APLACAR A DOR FREI BETTO A o visitar enfermos, descubro que a doe ou o sofrimento não são só físicos. São também mentais, morais, afetivos e espirituais. Todavia, a medicina ainda permanece asfixiada pela camisa-de-força do cartesianismo alopáticos, como se medicamentos representassem a cura de todos os males. Sofrem fisicamente os acidentados, os (de)ficientes físicos, os eu trazem no organismo anomalias que se manifestam pela dor. A esses não bastam os recursos da alopatia, da homeopatia ou da medicina alternativa. A acupuntura é uma excelente recurso, bem como o apoio terapêutico. Quem sofre precisa evitar submergir no sofrimento. Essa emersão se dá na medida em que não se assume como doente, apenas há uma doença em si. Assim como ela veio, deve ir. A consciência do próprio sofrimento é uma maneira de transcendê-lo e, de certo modo, dominá-lo. No entanto, ainda são exceção os profissionais da saúde que indagam não apenas o que sente o paciente, mas também como vive, pensa, trabalha, se diverte, come e imagina o seu futuro. O budismo visa exatamente a livrar-nos da dor. O cristianismo lhe imprime um caráter redentor. O trabalho espiritual em torna da do faz com que se torne, de fato, como sugere Jesus, “um peso leve e um fardo suave”. Não deixa de ser peso nem fardo. Torna-se, porém, suportável. O sofrimento mental marca aqueles que são considerados esquizofrênicos, psicóticos, paranóico, etc. É uma característica também dos dependentes de drogas e do álcool. O recurso de drogas e do álcool. O recurso mais adequado para enfrentar tais pacientes é o afeto. O amor “move montanhas” e quebra as resistências da loucura. É difícil amar nesses casos. Pois, num primeiro momento, não há reciprocidade. E nosso amor tem sempre uma pitada de cobrança. Amamos para sermos amados. Quando o afeto é uma via de mão única, às vezes respondido com agressão e repulsa, é preciso muita paciência e compaixão para fazer o outro sentir-se verdadeiramente amado. O adestramento, a reeducação, o apoio farmacológico e terapêutico são recursos necessários, mas não substituem o carinho. No caso dos dependentes químicos, assim como a carência de afeto costuma ser a porta de entrada, só o amor funciona como porta de saída. O sofrimento moral advém de calúnias, difamações, injúrias e, também, de situações desmoralizadoras. A compaixão é o melhor remédio, seguida do perdão. Trata-se de ajudar a pessoa em depressão moral a mudar seus paradigmas e, em caso de erro, engajar-se na reparação. Muitas vezes se sofre por motivos fúteis. Daí a importância de modificar referências, para se adquirir uma nova visão de si, dos outros e do mundo. Ajudar aquele que ore a objetivar sua dor é trazei-lo à tona, livrando-o da opressão. Lembro meus tempos de pisão, sob a ditadura. Os presos dividiam-se entre os que falavam e os que calavam a respeito do próprio encarceramento. Em geral, os primeiros saíram em melhores condições psicológicas. Entre os que ainda hoje se calam, fica a impressão de que a prisão ainda não saiu deles. O sofrimento afetivo resulta de separações conjugais, de infidelidade, de perdas de pessoas queridas, mortas ou desaparecidas, de expectativas frustadas. Nesses casos, importa trabalho o sentido da vida, abrir-se a uma nova ótica das coisas, fazer da dor uma
motivação para começar de novo. Buscar a reconciliação quando possível, mudar de lugar social quando a perda é inevitável, sem perpetuar luto e expectativas. Em todo sofrimento há uma dimensão espiritual. Quem se apega ao supérfluo sofre por ter apenas o necessário. Quem teme a morte lamenta, no fundo, desgarrar-se de tanto apegos nesta vida. Quem tudo doa, e se doa, não tem o que perder diante da proximidade da vida que é eterna e terna, porque Deus é Amor. Quanto mais profunda a espiritualidade, menos pesa a dor. Nesse sentido, oração e meditação são recursos aconselhados. Provocam uma mudança de ótica, redimensionam os valores, resgatam o caráter libertador do sofrimento. Leituras ajudam a encarar a vida por outros ângulos. Contudo, é o compromisso com os outros que permitem descobrir a dimensão terapêutica do amor. Quem se dedica aos outros esquece um pouco de si e relativiza as próprias angústias e inquietações. Tanto maior o amor, tanto menor a dor.
