SAÚDE MENTAL NA TERCEIRA IDADE LIA BEATRIZ ACOSTA PEREIRA A atenção à saúde na terceira idade tem sido cada vez mais motivo de preocupação e investimento, tanto no setor público quanto no setor provado. Isso porque as projeções estatísticas do envelhecimento no Brasil apontam para um grande crescimento da população acima de 60 anos, que representará algo em torno de 15% da população total em 2025. À medida que a população envelhece, nos deparamos com situações novas com as quais precisamos aprender a lidar através de mecanismos eficazes de atuação em saúde, principalmente no que se refere à prevenção, ao tratamento e ao controle de doenças. “A não aceitação do envelhecimento causa impacto na saúde mental do idoso”. Além dos cuidados com a saúde física, é preciso que nos preocuparemos também com a saúde mental do idoso. O envelhecimento é um processo natural, mas nem sempre é encarada com tal, o que faz com que se busque evitá-lo ou retardá-lo. A não aceitação do envelhecimento cauda impacto na saúde mental do idoso, pois gera uma não aceitação de si mesmo, como se juventude fosse sinônimo absoluto d felicidade Muitos idosos mencionam preceitos por parte dos mais jovens. Porém, mais significativo que isso, é o preconceito do próprio idoso em relação a si mesmo. Ele tem na lembrança um passado “perfeito” e acaba comparando fisicamente a sua vida atual com a da juventude, o que não é justo. É óbvio que as características de alguém com 20 anos são diferentes das de alguém com 60 anos. Tal comparação, além de incorreta, reflete a dificuldade que o ser humano tem de aceitar mudanças. Negar o envelhecimento é negar a própria vida, não querer envelhecer é não querer viver. Aceitar a velhice como natural é fundamental para preservar e manter a saúde mental quando a idade finalmente chegar. Pura situação comum é associar envelhecimento com doença, solidão ou morte. O medo da doença não é privilégio dos idosos, ter medo é normal em todas as fases da vida. Negar o envelhecimento não evita que ele ocorra e, a cada dia, mais idoso surgirão. Estes somos nós. E este é o momento de aprendermos a envelhecer,. A expectativa de vida aumentou e precisamos pensar sobre a qualidade de vida no tempo de que dispomos. “Negar o envelhecimento é negar a própria vida, não querer envelhecer é não querer viver” “Muitas felicidades, muitos anos de vida!”. É assim que cantamos nos aniversários. Só envelhece quem tem competência para tanto. O que passou não volta, o que virá não se sabe, logo, aprenda a viver o agora. Agora!. “Segundo a OMS, saúde não é ausência de doença, mas um estado de completo bemestar biopsicossocial” Quem conseguiu chegar lá e não percebeu o valor dessa conquista, sente-se um fardo, um inválido ou um inútil: aposentou-se da vida. Não aprendeu que envelhecer é uma arte e responsabiliza o mundo por não acreditar que este é o seu momento para mostrar o que aprendeu e olhar para a frente: criar! Quem anda para trás é caranguejo, e viver do passado é privar-se do presente. Hoje somos capazes de viver mais, porém, precisamos aprender a viver melhor. Se soubermos fazer isso agora, teremos mais condições de fazer o mesmo mais tarde. Vida é tempo! Independentemente de sermos jovens, adultos ou idosos, precisamos aprender a viver esse tempo da melhor maneira possível.
Agora a possibilidade de mudar a idéia que se tem do envelhecimento como algo ruim, criando uma nova percepção dessa etapa, dessa nova fase da vida, com seus conflitos, suas dúvidas, seus medos e sua sabedoria, que somente os anos são capazes de dar. Segundo a OMS ( Organização Mundial de Saúde), saúde não é ausência de doença, mas um estado de completo bem-estar biopsicossocial. Os idosos precisam acreditar em seu próprio potencial para a mudança e em sua capacidade para construir uma identidade para si mesmos, redefinindo o que é envelhecer. É o idoso de hoje quem vai criar espaço para que os jovens possam perceber-se de outra maneira, e desenvolver uma nova relação com essa “nova” fase da vida. Lia Beatriz Acosta Pereira é psicóloga do Home Care e dos Centros Médicos da Blue Life.
