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VIA-SACRA DO ENFERMO Queridos irmãos estão aqui reunidos e queremos, nesta caminhada, rezar, cantar, pedir a Jesus que nos acompanhe e faça com que as autoridades competentes sejam tocadas em seus corações. Para trazer a paz e a salvação, a vida nova. Não foi entendido, sofreu e morreu. Mas durante toda sua caminhada aqui na terra, o que ele mais fez foi se comprometer como pobre, o preso o doente. Fez isso para que cada um de nós também fizesse. A situação daquela primeira Sexta-feira Santa até hoje não mudou só piorou. O caminho que vai da condenação até a ressurreição ficou mais longo. Cristo continua vivo em cada uma das pessoas. E continua morrendo diante dos nossos olhos. As ruas da amargura, hoje, são as ruas da nossa cidade. Ela corta os nossos bairros, os nossos morros, as nossas favelas, atravessa os nossos hospitais, as nossas prisões, os nosso tribunais. Passa pelo caminho do sofrimento, de tantas formas. Diante de toda essa situação, queremos refletir, meditar e rezar, pedindo a Cristo força para amá-lo na pessoa do irmão, para agir em favor dele. O caminho que nossos irmãos percorrem, hoje, é o caminho do descaso, da falta de respeito pelos direitos adquiridos na Constituição. Seu caminho de cruz começa quando procura o remédio no Posto de Saúde, que está fechado porque os profissionais não receberam seus salários em dia. Aí começa a fazer um longo caminho, batendo de porta em porta, de unidade em unidade, quase sempre a pé, porque não têm dinheiro para o ônibus. Quando chega, são filas intermináveis. Daí a pouco vem o guarda dizendo: “Não tem mais ficha, volte amanhã, ou semana que vem, ou daqui a um mês”. E enquanto isso, o Cristo que está doente, na pessoa do enfermo, continua sofrendo e morrendo. I Estação Leitor: Jesus presente no doente é condenado à morte. Não há vaga nos hospitais. Não há medicamentos. Os médicos de plantão são insuficientes. O número de enfermeiros foi reduzido para reduzir despesas. Dirigentes: Senhor, ajuda nossas autoridades a te reconhecerem no irmão doente e a fazerem com que todos possam ter a vida em abundância que trouxeste para todos. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. II Estação Leitor: Jesus presente no enfermo carrega a sua cruz. A cruz da discriminação, do preconceito, a cruz de não conseguir um tratamento para AIDS. A cruz da falta de leitos para os cancerosos. A cruz de ser um doente mental, tratado muitas vezes com menos direito do que animais de estimação. Dirigentes: Senhor, que irmãos doentes dividam contigo as suas cruzes. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. III Estação Leitor: O doente cai ela primeira vez e ainda terá muitas quedas pelo caminho. Cai quando lhe é dado o diagnóstico e junto à notícia de que precisa de um exame e o hospital não o faz. Cai quando tenta outros caminhos e tem de esperar meses e meses. Dirigentes: Senhor, o sofrimento só pode ser entendido à luz da fé. Dá-nos fé suficiente para levantar das quedas. Pela sua dolorosa Paixão tem piedade de nós e do mundo inteiro.