AGENTE DE PASTORAL: PESCADOR DE SENTIMENTOS ANÍSIO BALDESSIN
O trabalho do Agente de Pastoral, é entrar no mundo pouco conhecido das pessoas, mergulhar no mais profundo do ser de cada um e descobrir, o que nele existe de mais belo e também o lado triste que cada um traz dentro de si. O capítulo quinto do Evangelho de Lucas (Cf Lc. 5-11) narra o texto da pesca milagrosa. Especificamente, no versículo 10, Jesus diz: “De agora em diante vocês serão pescadores de homens”. Tendo como base este trecho do evangelho, pretendo fazer uma leitura paralela destacando alguns aspectos pastorais, que ele apresenta. Pois, nosso trabalho pastoral, é entrar no mundo pouco conhecido das pessoas, mergulhar no mais profundo do ser de cada um e descobrir, o que nele existe de mais belo e também o lado triste que cada um traz dentro de si. Caminharemos à luz deste texto para uma reflexão pastoral, tendo o hospital como o nosso “grande mar”. Uma explicação importante é que, mar, ma Bíblia, é lugar de abundância, mas é também sinônimo de perigo. No tempo de Jesus, já era comum que as comunicações e os transportes fossem feitos por via marítima. Como o mar, é no hospital que muitas coisas importantes acontecem. Não é difícil perceber que, embaixo das águas escuras ninguém sabe o que esconder. Coisas belas de que gostamos e apreciamos, e também mistérios que nos assustam. Assim, como no mar, no hospital, há muito de desconhecido para o agente e também para o doente. Os doentes que encontramos, muitas vezes é a primeira vez que os vemos. E ao mesmo tempo, também nós, Agentes de Pastoral da saúde, somos desconhecidos para eles. Acrescente-se o hospital que é o lugar onde as pessoas se julgam seguras na busca da saúde, pode, algumas vezes, transformar-se em lugar de perigo e insegurança. O desconhecimento do ambiente hospitalar, acaba gerando um clima “ruim” fazendo com que o doente sinta medo. Como os discípulos tinham medo de avançar mar adentro, para lançar a rede, embora tivesse certeza que era lá o melhor lugar para pesca.
Os profissionais por mais competentes e humanos que sejam, são desconhecidos. Os exames clínicos, necessários e importantes que o pacientes tanto espera, podem esconder surpresas desagradáveis. Enfim, da mesma forma que o mar, lugar de abundância, que enche as redes dos discípulos mas pode ser lugar de perigo, igualmente o hospital que é lugar de cura e recuperação, e alivia dores tristezas e sofrimentos, pode esconder algumas surpresas que nem sempre os doentes estão preparados para enfrentá-las. Portanto, nós como agentes de pastoral da saúde somos desafiados a mergulhar no mundo das pessoa, orientando-as onde elas podem “lançar a rede”. Muitas vezes, lugares obscuros, mas sempre acreditando e aceitando ordem de Jesus que nos orienta para o lugar certo. PESCAR NO LUGAR CERTO Embora nossa profissão não seja a de pescadores, certamente quase todos já testamos nossas habilidades neste campo. Mesmo que a maioria das vezes isso seja apenas um “passa-tempo”, sabemos por experiência que os lugares onde estão os melhores peixes, nem sempre são os lugares mais confortáveis e de fácil acesso. É difícil chegar onde alguém ainda nunca chegou. Mas são melhores peixes. Mas quando o medo é maior que nossa coragem, nossa pesca é mal sucedida. Em nosso trabalho pastoral, o desafio é sempre ir onde ninguém vai, São muitas as pessoas com funções bem definidas no hospital: o médico, o enfermeiro, a faxineira, a cozinheira, enfim toda equipe multiprofissionais. Mas são muito pouco aqueles que param, para ouvir; papel que cabe a nós, agentes de pastoral. Podemos dizer que somos os mensageiros da fé e da solidariedade: “pescadores de homens” e de sentimentos. Muitas vezes, fazemos nossa visita de maneira errada. Preocupados em evangelizar, temos muita pressa em lançar as redes, ou as lançamos sem sensibilidade quanto ao lugar certo e desordenadamente. É claro que fazemos isso com muito boa fé. Mas, alguém, já disse: “nem