O PREÇO DA IMORTALIDADE MARCELO GLEISER Começo fazendo uma pergunta: se fosse possível, você viveria para sempre? Certamente, as respostas seriam variadíssimas: de “claro!” até “Deus me livre! E as pessoas à minha volta, como eu poderia suportar a morte dela?”, ou de alguém mais religioso, “serei imortal após minha morte e pretendo esperar até lá”. O sonho de prolongar a vida, indefinidamente ou por um longo período, é tão antigo quanto a história da humanidade. Até recentemente, a solução era província das religiões, que prometem uma vida eterna no paraíso (ou no inferno!) ou um retorno ao mundo como outra pessoa ou animal, dependendo de suas atividades durante a vida anterior. Além disso, temos mitos existências sobrenaturais derivados da religião, como no saco dos vampiros, que, para viver eternamente, precisam sugar o sangue dos vivos, tornando-se tanto predadores como presas de seu destino inglório. Mas confesso que o vampirismo tem seu toque de romantismo, pelo menos na versão hollywoodiana do mito. E se as pesquisas em biogenética desenvolvessem técnicas que, em prinsípio, fossem capazes de prolongar a vida, não só curando vários tipos de doenças, mas efetivamente congelando o envelhecimento do corpo humano? Parece ficção científica, mas não é. Laboratórios nos EUA e em outros países tentam isolar uma célula que tem um papel crucial no desenvolvimento dos embriões humanos, a célula-tronco. Essa célula fantástica tem o potencial de se transformar em qualquer célula do corpo humano, formando tecidos ou órgãos. Ou seja, ela carrega a informação genética que pode gerar um determinado tipo de músculo ou a pele, um rim ou um fígado, uma verdadeira fábrica de materiais de construção de seres humanos. Claro, existem várias dificuldades técnicas, sem falar nas dificuldades éticas. Primeiro, para isolar a célula-tronco, um embrião humano tem de ser destruído, de acordo com as tecnologias atuais. A questão é, então, se a destruição de uma massa de células humanas, alguns dias após a fertilização, corresponde a um assassinato. O congresso norte americano, preocupado com as repercussões dessas pesquisas, proibiu entidades governamentais de financiar experiências com embriões humanos. Como resultado, o setor privado, isto é, indústrias biogenáticas com fins lucrativos, está controlando a pesquisa na área. E essas indústrias não vão revelar suas descobertas (e fracassos) ao público enquanto não obtiverem o resultado que procuram. Após isolar a célula-tronco, a idéia é descobrir qual o mecanismo bioquímico que a induz em uma determinada direção, transformando-a em um coração, cérebro ou músculo. Se esse mesmo mecanismo for descoberto, será possível que uma pessoa doe uma amostra de seu material genético a uma empresa, que poderá então clonar qualquer órgão que essa pessoa venha precisar no futuro. O problema com a incompatibilidade em transplantes desaparece, pois esses órgão são essencialmente você. As pesquisas no momento usam óvulos extraídos de vacas como invóucro do DNA humano; os técnicos retiram o DNA do óvulo (ninguém quer um feto que “diz” muuu...) e injetam células humanas que são então fundidas com as da vaca por meio de correntes elétricas. A esperança é que esse processo irá induzir a divisão das células, formando um embrião que trará consigo as células-tronco. As indústrias biogenéticas argumentam que as vantagens desse processo são muito maiores que as repercussões éticas. “O que é mais importante? A ‘vida’ de uma massa embrionária ou de uma criança morrendo de câncer?” ou “imagine quantas espécies em extinção poderemos salvar?”. Críticos afirmam que os perigos são enormes. Por exemplo, “o que Acontece com uma pessoa que tem parte do cérebro regenerada? Será que ela manterá sua
identidade? E como iremos sustentar tanta gente no mundo?”. Isso tudo ainda está longe; mas o debate público tem de ser iniciado agora, para que a sociedade não seja a última a saber o que acontecerá com seu destino. Artigo extraído do caderno “mais” da Folha de São Paulo no 13 de fevereiro de 2000.
