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A IMPORTÂNCIA DA RELIGIÃO NA SAÚDE E NA CURA TRADUÇÃO DE EDGAR ORTH A explanação a seguir traz algumas abordagens para uma nova consideração do potencial da religião ( e outras fontes não médicas) para influenciar a saúde e a cura. Algumas abordagens recentes sugerem nova consideração da vinculação entre religião e saúde. Certas respostas religiosas tradicionais à doença tiveram validade (e êxito) para seu ambiente cultural, mas este desejo atual de reafirmar o papel da religião no cuidado da saúde e da cura não deveria apenas tirar de sob as cinzas antigas crenças e práticas. Ao contrário, alguns enfoques novos e criativos são necessários para enfrentar as necessidades de saúde e cura das pessoas modernas em contextos sociais modernos. A explanação a seguir traz algumas abordagens para uma nova consideração do potencial da religião (e outras fontes não-médicas) para influenciar a saúde e a cura. 1. UM NOVO MODELO MÉDICO Mesmo em certos setores da iniciativa médica, há grande interesse em desenvolver um novo modelo médico. Uma concepção da mente, corpo e sociedade como algo não simplesmente ligado, mas como realmente interagindo de maneira complexa e, até agora, pouco compreendida. As doenças, até há pouco tempo considerada puramente biogênicas, foram vistas em sua relação com estados sociais e psicológicos como o estresse, o conflito, a sensação de “ameaça”, a insatisfação profissional, a mudança social rápida e o senso de impotência, Alguns estudiosos acham que o estresse e os distúrbios emocionais influenciam o corpo através dos efeitos do sistema nervoso central sobre as defesas imunológicas e possivelmente através do sistema nervoso suscetível ao estresse. Outros acham que o impacto do estresse sobre o corpo é mediado pelo significado que o indivíduo dá ao evento estressante. Literatura médica e sócio-psicológica sempre mais abundante afirma que as condições biofísicas estão intimamente entrelaçadas com a sensação de bem-estar, de domínio da situação e de harmonia como ambiente social. Muitos pesquisadores sugeriram que o “placebo effect”(efeito produzido por medicamentos que visam a resultados psicológicos) fosse levado mais a sério, talvez para evidenciar a força dos símbolos no processo da cura. Mesmo não sendo quimicamente eficaz o placebo farmacêutico, pode levar o indivíduo ter a sensação de fortalecimento após tomá-lo. Rituais e símbolos religiosos podem causar a mesma sensação de fortalecimento aos fiéis, com efeitos concretos tanto de ordem física quanto psicológica. Se algumas dessas conexões psique-corpo-sociedade forem tomadas a sério, podemos imaginar o potencial do imenso campo de abordagens não-biofísicas (inclusive religiosas) na promoção da saúde e da cura. Num modelo mais global, por exemplo, o apoio sócio-emocional dado pela família, pelo grupo religioso ou outra comunidade de pessoas poderia ser algo realizado não apenas na periferia mas uma parte central do processo da cura. As crenças religiosas, a oração, a meditação ou as práticas rituais e o senso de comunidade são fontes potenciais de maior bem-estar da pessoa toda (incluindo seu corpo físico). Se o preconceito individualista do modelo médico atual fosse descartado, seria possível abordar a imagem total das causas das doenças e não só focalizar as causas puramente físicas. Há um número espantoso de casos em que os corpos doentes são produzidos social mente: através da má alimentação e falta de medidas básicas de saúde pública (como tratamento de esgoto, moradia decente e água tratada); através da


contaminação ambiental. Riscos no local de trabalho e produtos contaminados; através da guerra, tortura política, violência das rua e agressões domésticas. As instituições religiosas estão capacitadas a tratar dessas causas sociais da doença tanto quanto as instituições médicas. Se a religião fosse usada nesses casos, poderia influenciar o bem-estar das pessoas mais diretamente do que um sistema médico voltado exclusivamente ao tratamento de indivíduos (como corpos individuais) depois que sua sociedade os fez doentes. Esta abordagem exige levantar os olhos para muitos além dos limites do corpo do indivíduo doente e abarcar os contextos sociais e emocionais mais amplos da doença. Enquanto o “problema” se localizar no corpo doente do indivíduo, o tratamento e a prevenção se dirigirão exclusivamente a este corpo individual. Há certas implicações políticas e política social importante (e talvez incômodas) na abordagem das causas da doença e das necessidades para o bem-estar da