumidamente, pode ajudá-lo a tomar a iniciativa de salvar a sua própria vida ou de uma outra pessoa.
O QUE É DEPRESSÃO? A depressão é uma doença “do corpo como um todo”, que compromete seu corpo, humor e pensamento. Ela afeta a forma de como o paciente se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas. Uma doença depressiva não é uma “fossa” ou um “baixo astral” passageiro. Também não é sinal de fraqueza ou uma condição que possa ser superada pela vontade ou com esforço. As pessoas com doença depressiva não podem simplesmente recompor-se e melhorar por conta própria. Sem tratamento, os sintomas podem durar semanas, meses ou ano. O tratamento adequado, entretanto, pode ajudar a maioria das pessoas que sofrem de depressão. TIPOS DE DEPRESSÃO As doenças depressivas manifestam-se de diversas maneiras, da mesma forma que outras doenças, como, por exemplo, as do coração. Este artigo descreve, resumidamente, três dos tipos mais freqüentes de doenças depressivas. Entretanto, dentro deles, ocorrem variações quanto ao número, gravidade e duração dos sintomas. A DEPRESÃO MAIOR caracteriza-se por uma combinação de sintomas (veja a relação) que interferem na capacidade de trabalhar, dormir, alimentar-se e desfrutar de atividades anteriormente consideradas agradáveis pela pessoa. Estes quadros depressivos incapacitantes podem ocorrer uma, duas ou várias vezes durante a vida. Um tipo grave de depressão é a DISTIMIA, que envolve sintomas crônicos e prolongados, não tão incapacitantes, mas que impedem a sua plena potenciação de ação ou que o paciente se senta bem. Às vezes, pessoas com distimia apresentam, também, ocorrências de depressão maior. Outro tipo é o DISTÚRBIO BIPOLAR, antigamente denominado doença maníaco-depressiva. Não é tão freqüente quanto certas outras formas de doenças depressivas. Caracteriza-se por ciclos de depressão e euforia ou mania. Estas oscilações de humor, em geral, ocorrem gradualmente; porém, às vezes, são abruptas e acentuadas. Tanto no ciclo depressivos, quando no ciclo maníaco, o paciente pode apresentar alguns ou todos os sintomas correspondentes a cada um deles. A mania, em geral, afeta o pensamento, o julgamento (senso crítico) e o comportamento social, causando graves problemas e constragimentos. Por exemplo, uma pessoa em fase de mania pode tomar decisões profissionais ou financeiras insensatas. O distúrbio bipolar freqüentemente é uma condição crônicas recorrente (ocorre repetidamente). SINTOMAS DE DEPRESSÃO E MANIA
Nem todas as pessoas com depressão ou mania apresentam todos os sintomas relacionados a seguir. Algumas apresentam pouco, outras, muitos. A gravidade dos sintomas também varia de indivíduo para indivíduo. DEPRESSÃO Tristeza persistente, ansiedade ou sensação de vazio Sentimentos de desesperança, pessimismo Sentimento de culpa, inutilidade, desamparo Perda do interesse ou prazer em passatempos e atividades anteriormente apreciados, incluindo a atividade sexual Insônia, despertar matinal precoce ou sonolência excessiva Perda do apetite e/ou de peso, ou excesso de apetite e ganho de peso Diminuição da energia; fadiga, sensação de desânimo Idéias de morte ou suicídio tentativas de suicídio Inquietação, irritabilidade Dificuldade para concentrar-se, recordar e tomar decisões Sintomas físicos e persistentes que não respondem a tratamento; por exemplo: dor de cabeça, distúrbios digestivos e dor crônica MANIA Euforia injustificada Irritabilidade injustificada Insônia grave Idéia grave Idéia de grandeza Aumento do discurso (tagarelice) Pensamentos desconexos ou muito rápidos Aumento do interesse sexual Aumento acentuado da energia Redução do senso crítico Comportamento social inadequado CAUSAS DA DEPRESÃO Certos tipos de depressão ocorrem repetidamente em algumas famílias, indicando que a vulnerabilidade biológica pode ser herdada. Parece ser o caso do distúrbio bipolar. Estudos de famílias, nas quais membros de cada geração manifestam este distúrbio, mostraram que os pacientes possuem constituições genéticas que determina a vulnerabilidade ao distúrbio bipolar e apresentam a doença. Aparentemente, fatores adicionais – possivelmente um ambiente estressante – estão envolvidos no seu desencadeamento.