toda boa fé é uma fé boa”. Ou seja, nossa intenção é melhor possível, porém a maneira como fazemos não é a mais correta. Muitas vezes nos preocupamos tanto coma evangelização a pessoa. Ou quando abordamos a pessoa numa relação de ajuda, ou num diálogo com o doente, fazemos perguntas mais do nosso interesse que o do doente; Ou ainda falamos aquilo que queremos falar e não o que o doente gostaria de ouvir. Pois o doente, ao menos no início do diálogo, é quem deveria sugerir o tema de nossa evangelização. Caso contrário, nossa conversa não será uma relação de ajuda e sim dissertação de verdades que eu acredito importantes para mim, mas que nem sempre são importantes para o doente. DEUS NOS AJUDA, E NÓS AJUDAMOS O OUTRO Muitas são as definições de relação de ajuda. Carl Rogers assim definiu: “é aquela em que um dos participantes tenta fazer surgir, de uma melhor apreciação e expressão dos recursos escondidos do indivíduo, e um uso mais funcional destes recursos”. Georg Dietrich define que a relação de ajuda ou aconselhamento pastoral “é uma relação de auxílio na qual o conselheiro tenta estimular a capacidade do aconselhado, ou capacitar o outro para a auto ajuda”. Carkhuff define que ajuda é: “promover uma mudança construtiva na mentalidade e nas reações habituais e características do indivíduo”. Além dessas definições, temos uma mais clara dada por Angelo Brusco: “Relação de Ajuda é um ministério da comunidade fiel que tem com fim a cura, a libertação, a reconciliação e o crescimento pessoal do indivíduo. Tal relacionamento baseia-se na
relação entre um ou mais agentes de pastoral competentes e alguma pessoa ou algum grupo que se compromete a desenvolver uma interação significativa”. Tendo como base essas definições podemos estabelecer uma auto-crítica de como nós desenvolvemos nossa relação de ajuda com os doentes. Será que em nosso trabalho pastoral, não somos superficiais, limitando-nos a ficar “na margem do mar” com medo de entrar no íntimo mais profundo das pessoas? O estranho e o desconhecido provocam em nós certa insegurança. Preferimos falar daquilo que não nos compromete com os doentes? Ou não temos a coragem de confrontar as pessoas porque temos receio de ser confrontados? Por vezes é mais cômodo e fácil, fazer oração, distribuir santinhos ou mesmo dar uma bênção. Pois além de ser mais rápido, não nos compromete. É claro que a oração e as mensagens cristãs, tais como Bíblia, terços, santinhos, medalhas e objetos próprios de piedade, são instrumentos importantes no processo de relação de ajuda e evangelização, desde que não criem bloqueios em nossa relação pessoal com o doente. O que é tido como um meio de evangelização pode se tornar uma máscara onde eu procuro me esconder. Pois na relação de ajuda não é somente o outro que está se expondo. Eu também manifesto as minhas habilidades e minhas limitações, até mesmo no que se refere à minha própria fé. Pois evangelizar é também libertar a pessoa de uma situação de dependência para um crescimento pessoal. SERVINDO E EVANGELIZANDO Uma vocação que Deus deu a todos os seus filhos foi a vocação para a felicidade; mas também é verdade que é difícil ser feliz sozinho. Talvez, por essa razão, gostamos de convidar as pessoas para celebrar nossos momentos de sucesso, no entanto é uma característica do ser humano procurar também fazer o outro feliz. Minha felicidade também depende da felicidade do outro. E para os cristãos, felicidade e solidariedade, vem acompanhadas da evangelização. Por isso podemos evangelizar sempre e em todos os lugares. O texto bíblico narra o pedido de Jesus mandando os discípulos lançarem as redes. Ele porém nota o cansaço e o desgaste de cada um. Mais importante do que o desgaste e o cansaço era a sensação de vê-los felizes com o resultado de seu trabalho. E o agente quantas vezes não se depara com a angústia, tristeza, desânimo, dores entre tantos sentimentos humanos, aos quais mesmo as pessoas que têm fé não escapam. Mas