pessoa como um todo. 2. SORIMENTO E AFLIÇÃO A experiência da doença é penosa porque ameaça a ordem e o sentido pelo qual as pessoas organizam sua vida. Ameaça a capacidade de planejar o futuro próximo ou remoto, de controlar e organizar a vida. A doença, o sofrimento e a morte levantam questões de sentido como estas: Por que está acontecendo isto comigo? Porque agora? Quem é o responsável? Como pôde Deus permitir que isso acontecesse? Por que sofrem as pessoas boas e as más passam bem? E assim por diante... A medicina acidental tem dificuldade em lidar com os problemas de sentido apresentados pelos que sofrem. Cassel ( 1982: 639) observa que a biomedicina fracassa no tratamento adequado das aflições das pessoas porque o sofrimento é “sentido por pessoas e não só por corpos, e tem suas raízes em desafios que ameaçam a integridade da pessoa como entidade social e psicológica complexa”. Como conseqüência dos anteolhos implícitos no modelo médico, o pessoal médico muitas vezes causa, sem querer, sofrimento por não valorizar o sofrimento do paciente, não tomando conhecimento ou não respondendo ao sentido pessoal que o paciente coloca na doença. Muitas pessoas procuram ajuda e cura em primeiro lugar para o sofrimento e a aflição e só depois para a doença em si (e por isso ficam profundamente desapontadas com o tratamento médico que identifica apenas a doença, se houver alguma, para nela focalizar o tratamento). Cassel ( 1982: 642) afirma que “as pessoas sofrem daquilo que perderam de si mesmas em vista do mundo de objetos, eventos e relacionamentos”. Por exemplo, uma senhora sofreu terrivelmente devido a uma histerectomia a que fora submetida seis anos antes de nossa entrevista. Solteira, sem filhos e com apenas 29 anos de idade, perdera “grande parte de futuro”. Os médicos e o pessoal hospitalar consideraram seu problema uterino específico como ponto focal de seu trabalho e, insensíveis a seu sofrimento, trataram-na “como criança ingrata, chorando sobre o leite derramado”. Falando da necessidade de ouvir, reconhecer a levar em consideração o sentido que as pessoas doentes atribuem a seu sofrimento, afirma Kleinman ( 1988:26): “O sentido cultural da doença faz do sofrimento uma forma moral ou espiritual característica da aflição. Quer seja o sofrimento considerado uma representação ritual do desespero, ou visto nos exemplos morais paradigmáticos de como a dor e a perda podem ter origem (como no caso de Jó), ou como o último dilema existencial humano de estar sozinho num mundo sem sentido, os sistemas culturais locais fornecem tanto a estrutura teórica o mito quanto o roteiro estabelecido para o comportamento ritual, que transformam a aflição do indivíduo numa forma simbólica sancionada para o grupo”.


A religião está potencialmente vinculada à cura por sua capacidade de responder com eficácia ao sofrimento e à aflição. Não precisa ser apenas um meio para confortar o aflito ( ainda que seja uma função também muito útil), pode ser também uma fonte de renovados senso de coerência no mundo da pessoa, restaurando laços feridos com laços de amor, vínculos grupais valiosos e papéis sociais que foram perdidos. Em minha pesquisa sobre enfoque espirituais da cura, os entrevistados falaram de maneira impressionante sobre a maneira como foram transformados e engrandecidos, não diminuídos, pela solução de sua experiência com a doença. 3. DOENÇA, SOFRIMENTO E DIVERGÊNCIA Os Antropólogos notaram que a doença é, muitas vezes, um modo peculiar de expressar o sofrimento pelo qual o corpo do indivíduo manifesta um conjunto mais amplo de preocupações sociais e psicológicas. Quando, por exemplo, uma senhora iraniana se queixa de “coração oprimido” pode estar manifestando ao mesmo tempo sofrimento com referência à atração, relação sexual, possível infertilidade, velhice ou poluição social. O simbolismo do corpo é uma expressão aguda e potente de significados sociais e individuais mais amplos. Essas linguagens de sofrimento nas sociedades ocidentais contemporâneas podem incluir, por exemplo, anorexia, úlcera, dores da menopausa, alguns problemas cardíacos, ou problemas respiratórios, algumas síndromes de dores crônicas. Dizer que esses problemas são manifestação de sofrimento não significa que também não sejam físicos e muitos reais na experiência do sofredor; significa, porém, que todo tratamento para ter 6exito, precisa de alguma forma tomar em consideração as preocupações reais da pessoa doente e não apenas os sintomas físicos. A doença pode ser um meio de expressar a divergência e insatisfação por necessidades humanas