LANÇAMENTOS DE LIVROS PARA PASTORAL DA SAÚDE Por muito tempo, a Pastoral da Saúde foi entendida como sendo a pastoral que dava assistência unicamente espiritual ao doente. Essa foi a mentalidade herdada de nossos antepassados, que encaravam a doença como resultado do pecado, do castigo ou da vontade de Deus. Talvez por isso ainda hoje, em muitos lugares, os integrantes dessa pastoral são vistos como aqueles que visitam o enfermo que quer receber algum sacramento. O avanço da tecnologia, a evolução global da sociedade e o progresso da medicina chamam a atenção da Igreja, fazendo-a ver que além de cuidar dos doentes é preciso cuidar para que as pessoas não adoeçam e ao mesmo tempo exigir das entidades governamentais que cuidem da saúde do povo. Foi pensando nisso que a Pastoral da Saúde, coordenada pelos padres camilianos e aliada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), propôs suas três dimensões, assim denominadas: solidária , comunitária e político-institucional. Ou seja, no hospital, na comunidade e junto aos órgãos públicos de saúde. Nessa perspectiva, este livro quer ser um instrumento para todos que trabalham ou querem desenvolver essa pastoral em sua diocese, paróquia e comunidade. Pensando nisso, procurei abordar os temas de maneira clara, com linguagem fácil e prática, ilustrando com casos práticos vivenciados em meu trabalho pastoral, congressos, cursos e palestras. O livro pode ser dividido em três partes, de acordo com as dimensões da Pastoral da Saúde da CNBB: os cinco primeiros capítulos definem saúde, pastoral da saúde, os aspectos bíblicos da saúde, o papel do Estado, da religião (Igreja) e dos leigos no mundo da saúde. Posteriormente, até o capítulo 10, o livro trata especificamente da evangelização. Jesus Cristo é o primeiro exemplo, com seus ensinamentos, pedagogia, solidariedade e respeito para com o outro. Maria, pela fé, humildade, disponibilidade e serviço dedicado a Deus e aos homens. Por fim, São Camilo e Léllis, alguém de nosso tempo que soube como ninguém encarar os desafios de sua época na assistência aos enfermos e persistiu na busca de soluções; servo que não se deixou vencer pelos obstáculos, mas deles fez desafios vendidos. Esses três personagens são os exemplos para que possamos definir quem é o agente; seu perfil, espiritualidade, missão e atuação junto aos doentes. Nos capítulos seguintes é abordada quase especificamente a Pastoral da Saúde no hospital, desde a criação até a organização do trabalho e da capelania, com sugestão práticas. As atividades da capelania, do capelão e dos agentes de Pastoral da Saúde também são tratadas. Para isso, conto com a contribuição das ciências humanas, principalmente da psicologia. O ecumenismo (pluralismo religioso), os sacramentos, especificamente o da eucaristia , e a unção dos enfermos merecem destaque, pois são os mais requisitados na Pastoral da Saúde. Nestes capítulos, os temas são abordados quase em forma de perguntas e respostas, propiciando ao agente a oportunidade de sanar dúvidas referentes a esses assuntos tão presentes em nosso trabalho.