Gripe Espanhola: A pior pandemia do século JACYR PASTERNAK E VICENTE AMATO NETO A gripe espanhola, pandemia de influenza considerada a mais terrível da história, propagou-se a uma extensão planetária rapidamente entre 1918 e 1919. Fez mais de 20 milhões de vítimas no mundo e teve seu ápice entre setembro e novembro de 1918. O batismo de gripe espanhola deve-se à intensidade e à gravidade com que atingiu a Espanha, mas o primeiro caso foi registrado no Kansas, Estados Unidos, em março de 1918. O início de todas as epidemias de Influenza parece ser a China, onde o sistema ecológico de utilização de recursos favorece as condições de variação do vírus: os chineses criam patos e porcos em íntima convivência, permitindo que as fezes das aves adubem pequenos lagos que depois de esvaziados servem para criar suínos; também aproveitam os resíduos da criação dos patos para alimentar porcos. Isto permite a troca de genes entre os vírus que atacam os pássaros e os que atacam os suínos e, de quebra, também aqueles que circulam entre os humanos. A grande mortalidade nas epidemias de influenza se associa a pessoas de 60 anos, com a exceção precípua da de 1918/1919, quando as vítimas foram quase sempre homens jovens entre 20 e 40 anos que somavam 60% das mortes. A recém-terminada Primeira Guerra Mundial, e que até a época tinha sido a mais sangrenta das batalhas, havia matado algo como 10 milhões de pessoas. Entre 1914 e 1919, a guerra e a gripe mataram mais de 30 milhões da Ásia à América. A relação da Gripe com a primeira Guerra não se limita à vida nas trincheiras, que obrigava a íntima proximidade entre pessoas e favorecia, portanto, a disseminação aérea do vírus da Influenza; soldados que adoeciam nas batalhas eram mandados de volta para casa, infectando mais gente. Talvez este fator tenha sido importante para o início da epidemia; depois ela correu o mundo e atingiu até países como o Brasil, que não participou do conflito.
Nem o presidente é poupado No Brasil, a pandemia é conhecida mais por crônicas que por números para variar, as estatísticas de morbidade e mortalidade não eram confiáveis na época e, para dizer a verdade, nem por muito tempo depois. Alguns registros indicam como primeiros casos brasileiros os de quatro marinheiros de um navio de guerra que adoeceram em Dakar, no Senegal, África, e voltaram ao Brasil, sendo internados no Recife em setembro de q918. A Gripe Espanhola faria a sua mais ilustre vítima braleira em janeiro de 1919 quando morreu o presidente da República, Rodrigues Alves, que acabava de ser reeleito para o cargo. Na então capital do país, o Rio de Janeiro, morreram aproximadamente 15 mil pessoas em apenas um mês. São Paulo era uma cidade pequena, provinciana e sonolenta em 1918 fundamentalmente uma pólis universitária, centrada nas atividade da Faculdade de Medicina (1913). A cidade era capital do Estado, mas tão sem importância que se pensou seriamente em mudá-la para
Campinas. Se isto não aconteceu foi principalmente por cauda da outra doença, a febre amarela, que prejudicou a idéia dos ilustres próceres da época de transferir a capital deste “maldito brejo, com clima horroroso, chuvas no verão e frio no inverno para a muito confortável e bela cidade de Campinas”, como proclamou nas assembléia de deputados da província um ilustre pai da pátria em 1890. O clima não tinha mudado em 1918, aliás, continua o mesmo “maldito brejo quando chove” até hoje. Existem numerosas crônicas e reportagens sobre a visita da Influeza a São Paulo em 1918. Somente em quatro dias, em outubro de 1918, morreram oito mil pessoas na cidade. Existem fotos de bondes puxados a burro recolhendo cadáveres. Relatos de agosto de 1918 dão conta que a cidade literalmente parou e os pouquíssimos recursos hospitalares ficaram absurdamente sobrecarregados e os médicos sem ter o que fazer, já que o armamentário terapêutico de então era muito limitado. O pânico correu pelas ruas de São Paulo e muitos fugiam para o interior tentando escapar da epidemia.