também constata que a presença humana e solidária daqueles que visitam pode resgatar a confiança na busca da saúde. Quantas pessoas recuperam o sentido do viver porque recebem um estímulo. Sentem-se gente, pessoa. Isso é muito mais importante do que qualquer coisa. Uma visita pastoral é capaz de resgatar esse gosto pela vida. Pois o doente pensa: “se alguém vem me visitar, é porquê ainda tenho significação para a vida”. O agente de pastoral da saúde ou o ministro dos enfermos a partir do momento que assumem a missão de visitar os doentes, sentem-se responsabilizados para amenizar o sofrimento do outro. Por isso, é importante que ele saiba que, sua presença junto aos que sofrem, já é uma forma de evangelização, ainda que sua visita não tenha terminado com a recepção dos sacramentos. Pois a pessoa enferma pode esquecer facilmente, os sermões, as palavras bonitas e inspiradas que falamos, mas certamente não esquecerá a visita que recebeu. NOVAS TESTEMUNHAS A afirmação de Jesus: “De hoje em diante você será pescador de homens”(Cf Lc 5,10) retrata bem a realidade do paciente visitado. Ninguém que tenha passado pela
experiência da doença, sai como entrou. E certamente a pessoa se tornará uma nova testemunha de apoio e da solidariedade recebida. O agente continuará sua missão, pois seu trabalho humano e evangelizador não é restrito a uma ou duas pessoas. É um eterno lançar as “redes” no mares desconhecidos que é o mundo de cada ser humano. E cada vez que vamos entrando no íntimo de cada um, certamente teremos que nos defrontar com as adversidade que o desconhecido “mar humano” pode esconder. Também teremos a oportunidade de encher a nossa “rede” com a riqueza que cada pessoa guarda destro de si com suas experiências de vida. Como o mar, a pessoa humana trás consigo uma bagagem abundante que nos enriquece. “Ninguém é tão rico que não precise de nada, e ninguém é tão pobre que não tenha nada para oferecer”. Mergulhe no “mar” da vida de cada doente que você encontrar oferecendo-se como pessoa solidária, e você ajudará a encher a rede de todos os doentes que como os discípulos já estão cansados e desanimados, fazendo com que “eles” também se tornem testemunhas vivas de Cristo. CEFALÉIAS: É UM GRAVE ERRO SUBSTIMÁ-LAS Não é fácil fazer uma apresentação , em pouco espaço, do vasto “planeta” faz cefaléias. Todos, com maior ou menor intensidade, temos dor de cabeça: é um dos sintomas mais comum que atinge a população e pode ser o sinal de alarme de vários patologistas, até mesmo graves. Portanto, procurarei fazer um breve excursus sobre os diversos tipos de cefaléias existentes. Quando se tem dor de cabeça, o tipo do problema pode ser muito variado: podemos ter a sensação de martelamento ou de calor, de latejo; podemos sentir como “um torno que comprime” ou como uma “faca talhante”. Estas sensações, depois, podem se estender por toda a cabeça ou localizar-se numa determinada área. Para entender as causas de uma cefaléia, e importante levar em consideração, como e quando se apresenta e se é acompanhada por outros sintomas. Existe a simples dor de cabeça sem outras sintomatologias, que dura pouco tempo e não tem um significado clínico particular. Passemos agora a catalogar os diversos tipos de cefaléias. Temos a cefaléia por tensão muscular: é típica dos períodos de estresse ou de demasiado cansaço, e concentra-se na parte posterior, em direção ao pescoço; é freqüentemente acompanhada por uma “faixa opressora” na testa; pode ser curada com analgésicos e relaxamento. Se tivermos dores de cabeça periódicas, com náusea, vômito e distúrbios patentes, trata-se de hemicrania. Este tipo de patologia, normalmente, é hereditário; a dor afeta somente um lado da cabeça, dura cerca de dois dias, é intensa e debilitante. Pode ser curada com remédios específicos e com repouso, em lugar escuro e silencioso. Pode ser causada pela ingestão de alimentos, como chocolate ou alguns tipos de vinho. As síndromes gripais ou resfriados também são acompanhadas por cefaléias. Se a dor for localizada na esta ou no maxilar superior e aumenta quando a gente se inclina, tratase de sinusite. É preciso maior atenção, porém, quando a do de cabeça é acompanhada pela rigidez do pescoço e pelo incômodo da luz, porque talvez se rata de meningite. Portanto, seria oportuno consulta rapidamente o médico. Se a cefaléia se localiza em torno dos olhos e ocorre quando se lê ou se pratica alguma atividade que requer esforço visual, talvez se trata de uma diminuição da visão ou de uma doença do olho chamada glaucoma.