No capítulo 18 estão presentes talvez as mais difíceis dimensões de ser exercidas na prática, que são a comunitária e a político-institucional. Para escrever esse capítulo, sirvo-me da experiência de comunidades em dimensões anteriores, apresento a organização da Pastoral da Saúde na paróquia e em domicílio. Os temas “A morte e ao morrer” e “Pastoral da esperança” encerram o livro quanto aos temas que propus abordar. Não ofereço nenhuma resposta pronta a respeito desses assuntos tão complexos. Os exemplos práticos podem ajudá-los a encontrá-la. Finalizando, apresentamos os camilianos no Brasil. Primeiramente São Camilo, depois a história dos camilianos no país, suas atividades assistências na administração de hospitais, na área educacional – escolas e faculdades – e ministerial na Pastoral da Saúde por meio do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde (ICAPS). Adquira já seu exemplar e indique para seu grupo ligando para o Instituto Camiliano da Pastoral da Saúde (ICAPS) no telefone: (11) 21 3862-7286 ou Fax (11) 21 3865-21-89 das 8h30 às 17h00. Ou ainda na livraria Edições Loyola de sua cidade ou distribuidora. REFLEXÕES PRÁTICAS PARA OS AGENTES: A CONTRIBUIÇÃO BÍBLICA A Bíblia é fonte divina de inspiração para o agente de pastoral. É lendo a Bíblia que ele encontra a motivação necessária para ir ao encontro do doente, cujo sofrimento de tão intenso nos machuca também. A palavra de Deus, escrita, torna-se luz para iluminar uma situação de dor e desolação. Revela os meios para nos relacionarmos com nos relacionarmos com a pessoa angustiada e aflita. É instrumento poderoso de evangelização que nos permite levar Cristo aos outros, e ao mesmo tempo encontrá-lo no outro. As reflexões contidas neste manual, são frutos de textos tirados desse livro escrito pelos homens, inspirados por Deus, a Bíblia. Os autores dos artigos procuram fazem uma leitura paralela, dando conotação pastoral. Embora não contenham respostas prontas, os artigos mostram inúmeras faces e contribuições que a Bíblia oferece ao trabalho pastoral na área da saúde. Os textos evangélicos, são os mais utilizados pelos autores para a elaboração dos artigos. Há os exemplos personificados. Jesus Cristo, modelo para os agentes de pastoral, Maria solidariedade e disponibilidade, pessoas de nosso tempo, reconhecidas como santas pela Igreja, e também os anônimos sem reconhecimento oficial, mas que passaram pelo mundo fazendo o bem. É um livro endereçado aos milhares de agentes de pastoral da saúde. Psicólogos, enfermeiras (os), médicos, assistentes sociais e administradores, pois todos precisam ter consciência da dimensão espiritual. É simples e objetivo. E assim, cria condições para ação pastoral dos agentes que diariamente compartilham a fé com pessoas feridas. Tantas doenças e privações que se vivenciados individualmente, sem a presença solidária e paterna, são quase insuportáveis. Este manual será muito útil aos capelães-padres e pastores- agentes de pastoral da saúde, para reflexões individuais e, principalmente para discussões em grupos de agentes.
A VITÓRIA DA VIDA VIRGÍLIO CIACCIO
É verdade! Ainda há cristãos que – como os apóstolos – pensam ser a morte o fim de tudo e julgam ser a cruz a conclusão trágica de uma linda e maravilhosa história de amor. Nada disso! A cruz, a morte e o sepultamento de Cristo são pedras ao longo do percurso que marca um novo início de vida e dão-nos a certeza de que a morte pode ser vencida. Quando nos perguntarem em que Deus acreditamos, podemos responder que só acreditamos no Deus da ressurreição. É justamente ressuscitando o Cristo que Deus mostra todo o seu poder criador, seu domínio sobre a morte e seu imenso amor de Pai... Jamais podemos abrir mão da fé na ressurreição de Cristo e na nossa, característica específica dos cristãos. De fato, é a crença na ressurreição que nos distingue daqueles que acreditam em um Deus todo-poderoso mas distante do mundo, indiferente espectador de nossa história... Hoje, à semelhança dos primeiros cristãos, precisamos acreditar em tudo e apostar no Deus da ressurreição: mesmo na hora do sofrimento, na hora da cruz e, acima de tudo, na hora da morte. A presença do sofrimento e da cruz não significam ausência de Deus e a momentânea vitória da morte não é a derrota de Deus... É bem verdade que as provações e as cruzes viraram o pão nosso de cada dia. É bem verdade que a morte nos pertence e, de certa forma, nós pertencemos a ela. Mas não é fugindo das cruzes e negando o poder da morte que nós daremos glória a Deus. Daremos glória a Deus reconhecendo o poder da morte mas crendo e confessando que Deus é o mais forte e que seu poder está acima do poder da morte. Graças ao poder de Deus a morte foi vencida para sempre... Essa é a fé que abrigamos em nosso peito e que orienta nossos passos. Essa é a esperança que nos alegra e da qual somos mensageiros juntos, aos irmãos e irmãs do mundo inteiro! Virgílio Ciaccio é padre da congregação dos padres paulinos. Congresso reúne mais e 500 pessoas Com o tema central: saúde e dignidade humana, foi realizado o XX Congresso de Humanização e Pastoral da Saúde. Coube ao Pe. Velocino Zortéa, Superior Provincial da Província Camiliana Brasileira, fazer o discurso de abertura que reproduziremos integralmente nesta página.
Prezados colegas, permitam que assim os chame pois, de uma maneira ou de outra, nós todos trabalhamos pela humanização hospitalar, na pastoral da saúde ou na saúde comunitária. Somos operários do Senhor no campo samaritano. Quando dois ou três se reúnem em meu nome ... eu estou no meio deles, diz o Senhor.