IV Estação Leitor: O doente encontra-se com seus familiares. É o momento em que a dor aumenta, o sofrimento aumenta, mas aumenta também a capacidade, conta tudo e todos, em favor da vida. É a hora em que alguém vai falar com a enfermeira, o médico, e parece que a esperança se renova. Dirigentes: Senhor, renova a esperança e o desejo de todos os que sofrem por lutar pelos direitos e pela vida. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. V Estação Leitor: No seu caminho de cruz, Jesus encontra alguém que o ajuda. No caminho da cruz dos enfermos, eles também sempre encontram alguém que os ajuda, que como Cirineu alivia do peso da cruz. São as assistentes sociais, as enfermeiras, os médicos e muitos que ainda se sensibilizam e ajudam a diminuir a dor e o sofrimento. Ainda existem muitos profissionais que se interessam pelo doente que amam e atendem cumprindo o compromisso que fizeram no juramento da formatura. A estes nós podemos chamar de cirineus. Dirigentes: Senhor, ajuda-nos a compreender que tu continua passando em nossos irmãos que carregam seus fardos e que nós podemos ajudar-te. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. VI Estação Leitor: Nesta estação queremos refletir sobre a coragem das mulheres: Verônica no meio da multidão de soldados, abre caminho e rompe todas as estruturas para enxugar o rosto desfigurado de Jesus. Hoje, o rosto de Jesus continua desfigurado no rosto dos doentes no pronto-socorro dos hospitais. Que de pronto-socorro não têm nada, porque os doentes chegam com os mais variados tipos de enfermidades: acidentes, ferimentos, desmaiados, desacordados... e quase nunca são atendidos de imediato, às vezes passam horas e até dias sem atendimento, não porque o profissional não queria atender, mas porque não há recursos: faltam material para curativo, para sutura, falta medicamentos, faltam macas, cadeiras de roda para colocar os doentes. E lá está o rosto de Jesus desfigurado, suado. E muitos só são atendidos quando chegam as corajosas mulheres da Pastoral da Saúde que falam com um, conversam com outros, enxugam o rosto coberto de sangue, suor, lágrimas e, como Verônica, levam estes rostos estampados nos seus corações, mas aliviam a dor. Dirigentes: Senhor, ajuda-nos a sermos cada vez mais corajosos para abrir caminho, derrubando as estruturas da injustiça. Para que possamos enxugar o teu rosto, no rosto dos nossos irmãos. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. VII Estação Leitor: No caminho da cruz, Jesus cai pela segunda vez. Quanta humilhação, Deus caído de novo aos pés dos soldados. Jesus continua caindo e sendo humilhado quando os doentes ficam meses hospitalizados e não sabem o nome do médico que os assiste, não sabem a doença que têm, quando ficam em jejum o dia todo esperando a cirurgia que foi desmarcada e ninguém avisa. Jesus continua caindo na pessoa do irmão que grita de dor e quem não se pode dar remédio porque não está prescrito.


Dirigentes: Senhor, ensina os doentes a terem a coragem do cego Bartimeu, que quando sentiu que Jesus ia passando gritou alto, para que quando o doente perceber que alguém passa também possa pedir socorro. E ter coragem de começar de novo a caminhada. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. VIII Estação Leitor: Neste ponto da caminhada Jesus encontra-se com as mulheres que em silêncio choram pelo seu sofrimento. O doente, na sua caminhada dolorosa, também se encontra com mulheres e homens que se esquecem de si e se preocupam em estar presentes junto ao irmão sofredor e que, em silêncio, choram, rezam, consolam, sofrem. Dirigentes: Senhor, dá-nos a graça de não desanimar. Renova as forças de todos que atendem os doentes, para que sejam a tua presença junto aos que sofrem. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. IX Estação Leitor: Mais uma queda! Meu Deus, quantas virão ainda? Jesus cai na pessoa do doente quando é necessário um tratamento intensivo e as UTIS estão cheias. É preciso esperar que um morra para que outro ocupe o lugar. Até quando, Senhor?

Dirigentes: Senhor, ajuda-nos a levantar. Faça com que o sistema governamental sinta a necessidade de mudança. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. X Estação Leitor: Jesus se despoja de tudo e suas vestes são arrancadas. Quantas vezes os doentes, como Jesus, não têm um travesseiro, nem lençol para cobrir o corpo e muitas vezes os encontramos totalmente nus, molhados, sujos, e Jesus fala que todas as vezes que vestimos os nus é a Ele que estamos vestindo. Dirigentes: Senhor, diante do teu corpo desnudado no calvário, te pedimos, faça que os dos doentes sejam respeitados como templos vivos do Espírito Santo. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. XI Estação Leitor: Aqui Jesus está sendo crucificado. E continua sendo, hoje, nos pobres e doentes que não podem pagar um plano de saúde. Que não tem direito a um exame mais especializado, o SUS ainda é a esperança de tantos. Onde estão as verbas do SUS? Como estão sendo distribuídas? Dirigentes: Senhor, que a vida dos doentes crucificados seja fonte de perdão para todos os responsáveis pelo caos da saúde. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro.