Tipo Exato de Vírus O surto cessou, aparentemente sem nenhum motivo conhecido, abrindo uma incógnita que só começa a ser desvendada na atualidade, a partir de novos estudos sobre o vírus. Recentemente tivemos três fatos notáveis com relação à Gripe Espanhola, passados 80 anos da pandemia que aterrorizou o mundo. O primeiro é a descoberta do tipo exato do vírus de 1918 ele não foi cultivado todo esse tempo porque o vírus da Influeza só foi descoberto em 1933. De posse do material de autópsia de soldados norte-americanos mortos em Fort Jackson em 1918, taubenberger e colaboradores utilizando técnicas de biologia molecular conseguiram amplificar o material genético do vírus de 1918 contido nestes tecidos e provar que era do tipo H1N1, mais suíno que aviário. O material da autópsia das vítimas de 1918 mostra que a grande maioria morreu após uma semana, com broncopneumonia provavelmente bacteriana. No entanto, em vários casos, morreram na fase aguda, nos dois primeiros dias da doença, quando há vírus sendo excretado na árvore respiratória e o aspecto anatomopatológico é de hemorragia alveolar maciça. Casos como estes de um dos quais, aliás, foi isolado o material genético serão muito difíceis de tratar ainda hoje, pois a lesão parece decorrer dp vírus propriamente dito e não de infecção bacteriana posterior. Há hoje remédios que impedem o início da Influenza e são usados como profilaxia, como a amantidina e a rimantadina, mas nenhum remédio é útil para tratar a doença uma vez iniciada. Imaginamos, no entanto, que nunca mais haverá uma epidemia como a de 1818/1919, pois é possível fazer uma vacina que proteja grande parte da população. Há um sistema de vigilância contínuo nos Centers for Disease Control, apoiado numa rede mundial de laboratórios de Saúde Pública que continuamente analisa as cepas dos vírus da Influenza que circulam e permitem preparar a vacina para o próximo inverno. Somente uma mudança muito súbita nos pegaria desprevenidos. Por isso mesmo um outro fato recente, preocupante, foi a descoberta de um novo tipo de vírus da Influenza que parecia só aviário, mas que em Hong Kong atacou e matou pelo menos três pessoas, o H5N1. Houve um certo susto e algumas das providências, como um galinhicídio na cidade de Hong Kong, podem ter sido um exagero, mas até agora não há nenhum sinal de epidemia mundial por esse novo tipo de vírus. O terceiro e mais recente estudo é o da equipe da geógrafa canadense KirstY Duncan que descobriu, na ilha de Longyearbyen na Noruega, sete corpos congelados de pessoas que teriam morrido durante a epidemia de Influenza de 1918. As condições de preservação desses cadáveres são as melhores encontradas até o momento para confirmar os achados citados acima, de
identificação da cepa de vírus que causou a epidemia e também estudar como ele provocou a morte dos pacientes. Jacyr Pasternak e Vicente Amato Neto são médicos, infectologistas, e professores universitários da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
O apoio pastoral de Jesus JOSÉ CÁSSIO MARTINS O estresse pastoral, onde quer que seja encontrado, tem causado danos graves, tanto aos próprios pastores e suas famílias, como às igrejas por eles pastoreadas, sempre com reflexos na denominação a que pertencem. Pode-se perguntar pela base bíblica para tal procedimento. Podemos responder que é o próprio Senhor Jesus Cristo que está sendo imitado. O mestre sempre apoiou seus discípulos. Isto não significa dizer, de forma simplista, que Jesus aprovou tudo o que fizeram. Ele nunca foi ingênuo. Apoiar, neste caso, significa ouvir, compreender, consolar, acompanhar, fortalecer, orientar, dar suporte espiritual, moral e estratégico/logístico. Muitos textos poderiam ser enfocados para ilustrar isso, como, por exemplo, Mateus 28,20b: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”. Vemos aqui uma super promessa do “Supremo Pastor”, como o chama Pedro em sua carta aos onze pastores presentes. A isto podemos chamar de um “Senhor” apoio pastoral. Claro, pois era uma promessa total (“Eu estarei convosco”) para um cumprimento total (“todos os dias”), com um sentido total (“até à consumação do século”). Esta promessa está no contexto da chamada “grande comissão” “Ide fazei discípulos de todas as nações...” que, por sua vez, está no contexto da “grande declaração”: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 20,18) Aqui, pois, se vê que o apoio pastoral de Jesus é parte de seu envio: Ele envia e apoia seus discípulos. A promessa de Jesus é de que Ele mesmo estaria, ou melhor, está com seus discípulos (o verbo, no original, está no tempo presente). É uma constante shekinah, uma “epifania permanente”. O apoio pastoral de Jesus aos discípulos não é apenas uma “influência”, como querem alguns: é “o próprio!”, como dizem nossos jovens. Esta promessa de Jesus estimula nosso anseio por um contato permanente. Não é apenas um anseio, uma quimera, uma reivindicação. É um fato o Cristo vivo e ressuscitado, Como dizemos em música, é um ff, m “fortíssimo”(a toda força) ou tutti, (todos tocando). E será assim do começo até o final. Não precisamos pensar em calendário nem em relógio. Aliás, estas coisas “não entrarão no reino dos “céus”, inúteis que serão! Na eternidade, o tempo acabará, mas o Amigo Supremo e sempre presente não terá fim. Sim, o Amigo apoiador, eterno e eternamente contemporâneo ali estará, acessível, capaz. Assim, a ênfase do nosso apoio humano e possível aos pastores é afirmar, acerca de Jesus, que Ele está sempre perto. E nisto Ele segue a boa tradição do Antigo Testamento, que afirma a respeito do Deus Supremo: “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade” (Sl 145.18).