Nós somos uma multidão ... consequentemente, a presença divina se faz mais poderosa e sentida neste encontro. De fato, é o seu Espírito que nos conduz. Segundo o Evangelho, Jesus percorria cidades, vilas, andava pelas estradas da roça, visitava famílias anunciando o Reino e curando todo o mal e toda a enfermidade. Nessas viagens Jesus foi tomado de compaixão pois viu que as pessoas, as famílias, as comunidades ... estavam enfraquecidas e abatidas, sem pastor, sem orientação. E o Senhor, passando o seu olhar por cima de toda essa triste situação e conhecendo-a profundamente na sua realidade, teve compaixão do povo. Então, olhou para os seus discípulos e disse “A messe é grande, mas os operários são poucos ... Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe”. Muitos operários já trabalharam e trabalham na messe do Senhor. Mas são poucos. Nós também somos chamados a trabalhar na messe do Senhor. Os agentes de pastoral da Saúde são operários do Senhor. Jesus precisa de operários que anunciem o Reino, anunciem a vida e curem os doentes, doentes em sentido amplo, doentes que não vivem a vida. De fato, Jesus se inseriu na linha do Deus da vida, que defende a vida e a vida em abundância. Salvar a vida do homem foi a constante preocupação de Jesus. Jesus anunciava a palavra e o povo gostava de ouvi-lo porque a palavra dEle era luz, era salvação, era caminho agradável e alegria no Espírito Santo. De fato, a palavra de Deus anima na aflição, anima na angústia, consola o coração e leva o homem a agir com retidão e com segurança na vida. Jesus curava os doentes: doentes com problemas físicos, doentes com problemas mentais e doentes com problemas espirituais. Essa deve ser a ação do agente de pastoral na comunidade: anunciar a palavra de Deus e curar os doentes, ou seja, desenvolver todo um trabalho de orientação e prevenção das doenças físicas, mentais e espirituais. Para o bom desempenho desta missão o agente da Pastoral precisa da luz do Espírito Santo que nos orienta para vivermos a sabedoria do Evangelho e da oração, que
nos liga ao Senhor. É com a orientação do Espírito e com a força da oração que nós anunciamos o Evangelho do Senhor e curamos doentes. Agradeço participar deste encontro; que ele represente e manifeste a presença do Cristo entre nós; que seja luz e grande orientação para nossa vida.
Nosso muito obrigado a todos os que colaboraram de uma maneira ou de outra.
DIGNIDADE NA ASSISTÊNCIA PASTORAL ANÍSIO BALDESSIN O que é dignidade? A palavra dignidade deriva do latim dignitate. Pode ser entendida como tratamento honorífico, função honraria, título ou cargo que confere ao indivíduo uma posição graduada. Autoridade moral, honestidade, honra, respeitabilidade. É a pessoa de alta dignidade. Decência decoro. Por exemplo, “manteve-se em todo o incidente com perfeita dignidade”. Respeito a si mesmo, amor próprio.
Sem dúvida, a palavra dignidade é uma das mais usada no dia-a-dia, principalmente no trato com doentes e sofredores em geral. Usamos também quando queremos dizer que a pessoa teve um comportamento digno, que viveu e morreu dignamente, que é uma pessoa merecedora de algo. Ou ainda que, com suas atitudes, não provoca o sofrimento alheio. Por que falamos tanto em dignidade? Normalmente, quando se fala muito em algo, existem duas possibilidades: ou é muito bom, ou deixa algo a desejar. Por exemplo, quando o chefe, coordenador ou líder é muito comentado, é muito capaz ou não está agradando seus comandados. Dignidade na assistência espiritual é um artigo que tem o objetivo de mostrar que muitas vezes, com o intuito de ajudar aquele que sofre, acabamos tratando-o indignamente também no atendimento espiritual. Na visita ao doente corremos o risco de não reconhecer sua capacidade e as potencialidades. Assim sendo, tratamos como objeto de cuidado e não como sujeito de sua situação. Às vezes, por acreditarmos que o doente está fragilizado, até espiritualmente, logo pensamos que sua necessidade mais emergente é Deus. Será que muitas vezes não somos nós que temos necessidade de falar de Deus? Vejamos alguns passos que podem ser importantes para oferecermos uma digna assistência espiritual.