frustadas ou não levadas em consideração. Na verdade a pessoa doente está dizendo “já não quero mais”. E assim reclamando o papel de doente parece-se com a estratégia ativista da resistência passiva. No caso extremo, a doença é uma recusa de enfrentar, de lutar e de resistir. A resposta médica (e muitas vezes também a resposta religiosa) freqüentemente se orientou para o sentido de individualizar essas expressões, negando sua origem social mais ampla. Inúmeras vezes a resposta médica e religiosa foi uma resposta de controle social, suprimindo a dissensão e minimizando seu impacto. É muito improvável , por exemplo, que um conselheiro médico ou religioso, tentando ajudar uma senhora com freqüentes dores de cabeça ou “ataques de nervos”, ouço as narrativas dela sobre sua doença como expressão de revolta contra uma situação de trabalho miserável, ou contra uma situação familiar opressiva. Ao contrário, em vez de admitirem que sua revolta seja justificada (ainda que contraproducente), esses conselheiros contemporâneos provavelmente exercerão o controle social para reduzir sua discórdia e trazê-la de volta a uma maior conformidade com as expectativas sociais, dizendo-lhe: “Você precisa ajustar-se à situação e esses comprimidos de Valium ( ou essas mensagens e orações inspiradoras) vão ajudá-la nesse meio tempo”. Quão diferente seria a resposta médica ou religiosa que considera justificada ao menos parte dessa revolta! Um jovem interno, de classe média, de cor negra, trabalhando numa clínica de cidade do interior, dizia: “Quando mais observo, mais apavorado fico, considerando quão ignorante eu era, insensível às caudas sociais, econômicas e políticas da doença...Hoje vi uma senhora obesa, hipertensa, mãe de seis filhos. Não tem marido. Nada de apoio familiar. Nada de emprego. Nada. Um mundo de violência brutalizante, de problemas, drogas e gravidez de


adolescentes, e pura e simplesmente crises de entorpecimentos da mente, uma após outra interminavelmente... O que está matando essa mulher é o seu mundo, não é o seu corpo. Na verdade, seu corpo é o produto de seu mundo. Ela é uma carcaça disforme, tremendamente sobrecarregada, que sobrevive ao sabor das circunstâncias. Com falta de recursos e com cruéis mensagens para consumir e prosperar, impossíveis de ser ouvidas e não sentir um ódio imenso de seu mundo. O que ela precisa não é de remédio, mas de uma revolução social”. Além de sua função tradicional de fonte de controle social, a religião pode servir também para proclamar os direitos humanos e legitimar a discordância social. Os grupos religiosos bem como os conselheiros individuais podem abrir seus ouvidos para as causas mais profundas da insatisfação e da infelicidade. Quando a doença é metáfora de sofrimento e dissensão, a religião só pode ser fonte de cura se tomar conhecimento desses significados. ACUMPUTURA: UMA VISÃO DO INECTOLOGISTA VICENTE AMATO NETO E JACYR PASTERNAK Acupuntura é técnica de tratamento desenvolvida a partir da medicina chinesa tradicional. Há substrato científico para utilizá-la terapeuticamente. Ocorre o fenômeno da dor e existe documentação razoável, por métodos eletrofisiológicos, de mudança do limiar à percepção de estímulos quando se executa o processo. Não se conta, no entanto, com embasamento científico para a teoria dos meridianos que origina a acupuntura; jamais documentou-se algum elemento fisiológico com distribuição ou relação com os supracitados, nem ocorre nenhuma “energia” diferente que flua através de canais deste tipo. Não se conhece doença infecciosa que possa ser tratada objetivamente e com critérios científico pela acupuntura; na verdade sucedem dores que se seguem a doença infecciosa, permitindo o uso da citada tática, mas seguramente a ação é somente antiálgica e, como exemplo, vale citar a neurite pós-zoster. O emprego de acupuntura para curar qualquer tipo de doença infecciosa, frisamos, é inaceitável conforme os atuais conhecimentos. Todavia, os riscos de infecção quando se ocorre a tal procedimento são do âmbito do infectologista. Sendo terapêutica invasiva, de fato tem vínculo com perigos, que podem ser minimizados se a esterilização das agulhas for adequada e a aplicação acontecer com critério. Os agentes patogênicos transmissíveis por transfusão sangüínea são potencialmente também veiculáveis, através da acupuntura, se sobrar resíduo de sangue infectante; isso inclui vírus da hepatite, os retrovírus HOV-I/II, o s HIV – ½, bactérias e, quiça, fungos ou protozoários, compondo uma lista muito grande. Todos esses agentes podem ser eliminados se as agulhas