XII Estação Leitor: Não existe prova de amor maior do que dar a vida pelo irmão (Jo 15-12). Senhor, nós sabemos que ainda existem profissionais que dão parte de seu tempo, de graça, aliviar a dor. Não têm hora para almoçar e nem para dormir. Mas são poucos. Dirigentes: Senhor, faça que mais pessoas se coloquem a serviço dos irmãos doentes e que um dia possam ouvir tua voz dizendo: Vinde benditos de meu pai. Pela tua dolorosa paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. XIII Estação Leitor: O corpo de Jesus é entregue a sua mãe. O corpo de Jesus continua sendo entregue às mães que perdem seus filhos prematuramente, antes de serem adultos, porque são acometidos por doenças, por falta de alimentação adequada, por falta de moradia, de saneamento básico. E quantos são salvos pela Pastoral da Criança! Dirigentes: Senhor, que em todos os momentos da vida as mães possam seguir o exemplo da tua mãe, que mesmo com o coração transpassado estava de pé diante da cruz. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. XIV Estação Leitor: Jesus é sepultado. A pedra removida do túmulo foi o marco da Ressurreição. A sepultura cristã não é só lugar de saudade, mas lugar de esperança de vida em Deus. Dirigentes: Senhor, que todos os que morreram e foram sepultados por falta de atendimento, por omissão dos órgãos competentes, estejam contigo no céu, gozando da vida eterna gloriosa sem sofrimento e sem dor. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. XV Estação Leitor: Jesus ressuscita. Não em vão, mas para que um dia possamos ressuscitar com Ele. Dirigentes: Senhor, assim como venceste a morte e ressuscitaste, possas também fazer com que haja paz e justiça para todos e ninguém morra antes do tempo por falta de atendimento. Que as autoridades competentes sintam a necessidade urgente de mudança. Pela tua dolorosa Paixão, tem piedade de nós e do mundo inteiro. Leitor: Oremos Senhor, lança um olhar de misericórdia sobre todos os que sofrem e sobre todos os profissionais da saúde, para que encontrem forças em ti. Para viver a relação de ajuda, porque o doente é portador de necessidades e o profissional portador de conhecimento. Faça Senhor, com que os hospitais sejam humanizados e que todos sejam tratados com dignidade, respeito e amor. Via-sacra do enfermo foi elaborada pela pastoral da saúde da cidade de Vitória – ES.