Dignidade e respeito Para respeitar os sentimentos dos outros é necessário respeitar os próprios sentimentos e experiências. As palavras-chave são calor e compreensão. Respeito significa confiança nas experiências individuais, na capacidade de desenvolvimento e atualização. Jesus respeita tanto o homem que não o força à salvação. Ele veio para redimir os homens e sofre profundamente por haver um traidor entre os seus prediletos; não o força, porém; respeita a liberdade de Judas e, embora buscando salvá-lo uma e outra vez, não barra em seu caminho para a perdição. Outro exemplo de respeito foi o encontro de Jesus com Nicodemos (Jo 3,1-21). Jesus sabia muito bem porque era procurado à noite! No entanto, respeita a fraqueza, se dispõe a ouvi-lo, a
instruí-lo e tocar-lhe o coração com a graça de uma fé mais firme, menos hesitante, menos temerosa. Não obstante Cristo o tenha sacudido para fazê-lo chegar à verdade, chamando-lhe a atenção para a debilidade de sua fé e a falta de firmeza de sua ciência. Nas visitas aos doentes, o agente de pastoral encontrará, certamente muitas pessoas e situações adversas. Diferentes religiões, as mais diversas crenças e crendices, verdadeiros testemunhos de fé, incredulidade e indiferença. São situações com as quais muitas vezes não compactuamos. Porém, principalmente na visita pastoral, devemos respeitar.
Dignidade no diálogo com o doente Quando falamos de dignidade no diálogo com os doentes, primeiramente, precisamos atentar para a realidade do doente. Geralmente, quando dialogamos com alguém que está “inferiorizado”, falamos mais emocional do que racionalmente. Às vezes falamos sem pensar. Pode ser porque não prestamos atenção no que o outro fala, ou porque não pensamos antes de falar. Por isso, ao visitarmos um doente, não devemos vê-lo como alguém que não tem nada a nos dizer e a nos ensinar. Não devemos levar um discurso preparado previamente. Se fizermos assim estaremos diante de duas dificuldades: a primeira é que falaremos de coisas que nada têm a ver com o doente. A segunda é que diante disso o doente pode se fechar e permanecer em silêncio. Neste sentido, algo que pode ajudar é estar atento a tudo que cerca o doente. Preste atenção naquilo que ele fala e nas coisas que são importantes para ele. Ao entrar no quarto visualize sua fisionomia, perceba se é de dor, tristeza, chateação, revolta ou até mesmo algo que o impossibilita de conversar, tal como dificuldades para respirar. É importante evitar falar de assuntos que ele não queira abordar. Por exemplo, se a pessoa sofreu um acidente, não fique insistindo sobre o que aconteceu ou, então, perguntando a respeito da doença ou cirurgia. Quando se sentem amparados, eles contam naturalmente.
Dignidade nas perguntas Uma das tendências mais comuns dos visitadores de doentes é a de fazer perguntas. Parece que temos necessidade de fazer questionamentos. Não que seja proibido. Porém, temos sempre de perguntar a nós mesmos: o que quero obter com essas perguntas? Quando fizermos perguntas, é essencial que prestemos atenção nas respostas. Na maioria das vezes, ao invés de prestarmos atenção nas respostas, fazemos outra pergunta. Outro aspecto muito importante é que ao ouvir a resposta, não façamos julgamentos a respeito. A história do outro é sempre algo sagrado, por mais estranha que possa parecer. Mesmo que seja muito diferente de tudo em que nós acreditamos. É importante evitar as perguntas fechadas tais como: você está bem? Ou, tudo bem? Está com dor. Ao invés disso, pode-se usar: como está se sentindo? Parece que você está muito alegre, triste, angustiado, apreensivo... Sua fisionomia é de dor. Ou estou enganado?
Dignidade nas afirmações Uma característica do visitador de doentes ou ministros da eucaristia é fazer afirmações sobre as condições de saúde do paciente. Isso é muito perigoso. Primeiro, porque você não tem conhecimento de causa. Segundo porque, mesmo tendo informações seguras sobre a doença, não cabe a você, mas ao médico, dar informações ao doente. Evite sempre dizer a um doente que você nunca viu antes a seguinte frase: nossa como você está bem! Você não conhecia a fisionomia anteriormente. Como pode fazer essa afirmação? Ou, ainda pior: você vai ficar bom. Não fez nenhum diagnóstico, desconhece totalmente o problema, como sabe que ele vai sarar? Ao invés disso você poderá dizer: espero que tenha sucesso no tratamento ou que você melhore. Estarei rezando e torcendo para que você tenha força e coragem para superar esse pedaço difícil da vida e recuperar a saúde.