ENVELHECIMENTO HUMANO: VENCENDO OS MITOS O lema do Dia Mundial da Saúde 1999, no Ano Internacional dos Idosos, foi “Mantenha-se ativo para envelhecer melhor”. O envelhecimento ativo evolve todas as dimensões de nossa existência: a física, a mental, a social e a espiritual. Cada um de nós começou, a envelhecer e continuará envelhecendo durante todas as existências. O envelhecer é um processo natural e deve ser acolhido de braços abertos, pois a alternativa é a morte prematura. Um dos grandes êxitos do século XX foi o aumento da longevidade. Existem hoje no mundo 580 milhões de pessoas que têm mais de 60 anos ou mais. E o número atingirá 1 bilhão até 2020 – aumento de 75% em comparação com 50% da população. A saúde é vital para manter o bem-estar e a qualidade da vida na velhice. Fala-se de um novo paradigma do envelhecimento, que considera os idosos como participantes ativos na sociedade e oferece a base para um novo enfoque na promoção da saúde. Para esta reflexão nos utilizamo-nos do documento da OMS por ocasião do dia mundial da saúde/1999, que apresenta seis mitos a serem vencidos em relação ao envelhecimento. MITO N.º 1 A maioria dos idosos vive em países desenvolvidos A verdade é outra. A maioria dos idosos, mais de 60% deles, vive em países em desenvolvimento. Existem atualmente cerca de 580 milhões no mundo, 355 milhões deles, vive em países em desenvolvimento. Até 2020, haverá 1 bilhão, com mais de 700 milhões no mundo em desenvolvimento. Ao lado do aumento da esperança de vida, verificaram-se em todo o mundo quedas substanciais na fecundidade. No Brasil, por exemplo as taxas de fecundidade caíram de 5,1 em 1970 para 2,2 em 1998. Para viver num mundo que está envelhecendo é preciso; reconhecer que as pessoas idosas constituem um recurso valioso e combater o “velhismo”; possibilitar aos idoso uma participação ativa no processo de desenvolvimento; uma adequada promoção a atenção à saúde, bem como promover a solidariedade entre as gerações. Em relação ao envelhecimento populacional verifica-se especialmente rápida em países em desenvolvimento. Enquanto a França levou 115 anos para dobrar de 7% para 14% a proporção dos idosos, em apenas 25 anos (entre 2000 e 2025) a Costa Rica atingirá o mesmo índice.
O índice de envelhecimento representa a proporção de pessoas maiores de 60 anos para cada 100 indivíduos menores de 15 anos. No Brasil, o índice de envelhecimento subirá de 24 em 1995 para 58 em 2020 e 74 em 2025; no Chile, o índice subirá de 32 em 1995 para 67 em 2020 e 110 em 2025; e em cuba, o índice de envelhecimento duplicará nos dois próximos decênios, o que constitui uma transformação demográfica sem procedente. MITO N. º 2 As pessoas mais velhas são todas iguais Cada pessoa envelhece à sua maneira, dependendo de grande variedade de fatores, como sexo, origem étnica e cultural. O clima, a localização geográfica, o tamanho da família, as aptidões para a vida e a experiência são fatores que tornam as pessoas cada vez menos iguais à medida que avançam em anos. Nossa vida começa antes do nascimento. A desnutrição na infância, aprticularmente no primeiro ano de vida, doença como o poliomielite e febre reumática e a exposição a acidentes e lesões tornam maiores as probabilidades de sofrer doenças crônicas, por vezes incapacitadoras, na vida adulta. Para os idosos que vivem em estados de pobreza, freqüentemente está em risco o acesso a uma nutrição adequada. Estudos da OMS indicam que 840 milhares de pessoas estavam abaixo do limiar da nutrição no índice dos anos 1990. Os mais velhos são particularmente vulneráveis. Ter um papel na vida familiar e ser membro de uma comunidade ou organização religiosa têm efeitos benéficos sobre a saúde, melhora a autoestima das pessoas e permitem aos mais velhos dar uma contribuição maior à sociedade. MITO N.