As cefaléias ligadas à hemorragia cerebral espontânea ou póstraumática são normalmente muito graves. Dão uma sensação de cansaço a ponto de levar à perda de consciência; neste caso também é bom chamar imediatamente o médico. Existe um tipo de cefaléia que se apresenta de manhã com náusea e vômito. Normalmente é ligada a desordens alimentares da noite anterior; mas, se se repetir freqüentemente, pode ser também sintomas de um tumor cerebral em formação. Dizíamos que a dor de cabeça é um sintomas muito comum, excluídas as formas de causas graves, e pode ser curada com antiinflamatórios e analgésicos. Não devemos abusar, dos analgésicos à base de salicilatos, que pode, provocar gastrite ou úlceras gástricas, preferindo aqueles medicamentos à base de “paracemolo”. Concluindo, é bom que a cefaléia seja qual for deve ser levada em consideração e não subestimá-la. Mas existem casos em que é obrigatório consultar o médico: quando a dor de cabeça é acompanhada pela rigidez de pescoço ou pela perda de consciência e quando se apresenta mais vezes com náusea e vômito matutinos. A AGENDA DA SAÚDE PARA O SÉCULO XXI LÉO PESSINI A Organização Mundial da Saúde, OMS, completou no último dia 7 de abril de 1998, 50 anos de vida. Em sua história, talvez poucos saibam, um médico brasileiro, Dr. Marcolino Gomes Candau, foi a seu segundo Diretor Geral, cargo que ocupou durante 20 anos (1953-1973) . Não podemos deixar de registrar que em 21 de julho deste ano assumiu a Direção Geral da OMS, pela primeira vez na sua história, uma mulher, a médica norueguesa, ex-primeira ministra, Gro Harlem Brundtlsnd. Esta prestigiosa organização internacional já prestou uma folha de serviço gigantesca em benefício da saúde humana em todo mundo. Conta atualmente com 191 estados membros; desencadeou a nível mundial importante políticas e estratégias de saúde, entre outras: o Conceito de cuidado primário de saúde (Conferência de Alma Ata – 1978). A estratégia global de saúde para todos no ano 2000 (32º Assembléia Geral – 1979), recentemente retomada (Renovação da estratégia de saúde para todos no ano 2000-1995), introduzindo os conceitos de equidade e solidariedade no processo. Além disso a OMS publica ultimamente relatórios anuais da situação da saúde no mundo, que nos apresentam um mapa abrangente dos maiores desafios que dominaram o mundo da saúde na segunda metade do século que ora finda. As prioridades recomendadas nestes relatórios para uma ação internacional desenham o horizonte da saúde no planeta para os próximos decênios. Recapitular, ainda que resumidamente, a temática desses últimos documentos é importante, pois nos situa na perspectiva de sabermos como será a saúde no futuro. Reduzir o número de mortes prematuras, estancar este desperdício de vidas é um dos maiores desafios da humanidade às vésperas do século XXI 1995: Eliminando as discrepância, Identificou a pobreza como a maior causa de sofrimento e doenças, mostrou o aumento do fosso da saúde entre ricos e pobres. Recomendou o uso efetivo dos recursos disponíveis em direção aos mais necessitados. 1996: Lutar contra a doença, encorajando o desenvolvimento. Identificou três prioridades principais: terminar a agenda inacabada de erradicação e eliminação de doenças específicas, enfrenta “as velhas” doenças tais como a tuberculose e malária, os problemas de resistência antimicrobial e combater as novas doenças emergentes.