Também o profetismo hebreu se ocupou desta proclamação, como se pode ver em Isaías 55,6: “Invocai-o enquanto está perto”. As ações de Jesus refletem a atuação eterna do Deus trinitário. Voltemos ao texto escolhido para frisar que, embora a grande promessa apareça depois da grande comissão, a ordem parece irrelevante, pois é até sugestivo pensar numa inversão somente para efeito de estudo exegético. É como se o Mestre dissesse: “Porque Eu estarei com vocês até o fim, podem ir sem medo”. Afinal, a grande comissão só pode ser cumprida mediante a grande promessa. É como Francis Thompson diz em seu inspirador The Hound of Heaven (o perseguidor celestial): “À sombra de sua mão, estendida e carinhosa”. É por causa desta mão que não podemos esmorecer, permitindo que o estresse nos pegue. Seguremo-la firmemente, pois ela nos trará sempre a palavra do Mestre: “Eu estou com vocês”! José Cássio Martins é pastor presbiteriano, mestre em teologia pastoral, psicólogo e professor no Centro Evangélico de Missões.
O que estaria faltando? ARCÍDIO FAVRETTO Existem trabalhos, sacrifícios, esforços admiráveis e até muita oração. Então o que estaria faltando em nossas comunidades, em nossos corações, em nossos dias? Não sei bem, mas parece que deveria existir mais alegria contagiante, mais momentos partilhados e descontraídos, mais coragem de quebrar a rotina cotidiana de coisas “protocoladas” de há muitos anos. Parece que deveria existir mais espiritualidade bíblica, de gratuidade, de doação, de acolhimento e de mútua ajuda; ao invés de priorizar uma espiritualidade moralista que aponta continuamente para o “certo” e o “errado”, para o “lícito” e o “ilícito”. A vida de fraternidade, por vezes, tão “racionalizada” e “falada”, torna-se vazia, sem sentido, “maçante”, quando não se criam espaços para um “modus vivendi” mais informal, amistoso, serviçal e fraterno. O estar junto do outro espontaneamente, se constitui em fonte de enriquecimento mútuo, conduz à descoberta de valores preciosos e incentiva para um novo dia de realizações. Acontece que raramente eu, você nós, temos tempo para partilhar o que somos e o que temos: a vida, o amor, o saber, a alegria, as vitórias, as limitações e os fracassos. No mundo atual, o “correr” está esmagando o “repousar” que tanto faz crescer. Não sabemos ficar “sem fazer nada”. Precisamos reaprender “ficar de férias” alguns momentos, algumas horas para sentirmos e percebermos melhor que somos essa maravilha do universo”, que somos a obra da criação. Reaprender “ficar de férias” para levar as boas notícias aos que nos cercam, aos que trabalham conosco sob o mesmo teto ou que lutam em periferias carentes e esquecidas. Não estaria na hora de resgatarmos os aspectos lúdicos da nossa infância? Naquela fase estaria dispondo de tempo para estudar, ajudar, brincar e até “fazer artes”. Hoje dispomos de tempo e dinheiro para congressos, cursos, reuniões internacionais, o que não deixa de ser um bem inestimável. Não temos tempo, porém, de deixar as programações
de rotina para visitar uma comunidade, uma família, um colega que está vivendo um momento difícil ou está celebrando uma data especial de sua vida. Não sabemos ter a delicadeza de dar um abraço amigo, de abrir uma champanhe, de comemorar o banquete da vitória. Não sabemos ir de encontro ao colega para partilhar com ele as lágrimas da derrota, da decepção, do erro cometido. Quantas alegrias, quantas tristezas, quantas surpresas agradáveis inundariam as comunidades e os corações, se existissem mais encontros mais encontros fraternos. Quantos atritos, quantas animosidades, quantas frustrações deixariam de existir, se houvesse a presença de gestos de gratuidade e de perdão festivo em dose mais acentuada. Mentes amargas e negativas colocam mais ainda rugas no rosto das pessoas, por vezes, tão tristes e deprimidas. Bom seria podermos cantar com o salmista: “Vinde e vede como é bom, como é suave os irmãos viverem bem unidos. É como um óleo perfumado na cabeça que escorre e vai descendo até à barba; vai descendo até a barba de Aarão, e vai chegando até a orla do seu manto. É também como o orvalho do Hermon, que cai suave sobre os monstes de Sião. Pois a eles o Senhor dá sua bênção e a vida pelos séculos sem fim” (Sl133). Arcídio Favretto é padre camiliano e pároco da Igreja Santa Cruz na cidade de Santos – SP.