RECURSOS PARA A SAÚDE: DE ONDE VÊM? PARA ONDE VÃO? O orçamento municipal pretende mostrar de onde provêm e para onde serão designados os recursos da saúde por meio da participação de todos os segmentos da sociedade. Podemos defini-lo como um processo pelo qual se elabora, se expressa, se aprova, se executa e se avalia o nível de cumprimento do programa do governo para cada período orçamentário. Esta atuação tem o objetivo de garantir o cumprimento das ações e serviços que atendam às necessidade da população. Assim, todo cidadão pode ter acesso a ele e, se for preciso, questiona-lo junto aos órgãos responsáveis. Para que não paire nenhuma dúvida quanto aos gastos do município, sobretudo em relação à saúde, o prefeito de Icapuí, cidade localizada no litoral de Aracati –CE, optou por uma alternativa inusitada e criativa: pintou o orçamento no muro da sua casa. Esta ação, possível em uma cidade que abriga quase 17 mil habitantes, onde a maioria circula pelo mesmo espaço e passa quase sempre em frente à residência do prefeito, se tornaria inviável em municípios mais populosos. No entanto, todos eles devem apresentar seus orçamentos e torná-los acessível à população. Como toda ação pública, tal iniciativa precisa de um detalhado planejamento antes de ser executado. Devem ser levantadas questões como: 1. Em que, para que e por que se pretende gastar determinada quantia? 2. Que segmentos da saúde utilizarão o dinheiro disponível? 3. De que maneira o município obterá os devidos recursos? Esta elaboração só pode acontecer, desnecessária afirmar, mediante respaldo legal. Planos e Medidas de Orçamento Segundo a Constituição Brasileira, o Poder Executivo deve elaborar leis para o Plano Plurianual, para as Diretrizes Orçamentárias e os Orçamentos anuais, subsídios para que os municípios possam efetuar o planejamento e execução do seu orçamento. O Plano Plurianual – PP – contém informações sobre obras e demais investimentos que serão realizados. Tem durabilidade de quatro anos e deve ser elaborado logo no primeiro ano da gestação, para ser executado nos três anos seguintes e no primeiro da gestão subseqüente. A lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO – contém regras para a elaboração do orçamento que deve ser produzido pelo Poder Executivo a partir de abril do primeiro ano e encaminhado até final de junho ao Poder Legislativo para que possa ser aprovado. Através do LDO, são garantidos os recursos necessários para o desenvolvimento das ações de saúde. Já os orçamentos anuais são elaborados pelo Poder Executivo a partir de julho e encaminhados ao Poder Legislativo, que deve aprová-los até o final da primeira quinzena de dezembro, até o final do mês de setembro. De onde provêm os recursos da saúde Para atender a toda as necessidades de saúde da população e tentar cumprir suas obrigações, os municípios recebem mensalmente do Governo Federal uma quantia fixa para a Atenção Básica (o Piso da Atenção Básica – PAB), aproximadamente R$ 10,00 por habitante ao ano. O PAB fixo é pago por meio do Fundo Municipal de Saúde. O PAB reúne todo o dinheiro da saúde em um só lugar e tem de estar previsto, sobretudo, no Plano de Saúde. Para garantir o uso adequado do piso a gestão municipal precisa efetuar a prestação de contas e apresentar o relatório de gestão com a aprovação do Conselho de Saúde. Há ainda um valor repassado pelo governo que varia segundo algumas necessidades do município, denominado como PAB variável. Caso haja na cidade um agente comunitário contratado, o município recebe do Ministério da Saúde aproximadamente R$ 2.200,00 por agente por ano, garantindo o salário do funcionário designado para a função. Já para cada equipe do Programa de Saúde da Família, o município recebe mais ou menos R$ 36.000,00 por ano. Para a compra de remédio, este recebe R$ 2,00 por ano para cada indivíduo. Se o município apresentar um plano para o combate à desnutrição receberá, em média R$ 180,00 por ano para cada criança desnutrida. Por fim, para o incentivo à vigilância sanitária básica, o município recebe R$ 0,25 por habitante/mês.


O Ministério destina, ainda, verba para custear assistência especializada (como internação em hospitais municipais próprios), exames de laboratório, radiografia, ultra-sonografia e consultas e também para convivência, voltados para investimentos, reformas, construções e combate às doenças mais comuns na região – por exemplo, dengue e malária – ou mesmo para acordos de cooperação, integração e intercâmbio científico e tecnológico. Vale ressaltar que os recursos liberados para os municípios visando ações da saúde são retirados dos impostos que a população paga e das compras efetuadas, pois todos os produtos e serviços são tributados. Arrecada-se, por exemplo, o Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, o Imposto sobre Serviços – ISS, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS. Há ainda a tributação sobre transferências de fundos monetários e pagamento de cota única, entre outros similares. Extraído do Jornal Súmula n.º 81 – julho 2001.

