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I ENCONTRO LATINO-AMERICANO DA FAMÍLIA CAMILIANA LEIGA EM SANTA FÉ, BOGOTÁ – COLÔMBIA AMILTON ROLDÃO DE ARAÚJO EVANGELISTA MOISÉS DE FIGUEIREDO Nos Dias 15, 16 e 17 de maio de 1999 estiveram reunidos em Bogotá, Colômbia os representantes da Família Camiliana da América Latina, ( Brasil, Paraguai, Ururguai, Argentina, Bolívia, Peru Equador) e da Europa ( Espanha, Itália, Irlanda). Como representante do Brasil participou o Ir. Amilton Roldão de Araújo. O objetivo desse Encontro Internacional foi aprofundar o novo Estatuto da FCL ( Família Camiliana Leiga) visando manter uma linha comum de atuação entre os diversos países onde ela já está organizada. O tema central foi a Missão do leigo na evangelização do mundo da Saúde. No primeiro dia foi abordada a importância do testemunho cristão do leigo na construção de uma sociedade mais justa e solidária, bem como a formação desses leigos através dos estudos dos Documentos da Igreja que tratam da participação leiga na evangelização . Leigos preparados com uma boa formação pessoal, política, social, religiosa, fermentando a massa e buscando a justiça, pois são a força de atuação e do testemunho da Igreja no mundo. O leigo não deve ser clericalizado, mas ser atuante e participante na sua condição laical, tendo como exemplo de organização as primeiras comunidades cristãs que assistiam a cada um nas suas necessidades concretas e imediatas. “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava sua a propriedade que possuía. Tudo entre eles era comum. Com grande sucesso os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus e todos os fiéis gozavam de grande estima. Não havia entre eles indigentes, Repartia-se, então, a cada um segundo sua necessidade”( At 4,32-35). O leigo deve exercer o sacerdócio comum e espiritual recebido no Batismo. Não existe vocação superior ou inferior, todos são chamados a realizar a missão confiada por Cristo no mundo onde atuam como cristão, seguidores de Cristo Sacerdote, Profeta e Rei. A comunidade leiga se caracteriza pela diversidade de dons e carismas ( I Cor 12). Os leigos estão presentes nos mais diversos ambientes e atuantes nas mais diversas frentes de ação da Igreja ( família, catequese, evangelização, liturgia, política social etc.), através de uma religiosidade espiritual encarnada na realidade pela fé e pelo testemunho comunitário. Para isso é preciso uma atitude de renúncia a tudo o que é injustiça, desumanidade e opressão, optando por Cristo que é fonte de vida plena (Jo10,10). Sem fé não há esperança na transformação da realidade gritante de injustiça que se vive principalmente nos países da América Latina. Os religiosos(as) devem ser os educadores e formadores dos leigos para que o projeto do Deus da vida Criador do universo seja de fato importante a união na missão de evangelizar o mundo da Saúde, pois há diversidade de dons mas o Espírito é o mesmo. Todos somos Igreja (LG). De modo especial nós religiosos Camilianos devemos acolher, apoiar e formar os leigos que querem atuar no mundo da Saúde, reconhecendo a força laica na evangelização e partilhando com eles o Espírito de São Camilo, tornando-os adultos na fé, preparando para a missão através do conhecimento profundo dos ensinamentos de Jesus Cristo e do exemplo de caridade de São Camilo, que via Cristo no enfermo e necessitado. A espiritualidade camiliana tem como fonte de inspiração a Espiritualidade da misericórdia cristã (Mt 25,32s), seguindo o Cristo servidor. Somos chamados a ver no enfermo o filho pródigo necessitado de ajuda e agir como o Bom Samaritano. Devemos ser abertos ao acolhimento da vocação à santidade através do encontro com Deus na pessoa do Cristo e do exemplo de São Camilo que cuidava do doente como uma mãe cuida do seu único filho enfermo. Jamais ver o ser humano necessitado como objeto de exploração econômica ou cientifica. A Família Camiliana Leiga é uma instituição profética para o mundo da Saúde e um sinal de esperança para o futuro. São profetas enviados para uma missão em nome de Cristo que denunciam as injustiças e propõem soluções fundamentadas no amor incondicional ao próximo a exemplo de Jesus Cristo. A criatividade e a competência são exigências primordiais para o futuro. É preciso criar estímulo, buscar