º 3 Homens e mulheres envelhecem da mesma forma As mulheres e os homens envelhecem de maneiras diferentes. As mulheres vivem mais do que os homens. Em relação a esperança de vida, a vantagem da mulher, em parte é biológica. Longe de ser o sexo frágil, o sexo feminino parece ter mais capacidade de recuperação do que o masculino, em todas as idades, mas especialmente na primeira infância. Na idade adulta, as mulheres graças a hormônios que as protegem contra isquemia do coração, por exemplo tem uma vantagem biológica, pelo menos até a menopausa. Embora algumas das diferença entre mulheres e homens se devam a características biológica, outras se devem à determinação social de funções e responsabilidades, ou seja, às divisões entre os sexos e aos papéis sexuais. Historicamente, nem sempre a mulher viveu mais do que o homem. Na Europa e na América do Norte, o desnível só começou a crescer quando o desenvolvimento econômico e a mudança social removeram alguns dos maiores riscos para a saúde das mulheres. Um melhor controle do tamanho de suas famílias e melhoramentos nas condições de vida e higiene, diminuiu o risco de morrer no parto. Ao mesmo tempo, por causa da divisão do trabalho entre os sexos, as mortes por causas ocupacionais no sexo masculino sempre foram historicamente mais altas do que no feminino. Em certas sociedade, a vantagem biológica da mulheres é reduzir pela sua desvantagem social. Em todos os países, as mulheres mais velhas, em virtude das desigualdades de renda e riqueza no começo da vida, tendem a ser mais pobres do que os homens mais velhos.
Como vivem mais do que os homens, as mulheres têm também mais probabilidades de enviuvar. Em geral elas se casam com homens mas velhos do que elas. A maioria delas pode contar com a viuvez nos anos mais avançados de sua vida adulta. A análise de gênero examina a origem das diferenças biológicas, das desvantagens e da desigualdade entre mulheres e homens. Seu objetivo é melhorar a qualidade da vida de homens e mulheres à medida que envelhecem. MITO N.º 4 Os idosos são frágeis Longe de ser frágeis, a esmagadora maioria das pessoas idosas mantém-se em boa forma física até uma fase bem mais avançada da vida. A capacidade dos nossos sistemas biológicos cresce nos primeiros anos da vida, chega ao ápice no início da vida adulta e declina a partir de então. A rapidez desse declínio, porém, é determinada em grande parte por fatores externos ligados ao estilo de vida adulta, tais como o tabagismo, o consumo de álcool, o regime alimentar e a classe social. A função cardíaca, por exemplo, pode ser acelerada pelo fumo, deixando a pessoa com uma capacidade funcional menor do que se poderia esperar na sua idade. Educação deficiente, pobreza, condições de vida e de trabalho nocivas contribuem para a probabilidade de redução da capacidade funcional em idade avançada. Em relação a estimulação da esperança de vida sem incapacidade, nos países desenvolvidos está declinado a uma taxa de 15% ao ano. As perspectivas são de que o número de idosos deficientes será reduzido à metade entre 2000 e 2050, nos EUA. Hoje, as pessoa que chega aos 60 anos tem uma esperança de vida de aproximadamente 20 anos. Suspeita-se, porém que, para a maioria dos pobres, grande parte do ganho em esperança de vida é anulada pelo aumento das deficiências devidas a um ou mais estados patológicos. Crônicos. MITOS N.