Em algumas famílias, a depressão maior também parece ocorrer por descendência familiar. Entretanto, pode igualmente manifestar-se em indivíduos que não possuem história familiar de depressão. Herdade ou não, a depressão maior está freqüentemente associada à redução ou ao excesso de certas substâncias neuroquímicas. A constituição psicológica também desempenha papel na vulnerabilidade à depressão. Pessoas com baixa auto-estima, que se vêem sistematicamente a si mesmas e ao mundo com pessimismo, ou que se deixam predispostas à depressão. Uma perda importante, uma doença crônica, conflitos de relacionamentos, dificuldades financeiras ou qualquer alteração indesejada na vida também pode desencadear um fenômeno depressivo. Com freqüência, ma combinação de fatores genéticos, psicológicos e ambientais está presente no desenvolvimento da doença depressiva. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO O primeiro passo para se iniciar um tratamento apropriado são os exames físicos e psicológicos com os quais se pode determinar se alguém tem uma doença depressiva e qual tipo. Certos medicamentos e algumas doenças podem causar sintomas de depressão, e o exame médico verifica estas possibilidade através da entrevista e dos exames físicos e laboratorial. Uma boa avaliação diagnostica também deve incluir a história completa dos seus sintomas: quando começaram, há quanto tempo duram, qual a intensidade deles, se já ocorreram antes, e neste caso, se houver tratamento e de que tipo. O médico deve perguntar obre o uso de álcool e drogas, e o paciente pensa em morte ou suicídio. Além disso, a avaliação deve incluir perguntas sobre a ocorrência da doença depressiva em seus familiares, e eventuais tratamentos que eles possam ter recebido para depressão e qual sua eficácia. Por último, a avaliação diagnostica deverá incluir um exame do estado mental do paciente para determinar se o seu padrão de pensamento ou discurso (conversa) e a memória estão afetadas, como freqüentemente ocorre no caso de depressão ou distúrbio bipolar. O tratamento de escolha dependerá do resultado da avaliação. Existe uma variedade de medicamentos antidepressivos e de psicoterapia que podem ser empregados para tratar esses distúrbios. Algumas pessoas se dão bem com psicoterapia e outros com antidepressivos. Há os que reagem melhor com a combinação dos dois tratamentos: medicamentos para obter alívio relativamente rápido do sintomas e psicoterapia para aprender maneiras mais eficazes de lidar com os problemas diários. Dependendo do diagnóstico e da gravidade de seus sintomas, o paciente poderá receber medicamentos e/ou ser
acompanhado com uma das formas de psicoterapia reconhecidamente eficazes no tratamento da depressão. Às vezes a eletroconvulsoterapia (ECT) é útil, particularmente em indivíduos cuja depressão é grave ou representa risco de vida, ou naqueles que não podem tomar medicamentos antidepressivos. A eletroconvulsoterapia, com freqüência, é eficaz nos casos em que a medicação não proporciona alívio suficiente dos sintomas. Nos últimos anos, a ECT progrediu muito; é aplicada em hospitais, com o paciente sob efeito de anestesia para que não sinta dor. MEDICAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS Três grupos de medicamentos antidepressivos têm sido mais freqüentemente utilizados para tratar as doenças depressivas: os tricíclicos, os inibidores da monoaminoxidase (IMAO) e o lítio. O lítio é o tratamento de escolha do distúrbio bipolar e em algumas formas de depressão maior recorrente (que volta a ocorrer após haver desaparecido). Algumas vezes o médico poderá tentar uma variedade de antidepressivos antes de encontrar o medicamento ou a combinação de medicamentos mais eficazes para o caso. Às vezes a dose deve ser aumentada para se atingir a eficácia desejada. Novos tipos de antidepressivos estão sendo desenvolvidos e um destes poderá ser o melhor para o paciente. Freqüentemente, ao pacientes sentem-se tentados a interromper precocemente o tratamento. É importante continuar a tomar o medicamento até que o médico lhe diga para parar, mesmo que o paciente já se sinta bem. Alguns antidepressivos precisam ser abolidos gradativamente para que seu organismo tenha um período de adaptação. Em indivíduos com distúrbios bipolar ou depressão maior crônica, pode ser