1997: Vence o sofrimento enriquecendo a humanidade. Enfatizou a importância da expectativa de saúde sobre a expectativa de vida num contexto de doenças crônicas não comunicáveis. Sua principal recomendação foi a integração da doença e integrações específicas num pacote de controle de doenças crônicas incorporando prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e treinamento aprimorado dos profissionais da saúde. 1998: Vida no século XXI – uma visão para todos – tendências 1955-2025. Passemos a alguns destaques do relatório OMS-1998. A humanidade apesar de ter sido ameaçada por duas devastadoras guerras mundiais na primeira metade deste século e por muitos outros conflitos e catástrofes na segunda metade, não apenas sobreviveu, mas surpreendentemente cresceu. Hoje, em pelo menos 120 países (com uma população de 120 milhões) a expectativa de vida ao nascer vai além dos 60anos. A média global hoje é de 66, se compararmos com os 48 de 1955 e a projeção de chegar aos 73 anos em 2025. O aumento da longevidade sem qualidade de vida é um ganho inútil e a expectativa de saúde é mais importante que expectativa de vida, afirma o relatório da OMS 1997. O relatório de 1998, embasado em dados reunidos a partir dos rumo da saúde nos últimos 50 anos, destaca que as melhorias fantásticas, que ocorreram em saúde, deveramse ao desenvolvimento sócio – econômico, provisão ampla de água potável, instalações sanitárias e higiene pessoal e a criação e expansão dos serviços nacionais de saúde. As doenças infecciosas mais graves, tais como a poliomielite, lepra, doença de Chagas entre outras, estão sendo firmemente derrotadas. Ocorreram avanços espetaculares no desenvolvimento de vacinas e remédios e tantas outras inovações na pesquisa, diagnóstico e tratamento e na redução de deficiências e na reabilitação. Um dos dados mais perturbadores apontado pelo relatório é que embora a expectativa de vida tenha aumentado ao longo do século XX, constata-se hoje que, infelizmente 3 entre 4 pessoas morrem antes dos 50 anos nos países menos desenvolvidos, ou seja, esta era a expectativa global de vida de meio século atrás. Em 1998, com a projeção de 21 milhões de mortes – 2 entre 5 a nível mundial – será de pessoas com menos de 50 anos, incluindo 10 milhões de crianças que nunca chegarão aos 5 anos de idade. Mais de 7 milhões de mortes serão de homens e mulheres, nos melhores e mais produtivos anos de suas vidas. Em 1997, de um total global d e52,2 milhões de mortes, 17,3 milhões oram devidos a doenças infecciosas (HIV/AIDS – 2,3 milhões) e parasitárias; 15,3 milhões oram causadas por doenças circulatórias; 62 milhões pelo câncer: 2,9 milhões por doenças respiratória e 3,6 milhões por condições perinatais. Reduzir o número de mortes prematuras, estancar este desperdício de vida é um dos maiores desafios da humanidade às vésperas do século XXI. Existem no entanto outros desafios a serem enfrentados. Embora a saúde global tenha melhorado consideravelmente ao longo dos anos um número enorme de pessoas praticamente ainda não se beneficiou dessas melhoras. As lacunas entre a saúde dos ricos e dos pobres aumentaram assustadoramente. A nível mundial, a maioria das mortes prematuras são “preveníveis”. Pelo menos 2 milhões de crianças morrem cada ano de doenças para as quais já existem vacinas. O Relatório 1998 aponta também sinais de esperança ao afirmar que as mortes prematuras entre os adultos podem ser significativamente reduzidas. As mortes de doenças do coração também foram reduzidas significativamente em muitos países que estão declinando de uma alta incidência de doenças circulatórias para baixas incidências, graças à adoção de estilos de vida mais saudáveis.