Dicas de Saúde Como evitar escaras? O que é uma escara? Uma escara é uma ferida provocada pelo peso do corpo sobre a cama ou a cadeira, quando se fica muito tempo na mesma posição. Também pode ser provocada pela fricção freqüente do corpo contra o lençol ou uma almofada. Esta ferida pode ser muito dolorosa e sua cura difícil. Onde aparece as escaras? Aparecem muitas vezes nas cruzes (região do cóccix) e nos calcanhares. Podem também aparecer noutros locais do corpo, conforme a posição em que se esteja muito tempo. Quem pode ter escaras? As escaras aparecem, sobretudo, em pessoas que ficam várias horas quietas, na mesma posição. Isto pode acontecer, por exemplo, depois de uma operação, de uma doença, ou quando se tem uma paralisia. São mais freqüentes em pessoas que: têm dificuldade em beber ou comer; de controlar as fezes e a urina, mais de 60 anos, pessoas com excesso de pesos. Como evitar as escaras? Não fique muito tempo nas mesma posição. As pessoas que cuidam de deverão ajudá-la a mudar regularmente de posição, virando-a ora para um lado, ora para o outro, de costas ou de barriga para baixo. Mexa com freqüência os braços, as pernas e o corpo. Mude de posição quando reclamar de dores. É importante, sempre observar as zonas do corpo em que há maior risco de aparecerem escaras, como os calcanhares e as cruzes. Por exemplo, uma vermelhidão que não desaparece é o primeiro sinal de uma escara. Se tiver zonas de pele vermelhas, mas sem feridas, ponha-lhes uma pomada, de preferência com vitamina A, e faça uma massagem suave, com as pontas dos dedos. Use uma almofada para diminuir a pressão do seu corpo sobre a cama ou a cadeira. Procura manter as almofadas numa posição em que se sinta cómodo.
Caso a pessoa precisa ficar mais de duas horas na mesma posição, prefira estar semisentado, em vez de completamente sentado. Assim, distribui melhor o seu peso sobre a cadeira ou a cama. Evite escorregar na cama ou na cadeira. A fricção do seu corpo contra o lençol ou a almofada pode ferir a pele e provocar escaras. As almofadas evitam que escorregue para os pés da cama. Um outro cuidado importante para evitar escaras é a alimentação. Por isso, beba leite e coma peixe, carne e produtos à base de leite (queijo, iogurte, etc). Estes produtos ajudam a prevenir as escaras, porque são ricos em proteínas. Beba, pelo menos um litro e meio de líquidos por dia. Podem ser água, suco ou chá. Os líquidos ajudam a hidratar a pele, tornando-a mais resistentes às feridas. Coma o que mais lhe agradar, mas respeite sempre as indicações do seu médico. Extraído de carta do amigo nº 115 Janeiro e Fevereiro 2000
Se crês no Amor Se crês no amor, deves crer que podes ser feliz por toda vida; Se crês no amor, deves crer que ninguém pode ficar só; Se crês no amor, deves crer que a dor redime; Se crês no amor, deves crer que o desespero nunca se justifica; Se crês no amor, deves crer sempre pode ser melhor; Se crês no amor, deves crer que sempre terás tempo para o outro; Se crês no amor, Deves crer que podes saber quem mais precisa de ti; Se crês no amor, deves crer que nunca podes ficar devendo o perdão; Se crês no amor, deves crer que Deus só te pede o que é possível; Se crês no amor, deves crer que só não deves fazer o que Deus não quer; Se crês no amor, deves crer que sempre podes fazer algum bem; Se crês no amor, deves crer que podes ser útil em toda parte; Se crês no amor, deves crer que não são as mãos que enxugam as lágrimas; Se crês no amor, deves crer que alguém sempre pode fazer melhor tudo o que fazes; Se crês no amor, deves crer que, por mais que faças, ainda não fazes tudo; Se crês no amor, deves crer que vale a pena esperar; Se crês no amor, deves crer que sempre te tornas maior quando te tornas pequeno; Se crês no amor, deves crer que tuas alegrias não são só tuas; Se crês no amor, deves crer que a bondade é a melhor coisa do mundo; Se crês no amor, deves crer que sempre receberás, mesmo que te esqueçam; Se crês no amor, deves crer que é o próprio amor que te faz feliz; Se crês no amor, deves crer que Deus te fez para amar como Ele sempre te amou; Enfim, se crês no amor, ama, para que já nesta terra comece para tia o que jamais acabará no céu; DESPERTAR ESPIRITUAL