necessário o uso contínuo de medicamento, para se evitar sintomas incapacitantes. Os antidepressivos não causam dependência (não viciam), portanto o paciente não precisa se preocupar com isto. Entretanto, como no caso de qualquer medicamento prescrito por mais de alguns dias, é necessário reavaliar periodicamente o tratamento para verificar se a dose que está sendo tomada continua adequada. O médico avaliará regularmente a dose e a eficácia do antidepressivo. Se houver continuidade de inibidores da monoaminoxidase ( IMAO), deverão ser evitados certos alimentos, como queijos, vinhos e conservantes. O médico ornecerá a lista completa dos alimentos vetados. Outros tipos de antidepressivos não requerem restrições alimentares. Nunca se misturem medicamentos de qualquer tipo – comprados sem receita ou indicados por conhecidos – sem consultar o médico. Não esquecer de mencionar a outro médico que consultar, ou ao dentista, que se está tomando antidepresivos, Alguns medicamento são inofensivos quando
tomados sozinhos, mas podem causar efeitos colaterais graves e perigosos se ingeridos associados. Algumas drogas, como o álcool, reduzem a eficácia dos antidepressivos, devendo ser evitadas. Isto se aplica a vinho, cerveja e destilados. Medicamentos ansiolíticos não são antidepressivos. Às vezes são prescritos juntamente com os antidepressivos. Entretanto nunca devem ser tomado como um único tratamento para a doença depressiva. Medicamentos para dormir ou estimulante, como a anfetamina, também não constituem tratamento adequado para a depressão. Deve-se consultar sempre o médico em caso de dúvida acerca de qualquer medicamento ou se estiver sentindo algum problema que acredite estar relacionado com o uso do medicamento. EFEITOS COLATERAIS Os antidepressivos podem causar efeitos colaterais discretos e, geralmente, transitórios em algumas pessoas. Costumam ser incômodos, porém não são graves. Entretanto, efeitos colaterais incomuns ou que interfiram no seu desempenho devem ser relatados ao médico. Os mais freqüentes e a maneira de lidar com eles são: Boca seca: beber bastante água; mastigue goma de mascar sem açúcar; escove os dentes várias vezes ao dia. Constipação: coma cereais integrais (com fibras), ameixas, frutas e verduras. Problemas vesicais: pode ocorrer dificuldade para urinar e o jato urinário pode ficar mais fraco; entre em contato com seu médico se sentir dor. Problemas sexuais: o desempenho sexual pode sofrer alterações; o médico deve ser informado da ocorrência. Visão embaçada: este efeito passará logo; não adquirir óculos novos por isso. Tonturas: levantar-se (da posição deitada ou sentada) devagar. Sonolência: este efeito passará logo; não dirija ou trabalhe com equipamentos pesados se você se sentir sonolento ou sedado. PSICOTERAPIAS Há vários tipos de psicoterapias que podem ser eficazes para ajudar pessoas com depressão, entre elas, as psicoterapias breves (duração de 10 a 20 semanas). Terapias “verbais” ajudam o paciente a se conscientizar de seus problemas e a encontrar as soluções através de interação verbal com a terapeuta. Terapias comportamentais auxiliam o paciente a aprender como
obter mais satisfação e gratificação através de suas próprias ações e a desaprender padrões de comportamento que contribuem para a sua depressão. Duas das psicoterapias breves, que as pesquisas demonstraram ser úteis em determinadas formas de depressão, são a terapia interpessoal e a terapia cognitivo-comportamental. Os profissionais que empregam a terapia interpessoal concentram-se em distúrbios de relacionamento pessoal do paciente, que tanto causam como pioram a depressão. Os terapeutas cognitivos-comportamentais ajudam o paciente a mudar os estilos negativos de pensamento e comportamento, geralmente associados à depressão. Terapias psicodinâmica, algumas vezes usadas para tratar depressão, procurar resolver conflitos psicológicos internos, que se considera, originados na infância. Em geral, as doenças depressivas graves, particularmente as recorrentes (que se repetem), necessitam de medicamentos (ou ECT em certas condições especiais) em associação com psicoterapias, para se obter melhor resultado. AJUDANDO-SE A SI MESMO Os distúrbios depressivos levam o paciente a se sentir exausto, devalorizando, desamparando e sem esperança. Estes pensamentos