As doenças infecciosas, continuam com as principais responsáveis de mortes prematuras, entre adultos, na grande maioria dos países em desenvolvimento. Reduzir estas cifras depende principalmente de vontade política e compromisso dos governos e apoio da comunidade internacional. As duas tendências maiores em relação à saúde apontadas pelo Relatório OMS 1998, crescente expectativa de vida e declínio das taxas de fertilidade, significam que pelo ano 2025: - A expectativa de vida mundial, hoje de 68 anos, chegará aos 73 anos. Pelo ano 2025, 26 países terão uma expectativa de vida acima de 80 anos. Será mais alta na Islândia, Itália, Japão e Suécia (82 anos) seguido pela Austrália, Canadá, França, Grécia, Holanda, Singapura, Espanha e Suíça com 82 anos. - A população mundial em torno de 5,8 bilhões hoje aumentará para aproximadamente 8 bilhões. Cada dia em 1997, dos 365.000 bebês que nasceram, e dos 140.000 pessoas que morreram natural de aproximadamente 220.000 pessoas por dia. O número médio de bebês por mulheres na idade reprodutiva era de 5,0 em 1955, caindo para 2,9 em 1995. Prevê-se que chegará a 2,3 em 2025. Enquanto somente três países estavam abaixo do nível de reposição populacional de 2.1 em 1995, em 2025 serão 102 os países em tal situação. - Nunca haverá tantas pessoas idosas e tão pouco jovens. Manter a saúde e qualidade de vida em populações que estão envelhecendo é de vital importância, quer do ponto de vista social ou econômico. No século XXI, adiar os efeitos adversos da velhice o mais longe possível será a maior preocupação pessoa e política especiais de saúde para aqueles que já estão na velhice e aqueles que envelhecerão no futuro. - O número de pessoas idosas acima de 65 anos terá crescido de 390 milhões em 1997 para 800 milhões; de 6,6% do total da população para 10% dois terços das quais nos países em desenvolvimento. Milhares de pessoas nascidas neste anos, viverão todo o século XXI e verão o advento do século XXII, Por exemplo, em 1950havia somente 200 pessoas centenárias na França; pelo ano 2050 o número projetado é de 150.00. - A proporção de pessoas jovens abaixo de 20 anos cairá de 40% em 1997 para 32% do total da população, apesar de atingir 2.6 bilhões –um \aumento atual de 252 milhões. - Sem sombra de dúvida estas alterações demográficas profundas implicações em relação à saúde da população. A guerra contra a doença no século XXI será travada simultaneamente em duas frentes principais: doenças infeciosas e crônicas de um lado e doenças não comunicáveis de outro (doenças do coração, câncer, diabetes, desordens mentais). Muitos países em desenvolvimento serão atacados nas duas frentes, à medida em que doenças do coração, diabetes e outras condições de estilos de vida forem as principais causas de morte e as doenças infecto contagiosas continuarão a roubar vidas. Neste grupo, HIV/AIDS continuará se a maio ameaça de morte. Reforça-se a esperança com a ajuda de comunicações internacionais instantâneas e tecnologias de informação e sistemas globais de vigilância para detectar problemas, porque agora existe uma oportunidade única de se construir novas parcerias mundiais para a saúde, baseada na justiça social, equidade e solidariedade. Hiroshi Nakagima ao concluir sua