ESPIRITUALIDADE NO MUNDO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Existem vários tipos de Espiritualidade. Se fossemos classificar as cinco maiores, falaríamos que os Beneditinos cantam a sua espiritualidade; os Franciscanos simplificam a sua; os Dominicanos intelectualizam; os Carmelitas louvam, e os Jesuítas atuam a sua espiritualidade. Numa ocasião em que os líderes dos cinco estavam rezando numa Capela, a luz apagou. O Que fizeram? Os Beneditinos cantaram pedindo um milagre. Os Franciscanos aceitaram. Os Dominicanos rezaram um Salmo. Os Carmelitas adoraram. Os Jesuítas saíram para comprar uma lâmpada Também existe a espiritualidade dos Drogados, sendo álcool a pior droga. Vou destacar este tipo de espiritualidade. A Espiritualidade segundo o Dicionário Webster's é definida como "pertencendo á alma (ao espírito) ou aos seus afetos sob influência do Divino Espírito; procedendo do Espírito Santo, controlada e inspirada pelo Espírito. Ò apostolo Paulo se expressou em Romanos 1,11 - "Desejo ver-vos a fim de vos comunicar alguma graça espiritual. “Em Gálatas 6,1 ele continuou: "Irmãos, se algum homem for surpreendido em a1gtlm delito, vós que saís espirituais, admoestai-o com espirito de mansidão." E este também é o espirito dos Doze Passos dos Alcoólicos e Narcóticos Anônimos. Na Federação das Fazendas do Senhor Jesus espalhadas por todo o Brasil, acho que a espiritualidade é parte principal do tratamento. Usa outras técnicas porém a espiritualidade é a parte mais importante. O Décimo Segundo Passo dos Alcóolicos e Narcóticos Anônimos é: "Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólatras e toxicômanos e a praticar estes princípios em todas as nossas atividades. A palavra que quero destacar é: DESPERTAR ESPIRITUAL. FOI Bill quem inventou essa frase. Também temos o Décimo Primeiro Passo: “Procuramos através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de sua vontade em relação a nós, e força para realizar esta vontade. BÍll escreve:" Uma tarde o telefone tocou. Era meu velho companheiro de bebedeira, Ebby. De algum modo, mesmo pelo telefone eu sabia que ele estava sóbrio. Eu não podia me lembrar de uma época em que ele estivesse sóbrio. Há muito tempo atrás eu já o tinha catalogado como caso perdido. Tinha ouvido dizer que iriam interná-lo por insanidade devido ao alcoolismo. Eu disse: "Venha agora mesmo e vamos conversar. Logo Ebby estava sorridente à minha porta Em seguida ele estava sentado de frente para mim em minha cozinha. Quase imediatamente senti que tinha uma coisa diferente com Ebby. Ofereci-lhe um drink e ele recusou. Perguntei: Ó que está acontecendo? "Bem", disse Ebby, "eu tenho religião. Que bomba foi aquilo - Ebby e a religião! " Finalmente alguns meses depois deste incidente com Ebby, Bill foi hospitalizado. "Minha depressão no hospital chegou a um limite insuportável e finalmente pareceu-me que eu tinha chegado ao fundo do poço. Eu ainda duvidava seriamente da noção de um Deus, mas finalmente, o último vestígio de minha orgulhosa resistência caiu por terra. De repente eu me ouvi gritando: Se existe um Deus, que Ele se mostre !. Eu estou pronto para fazer qualquer coisa, qualquer coisa”. “Subitamente todo o quarto foi iluminado por uma grande luz branca. Eu me senti