Dignidade nas orações A oração é uma contribuição muito importante na pastoral da saúde. Primeiramente, porque nos coloca em contato com Deus. Além disso, nos coloca em contato direto com as pessoas. Podemos fazer oração a qualquer hora e em qualquer lugar, e certamente Deus nos ouvirá. Porém, nem sempre temos oportunidade de encontrar as pessoas quando e onde quisermos. No entanto, não é aconselhável que “despejemos” nossas orações e crendices em cima dos doentes. Muitas vezes pensamos que fazer pastoral e visitar os doentes é somente ler bíblia, entregar folhetos, ou mesmo rezar orações repetitivas que algumas vezes se tornam cansativas. Precisamos estar atentos ao fato de atualmente existe pouca crença, muita religiosidade, um excesso de religiões, e um exagero de crendices. Muitos dizem: as pessoas, principalmente os doentes, gostam disso. Gostam porque às vezes acreditam e aceitam de tudo um pouco. Ou seja, da mesma maneira que aceita sua prece, terço, canto, aceita as outras coisas. Muitas vezes porque está desesperado, outras, por não ter oportunidade e liberdade de escolha. A própria falta de recursos, leva as pessoas a procurarem tratamentos alternativos, que até podem ser denominados ritos mágicos. Será que é realmente fé, ou mais uma dentre tantas crenças que professam? A oração não é somente aquela que repetimos. Talvez a mais autêntica e importante para o doente seja aquela que é feita a partir da realidade do doente. Lembro de uma paciente que, com doença grave e terminal, me disse: “Eu não estou conseguindo rezar, pois além da dificuldade de ficar concentrada, as minhas preces sempre acabam em verdadeiras ‘brigas’ com Deus”. Eu respondi a ela que, no meu entender, aquela era a oração mais autêntica que poderia fazer. Ou seja, dizer a Deus: “Estou muita revoltada e chateada com tudo isso que está me acontecendo. Está muito difícil enfrentar tudo isso. Dá-me um pouco de paz”. Quer oração mais bonita e mais autêntica que daquela que Jesus fez na cruz: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes”? Mt 27,46. Se até o filho de Deus reclamou!... Talvez, uma dica importante, seja procurar saber do doente qual oração gostaria de fazer. Ou mesmo o que quer pedir. A vontade dele pode ser bem diferente da nossa. Um paciente tetraplégico, quando lhe perguntei o que queria pedir a Deus antes dar-lhe a comunhão respondeu: “Eu quero, nesta comunhão, pedir que Deus encurte o meu caminho”. Portanto, procure rezar a partir das necessidades do doente. Não é conveniente aproveitar do momento difícil da doença para fazer quase que um "assalto espiritual”. Mas a pergunta é sempre a mesma: mas, algumas denominações fazem isso? É verdade. Porém, o bom cristão procura imitar aquilo que os outros têm de bom. Será que, se o marketing imita a igreja, a igreja deve imitar o marketing?
Dignidade ao ministrar sacramentos Os sacramentos, sinais do amor de Deus por nós, fazem parte da vida dos cristãos e são integrantes da pastoral da saúde. Por essa razão é compreensível que o agente, ao visitar, doentes tenha essa preocupação. Porém, os sacramentos não devem ser algo imposto como condição para o processo de salvação. Às vezes, diante de uma situação difícil, mas que se trata de um problema estritamente humano, costumamos colocar os sacramentos como sendo aquilo que para resolver os problemas. Um caso prático poderá nos ajudar entender essa problemática: “Certo dia fui procurado por uma funcionária do hospital que, desesperada dizia que a filha tinha comportamentos estranhos, que acordava à noite, gritava, tinha pesadelos, que pegou uma faca e colocando-a junto ao pescoço disse que queria morrer. “Minha filha não foi batizada, padre, e por isso deve estar com encosto ou com o diabo no corpo. Precisa batizar minha filha padre”. Eu disse: “Se a senhora acredita no batismo é importante batizá-la. Porém, essas manifestações não são causadas por falta de batismo. “E disse: Muitas pessoas que não são e nunca serão batizadas e vivem tranqüilamente”.