e sentimentos negativos azem com que algumas pessoas queiram desistir de tudo. É importante compreender que a visão negativa fez parte da depressão e não reflete, de forma exata, sua condição. O pensamento negativo desaparece quando o tratamento começa a surtir efeito. Neste meio-tempo, recomendamse algumas atitudes: Não impor-se metas difíceis e nem assumir demasiadas responsabilidades. Dividir as grandes tarefas em tarefas menores, estabelecer algumas prioridades e fazer apenas o que se puder e do modo que se puder. Não esperar demais de si mesmo; isto só aumenta a sensação de fracasso. Procurar ficar com outras pessoas; geralmente é melhor do que ficar sozinho. Participar de atividades que possam fazer o paciente se sentir melhor. O paciente deve tentar praticar exercícios leves, ir ao cinema, a jogos, participar de atividades sociais ou religiosas. Não exagerar ou se preocupar se as condições de espírito não melhorarem logo. Isso às vezes pode demorar um pouco. Não tomar grandes decisões, tais como mudar de emprego, casar-se ou divorciar-se sem consultar pessoas que conheçam o paciente e
que possam ter uma visão objetiva de sua situação. Resumindo, é aconselhável adiar decisões importantes até que a depressão tenha desaparecido. Não esperar que a depressão passe de um momento para outro, pois isso raramente ocorre. Levar o paciente a se ajudar quanto puder e fazer que não se culpe por não estar “cem por cento”. Lembrar ao paciente que não aceite seus pensamentos negativos. Eles são parte da depressão e desaparecerão à medida que a depressão responder ao tratamento. A FAMÍLIA E OS AMIGOS PODEM AJUDAR Como a depressão pode fazer com que o paciente se sinta exausto e desamparado, ele desejará e provavelmente necessitará de ajuda de outras pessoas. Entretanto, quem nunca sofreu um distúrbio depressivo pode não compreender completamente seus efeitos. As pessoas não têm a intenção de magoá-lo, mas poderão dizer e fazer coisas que magoam. É interessante que as pessoas que lhe são mais próximas leiam este artigo para que possam compreendê-lo melhor e ajudá-lo. AJUDANDO AO DEPRIMIDO A coisa mais importante que alguém pode fazer por uma pessoa deprimida é ajudá-la a se submeter a um diagnóstico e a um tratamento adequado. É importante encorajá-la a continuar o tratamento até que o sintomas desapareçam , ou a procurar tratamento diferente, se não ocorrer melhora. Às vezes, pode ser necessário marcar uma consulta e acompanhá-la até o médico, bem como verificar se ela está tomando a medicação corretamente. A segunda coisa mais importante é oferecer-lhe apoio emocional. Isto envolve compreensão, paciência e encorajamento. Procurar conversar com a pessoa deprimida e escutá-la com atenção. Não menosprezar os sentimentos expressos, porém chamar a atenção para a realidade e ofereça esperança. Muita atenção a referências ao suicídio. Devem sempre ser relatadas ao médico. Convidar a pessoa deprimida para caminhar, passeios e outras atividades. Insistir delicadamente se o convite for recusado. Encorajar a participação em atividades culturais ou religiosas, responsabilidade de uma vez. O deprimido necessita de distração e companhia, porém cobrar demais dele pode piorar-lhe a sensação de fracasso. Não acusar o deprimido de se fingir de doente ou de ser preguiçoso, nem esperar que ele melhore de uma hora para outra.
Com o tempo e tratamento adequado, a maioria das pessoas com depressão melhora. Ter isto bem presente e reafirmar à pessoa deprimida que, com o tempo e ajuda, ela se sentirá melhor. ONDE PROCURAR AJUDA Uma avaliação física e psicológica completa ajudará o paciente a se decidir sobre que tipo de tratamento pode ser melhor para ele. A relação a seguir apresenta os profissionais e instituições que podem prestar serviços de atendimento e terapia: Médicos de família ou clínicos gerais Especialistas em saúde mental, como psiquiatras, psicológicos e assistentes sociais Centros de saúde Centros comunitários de saúde mental Departamentos ou ambulatórios de psiquiatria de hospitais Programas universitários ou de escolas médicas Serviços ambulatoriais de hospitais públicos Agência de assistência social e familiar Clínicas d hospitais privados Programas de assistência médica e social a funcionários em empresas Sociedades psiquiátricas e/ou médicas locais.