º Os mais velhos nada têm a contribuir Este mito é alimentado pelo conceito que tende a se concentrar na participação na mão-de-obra e seu declínio ao crescer a idade. Pensa-se que a queda do número de pessoas idosas na força de trabalho remunerada se deve ao declínio da capacidade funcional associada ao envelhecimento. De fato, o declínio da capacidade funcional não eqüivale, de modo algum, à incapacidade para o trabalho. As exigências físicas de muitos empregos foram reduzidas pelos avanços tecnológicos permitindo as pessoas deficientes serem produtivas do ponto de vista econômico. A crença de que os idosos nada têm a contribuir, fundamenta-se também na idéia de que somente as ocupações remuneradas contam. Contudo, os idosos dão substanciais contribuições em trabalho não remunerados, na agricultura, no setor informal e em funções voluntárias. Há estimativas de que mais de 2 milhões de crianças nos EUA recebem cuidados de seus avós. 1,2 milhões dessas crianças vivem com eles. Assim, os idosos proporcionam abrigo, alimento e educação, e transmitem valores culturais a seus netos, permitindo ao mesmo tempo que as mães ingressem na força de trabalho. Cuidar de entes queridos doentes fica tradicionalmente a cargo de mulheres idosas, mas sempre mais também de homens idosos. Esse cuidado é invisível e não quantificável. Outra faceta desta questão é que pessoas mais velhas prestam serviços voluntários como professores e líderes de comunidades. Só nos EUA, mais de 3 milhões de pessoas de
65 anos ou mais desenvolvem atividades voluntárias em escolas, instituições religiosas, organizações de saúde. Outro exemplo é o serviço de executivos idosos, em que especialistas de alto nível aposentados oferecem gratuitamente seus serviços para consultas, negócios e treinamentos. Muitas organizações voluntárias não poderiam funcionar sem a contribuição dos idosos. MITO N.º 6 Os mais velhos são um ônus econômico para a sociedade A constatação do enorme número de cidadãos que viverão até idades bastante avançadas no próximo século e a ênfase que se vem dando às forças do mercado e o conseqüente debate sobre o papel do Estado na provisão de segurança de renda e atenção de saúde aos seus cidadãos, contribuíram para o mito de que as sociedades não terão condições [ara cuidar dos idosos no futuro. Lamentavelmente esse debate colocou toda a ênfase no que custará para a sociedade a provisão de aposentadorias e atenção de saúde aos idosos, e não nas contribuições destes para a sociedade. Isso trouxe à baila o mito de que os mais velhos são dependentes e são uma despesa para a sociedade. Muitas pessoas mais velhas têm hoje a cobertura de sistemas de aposentadoria pública e privada, que as protegem contra a pobreza, especialmente nas economias mais desenvolvidas. Nos países pobres o envelhecimento da população tornou mais urgente o problema da pobreza entre idosos. A experiência do século XX na área da proteção da secularidade social demonstra também o importante vínculo entre nível de renda e saúde. Existe uma relação estreita entre pobreza e má saúde. A má saúde e a incapacidade constituem sérias ameaças à segurança da renda, onde deficiências de nutrição e condições de vida deixam muitos enfraquecidos para produzir o necessário para cobrir suas necessidades de subsistência. O acesso à atenção de saúde é vital para ajudar os trabalhadores a recuperar a capacidade de trabalho e assegurar que as crianças de desenvolvam e se tornem adultos capazes de participar produtivamente na sociedade. Assim, a política de saúde deve adotar uma perspectiva baseada no ciclo de vida, capaz de enfrentar os problemas de saúde desde cedo na vida, possibilitando as pessoas envelhecer sem deficiências nem doenças crônicas. O aumento de pessoas idosas que necessitam de cuidados de saúde e pensões não deve ser considerado uma ameaça ou crise. O documento da OMS sobre envelhecimento ativo conclui dizendo que “hoje, o maior desafio à sociedade é a necessidade de examinar e fazer mudanças apropriadas nas políticas sociais, econômicas de saúde, e não o envelhecimento da população”. Que a leitura, reflexão e discussão dos textos da presente edição de nossa revista ajude a superar estes mitos e nos encaminhe para um envelhecimento ativo, digno e saúdável!