O SOLIDÁRIO NÃO É SOLITÁRIO ANÍSIO BALDESSIN A Organização das Nações Unidas (ONU), contando com o apoio de 123 países, entre os quais o Brasil, proclamou o ano 2001 como sendo o ano Internacional do Voluntário. Com isso, a Organização das Nações Unidas quis motivar e promover um reconhecimento dos trabalhos voluntários desenvolvidos no mundo em prol de todos os que precisam dos mais diversos tipos de ajuda. O tempo cura tudo? Essa é uma frase bastante comum e repetida com freqüência quando estamos atravessando momentos difíceis, principalmente de perdas. Talvez, digamos isso muito mais para aliviar nossa consciência do que consolar os que sofrem. Assim declarou um doente: “Diga-me o que posso fazer. Mas, por favor, não me venha com essa conversa que todos usam: ‘Fique tranqüilo que as coisas não melhorar’ ou, ‘com o tempo tudo passa’”. Esta frase pode ser até verdadeira. Porém, para quem está nesta situação, é difícil ouvir isso. Pois, se não se tem nada para fazer, com certeza, a impressão é de que o tempo não passa. Portanto, será que é o tempo que cura tudo ou o que cura realmente é o que nós fazemos com o tempo? Juntos e solitários É importante não esquecermos os que vivem na solidão mesmo rodeados de pessoas. Alguns fazem por opção, outros por obrigação. O mundo atual caminha a passos largos para o individualismo. Nas famílias com mais recursos, por exemplo, cada pessoa tem seu televisor no quarto, vídeo-cassete ou DVD, aparelho de som. Acrescenta-se a tudo isso o campeão do individualismo que é o computador. Quantas pessoas passam horas na internet conversando com alguém de outra cidade, estado ou país sem saber nem o nome verdadeiro da pessoa com quem está “conversando”? No entanto, quase nunca tem tempo para conversar com alguém que mora embaixo do mesmo teto e até dorme na mesma cama. Sem falar na correria das grandes cidades, fazendo com que as pessoas gastem no trânsito o tempo que poderiam dedicar ao outro. Quem precisa de solidariedade? De uma certa maneira, todos nós precisamos de solidariedade, mesmo que seja da solidariedade da presença para escutar, ainda que seja nosso choro, ou para partilhar o riso. Você já percebeu que sorrir sozinho não tem graça? Portanto, quase sempre precisamos da solidariedade, até para celebrarmos os sucessos e as vitórias de nossas vidas. No contato com pessoas que fazem trabalhos voluntários, muitas vezes já pensei e me perguntei: quem é o maior beneficiado por esse trabalho? A gratidão maior é de quem dá ou de quem recebe? Quem realmente está necessitando do trabalho voluntário? O ajudado, no caso o doente, ou o ajudante, o agente de pastoral? Quando as pessoas me procuram para fazer trabalho pastoral no hospital, em geral, costumo perguntar que motivação a levou a fazer isso. As repostas são diversas. Para algumas pessoas a motivação surge de um acontecimento que a sensibilizou. Para outras, é o exemplo e a dedicação de


algum membro da comunidade da qual faz parte. Outros ainda se inspiram nos santos e/ou nos personagens bíblicos (Bom Samaritano). Existem ainda aqueles que receberam orientação médica, psicológica e/ou terapêutica para procurar alguma atividade voluntária. E você quer ser solidário (agente de pastoral) por quê? Para ser feliz? Ou para fazer o outro feliz? Ser feliz é fazer o outro feliz Quando fui ordenado padre, o bispo me deu vários conselhos. Hoje, depois de quase dez anos, ainda lembro de alguns. O mais importante e que recordo sempre é: “Não seja padre somente para ser feliz. Seja padre, primeiramente, para fazer os outros felizes. Sua