O SOFRIMENTO NA SAGRADA ESCRITURA GUIDO DAVANZO O SOFRIMENTO NO ANIGO TESTAMENTO O Gênesis – Nos primeiros dois capítulo, o Gênesis nos brindou com um quadro idílico do paraíso terrestre, logo substituído por uma descrição extremamente dura da existência humana após o pecado original. É clara a ligação que o escritor estabelece entre o pecado, o sofrimento e a morte. Mas, não é tão fácil explicar a razão desta seqüência. Pode-se até argumenta: se não houvesse havido o pecado original, teria existido o sofrimento e a morte? Ou deve-se entender – conforme a opinião de alguns exegetas modernos – que a descrição do paraíso terrestre apresenta uma possível existência vivida em harmonia e bondade, caso tivesse permanecido fiel ao plano do Criador? O pecado original, isto é, a pretensão de julgar o bem e o mal, independentemente de Deus, com certeza estragou o projeto inicial e
prejudicou toda a nossa existência. Daí resulta que o sofrimento e a morte assim como hoje os experimentamos, sentem o peso do pecado, entendido não somente como pecado original mas o conjunto de todos os pecados individuais. Sem ter a pretensão de conhecer exatamente qual teria sido a condição humana antes do pecado original, não é justo fazer recair unicamente sobre a culpa original a causa do sofrimento e da morte. Precisamos admitir a parcela da nossa própria responsabilidade. O Gênesis não quer explicar cientificamente a origem do sofrimento e da mote, mas põe em evidência o fato que qualquer infidelidade contra Deus, por menor que seja, e mais ainda a revolta contra Ele, tornaram a nossa existência extremamente difícil. O Livro de Jó – Neste livro contesta-se a presunção de que o sofrimento seja proporcional às culpas pessoais. Não aparecem outras explicações. Ali vai um convite a confiar em Deus também nas situações que nos parecem injustas e absurdas: deve-se aceitar o mistério da vida humana e de Deus. Os Salmos de Lamentação – Nos Salmos encontra-se lamentações de sofrimento, que insurgem contra Deus, para depois acabar numa inovação de socorro. Não é mal, nestes momentos de aflição, desabafar com Deus. Ele compreende a relação de desabafo, como uma mãe compreende as irritações do filho doente. É nesta espécie de oração que verbalizamos as nossas tensões e revolta. O Servo de Javé – O quarto canto de Isaías ( 52,13-15; 53,1-12) sobre o misterioso Servo de Javé apresenta uma mensagem completamente nova; aqui quem sofre é um justo, mas seu sofrimento torna-se redentor. “Pelas suas chagas fomos curados”( Is 53,5). É isto que se realizou no mistério pascal de Cristo. Graças a Ele, todo sofrimento pode alcançar um valor redentor. O SOFRIMENTO NO EXEMPLO DE CRISTO As causas do sofrimento – A teologia agostiniana, que influiu demais na reflexão teológica ocidental, aponta o pecado original como ponto de partida de todos os nosso males. Nesta perspectiva a paixão de Jesus assume o valor de necessária reparação. O sofrimento é uma conseqüência da culpa original, é uma dívida que deve ser paga. Dentro desta teologia, não se podia falar de uma reação ativa do homem contra o sofrimento. Se há uma dívida, esta deve ser paga. No entanto, Jesus foi decisivo em rejeitar o pensamento daqueles que julgavam ser as desgraças um castigo devido ao pecado. “Nem ele pecou, nem seus pais”(Jo9,3) foi a resposta dada a quem julgava ser a cegueira uma