desafios e sonhar alto quase se fosse uma utopia, abrindo horizontes para os irmãos que nos substituirão no futuro. A principal missão da Família Camiliana é caminhar ao encontro dos que mais sofrem na Igreja local. Mais uam vez estamos convidando a todos os membros da Província que se mobilize para que em cada casa religiosa, paróquia ou instituição camiliana, haja um encarregado pela organização e dinamização da participação leiga nas nossas obras. Precisamos agendar uma reunião com os representantes o mais breve possível e elegermos uma diretoria executiva. Enviaremos no momento oportuno, uma cópia do Novo Estatuto da FCL, estudado, revisado e aprovado na reunião internacional de Santa Fé, Bogotá, Colômbia. Talvez a próxima reunião internacional da FCL seja no Brasil , esperamos...

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ORAÇÃO DA SOLIDARIEDADE Senhor Jesus, tu foste solidário com teu povo, especialmente com os rejeitados do teu tempo. Tu te fizeste um igual a nós assumindo a condição humana. Ajuda-nos, hoje, a viver a solidariedade que é amor, que é justiça. Derrama em nossos corações o espírito de solidariedade. Ele nos faz ser solidários por amor. Queremos nos ajudar mutuamente a carregar os fardos uns dos outros. Ajuda-nos a crescer na consciência da necessária organização para sermos eficientes na partilha dos bens materiais e espirituais. Assim estaremos construindo uma base social cujo alicerce é a solidariedade e a justiça. Senhor da solidariedade, ensina-nos a superar o isolamento, o egoísmo e a ganância. Em seu lugar, cultivemos experiências alternativas que se tornem esperança e certeza de novas relações humanas. Que a solidariedade alimente nossa vida e organização. Assim seja! Amém! O ENFERMO E QUALQUER CARENTE EM NOSSO CAMINHO AGEU HERINGER LISBOA

“TODAS AS VEZES QUE VOCÊS DEIXARAM DE AJUDAR A UMA DESTAS PESSOAS MAIS HUMILDES, DE FATO FOI A MIM QUE DEIXARAM DE AJUDAR”. Quero compartilhar algumas imagens e mensagens que a Bíblia lança sobre o fenômeno tanto do encontro homem e Deus quanto nosso encontro com o próximo e especialmente o encontro terapêutico. Uma primeira imagem me ocorre: Deus nos visitando continuamente através de seu filho Jesus Cristo e o Espírito Santo. Jesus, antes de sua ascensão, nos ensina. “Assim como o meu Pai me enviou, eu vos envio ao mundo”. Assim, como? Encarnacionalmente. Presença concreta. Um Deus não somente habitante das regiões celestes mas identificado com a nossa condição ordinária e cotidiana. Um migrante que abrindo mão das comodidades divinas conhece a desistalação, pobreza e limitação, pobreza e limitação da nossa espécie. No segundo capítulo da carta de São Paulo aos Filipenses, na tradução da linguagem de hoje temos: “Não é verdade que, por estarem unidos com Cristo, vocês são fortes”/ O amor dele os anima, e vocês participam do Espírito de Deus? “Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios, mas sejam humildes, e cada um considere os outros superiores a si mesmo”. No versículo 4º temos: “procure o interesse dos outros”. No versículo 7 “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma (natureza) de servo, assumiu a condição humana”. A palavra de Deus nos traz esta novidade radical: Deus conosco no aqui e agora nos refazendo e nos capacitando. Dando-nos esperança em meio às vicissitudes da vida e dando-nos o ministério da reconciliação. Uma segunda imagem, inversa à primeira: os homens visitando o Senhor e socorrendo-o. “Mas, quando fomos visitá-lo? E quando não o fizemos?” Mt 25:29 e 44. Uma surpreendente resposta de Jesus