mensagem de apresentação do Relatório OMS 1998 afirma que “os progressos e conquistas dos últimos 50 anos são fundamentos sólidos para um mundo melhor e mais saudável. A vida no século XXI pode e deve ser melhor para todos. Não existe melhor presente para a próxima geração do que um futuro mais saudável”. Que iniciemos o novo milênio plenos de vida feliz, no cultivo de estilos de vidas sadias e que todas nossas ações sejam promotoras de mais qualidade de vida, esperança e saúde! FELICIDADE: O QUE É? HENRY I. SOBEL Felicidade é algo sobre o qual pensamos bastante e em muitos momentos da vida desejamos uns aos outros. Na esperança de que os nossos entes queridos tenham muitos motivos de felicidade. Mas o que é felicidade? Definir a felicidade é quase impossível. Procuremos, então, uma definição negativa. Em primeiro lugar, felicidade não é possuir uma porção de coisas. Nós vivemos numa sociedade impregnada de um espírito exacerbado de competição no que tange à aquisição de bens. Quando mais, quanto maior, melhor! A felicidade não resulta de casas faraônicas ou carros importados ou peles ou jóias. Pelo contrário; como lemos no “Talmud”, “quem aumenta suas posses, aumenta suas preocupações”. A felicidade não depende de uma multiplicidade de bens; quem possui dois automóveis não tem o dobro da felicidade de quem só tem um carro. Em segundo lugar, a felicidade é freqüentemente confundida com divertimento. Quem viaja a lugares distantes e exóticos na esperança de encontrar a felicidade está fadado à decepção. Porque, ao chegar a Tiberíades, ou Tanzânia, ou Tibete, ou Taiti descobre que levar consigo toda sua bagagem de loucura, que o torna infeliz fugir dos problemas não traz a felicidade. Tampouco provém a felicidade do prestígio, do sucesso ou da reputação. Podemos ser famosos e conceituados e, mesmo assim, continuar frustados, insatisfeitos, infelizes. Bem, então já sabemos o que a felicidade não é. Mas o que é felicidade? Qual é o seu segredo? O que podemos fazer para sermos felizes? Algumas sugestões. Primeiro, parar de correr atrás da felicidade. Quanto mais caçamos a felicidade, mais ela foge do nosso alcance buscá-la é inútil. Vejam bem, não há nada de errado em querer ser feliz; errada é nossa insistência, a idéia fixa de que temos que ser felizes. Quem disse que temos que ser? Muita gente acredita que a felicidade resulta da ausência de sofrimento e que uma pessoa feliz é aquela que não tem problemas. Não é verdade! Somente os mortos não tem problemas. A vida machuca todos nós: perdemos entes queridos, sofremos mágoas em nossos relacionamentos, fracassamos em nossos objetivos profissionais. A ausência de dor não é uma condição necessária para a felicidade. Feliz não é aquele que nunca leva um tombo; feliz é aquele que levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. É preciso ter fé e coragem para ser feliz. Esse é o segundo pré-requisito. A última sugestão para ser feliz: não é ficar se perguntando “será que eu sou feliz”? Mantenha-se ocupado, na loja ou em casa, no escritório ou na cozinha, em sua profissão no trabalho voluntário, na sinagoga, na igreja ou na comunidade.
A felicidade ;e um subproduto da realização, um estado de espírito que resulta de perceber seu próprio valor. Experimentem se dedicar inteiramente às suas tarefas cotidianas. É bem provável que vocês descubram que se sentem imensamente felizes. Um jornal de Londres ofereceu um prêmio à pessoa mais feliz da cidade. Foram três os vencedores: um artesão que trabalhava assobiando, uma jovem mãe que cantarolava à noite, depois de dar banho em seu bebe, e um cirurgião que sorria ao terminar uma operação bem-sucedida. Esses três indivíduos não estavam buscando a felicidade; estavam totalmente absortos em suas tarefas. Por fazer com amor seu trabalho cotidiano, eles abriram a porta da felicidade, e ela entrou de mansinho. Amigos: em vez de pedirmos a Deus uma vida feliz, vamos tomar a decisão de tornar nossa vida compensadora. Vamos viver com a certeza de que viver vale a pena.