Pedi que se sentasse e começamos a conversar sobre a família e a convivência familiar. Como era de se esperar, os problemas da menina nada tinham a ver com falta de batismo. Vejam o ambiente da família. O tio assassinou a namorada e foge da polícia. Por isso, todos os dias, a polícia faz ronda na casa. A tia tem problemas psiquiátricos e comportamento muito estranho. O pai bebe e quase todos os dias chega em casa bêbado, enquanto a avó segue uma denominação religiosa que vê o diabo em tudo e em qualquer lugar. Após ouvir tudo isso respondi para mãe: O que eu tenho a dizer lhe é que esses são problemas puramente humanos. Fale para seu irmão assumir a responsabilidade de seu ato. sua irmã necessita de tratamento, pois é uma pessoa doente e não tem culpa disso. Seu marido precisa parar de sempre chegar em casa bêbado e sua sogra, parar de colocar coisas na cabeça da menina que, com cinco anos de idade, não tem estrutura para suportar tamanha carga. Se isso acontecer, com certeza a menina melhorará sem batismo, pois o batismo não tem essa finalidade. Portanto, os sacramentos precisam ser esclarecidos antes de serem ministrados. Isso não significa selecionar quem merece ou não receber os sacramentos e sim quem acredita e qual é a função dos sacramentos. Merecer, todos nós merecemos, mas será que todos acreditamos? Para isso, devemos fazer uma boa catequese não tê-los como algo capaz de tirar as “coisas ruins” da nossa vida.
Dignidade na assistência aos moribundos e aos seus familiares As doenças crônicas, ou seja, aquelas que perduram por longo tempo, normalmente trazem um desgaste natural. Para o próprio doente, profissionais, familiares e também para aqueles que os assistem espiritualmente. Naturalmente que depois de muitas visitas corremos o risco de repetir nossos discursos ou de não ter mais o que falar, principalmente à pessoa que está morrendo. Se não estivermos atentos, nossas visitas correm o risco de se transformar em entrevista ao invés de visita. Ou, então em um ritual vazio de orações, cansativas. Os doentes, principalmente os crônicos, às vezes precisam muito mais de nossa presença do que de nossas orações. Da nossa mão amiga, do que de uma imposição de mão. Portanto, é muito importante que o agente assuma seu papel de estar presente junto aos doentes moribundos. Pode parecer inútil, mas para o doente é muito importante. Além disso, os familiares, nestas circunstâncias, são os que mais necessitam. O agente de pastoral poderá ficar junto com o doente caso os familiares precisem fazer algo e não podem por não querer deixar o doente sozinho. É importante ressaltar que, às vezes, os familiares precisam mais de assistência pastoral do que o próprio doente. Também eles precisam ser assistidos dignamente.
Potássio e cálcio: armas contra hipertensão O aumento moderado no consumo de potássio – mineral essencial que se pode obter com o consumo de uma ou duas bananas diariamente – ajuda a reduzir o nível da pressão sangüínea. Razão: o potássio têm efeito diurético natural e, por sua vez, ajuda a eliminar o sal do organismo. Quem apresenta problemas com as funções renais ou paciente que utilizam determinados tipos de medicamentos, devem consultar o médico que dará ou não aprovação ao consumo de potássio. O cálcio, por sua vez, é o mineral mais abundante no organismo. É, também, o elemento indispensável – principalmente para o sangue – já que é vital pra garantir o ritmo cardíaco normal e as funções de nervos e