conseqüência do pecado. Também as catástrofes, observa Jesus, não devem ser interpretadas como castigo divino, uma vez que outros, sendo até mais culpado, poderiam sofrer desgraças semelhantes (cf Lc 13,1-3). Como explicação do sofrimento, Jesus diz, a respeito do cego de nascença: “isto é para que se manifestem as obras de Deus” ( Jo 9,3). De fato, o milagre da cura do cego foi um momento significativo da ação salvífica de Cristo. É uma explicação que transcende um episódio particular. No emaranhado de qualquer situação complicada e imprevisível, existe sempre um plano de salvação, isto é, uma manifestação da obra de Deus, desde que não seja por nós obstaculada. Jesus e os sofredores – Jesus gostava de aproximar-se dos sofredores, ouvir seus pedidos de cura; deixou bem claro que seremos julgados em primeiro lugar sobre a nossa disponibilidade em nos tornar próximos de quem sofre, até o ponto de Ele mesmo se identificar em cada doente ( Mt 25,31-46). Os evangelhos parecem uma cronistória de milagres, e Jesus confiou sua missão de médico das almas e dos corpos a seus discípulos: “Dizei que o reino de Deus está próximo e curai os enfermos”( Mt 10,7-8). O exemplo de Jesus sofredor- Jesus não veio até nós como se fosse um super-homem, como um herói impassível. Tornou-se pequeno, sem defesa, obrigado a fugir com seus pais diante da perseguição de Herodes. Ele não buscou o sofrimento mas manifestou toda a sua solidariedade humana comovendo-se diante da dor, como pela morte do amigo Lázaro e chegou a tremer de pavor no Jardim do Getsêmani. Longe de procurar o sofrimento, Ele insistiu junto do Pai para que afastasse dele o cálice amargo de sua paixão: “Abbá, Pai! Tu , que tudo podes, afasta de mim este cálice!” (Mt14,36), e foi buscar um pouco de conforto humano. “A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo” ( Mt 26,38). Porém acrescentou: “Não seja feita a minha, mas a tua vontade” (Mt 14,36). O evangelho das curas milagrosas deve ser meditado paralelo ao evangelho da cruz. Fixar-se somente na luta contra todo sofrimento ou, simplesmente, conformar-se com a dor, é sinal de que ainda não conseguimos captar a dialética do mistério pascal. Toda a vida de Jesus foi redentora, mas seu sofrimento emerge como parte integrante e contemplativa de sua missão. “Sobre a Cruz – explica João Paulo II – Cristo alcançou e realizou plenamente sua missão: cumprindo com a vontade do Pai realizou-se, também, a si mesmo. Na fraqueza manifestou seu poder e na humilhação toda a sua grandeza”( Savifici Doloris). A paixão de Jesus não foi um incidente que Ele soube valorizar em sua missão: fazia parte do programa redentor querido pelo Pai. Deus Pai poderia
oferecer-nos a redenção de outra forma. No entanto, Ele quis escolher a encarnação de seu Filho até às últimas conseqüências: “Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que, por Ele, nos tornemos justiça de Deus” (2Cor 5,21), e assim ele mesmo se fez “maldição por nós” (Gal 3,13). Por que o Pai exigiu uma redenção até à morte na Cruz? Procurando dar uma resposta poderíamos dizer: Porque na Cruz de seu querido Filho, Deus Pai revela até que ponto Ele nos amou; porque na Cruz, Jesus nos dá o exemplo e nos oferece a graça de poder ser fiéis a Deus e amar ao próximo até ao holocausto; porque na Cruz, Jesus tornou-se solidário com todo sofrimento. Não são a paixão e a morte de Jesus em si mesmas que nos redimiram, mas o amor com o qual o Cristo transformou a sua paixão e morte num gesto de holocausto ao Pai e doação a nós. João Paulo II observa em sua encíclica “Salvifici Doloris” que a eloqüência da Cruz e da morte é porém completada pela eloqüência da Ressurreição. O Mistério Pascal deve ser contemplado em todo o seu conjunto: partindo da encarnação, passa através da Cruz e finaliza na Ressurreição. É o projeto de amor, de comunhão na economia redentora. Um sofrimento e uma morte redimida pela Ressurreição. “A morte foi tragada pela vitória”(Cor 15,54), assim canta cheio de alegria o apóstolo Paulo. TESTEMUNHAS DE JEOVÁ E AS TRANSFUSÕES DE SANGUE PE. ALQUERMES VALVASORI Não há dúvida que o tratamento desta questão deve ser feito levando-se em conta os muitos enfoques das ciências humanas, médicas, jurídicas, filosóficas e teológicas. Muito tem sido escrito, muitas opiniões e posições já oram publicadas em boletins, revistas especializadas, mas a questão, na prática continua sendo debatido e exigindo atitudes práticas, e em muitos casos, urgentes. Queremos levantar aqui os pontos principais que hoje são discutidos, e que se apresentam como um desafio para a Bioética (Ética da vida). O QUE DIZ A BÍBLIA: Os testemunhas de Jeová são pessoas de profunda convicção religiosa, que têm na Bíblia o fundamento da proibição de aceitarem a transfusão de sangue, mesmo quando ela se torna o único meio para salvar uma vida. No Livro do Gênesis, 9,3-4, encontramos: “tudo o que vive se move vos servirá de comida. Entrego-vos tudo como já vos dei os vegetais. Contudo não deveis