tomado de um tal êxtase que não existem palavras para descrever. Parecia-me ver com os olhos da mente que eu estava numa montanha e que um vento, não feito de ar, mas feita pelo Espirito, estava soprando e de repente compreendi que eu era um homem livre. Mansamente o êxtase foi amainando. Eu estava deitado na cama, mas por algum tempo estava em outro mundo, um novo mundo de consciência. Por toda a minha volta e através de mim, havia uma maravilhosa sensação da Presença, e pensei comigo mesmo: "Então este é o Deus dos pregadores!" Uma grande paz me envolveu e pensei: 'irão importa quão erradas as coisas possam parecer, ainda assim elas estão certas. As coisas estão bem com Deus e com o Seu Mundo". Embora Bill depois tenha sido bastante tentado, ele nunca mais voltou a beber. Ele tinha experimentado o DESPERTAR ESPIRITUAL. Em 1948, na universidade de St. Mary’s, perto de Topeka, Kansas, Estados Unidos, eu, Pe. Haroldo, uvi a palestra de um certo Alberto sobre os Doze Passos dos Alcoólatras Anônimos da qual jamais me esquecerei. Os pensamento espirituais eram os seguintes: Para ficar sóbrios precisamos Ter uma conversão, um DESPERTAR ESPIRITUAL. Para muitos, esta conversão funciona da seguinte maneira: Precisamos admitir que fomos vencidos. Precisamos entregar tudo. Não podemos continuar. Neste momento sabemos que
estamos perdidos. Finalmente, vencidos e caídos no chão passamos a acreditar que um Poder maior do que nós pode nos devolver nossa sanidade. Sim, estamos loucos, doentes, insanos e somente um Poder maior do que nós poderá nos devolver nossa sanidade. Com o que resta de nossas forças tomamos a decisão de colocar nossa vontade e nossa vida para Deus do modo como o concebemos. O que é o nascimento, a concepção de Deus? Deixe-me dar um exemplo de vida em família. Um bom pai provê o dinheiro e os meios para se viver. A esposa é de uma certa maneira, passiva. Ela recebe o dinheiro para tomar a vida familiar possível e feliz. Neste sentido em que eu falo, o pai é ativo e a mãe é passiva. Esta união e trabalho mútuos geram a concepção de uma família. O que é a concepção no sexo? È o pai que de uma forma ativa coloca o espermatozoide que fertiliza o óvulo da mãe. Um bebê é então concebido. Deus, através de Seu Espírito, toca ativamente em nós que recebemos aquele Espírito, e Deus é concebido em nós. "DESPERTAR ESPIRITUAL" é o nascimento de Deus dentro de nós. E assim como Paulo o apóstolo, sendo sinceros, nós nos tomamos abertos à Divirta Luz e continuamos a viver esta conversão todos os dias. Custe o que custar permanecemos sóbrios e a sobriedade é um fruto do Espirito. (Gaiatas 5,22). Desde aquele dia em 1948, embora eu não seja um alcoólatra, eu, Pe. Haroldo, tenho pessoalmente tentado, embora com passos titubeantes, a viver a essência da palestra de Alberto. Estas mesmas idéias são encontradas na Bíblia e na espiritualidade da Igreja a qual eu pertenço. Existem muitos caminhos de espiritualidade, mas para mim a semente da verdadeira espiritualidade está contida naquela palestra de 1948 que teve seu inicio com o DESPERTAR ESPIRITUAL de Bill em 1935. Milhões de grandes homens e mulheres praticam este tipo de espiritualidade e permanecem sóbrios e serenos. Esta grande irmandade dos milhões de pessoas quimicamente dependentes em recuperação me faz lembrar a vida de Paulo e de como ele fundou as várias comunidades. Ela imita o exemplo da Virgem Maria. Acima de tudo, estas ideias são uma continuação das instruções e da vida de Jesus Cristo, o filho de Deus, que continua a mandar o Espirito Santo para ser nosso advogado e consolador. Sim, um tipo moderno de espiritualidade é viver o "DESPERTAR ESPIRITUAL".
HAROLDO J. Rahm, é padre e trabalha com drogados e dependentes químicos