ensina-nos acerca da identificação do Filho do Homem, agora na condição de Rei e Juiz com os doentes, sedentos, encarcerados, famintos e nus. “Ai o Rei responderá: “eu afirmo que, quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, de fato foi a mim que fizeram”. “Todas as vezes que vocês deixaram de ajudar a uma destas pessoas mais humildes, de fato foi a mim que deixaram de ajudar”. Esta auto-revelação-identificação de Jesus com os destituídos, os empobrecidos, famintos, enfermos, num contexto escatológico, numa cena de tribunal, ao fim da história, fala por si mesma. Não tem sentido perdermos tempo com discussões, à moda do fariseu que buscava racionalizar sua indiferença para com o próximo, sobre o lugar e a exigência da prática do amor como marca que segue o redimido por Cristo. ENFERMOS E ENFERMIDADE: O MISTÉRIO QUE NOS TOCA E TRANCENDE Enfermidade: sinal de nossa finitude e temporalidade, ocasião que quebra nossa ilusão de onipotência e nos chama à nossa condição primordial: humanos, feito do pó e destinados ao pó. Situação que evoca medos primitivos de separação, abandono e solidão. Despertam-nos reminiscências que em rápidos flashes historizam nossa existência e evocam saudades. Encontros de desejos não realizados, tempo de balanço e avaliação. Um estado especial de sensibilidade e de consciência que torna possível a quebra de condicionamento de hábitos mentais, emocionais e comportamentais. Uma ocasião singular para restauração. Em todos estes sentidos, um tempo especial para manifestação da graça de Deus. Para estas potencialidades vitais de transformação do velho em algo novo, para o encontro com a graça de Deus e encarnando esta mesma graça, deve ser orientado o serviço/liturgia de visitação ao enfermo, ao encarcerado e a qualquer necessitado. ÉTICA DA PRIVACIDADE LIDANDO COM O SAGRADO COM TEMOR E TREMOR O enfermo como encarnação visível de nossa carência e também encarnação do Deus sofredor chama-nos a atualizarmos nossa auto-imagem orgulhosa e piedosa e nos pede de escutá-lo com a alma. Não precisa de sermões mas de companhia para sua perplexidade e temores. E geralmente necessita de nossa prestatividade feita na base do sigilo, confiança e competência. “Um dia Noé bebeu muito vinho, ficou bêbado e se deitou nu dentro da sua barraca. Com, o pai de Canaã viu que o seu pai estava nu e saiu para contá-lo aos seus dois irmãos. Então Sem e Jafé pegaram uma capa, puseram sobre os seus próprios ombros, foram andando de costas e com a capa cobriram os eu pai, qeu estava nu. E, afim de não verem o pai nu, eles fizeram isso olhando para o lado”. Gn 9:21-24. Como olho para o outro? O quê acontece ao olhar e às vezes, tocar o corpo do outro, especialmente um corpo machucado, exposto em seu inverso, quando me deparo com alguém pelo avesso? Estarei autorizado ao acesso à sua intimidade? Estou consciente do mistério que envolve uma existência em crise, seja por enfermidade ou acidente, seja por conflito moral, seja por qualquer razão que nos escapa? Consigo dar-me conta que estou em terra santa? “Jó tinha três amigos. Eles ficaram sabendo das desgraças que haviam acontecido a Jó e combinaram fazer-lhe uma visita para consolá-lo. De longe eles não reconheceram Jó, mas depois,q uando viram que eraa ele, começaram a chorar e a gritar. Em sinal de tristeza rasgaram as suas roupas e jogaram pó para o ar e sobre suas cabeças. Em seguida sentaram-se no chão ao lado dele e ficaram ali sete dias e sete noites; e não disseram nada, pois viam que Jó estava sofrendo muito. (cf. Jó 5: 11-13). Em seguida a este tempo de identificação e companheirismo, típico de orientação, o texto prossegue com u debate sobre a condição humana e seus intrincados mistérios suscitados por ocasião de ruptura da normalidade, injustiça, acidentes, fraquezas do homem X poder de Deus e coisa do gênero. Arrastados pela lamentação de Jó, seus amigos pisaram numa casca de banana, complicaram as coisas para Jó e cometeram arrogância teológica a favor de Deus. Ao final Deus intervêm calando os quatro, mantendo soberanamente o mistério sobre as questões suscitadas e abençoa a Jó. Aprendemos com isto a sermos cuidadosos nos encontros com quer que seja, especialmente com um enfermo, a não tentarmos fazer cabeça e polemizar.