comer carne com vida, isto é, com sangue”. Também encontramos no Livro do Levítico 17, 13/14: “Se um israelita ou um estrangeiro que mora no meio de vós caçar um animal ou uma ave que se pode comer, deverá derramar o sangue e cobrí-lo de terra. Uma vez que a vida de todo o ser vivo é o sangue. Por isso eu disse aos israelitas: não comais o sangue; quem o comer será eliminado”. Também em Atos 15, 19-21, encontramos a proibição de comer sangue. DESAFIOS PARA A BIOÉTICA Hoje, as ciências bíblicas nos auxiliam, através da exegese (interpretação), a situar um texto dentro de seu contexto antropológico, histórico, cultural, geográfico, para não criarmos polêmicas. Sabemos que a cultura do mundo oriental de quase dois mil anos atrás ainda tem muito a ver com o nosso. Hoje, porém no campo das ciências médicas, não há que tomá-lo como exemplo, houve uma grande evolução. A medicina que era predominantemente curativa, atualmente se apresenta também como preventiva, corretiva e alternativa. A busca constante de novas curas e o aprimoramento dos cuidados têm proporcionado à sociedade uma crescente esperança numa melhor qualidade de vida. Por outro lado, além da constatada evolução no campo das técnicas, a medicina tem proporcionado questionamentos fundamentais para uma evolução também no campo da ética. De Hipócrates aos nossos dias, muitos valore, conceitos e princípio tornaramse mais lúcidos e, consequentemente, mais necessários. Contudo, apesar de a Testemunhas de Jeová aceitarem tratamento médico e cirúrgico, consideram os textos acima citados como proibitivos para as transfusões de sangue total, para a administração de papas de hemácias e de plasmas, bem como os concentrados de leucócitos e de plaquetas. Então, para salvar ou melhorar a qualidade de uma vida, seria justo administrar um tratamento médico à orça, contra a vontade do paciente ou de seu responsável? PRINCÍPIOS BIOÉTICOS: COMPLEMENTARES OU CONTRÁRIOS? Toda decisão médica requer conhecimento dos princípios éticos que envolvem sua práxis. A bioética propõem como princípios básicos a justiça, a autonomia, a beneficência e a não maleficência. Fazer o bem ao paciente, qualquer que ele seja, é sem dúvida o critério mais antigo da prática médica. Fazer o bem e não causar dano, tornaram-se a base ética de toda conduta profissional na área da saúde. Porém, diferente de algumas outras profissões, nesta área o seu objeto de trabalho pesquisa ou estudo é um sujeito, portanto alguém que tem autonomia, isto e, alguém determinado pela liberdade de ação, de dar curso próprio ao seu projeto de vida. O respeito pela pessoa, à sua liberdade e dignidade, é um dever fundamental. Nas transfusões de
sangue, necessárias ou urgentes, quando o paciente for um Testemunha de Jeová, deve-se respeitar sua autonomia para toda e qualquer decisão. Isto não exclui levar ao conhecimento dos riscos inerentes a uma decisão que poderá inclusive por termo à vida. Porém a decisão tomada com liberdade deverá proporcionar tanto uma vida quanto uma morte digna, uma vez que a dignidade da pessoa não tem preço. Emmanuel Kant, retomando um ponto de vista dos antigos romanos, escrevia “O que tem preço pode muito bem se substituído por qualquer outra coisa a título equivalente; pelo contrário, o que é superior a qualquer preço, o que, por conseguinte, não admite equivalente, é o que tem dignidade”.