felicidade deve ser conseqüência da felicidade dos outros. Ou seja, ao perceber que os outros estão felizes, você, certamente, ficará feliz”. Quando nos colocamos à disposição para sermos solidários, seja como for, sempre temos de nos aproximar das pessoas. Queiramos ou não, devemos nos fazer próximo. Podemos lembrar o samaritano que se aproximou do homem sofredor e aliviou seus sofrimentos. O sofredor que estava sozinho ganhou a companhia do samaritano. E o samaritano que andava sozinho também se sentiu acompanhado pelo sofredor. Conta uma lenda que um discípulo procurou seu mestre para saber qual era a diferença básica entre o céu e o inferno. O mestre não respondeu verbalmente. Pegou seu discípulo e disse: “Primeiro nós iremos conhecer o inferno e depois o céu”. Tomou-o pela mão e o conduziu ao inferno. Quando entrou no inferno, para o espanto do discípulo, ali não existiam nem diabos nem fogo ardente. Ao contrário, era até um lugar muito bonito. A única coisa estranha era que as pessoas estavam muito abatidas e mal conseguiam andar, de tão magras. No inferno existia um lugar onde eram servidas as refeições. Quando adentrou na sala, ficou mais admirado ao ver a grande quantidade de comida dos mais diversos sabores. No entanto, para comer, as pessoas tinham nas mãos um enorme garfo e tentavam, desesperadamente, se alimentar. Mas, como o garfo era enorme não conseguiam colocar comida na boca. Sem entender o que se passava foi conhecer o céu. Não era muito diferente do que tinha visto antes. Porém, no céu, as pessoas estavam todas bem nutridas e saudáveis. Quando se dirigiu ao local onde eram servidas as refeições, percebeu que o cenário era o mesmo. Muita comida, muita diversidade de sabores e todo mundo com um grande garfo nas mãos. Porém, no céu existia uma diferença básica. Ao invés de cada um tentar comer sozinho, o que era impossível, pois o garfo era muito grande, ajudavam-se uns anos outros e conseguiram se alimentar. A lição que o discípulo aprendeu naquela caminhada foi que, quem não é solidário, geralmente está sempre solitário, mesmo que esteja rodeado de pessoas. Portanto, devemos ser solidários. Agindo dessa maneira, estaremos ajudando quem está solitário e precisando de ajuda. E eu, que me encontro sozinho, a partir deste momento terei a companhia daquele que estou ajudando. Logo, quem anda muito solitário, talvez esteja necessitando exercitar o seu lado solidário. Quem é solidário nunca será ou estará solitário. Anísio Baldessin é padre camiliano capelão do Hospital das Clínicas da FMUSP. QUINZE MANEIRAS DE COMBATER O RESFRIADO Os sintomas são inconfundíveis: garganta irritada, olhos lacrimejantes, nariz congestionado. E aquele vago mal-estar que só tem uma explicação: você vai passar uma semana talvez mais sofrendo com um resfriado. Ainda não há cura à vista porque um medicamento ou vacina eficaz teria de combater os cerca de 200 vírus do resfriado. Entretanto os cientistas têm se concentrado em encontrar formas eficazes de reduzir a probabilidade de pegar um resfriado, bem como os meios de suavizar o desconforto que ele provoca. Eis alguns dos melhores métodos: 1 – Mantenha-se pelo menos a um metro de alguém tossindo ou espirrando. Essa é a maior distância que as gotinhas lançadas ao se tossir ou espirrar podem alcançar, transportadas pelo ar. “Se uma delas cai em seu olhos ou nariz”, explica o Dr. Dennis Murray, professor de pediatria e desenvolvimento humano na Faculdade de Medicina Humana da Universidade Estadual de Michigan,