PREPARO PESSOAL: VISITADOR E AGENTE DE PROMOÇÃO E conclusão ao comentário anterior quero focalizar a imagem do visitador-serviçal como sendo portador de complexos psíquicos poderosos. Sua presença ao lado de um moribundo ou junto dos seus familiares ou mesmo de um paciente menos grave, evoca inconscientemente imagens arquetípicas como a do sacerdote-médico-ferido, agente de Deus. Em todas as culturas, nas origens da sociedade humana, o agente de cura era investido de uma autoridade sagrada pois adoecer e ser curado ou vir a morrer sempre foi compreendido como determinado pelos deuses. A doença tinha um status elevado, representando um tempo de combate espiritual, embate cósmico onde se decidia o futuro de uma pessoa. Durante milhares de anos essa compreensão do fenômeno enfermidade, cura e morte fixou-se na mente humana. E cada vez que um de nós adoece ou cuida de alguém doente está assumindo posições neste universo fantástico da mente humana. Conscientizados destes conteúdos podemos exercer nosso papel de forma mais clara, discernindo ocasiões e modos de ação para as necessidades específicas do outro e evitando as distorções neste relacionamento de ajuda. SAL FATOS, CONTROVÉRSIAS E MITOS DR. HILTON CHAVES JÚNIOR Homero conta que Nereu, rei do Mar, deu sal como presente de casamento a Peleus. Desde a antigüidade, esta dádiva dos deuses está associada tanto à religião quanto à bruxaria. No Antigo Testamento, o Livro dos Reis enfatiza as qualidades medicinais do sal. Entretanto, o sal também trazia desgraça. Um salmo relata que Deus podia transformar rios em desertos e terra fértil em pântano de sal, como castigo pela crueldade dos seus habitantes. E em Juízes, (cf9,45), Abimelech capturou a cidade de Shechem, matou as pessoas que ali encontravam, arrasou a cidade e semeou-a de sal. E, Deus transformou a mulher Lot em estátua de sal quando esta voltou para olhar a destruição de Sadoma e Gomorra. O Novo Testamento apresenta o sal de modo mais positivo. No Sermão da Montanha, Jesus declara que “vós sois o sal da terra; mas se o sal tiver perdido o seu sabor, como o que haveremos de salgar”? Então não serve para nada, senão para ser jogado fora. Os livros de Mateus e Marcos fazem alusão ao sal como dádiva da terra. Na Idade Média, os alquimistas usavam o sal como elemento entre o mercúrio e o enxofre e era, portanto, essencial à transformação de metais. O sal também tinha poder de manter afastado o demônio e a bruxas. Na verdade, uma pessoa que comia alimentos sem sal era considerada altamente suspeita. A Última Ceia, de Da Vinci, retrata um saleiro derramado perto de Judas, apontando a sua traição. Quando o homem neolítico decidiu cozinhar a sua carne e adicionar vegetais e mingau de aveia à sua dieta básica, ele teve que adicionar sal para compensar sua essência em carnes cruas. Os povos neolíticos não tinham técnicas de mineração, porém, o sal era fácil de ser encontrado. Por volta de 800 anos antes de Cristo, a civilização Halstatt, na Áustria de hoje, escavava sal e o comércio desse produto primário muito necessário se espalhou por toda a Europa Central. Na África do Norte, durante o mesmo período, o sal era extraído de lagos salgados, utilizando-se técnicas que são usadas ainda hoje. Quando os romanos estenderam seu império e suas tropas por toda a Europa, apgaravam seus soldados com sal; daí a palavra salário. A Via Salaria foi construída primordialmente para transportar o sal extraído dos pântanos