músculos. O cálcio participa, ainda, de várias etapas da coagulação do sangue. CÁLCIO: ESSENCIAL Especialmente aos que sofrem de hipertensão, no entanto, o cálcio é elemento essencial pois há evidências de que doses mínimas do mineral – cerca de 800 a 1200 mg diários, quantidade habitual recomendada – ajuda a reduzir o nível a pressão arterial. Finalmente, se você sofre de hipertensão e pretende controlar esta condição através de meios naturais, lembre-se de que um litro de leite magro (sem gordura) contém aproximadamente 1200 mg d cálcio. Assembléia elege novo coordenador nacional da Pastoral da Saúde - CNBB. Aos 8 dias do mês de setembro de 2000, no Anfiteatro do Centro Universitário São Camilo, situado na Av. Nazaré 1501 – Ipiranga – São Paulo-SP, realizou-se a assembléia extraordinária da Pastoral da Saúde à qual estiveram presentes 43 coordenadores da Pastoral da Saúde diocesanos e regionais, o Provincial Camiliano Pe. Velocino Zortéa, o Reitor do Centro Universitário São Camilo Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, o Diretor do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde Pe. Anísio Baldessin, o Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde-CNBB Pe. Evangelista Moisés de Figueiredo. O ex-Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde e Vice-Reitor do Centro Universitário São Camilo, Pe. Leocir Pessini, justifica sua ausência. Foi iniciada a Assembléia com um breve canto, conduzido pela Ir. Gema Destefani invocando o Espirito Santo. Em seguida o Pe. Evangelista Moisés de Figueiredo leu os parágrafos e artigos do Estatuto que foram alterados pela CNBB sendo que este continuará sendo analisado para uma possível aprovação no ano vigente. O Dr. José Anézio Palaveri conduziu a eleição da nova Coordenação Pastoral da Saúde CNBB que, por decisão da assembléia, ocorreu por aclamação. Foi indicado pela Província Camiliana e apresentado pelo Provincial o Pe. José Edson da Silva, solteiro, religioso, portador do RG. 27.951.829-8 SSP-SP, residente E.Q.S. 303/304 Lote A –Asa Sul – CEP 70366-400- Brasília-DF, eleito por aclamação como Coordenador Nacional da Pastoral da saúde. Para o cargo de Vice-Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde, eleito por aclamação, o Dr. André Luiz de Oliveira, casado, portador do RG M5.109.985-SSP-MG, CPF 986.737.346-49, residente à Rua Rio Grande do Norte, 1950 apto-303Bairro Marta Helena- CEP 38402-016 - Uberlândia-MG. Para o cargo de Tesoureira, eleita por aclamação Ir. Catarina Pereira de Figueiredo, solteira, religiosa, portadora do RG 03.012.086-9, CPF 408.165.407-72, residente à Rua Alcindo Guanabara, 24 4º andar – CEP 20380-900 – Rio de Janeiro-RJ, e para o cargo de Secretária Maria Ambrosina Maia, solteira, portadora do RG 355.378 SSP-DF, CPF 151.597.361-15, residente à QE 24 conj. G casa 22/Guará II, CEP 71060070 Brasília-DF. Para o Conselho Fiscal foram aclamados como Titulares Sebastião Geraldo Venancio, casado, portador do RG 14.136.428-2 SSP-SP, residente à Rua Edgar Souza, 465, CEP 12200-00, São José dos Campos-SP, Ana Tibúrcio dos Santos, casada, portadora do RG 1357.403 SSP-BA, residente à Rua Cardeal Arcoverde, 1663 apto 61, CEP 05407-002, São Paulo-SP e Dr. José Anézio Palaveri, casado, RG 2799.519- SSP-SP, CPF 016.010.678-87, residente à Rua Siqueira Campos, 1186, CEP 13630-000 – Pirassununga-SP , e como Suplentes Karin Geovanella, casada, portadora do RG 1/R 110.698, CPF 288.501.499-72, residente à Rua Dep. Ant. Edu Vieira, 1524, Caixa Postal 5178, CEP 88040-970, Florianópolis-SC, Eni Cecília Bahia, casada, portadora do RG 10.047.979-31 SSP-RS, CPF 149.714.290-34, residente à Av. Cristóvão Colombo, 274/44, CEP 90560-000, Porto Alegre-RS e Luzia Almeida Vieira, casada, portadora do RG 687.700 SSPES, CPF 055.484.967-43, residente à Rua Henrique Rossete, 79, CEP 29050-700, Vitória-ES. Todos eleitos por aclamação por decisão do plenário. Sebastião Venancio falou sobre a 11º
Conferência Nacional de Saúde que se realizará em Brasília de 16 a 19 de dezembro de 2000 e da importância dos regionais se organizarem e providenciarem delegados para participar do mesmo com o intuito de eleger um representante da Pastoral da Saúde para o Conselho Nacional de Saúde. A assembléia foi encerrada com agradecimentos a todos pela presença, e eu, Ana Tiburcio, lavro a presente ata que será assinada por quem de direito.