“você pode acordar doente poucos dias depois”. E quando se tem de tomar o elevador onde há alguém com tosse? Dê as costas para a pessoa. 2 – Lave as com freqüência. A maioria dos resfriados é transmitida através do contato físico indireto. Por exemplo, uma pessoa doente que transfere os gemes do resfriado do nariz para as mãos contamina tudo em que toca. (Tais germes podem sobreviver até três horas em objetos inanimados.) Outras pessoas que manuseiem o objeto e depois esfreguem o nariz ou os olhos podem se infectados. É por isso que lavar as mãos é de longe a mais importante medida a se tomar para evitar um resfriado, segundo o Dr. Joseph F. Plouffe, professor de clínica geral do Centro Médico da Universidade Estadual de Ohio. Portanto, lave as mãos sempre que puder. 3 – Tome cuidado com lugares fechados. Edifícios de escritórios com má circulação de a são ambientes de alto risco, pois os vírus do resfriado ficam presos ali. E o que é pior: a baixa umidade seca as membranas mucosas, que normalmente capturam e dão fim ais invasores virais. Pela mesma razão, os aviões são também ambientes propícios para pegar os germes do resfriado. O melhor antídoto é umedecer as narinas freqüentemente com um spray nasal de soro, diz a Dra. Margaret Gradison, especialista em medicina comunitária e familiar no Centro Médico da Duke University. 4 – Beba muito líquido. Água e outros líquidos ajudam a eliminar os germes do corpo e a evitar a desidratação que sempre acompanha os resfriados. “Respirar pela boca, assoar o nariz e tomar remédios para corta o resfriado são atitudes que promovem a perda de líquidos”, observa a Dra. Margaret Gradisom. Para compensar, tome pelo menos oito copos de água, suco de frutas ou outros líquidos sem cafeína todos os dias. 5 – Não esfregue o nariz e os olhos. Um estudo demonstrou que se costuma tocar essas partes do rosto provavelmente uma três vezes por hora. Se precisa faze-lo, não use as pontas dos dedos, mas as articulações, nas quais há menos probabilidade de existirem germes. 6 - Mexa-se. Praticar exercícios aeróbicos moderados – caminhar, andar de bicicleta ou dançar,por exemplo – três vezes por semana, durante 30 a 45 minutos, é o bastante para fortalecer a resistência a infecção no trato respiratório superior, diz o disiologista Niall Moyna, no Hartford Hospital, em Connecticut. E mais não é necessariamente melhor. Pesquisadores descobriram que praticar exercícios vigorosos durante mais de uma hora por dia na verdade aumenta a probabilidade de se resfriar. 7 – Esterilize suas esponjas. Muitos resfriados são pegos na cozinha. Os maiores culpados: esponjas e panos de prato, que proporcionam o ambiente aquecido e úmido de que precisam os germes do esfriado para proliferar. A melhor maneira de se defender é pôr esses utensílios na máquina de lavar pratos – no ciclo de água quente duas ou três vezes por semana. Se um membro da família está doente, adote a precaução de limpar com desinfetante as superfícies mais tocada (torneiras, telefones, puxadores da porta da geladeira, etc.). 8 – tome vitaminas E e C. Acredita-se que a vitamina E desempenha importante função imunológica. No entanto, como suas melhores fontes naturais são gorduras e óleos, as pessoas que fazem dieta pobre em gorduras podem ter dificuldade de obter a quantidade necessária dessa vitamina. O Dr. John H. Weisbuger, da Fundação Americana de Saúde, recomenda que se tome um suplemento de 100 a 200 UI de vitamina E diariamente. Para aumentar a capacidade de utilização desse nutriente pelo corpo, deve-se tomar a pílula com uma das principais refeições do dia - almoço ou jantar para a maioria das pessoas.