forem esterilizadas ou descartáveis, como ainda cada indivíduo possuir agulhas de seu uso exclusivo. Além de infecções, são conhecidos outras ocorrências adversas: desmaio durante o procedimento, tipo síncope vagal pneumotórax por acupunturamento pleural; quebra do instrumento, que fica como corpo estranho dentro do organismo; lesões de nervos por punção inadvertida; dermatite alérgica ao cromo ou níquel, se bem que hoje se recorra ao aço inoxidável. Conhece-se ainda distúrbio referente a marca-passo, especialmente eletroacupuntura. Quatro mortes tiveram lugar, mas tratava-se asma grave e o óbito decorreu da doença de base. Infecções pós-acupuntura, bem comprovadas, são diversas: pelos vírus B e C da hepatite; pelo HIV pericondrite infecciosa; septicemia, incluindo endocardite bacteriana;


grave comprometimento no local que vai até perda de substância. Em todos o eventos percebe-se a falta de obediência a critérios mínimos adequados para que as agulhas sejam devidamente esterilizadas. Alías, como acupuntura é praticada por pessoas com vários níveis de formação, médica ou não, envolvendo até algumas não submetidas á fiscalização. No contexto desse método é viável o assédio sexual e a formação médica não exclui tal modalidade de marginalidade. A posição que nós, como infectologistas, devemos assumir perante a acupuntura é clara: desde que efetuada com respeito e cuidados para coibir contaminação, ela não implica necessariamente risco. Não há nenhum motivo para recusar, por exemplo, acupunturados como doadores de sangue , se boas medidas forem tomadas. Uma curiosa conduta, sem base totalmente lógica, rejeita como doadores os submetidos à acupuntura dois, seis, doze ou mais meses antes. Porém, respeitadas as cautelas preventivas, não há justificativas para criar obstáculos, compreensível no caso de maus procedimentos profiláticos. Recomendamos a esterilização das agulhas e o uso individual, exclusivo de agulhas para cada paciente, evitando trocas. Lembrando que acidentes não são impossíveis. As descartáveis, outrossim, merecem toda a preferencia, evidentemente sem reutilização. A esterilização a vapor afigura-se imprescindível por representar sistema intrinsecamente à prova de erros. A desinfecção química é menos indicada, mesmo porque produtos como o glutaraldeído estragam o Aço e essa forma de agir permite falhas. Como ilustração, rememoramos que se impõe mergulhar as agulhas pelo tempo definido para cada microorganismo que se deseja eliminar. DIA MUNDIAL DO DOENTE 11 DE FEVEREIRO DE 1998 Por ocasião deste Dia Mundial do Doente, desejo exortar a Comunidade eclesial e renovar o empenhamento destinado a transformar a sociedade humana em uma “casa de esperança”. O próximo “dia Mundial do doente” vai ser celebrado no santuário de Loreto (Itália), no dia 11 de fevereiro de 1998. Em preparação para a celebração deste dia João Paulo II enviou uma mensagem aos fiéis do mundo inteiro (29/06/1997). O Papa incentiva a “Comunidade aclesial e renovar o empenho destinado a transformar a sociedade humana em uma casa de esperança, em colaboração com todos os crentes e os homens de boa vontade”. Destacamos a seguir alguns trechos mais importantes da mensagem papal que são um estímulo para os agentes e profissionais da saúde a cuidarem dos doentes com competência e sensibilidade humana”. Uma radiografia da situação atual da humanidade. O Papa constata que vivemos “num mundo dilacerado por sofrimentos, contradições, egoísmo e violência, o crente vive a consciência de que “toda a criação tem gemido e sorido dores de parto até agora”( Rm 8,22), assumindo o empenho de ser, com a palavra e com a vida, uma testemunha de Cristo ressuscitado. Lembrando a Carta Apostólica Terceiro milênio Adveniente, o Papa Lembra que convidou “os crentes a valorizar os sinais de esperança presente neste epílogo do século, não obstante as sobras que freqüentemente os escondem aos nossos olhos”, e a reservar particular atenção aos “progressos realizados pela ciências, pela técnica e sobretudo pela medicina ao serviço da vida humana (n.43). “Todavia, os sucessos alcançados no combate das enfermidades e no alívio dos sofrimentos não podem fazer esquecer as inúmeras situações em que são desconhecidos e espezinhadas a centralidade e a dignidade da pessoa humana, como se verifica quando a saúde é considerada em termos de lucro e não de serviço solidário, quando se deixa a