PASTORAL DA SAÚDE NA AMÉRICA LATINA E CARIBE O Departamento de Pastoral Social (DEPAS) do Conselho Episcopal Latino Americano ( CELAM), visando dinamizar a ação da Igreja no Mundo da Saúde, na América Latina e Caribe, realizou em Santafé de Bogotá ( Colômbia), nos dias 22 e 23 de julho de 2000, uma importante reunião continental com representantes das várias regiões do continente a saber: Países do Cone Sul ( Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile) Países Bolivarinos ( Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela), Países da América Central, México e Caribe. Esta reunião foi presidida por Dom Hugo Garaycoa ( Bispo da Tacna – Peru), recém empossado como Presidente do DEPAS –CELAM e coordenada pelo PE. Francisco Hernandez Rojas, que também recentemente assumiu a função de secretario executivo do DEPAS – CELAM. Na pauta do encontro três assuntos fundamentais foram trabalhados: a0 Programa do DEPAS – CELAM para a Pastoral da Saúde no continente para os próximos 4 anos; b) Funcionamento da equipe continental (atribuições dos componentes, dinamismo, funcionamento, tarefas), e C) elaboração de um guia de Pastoral da Saúde para a América Latina e Caribe. Em relação à programação prevista e equipe continental: Foi apresentado o Pe. Adriano Tarraran, Camiliano, Diretor do Centro Camiliano de Humanização e Pastoral da Saúde de Bogotá, como o novo coordenador da Pastoral da Saúde para a América Latina e Caribe. Também foram identificados os representantes da equipe continental de animação da pastoral da Saúde. Na agenda de trabalho se prevê uma reunião anual da equipe em datas e lugares ainda a serem definidos, assessoria às diversas regiões do continente em encontro regionais durante os anos de 2001 e 2002 e realização do IV Encontro Latino Americano e do Caribe de Pastoral da Saúde, de 10-16 de março de 2003 no Brasil, em São Paulo. Quanto ao guia da Pastoral da Saúde para o Continente: Busca-se uma visão, entendimento, e diretrizes globais, respeitando-se as peculiaridades regionais. Trata-se de um projeto que vem sendo acalentado e trabalhado desde o III Encontro Latino Americano e do Caribe de Pastoral da Saúde ( Santo Domingos – 1998), mas que tem raízes em 1994 no II Encontro em Quito (Equador). Foram recolhidas as últimas sugestões e atualizações dos membros da equipe continental, e por delegação, um grupo executivo de três pessoas está fazendo os acertos finais, devendo estar pronto para o mês de outubro/2000. O esquema fundamental previsto do documento é o seguinte: 1) O que é saúde; 2) A saúde na América Latina e Caribe; 3) A presença da Igreja no mundo da saúde; 4) Pastoral da saúde: o quê? Dimensões: solidária, comunitária e político-institucional; 5) Os agentes da P. da Saúde (formação espiritualidade e missão); 6) Âmbitos da Pastoral da Saúde; 7) Estrutura da Pastoral da Saúde (nível continental); conclusão. CURSO PIONEIRO DE PASTORAL DA SAÚDE NO ITEPAL Em colaboração conjunta entre o ITEPAL – Instituto Teológico-Pastoral do CELAM– Conselho Episcopal Latino Americano, o CAMILLIANUM (Roma), o Centro Camiliano de Humanização e Pastoral da Saúde de Bogotá e o Centro Universitário São Camilo ( S. Paulo), foi realizado o primeiro curso intensivo de Pastoral da Saúde com duração de 4 semanas, d e17 de julho a 11 de agosto de 2000. Com participação de 25 pessoas provenientes de diversos países da América Latina e Caribe, Capelães, padres e religiosas que atuam na área da saúde.
Foram quatro módulos fundamentais: 1)Identidade dos capelães e agentes de Pastoral da Saúde: conteúdos, destinatários e metodologia da ação Pastoral, prof. Pe. Arnaldo Pangrazzi – Camilianum – Roma de 17 a 22 de julho; 2) Ética e Bioética na América Latina e Caribe, prof. Pe. Leo Pessini – Centro Universitário São Camilo – São Paulo – Brasil ) de 24 a 28 de julho; 3) Igreja, comunidade sanante. Psicologia da pessoa enferma, prof. Pe. Luciano Sandrin – Camillianum – Roma de 31 de julho a 05 de agosto; 4) Relação de ajuda Pastoral, prof. Ir. José Carlos Bermejo ( Madri – Espanha) de 07 a 11 de agosto. A perspectiva é de oferecer anualmente este curso no ITEPAL – CELAM para lideranças da Igreja que atuam na área da saúde [ara toda a região da América Latina e Caribe. Isto certamente será uma iniciativa fundamental para impulsionar a Pastoral da Saúde, no seu objetivo fundamental de evangelizar e humanizar o mundo da saúde com o objetivo de construir uma nova cultura da vida e saúde.