Não há provas de que a vitamina C ajude a evitar resfriados, mas vários estudos indicam que ela pode reduzir ligeiramente a duração e gravidade dos sintomas. Não ultrapasse a dose de 500 miligramas por dia – mais do que isso pode causar problemas gastrointestinais. 9 – Se gosta de tomar um drinque à noite, aproveite. Um estudo britânico descobriu que pessoas não-fumantes que bebem moderadamente (um ou dois drinques por dia), quando exposta aos vírus do resfriado, têm probabilidade 65% menor de desenvolver os sintomas, se comparadas aos abst6emios. O motivo não está claro, mas o pesquisador Sheldon Cohen, da Carnegie Mellon University, especula que o álcool deve alterar a capacidade do vírus de multiplicar-se no corpo. Não é recomendável, porém, beber para evitar resfriados, principalmente durante a gravidez e em caso de problemas de saúde que proíbam o uso de álcool. E, antes de beber, examine o rótulo de qualquer medicamento que esteja tomando. 10 – Acalme a tosse. Xarope que contém calmante é melhor para tosse seca, curta e constante. Para a tosse que produz muco, adote uma fórmula que contenha expectorante, como a guaifenesina, que afina a secreção mucosa de modo a facilitar a expectoração. 11 – Procure dormir bem – todas as noites. Isso mantém as células imunes fortalecidas, de acordo com pesquisas realizadas pelo Sistema de Saúde da associação de Veteranos de San Diego. No estudo, foi pedido a 42 voluntários saudáveis que dormissem apenas durante a segunda metade da noite, o que resultou numa queda de 30% em suas células exterminadoras naturais, no dia seguinte. Mas quando esses voluntários tiveram pelo menos oito horas de sono na segunda noite, essas células voltaram ao nível quase total de resistência. 12 – use o descongestionante certo. Para nariz entupido, descongestionantes em gotas ou spray aliviam os sintomas mais rapidamente do que medicamentos por via oral. Além disso, produzem menos efeitos colaterais. Os do tipo oral podem acelerar a freqüência cardíaca e portanto não são recomendados para pessoas com pressão alta ou doenças cardíacas. Mas não se devem usar os descongestionantes inaláveis durante mais de três dias consecutivos – sua eficácia pode diminuir e a congestão voltar pior do que antes. Aprovado pelo órgão fiscalizador do governo americano (FDA – Food and Drug Administration) em outubro de 1995, outro remédio é o spray nasal ipratrópio. O efeito colateral que pode causar é certa secura e irritação nas fossas nasais. 13 – Alivie a dor de garganta. Gargarejo com água e sal ( uma colher de chá de sal para um copo d’água) funciona muito bem, diz o Dr. Murray, da Universidade Estadual de Michigan. Quanto às pastilhas para a garganta, ele argumenta que não he prova de que aliviem mais a dor do que balas comuns. Ambas provavelmente atuam estimulando a produção de saliva e revestindo a garganta. É por isso que chá e mel também funcionam. Melhores do que as balas comuns são as pastilhas medicinais contendo mentol, que ajuda a anestesiar a garganta. 14 - Tente remédios naturais. Acredita-se que a equinácea, uma flor comestível, aumenta a resistência a resfriados. Tome-a em forma de extrato, cápsula ou tablete, ao primeiro sintoma – e continue enquanto durar o resfriado. Escolha um produto cujo rótulo o identifique como padronizado. Não se conhecem efeitos colaterais da equinácea, mas algumas pessoas podem ser alérgicas a ela. Pessoas com doenças auto-imunes também devem evita-la. Chupar pastilhas de zinco ao primeiro sinal de resfriado costuma diminuir sua duração. O tratamento pode causar efeitos colaterais mínimos em algumas pessoas, como gosto desagradável na boca e náusea. 15 – Tome canja magra de galinha no almoço ou jantar. Qualquer líquido quente ajuda a aliviar os sintomas do resfriado e atua como expectorante. Mas a canja de galinha parece ter efeito


especialmente calmante. A Dra. Margareth Gradison, da Duke University, diz: “Ela contém proteínas, vitaminas e sais minerais, elementos que ajudam na luta contra os germes do resfriado”. Tente adotar proteção extra contra os germes, cobrindo com um lenço a boca ao tossir, e o nariz ao espirrar, quando estiver resfriado. Ensine as crianças a faze o mesmo. Parece pouco, diz a Dra. Margaret, “mas, se todos adotassem essas medidas higiênicas simples, os resultados seriam significativos. Na verdade, o resfriado comum não seria mais tão comum assim”. Por Júlia Califano


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