PASTORAL INSPIRADA PELO ESPÍRITO LUÍS ROBERTO PINHEIRO CHAGAS Sempre para mim foi razão de ansiedade, em minha atividade pastoral junto aos enfermos, ajustar minha presença àquilo que eu considerava a necessidade de evangelização do paciente. Evangelização, entendia, como a realização do clichê evangélico de “falar de Jesus”. Importunava-me o esforço de formular um discurso fundamentado na velho prática de justificar o sofrimento como provação, de induzir o reconhecimento do perdão - portanto
a conseqüente aceitação de ser o doente pecador, no sentido de ser a doença resultado de sua vida desviada; de fazer considerar o sofrimento como imperativo exercício de ascese. Considero que tudo isso, pode ser parte da espiritualidade pessoal, mas. Acentuar isso como pontos de evangelização evidenciou-se ao longo de meu próprio amadurecimento de fé, como uma perversa superficialização de minha assimilação quanto à misericórdia de Jesus. Anunciava em Deus que punia para depois amar; um Cristo que deleitava-se no sofrimento para tão somente depois revelar-se caridoso e pleno de solidariedade. O falar de Jesus era a verborragia incontrolada, determinada pelos limites pobres de minha compreensão de evangelização. Na medida que considerava minha missão realizada, quando ouvia o Sim à pergunta “você aceita Jesus?” estava na verdade desumanzando a relação de solidariedade, pois anulava toda a história de fé do doente assistido, para imporlhe a minha própria, com toda presunção de quem é dono da fórmula de ser o verdadeiro receptáculo do mistério da Graça de Deus. Somos chamados a ser humanos revestidos de misericórdia divina diante do sofrimento dos semelhantes e não censores de convicções e consciências. Se há incorreções na fé cristã professada, a habilidade do Espírito de Deus faz ressaltar o que é essencial para a salvação, não é, creio, o transplante de cultura, hábito e formalidades nascida sabe lá de onde que podem encaminhar o evento correto da verdadeira conversão. O Jesus da misericórdia, da paz, do amor intenso ao doente, manifesta-se naquele que segura uma mão; que sabe ouvir durante todo o tempo de um profundo silêncio; que impede que lágrimas molhem todo o rosto, tocando-as com as pontas de dedos ungidos que transmitem compaixão. Não por mim, mas pela atenciosa bondade do Espírito, aprendi que evangelizar é também eficiente, quando os ventos Dele vêm fazer do silêncio, das mãos, do sorriso... da oração. Encaminha-se doentes a Cristo, com a solicitude de se estar presente em seus sofrimentos. Presença santificadora, que somente é eficiente em seus propósitos de evangelização e consolo, quando é integralmente aberta à ação do Espírito de Deus e não às sistemas de religião. Luís Roberto Pinheiro Chagas - enfermeiro, pastor presbiteriano ( IPU ), é capelão do Hospital das Clínicas de São Paulo.
CRUZINHA BENTA DE SÃO CAMILO: UM TESTEMUNHO DE FÉ ADENILSON GUALBERTO SILVA Venho através desta, relatar algo de extraordinário que aconteceu em minha vida: em julho de 1993 descobrir que era portador do vírus HIV, e assim como a maioria entrei em desespero, pois pensava que tudo tinha terminado, que estava recebendo meu atestado de óbito. Mais estava começando uma nova vida. Como era viciado em drogas ( crack e cocaína ), tive logo de início uma tuberculose pulmonar que quase me levou à morte. Como estava sozinho aqui em Campinas ( fazia 9 anos que não via minha família que se encontrava na Bahia ), tive medo e o desespero tomou conta de mim. Não tinha fé, em nada, não aceitava a existência de Deus, não tinha apreendido a perdoar, não sabia o que era amar o próximo, só usá-lo. Fui perseguido pela polícia por ser garoto de programa, e por vender drogas a menores em porta de escolas. Só em 96 é que tive um verdadeiro encontro com Deus. Tive que ser internado as pressas com crise de toxoplasmose que atingiu-me o celebro e perdi parte do lado direito. Foi aí que recebi visita de uma freira, e ela me deu a Crus e a Oração