família sozinha perante os problemas de saúde frágeis da sociedade são obrigados a suportar as conseqüências de injustas desatenções e discriminações. Frente a todo este contexto João Paulo II exorta uma ação basicamente de cuidado da vida enfraquecida em vários níveis a saber: Em relação à comunidade eclesial que” se empenhe em apresentar a promoção e a defesa da vida e da dignidade da pessoa humana, desde a concepção até ao seu termo natural; atuem concreta e visivelmente a opção preferencial pelos pobres e marginalizados; entre estes, cerquem de amorosa atenção as vítimas das novas enfermidades sociais, os portadores de deficiência, os enfermos crônicos e quantos são obrigados pelas desordens políticas e sociais a deixar a própria terra e a viver em condição precárias ou até mesmo desumana . Enfatiza o Papa que “comunidades que sabem viver a autêntica diaconia evangélica, vendo no pobre e no enfermo “o seu Senhor e Mestre”, constituem um anúncio corajoso da ressurreição e contribuem para renovar eficazmente a esperança “no advento definitivo do Reino de Deus”. Ao se referir Aos doentes, assinala que devem ter um lugar especial na comunidade eclesial. A condição do sofrimento em que eles vivem e o desejo de recuperar a saúde os tornam particularmente sensíveis ao valor da esperança e exorto-os a iluminá-la e elevá-la com a virtude teologal da esperança dádiva de Cristo. Esta o ajudará a dar um significado novo ao sofrimento, transformando-o em caminho de salvação, em ocasião de evangelização e de redenção modelada na experiência de Cristo e habitada pelo Espírito Santo, a sua experiência da dor proclamará a orça vitoriosa da Ressurreição. Em relação às famílias dos doentes – Enquanto convida a comunidade eclesial e civil a assumir as difíceis situações em que se encontram muitas famílias sob o peso imposto pelas enfermidades de um parente, o Papa recorda que o mandato do Senhor de visitar os enfermos se dirige em primeiro lugar aos familiares da pessoa doente, Levada a cabo em espírito de amorosa doação de si e alimentada pela fé, pela oração e pelos sacramentos a assistência dos parentes enfermos pode se transformarem um instrumento terapêutico insubstituível para o doente e tornar-se para todos ocasião da descoberta de preciosos valores humanos e espirituais. Para o profissionais da saúde, voluntários e agentes de pastoral da Saúde: Quero exortá-los a ter sempre um elevado conceito da tarefa que lhes é confiada, sem jamais se deixar vencer pelas dificuldades e incompreensões. Empenhar-se no mundo da saúde, não quer dizer apenas combater o mal, mas sobretudo promover a qualidade da vida humana. Além do mais, o cristão, consciente de que “a glória de Deus é o homem vivo”, honra a Deus no corpo humano tanto nos aspectos exaltantes da orça, da virilidade e da beleza como nos aspectos da fragilidade e da decomposição. Sempre proclama o valor transcendente da pessoa humana, cuja dignidade permanece intacta apesar da experiência da dor, da enfermidade e do envelhecimento. Contrariamente a quantos “não têm esperança” ( Cf 1 Ts 4.13),o crente sabe que o período do sofrimento representa uma ocasião de vida nova, de graça e de ressurreição. Exprime esta certeza através do empenho terapêutico, da capacidade de acolhimento e de acompanhamento, da participação na vida de Cristo, comunicada na oração e nos sacramentos. Pergunta João Paulo II, se cuidar do doente e do moribundo, ajudar o homem exterior que se desfigura a fim de que, dia após dia, o homem interior se renove (c. 2 Cor 4,16) não seria porventura cooperar naquele processo de ressurreição que o Senhor insuflou na história dos homens com o mistério pascal e que encontrará pleno cumprimento no fim


dos tempos? Não é acaso dar razão da esperança (cf. i Pd 3,16) que nos foi concedida? Em cada lágrima enxugada existe já um anúncio dos últimos tempos, uma antecipação da plenitude final (cf. Ap 21,4; Is 25,8). Tomando consciência disso, a Comunidade Cristã é convidada a esmerar-se na assistência aos doentes e na promoção da qualidade de vida, colaborando com todos os homens de boa vontade. Realiza esta sua delicada missão ao serviço do homem, quer no confronto respeitoso e decidido com as forças que exprimem visões morais diferentes, quer com a contribuição efetiva à legislação sobre o ambiente, o apoio a uma distribuição eqüitativa dos recursos sanitários, a promoção de uma maior solidariedade entre os povos ricos e pobres. A mensagem papal termina com uma súplica implorando à Maria para que nos tornemos atentos às necessidades do próximo, solícitos em socorrer quem sofre, capaz de acompanhar quem está sozinho, e construtores de esperança onde acontecem os dramas humanos.


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