salgados de Ostia. Na Idade Média, o sal era essencial para a preservação dos alimentos, portanto foi o freezer de nossos ancestrais. Muito antes, pescadores holandeses tinham aprendido a usar sal para preservar o arenque, proporcionando, desse modo, uma fonte de peixe durante o ano inteiro para as populações européias. Pouco tempo depois, apareceu o bacalhau salgado. Já que era tanto precioso quando vital, o sal tornou-se um meio de controle político e econômico. Em 1340, Phillippe VI, da França, criou um monopólio estatal para o sal e instituiu o odiado gabelle, um imposto sobre o sal que era aplicado de modo injusto; a taxa variava d e1 a 20, dependendo da região. O imposto terminou sendo abolido em 1791.


Não haveria vida humana sem cloreto de sódio (sal de cozinha). Escavado desde os tempos neolíticos, o sal emergiu rapidamente como poderoso instrumento econômico e político. Hoje em dia, é uma das matérias-primas mais corriqueiras e abundantes da terra. Encontra-se no mar, na terra e em pântanos, e pode até mesmo ser fabricado. Já foram contados 14 mil usos do sal, sem incluir e seu papel simbólico no inconsciente coletivo. Historicamente, também sabemos que sal tem tudo a ver com algumas doenças crônicasdegenerativas, como por exemplo hipertensão arterial. E diante dessa realidade, certas afirmações não podem passar sem a devida crítica. Recentemente assistimos na TV a uma declaração do médico americano, doutor Michael Alderman, em que comentou um estudo sobre sal, publicado na revista médica, The Lancet há alguns meses. A sua entrevista foi uma verdadeira bomba explodindo na cabeça dos brasileiros, quando afirmou que as pessoas que ingeriram menos sal, foram as que mais apresentaram problemas cardiovasculares.. Lendo e relendo o tal estudo, encontramos vários erros metodológicos. Um deles é o fato de não terem medido a excreção urinária de sódio na amostra analisada, o que não permite determinar as quantidades de sal ingeridas pelos indivíduos. Dia de tais falhas, é inadmissível alguém ocupar horários nobre de televisão e cometer um desserviço tão grande à comunidade como fez o doutor Alderman. Sal tem tudo a ver com hipertensão e outras doenças, e seu excesso é altamente prejudicial à saúde. Os que ingerem sal em demasia – hipertensos, renais crônicos, portadores de insuficiência cardiaca – pagarão um tributo altíssimo por isso. Joguemos, portanto, um pouco de sal grosso no discurso do doutor Alderman a fim de exorcizarmos as abobrinhas que atrapalham o esforço de quem convive com os pacientes diariamente. Ora, que nós brasileiros comemos sal em excesso, não há a menor dúvida! O saleiro à mesa, por exemplo, é algo absolutamente desnecessário. É uma questão d reeducação em prol da própria saúde. COMO CUIDAR DOS PACIENTES EM CASA VERÔNICA MOSS A assistência a doentes e agonizante freqüentemente cabe a parentes, parceiros e amigos. Essas pessoas precisam de apoio para poder prestar bons cuidados aos pacientes sob sua responsabilidade. Profissionais da saúde podem ensinar técnicas simples de enfermagem às pessoa que estão cuidando de um doente em casa. Isso pode melhorar muito o conforto da pessoa e dar mais segurança a quem cuida dela. Os que tratam dos doentes necessitam também de apoio prático e emocional. Se estiverem cansados ou desanimados, não podem dar aos doentes o tipo d cuidado de que precisam. O aconselhamento pode ajudá-los a enfrentar seus temores e sensações de isolamento, desamparo, depressão