de São Camilo. No início não dei importância, achei que era bobagem. Mais naquela mesma noite, sentindo-me sozinho, sem amigo, com angustia, peguei aquela oração e a cruz e comecei a orar em voz alta. Parece que naquele momento algo de novo encheu meu coração, a cada vez que eu rezava mais alto, chorava muito; chamei com toda força e com fé de um incrédulo por São Camilo pedindo que curasse-me, que me fizesse andar novamente. E isso aconteceu novamente por três noites seguidas. Neste três dias senti uma imensa paz, sentia que uma chama ardia em meu coração. Tudo havia se transformado. Os médicos não acreditavam no que viam através da topografia; sair do HC - Unicamp após 8 dias; isso porque os médicos tinham dado de 15 a 20 dias de internação com a incerteza que não voltaria a andar tão cedo. Após tudo isso resolvi entrar em contato com minha família, foi muito bom, no momento que nos encontramos após quase 10 anos, eles me perdoaram, eu o perdoei e hoje minha família mora comigo, e somos muito felizes. Continuo a ser devoto de São Camilo, hoje eu e minha família fazemos terço todas as segundas-feiras, e agradecemos todos os dias a São Paulo por tudo o que vem acontecendo de maravilhoso, de paz em minha vida e dos meus. Hoje trabalho como voluntário em uma Cada de Apoio que acolhe pessoas com AIDS: sou auxiliar de enfermagem e como São Camilo vejo em cada irmão que sofre, a presença de Jesus Cristo. Quanto a minha cruz vermelha e minha oração, não sei onde anda, mais com certeza, nas mãos de alguém que como eu, encontra-se sofrendo e encontrando conforto e consolo na oração do irmão amado, São Camilo. Gostaria de contar com oração todos. Que Deus Abençoe a todos. Admilson Gualberto Silva permitiu a publicação desta carta de deixou seu endereço para correspondência. Rua Romeu Campagnolli, 131 Cep 13046-400 Jardim Bom Sucesso Campinas - SP
A BÍBLIA E O IDOSO Ao se referirem às pessoas de idade, as diferentes versões das Escrituras Sagradas usam um vocabulário enorme, desde o idoso, o ancião, “o bem velho”, “o muito velho”, o encanecido, o indivíduo de cabelo branco e “os anciãos de venerandas cãs ( Jó 15,10, BJ ) até as expressões mais generosas, como “o entrado em dias”, “o adiantado em anos” e “os avançados em idade”. A expressão moderna “terceira idade”, que já está sendo abandonada, não se usa nem uma vez. A Bíblia alimenta e estimula o respeito pelos mais velhos. Basta considerar os seguintes textos: Uma das leis dadas a Israel por intermédio de Moisés diz: “Fiquem de pé na presença das pessoas idosas e as tratem com todo o respeito” ( Lv 19,32, BLH ). Paulo, sem dúvida, tinha isso em mente quando instruiu a Timóteo: “Não repreendas asperamente ao homem idoso, mas exorta-o como se ele fosse seu pai”( 1 Tm 5,1, NVI ) . Raboão não levou em consideração o conselho dos anciãos para diminuir a carga tributária e, então, provou a divisão do reino de Israel, lá pelo ano 930 a.C. ( 1 Rs 12,1-15 ). 2.O tempo de serviço pesado dos levitas era só de 25 anos, dos 25 aos 50 anos de idade ( Nm 8,24-26). A partir dessa aposentadoria compulsória, eles poderiam ajudar os mais novos no trabalho mais leve. 3.A esperança de uma longevidade feliz apareceu aqui e acolá. Por intermédio do profeta Isaías: “Nunca mais morrerão ali [ no novo céu e na nova terra] criancinhas de poucos dias; ninguém morrerá antes de ficar bem velho. Morrer aos cem anos será morrer moço, e não chegar aos cem anos será uma maldição. Vocês construirão casas e morarão nelas, farão
plantações de uvas e beberão de seu vinho. Não construirão casas para outros morarem nelas nem farão plantações de uvas para outros beberem do seu vinho. O meu povo viverá muitos anos como as árvores, e todos terão o prazer de aproveitar as coisas que eles mesmos fizeram”( Is 65,20-22, BLH ). Por intermédio do profeta Zacarias: “Os velhinhos e as velhinhas, com as suas bengalas na mão, vão se sentar nas praças de Jerusalém”( Zc 8,4,BLH ). Por intermédio do apóstolo Paulo: “É preciso que Ele (o Senhor Jesus) reine, até que tenha posto todos os seus inimigos (todos os poderes hostis ao reino de Deus) debaixo dos seus pés” e “o último inimigo a ser destruído será a morte” (1 Cor 15,25-26, BJ). Por intermédio do apóstolo João: “Ele (Deus) enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais”( Ap 21,4, BJ ). 4. Das seis pessoas mais envolvidas com o nascimento de Jesus, três eram idosos: Zacarias, Isabel (Lc 1,7) e Ana, a profetiza (Lc 2,36-38). É muito provável que Simeão, o homem que tomou nos braços o Senhor, Fosse um idoso à espera da morte ( Lc 2,25-32 ). 5. As Escrituras fazem questão de mencionar a idade daqueles que morreram em adiantada velhice.