ou ansiedade, tanto durante a doença como após a morte do paciente. As pessoas que estão dando assistência a um doente podem relutar em discutir os problemas que estão enfrentando e recear de ser consideradas incompetentes para cuidar de um paciente. Podem acreditar que os problemas são inevitáveis e sem solução. Os profissionais da saúde precisam ajudar quem cuida de um doente a: - Planejar o atendimento dado a uma agonizantes e partilhar a responsabilidade com outros. - Manter controle dos medicamentos dados ao paciente, para facilitar o acompanhamento de outras pessoas que estejam ajudando no atendimento. - Tirar folgas, descansar bastante, alimentar-se bem e cuidar de sua própria saúde; - Conversar com amigos, parentes ou profissionais de saúde de sua confiança. - Procurar ou formar um grupo de apoio para pessoas que prestam assistência a doentes. Apoio em momentos difíceis Familiares e amigos muitas vezes não contam como apoio social ou se isolam porque o doente está muito mal. O apoio nas horas difíceis deve atuar antes que o paciente morra, e enquanto as pessoas precisarem.


As pessoas se comportam de maneira diferente e precisam de múltiplos apoios. Podem levar meses ou anos para aceitar a perda. As reações das pessoas podem ser afetadas pela forma como o paciente morreu. Se estava sozinho e com dores, ou tranqüilo e cercado pelas pessoas queridas. Os que ficam pdem sentir-se culpados por acharem que poderiam ter feito mais ou melhor. O aconselhamento nesses momentos pode: - Dar à pessoa uma oportunidade de conversar sobre as circunstâncias que antecederam à morte, sobre a morte em si, sobre os rituais após a morte. - Mostrar à pessoa que sentimentos d descrença, negação, tristeza, dor e raiva são normais. - Permitir que a pessoa expresse seus sentimentos e preocupações, especialmente se é difícil para ela fazer isso com amigos e familiares. - Ajudar a pessoa a aceitar a realidade de sua perda e começar a pensar no futuro. TÉCNICAS SIMPLES PARA A ASSISTÊNCIA EM CASA ESCARRAS – Aparecem quando a pessoa fica na mesma posição durante um longo período, ou devido à pressão dos ossos superficiais. Mantenha a pela limpa e seca, mudando a posição do paciente a cada duas ou quatro horas, e use travesseiros ou roupas macias para proteger as partes assudas. Trate as feridas lavando-as diariamente com água salgada e cobrindo com um curativo limpo. Colocar mel ou iogurte nas feridas, sob o curativo, uma ou duas vezes por dia, pode ajudar. CONJUNTIVITE E OUTRAS INFECÇÕES ACULARS – Mergulhe um chumaço de algodão limpo numa solução de água fervida com um pouco de sal e limpe suavemente os olhos e jogue o algodão usado. HIGIENE BUCAL E AFTAS – Limpe os dentes e use um ati-séptico bucal feito com água fervida e um pouco de permangnato de potássio, ou bicarbonato de soda e suco de limão. Se a pessoa estiver muito fraca para isso, limpe seus dentes suavemente com uma escova ou palito com a ponta amassada para ficar macia, ou com um pano macio enrolado no dedo. A pessoa com aftas pode ter dificuldade para engolir líquidos. Ofereça a ela goles de qualquer bebida com freqüência para manter a boca úmida. DORES – Massagens podem aliviar músculos doloridos ou dores de cabeça e melhorar a circulação. Se o paciente tem feridas na pele devido a algum sarcoma, faça uma massagem delicadamente para evitar a abertura de feridas. FERIDAS OU ÚLCERAS – Mantenha-as limpas usando uma solução salina recém- preparada e protegendo-as com curativos limpos. Uma ferida que cheira mal provavelmente está infeccionada. Antibióticos podem ajudar. Aplique metronodazol gel ou líquido na ferida para controlar a infecção e o odor. Mude os curativos todo dia, se for necessário. INCHAÇO ASSOCIADO COM TIPO DE SARCOMA OU UNSUFICIÊNCIA CARDÍACA – Alivie o desconforto elevando a perna a perna sobre um travesseiro, feixe de palha ou folhas de bananeira coberta com um pano. Massageie com cuidado, começando do pé e subindo. A pele pode estar muito sensível ao toque. Nos casos de insuficiência cardíaca e edema nos pés e tornozelos, o melhor tratamento é a medicação com diuréticos, sob a supervisão de um médico. Quando a pessoa estiver sentada, mantenha seus pés elevados sobre um banquinho. Os diuréticos não costumam ajudar quando o inchaço está associado a um sarcoma. DIFICULDADE PARA COMER OU ENGOLIR – Tratar aftas na boca garganta com comprimidos de ketaconazol ou outros antifúngico, suspensão de nistatina ou violeta de genciana. Antisséptico bucais também podem ajudar, assim como dar bebidas e alimentos frios ou mornos Alimentos líquidos ou pastosos, sem tempero, como sopa ou banana amassada com leite são mais indicados. Ofereça pequenas quantidades a cada duas ou três horas. DIFICULDADE PARA RESPIRAR OU TOSSE – É mais fácil respirar sentado. A tosse pode irritar a garganta, causar problemas respiratórios, perturbar o sono e causar sensação de cansaço. Ajudar a pessoa a andar um pouco ou sentar-se pode melhorar os acessos de tosse. ANSIEDADE E MEDO – Não deixe a pessoa sozinha se estiver angustiada ou amedrontada. Tente tranqüilizá-la segurando sua mão e falando calmamente. PROBLEMAS NEUROLÓGICO – Uma pessoa que está muito doente pode ficar confusa, esquecida ou apresentar mudanças de personalidade, correndo o risco de se machucar. Mantenha qualquer coisa


potencialmente perigosa, fora do alcance. Fale sempre com calma e num tom de voz baixo e evite discutir com ela. Diga “não” gentilmente, mas com firmeza, sempre que necessário, ou saia do quarto durante alguns minutos. Esteja preparado para repetir o que já disse. MOVIEMNTAR E MUDAR DE POSIÇÃO - Uma pessoa que está fraca pode ser ajudada a sentar-se, ficar de pé ou andar apoiada. Tome cuidado para evitar machucar o paciente, principalmente quando está sensível ao toque. Quem cuida de um paciente precisa aprender como levantá-lo e movê-lo sem prejudicar sua própria coluna, inclinando-se a partir dos quadris e mantendo as costas retas. TROCAR A ROUPA DE CAMA – Vire a pessoa de lado e enrole os lençóis usando em direção às costas da pessoa. Limpe e seque a pele da pessoa depois aplique um óleo lubrificante, como vaselina. Coloque um lençol limpo enrolado ao comprido na metade da cama até as costas do paciente e role o paciente sobre ele. Remova o lençol usado e desenrole o limpo para cobrir o resto da cama. MANTER O DOENTE CONFORTÁVEL - Apoios para as costas e os pés tornam mais confortável ficar sentado e ajudam a respiração. Esfregar óleo na pele seca pode aliviar a coceira, assim com a aplicação de loção de calamina. Uma massagem nas costas usando óleo ou loção pode amaciar a pele quando estiver seca, ativar a circulação e aliviar a dormência, Roupas e lençóis limpos também ajudam. Verônica Moss é médica diretora da Mildmay International. Texto extraído do Boletim Internacional sobre Prevenção e Assistência à AIDS, Janeiro- Março 1998 n.º 39


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