SERVIÇO,DIÁLOGO, ANÚNCIO E TESTEMUNHO NA PASTORAL DA SAÚDE. As “ Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil” coloca como desafio para a evangelização as assim chamadas 4 dimensões que são: Serviço, Diálogo, Anuncio e Testemunho. Nosso ponto de partida será sempre Jesus Cristo. Ele foi e continua sendo exemplo da vivência das 4 dimensões propostas pela CNBB. Acredito que a reflexão das 4 dimensões em muito ajudará no nosso trabalho pastoral. Serviço (diakonia). A vida de Jesus foi um contínuo serviço. Tanto que ele é “chamado” o diácono do Pai. Passou pelo mundo servindo e ensinando a servir. Quando os discípulos discutiam entre si para ver quem ocuparia o primeiro lugar (Cf. Mc 9,33-34), Jesus reagiu contra essa mentalidade e ensinou que quem quiser ser o primeiro deve ser o último e aquele que serve (Cf. Mc 9,35). Jesus mesmo deu esse belo testemunho: “Não vim para ser servido, mas para servir” (Cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-6). Seu coração misericordioso e compassivo estava em profunda sintonia com o sofrimento do povo empobrecido. Todos que o ouviam ficavam admirados e “testemunhavam a favor dele, maravilhados com as palavras cheias de graça que saíam de sua boca” (Lc 4,22), pois “ele ensinava como quem tem autoridade” (Mc 1,22). “Essa autoridade se expressa no serviço e compaixão que levam à encarnação no cotidiano dos empobrecidos, nos porões do sofrimento humano- na rua, nos presídios, nos prostíbulos, nos lixões... Pode parecer um paradoxo, mas é ali que se revelam, com mais força, os traços do rosto misericordioso de Deus e onde se encontram os prediletos do amor de Jesus, como podemos notar nas bem-aventuranças (Mt 5,1-12), na parábola do bom samaritano (Lc 10,25-37) e em tantas outras passagens do Evangelho (...). Partilhar com o outro o seu sofrimento, a exemplo de Jesus, não é dar coisas, mas dar-se. É colocarse a serviço, gastar tempo, estar ao lado de quem sofre. É ceder ao outro as próprias forças, para que ele possa abrir os olhos, organizar-se, resgatar a auto-estima, a identidade, seus valores mais profundos e assim erguer a cabeça, levantar-se e seguir adiante. Jesus reconhece as potencialidades de quem está temporariamente fragilizado, e confia em sua capacidade de agir” (Doc.CNBB-69,n.28-31,p.18-19. Paulinas, São Paulo,2002). No exercício pastoral também nós somos convidados por Jesus a encarnar na nossa vida esta dimensão profunda do Evangelho. Serviço realizado muitas vezes no anonimato, longe dos aplausos e dos curiosos. Trabalho no qual muitas vezes só Deus é testemunha da dedicação e da ternura com que muitos agentes realizam esta santa liturgia da caridade, sendo Cristo para os enfermos e vendo e servindo Cristo nos enfermos. A espiritualidade do cristão agente de pastoral encontra seu cume no serviço, isto é, na diaconia da caridade. O doente e o pobre é lugar teológico, e o altar onde se realiza a mais bela liturgia, onde o oficiante desta celebração (não poucas vezes) tem que arregaçar as mangas e colocar o avental, para realizar de fato o que Cristo realizou na última ceia (Jo 13,1-16). Diálogo. O diálogo é fundamental em qualquer trabalho pastoral. Sem diálogo não existe anúncio e sim imposição de convicções de quem anuncia. Jesus teve uma forma toda especial para aproximar das pessoas. Nunca impôs sua mensagem a ninguém, mas convidava as pessoas para fazer a experiência de ser acolhido e amado por Deus. O amor de Jesus curava. Ao se aproximar dos doentes ele lhes anunciava o perdão e a misericórdia de Deus, antes mesmo que o pecador verbalizasse seu pedido. Acolhia as pessoas com tanta ternura , que este gesto de acolhida acabava conquistando as pessoas e fazendo com que
muitas mudassem de vida. Como é bonito ver Jesus acolhendo Zaqueu e se autoconvidando para jantar em sua casa. Jesus não fez nenhum discurso moralista condenando suas atitudes, mas Zaqueu sentiu-se acolhido e conquistado pelo gesto de Jesus de tal forma que se converteu e mudou de vida. Temos vários outros textos significativos de Jesus dialogando com as pessoas. Um episódio muito rico lemos no encontro de Jesus com a samaritana que era considerada “herética”, mas isso não se tornou obstáculo para Jesus se aproximar dela e lhe anunciar a Boa Nova. Ela ficou tão entusiasmada que foi anunciar para a cidade inteira da Samaria que tinha encontrado o Messias. Serviço (diakonia), diálogo, anúncio (Kérygma), testemunho (martyria) . Cristo, a Palavra plena do Pai, é o Verbo de Deus feito homem. Encarnando-se, assume a condição humana, faz-se solidário com a humanidade e assim torna-se perfeito comunicador do Pai para os homens e dos homens para o Pai. A tarefa fundamental para a qual Cristo envia seus discípulos é o anúncio da Boa Nova, isto é, a evangelização (Cf. Mc 16,15-18). Cristo é a Boa Nova por excelência. Na sinagoga de Nazaré, ele mesmo declara a missão para a qual foi enviado: “Anunciar a Boa Nova aos pobres e proclamar o ano de graça do Senhor” (Cf. Lc 4,18-21) Ao enviar os discípulos e discípulas recomenda : “ Ide pelo mundo inteiro, proclamai que o Reino de Deus está próximo. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, dai-o de graças” (Cf. Mt 10, 7-9). “ Impulsionada pelo Espírito de Cristo, a comunidade dos discípulos de Jesus a ‘ a Igreja de Deus’ o povo da nova Aliança se dirige a todas as nações, para inverter Babel e anunciar a ‘Boa notícia’ do Reino de Deus, o Evangelho. O mandato de Jesus não é apenas de anunciar ou ensinar. Ele espera que seus discípulos suscitem outros discípulos e irmãos que entrem na comunhão fraterna com os mensageiros do Evangelho” (Doc. CNBB40,n.31,p.18). Na vida do agente de pastoral, serviço, diálogo, anúncio e testemunho devem caminhar sempre juntos, pois são aspectos complementares da evangelização. O serviço (diakonia) prestado aos irmãos sofredores abre as portas para o diálogo e o anúncio da Boa Nova ( kérygma). O testemunho dado através do nosso trabalho e zelo pastoral pelos doentes e pobres torna credível a mensagem que anunciamos. Pois como repetia o papa Paulo VI, o mundo de hoje precisa mais de testemunhas que de mestres. Posso elaborar belíssimos discursos sobre Jesus Cristo e o serviço aos irmãos, mas esses discursos não tem credibilidade se não for acompanhado do testemunho. Os santos que nós admiramos tanto especialmente aqueles que se dedicaram às obras de misericórdia como São Camilo, Santa Paulina e tantos outros, eram pessoas de ação, tinham pouco “erudição” mais se tornaram mestres na arte de amar e de servir. Tadeu dos Reis Ávila. EFICÁCIA DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL DIVIDE OS ESPECIALISTAS A chamada terapia de reposição hormonal (TRH) é a mais conhecida e utilizada forma de tratamento da menopausa. Consiste justamente em repor no organismo os hormônios femininos que deixam de ser naturalmente produzidos com a parada da menstruação.esses hormônios já são encontrados na forma de comprimidos, gel, adesivos e sprays.
No entanto, a eficácia da TRH ainda divide os especialistas. Os defensores dessa alternativa garantem que ela diminui as chances de desenvolvimento de doenças cardíacas, reduz o risco de osteoporose e trata os sintomas decorrentes da falta de estrogênios, como as ondas de calor e o ressecamento vaginal. O principal argumento dos profissionais contrários à TRH é que o consumo de estrogênio por longos períodos pode causar câncer de mama. Eles afirmam que a exposição moderada ao sol, a ingestão de alimentos com maior quantidade de cálcio e a atividade física diária têm o mesmo efeito da terapia de reposição hormonal. Para o ginecologista Ari Mazzotti, dizer que a reposição de estrogênio provoca câncer é um engano, “Durante cerca de 35 anos, quando mais a mulher teve estrogênio no corpo, ela não desenvolve câncer de mama, então quando se repõe um pouco do hormônio o câncer aparece?”, questiona ele. Segundo o ginecologista, o sucesso da terapia de reposição hormonal é uma questão de equilíbrio. O médico explica que as mamas têm receptores cuja função é multiplicar as células mamárias e outros que devem frear essa multiplicação. O estrogênio estimula a multiplicação, enquanto a progesterona freia. Sendo assim, a TRH deve usar os dois hormônios para o tratamento da menopausa, “Reposição bem feita não leva a câncer”, afirma Ari Mazzotti. No lugar da progesterona também pode ser usada a isoflavona, substância presente na soja que, no organismo, age da mesma maneira que a progesterona, diminuindo a multiplicação das células mamárias. A vantagem da isoflavona é que por ser natural ela não retém líquidos e não engorda. Mazzotti lembra que as mulheres japonesas não desenvolvem câncer de mama, Segundo ele, isso acontece porque a população daquele país há muito tempo – desde o fim da segunda grande guerra, em função das dificuldades financeiras – tem o hábito de consumir soja. Assim, as japonesas já estão altamente “imunizadas” contra o câncer de mama. Porém, ele afirma que não adianta as mulheres brasileiras começarem a comer soja alguns anos antes da menopausa, porque a quantidade de isoflavonas ingerida seria insuficiente para barrar o câncer. Ao contrário, as cápsulas ou comprimidos de isoflavona têm alta concentração da substância, que juntamente com o estrogênio equilibra a terapia de reposição hormonal, eliminado os sintomas da menopausa e garantindo, inclusive, ganho de massa óssea, conforme comprovam vários de seus estudos. Pesquisadores procuram esclarecer as conseqüências da utilização de hormônios, mas enquanto os estudos não são conclusivos, a decisão de utilizar a TRH deve ser avaliada pela própria paciente. Uma coisa é certa, todos concordam que alimentação equilibrada e atividade física ajudam no tratamento da menopausa, pois melhoram a qualidade de vida das pessoas. Texto extraído do CORREIO RIOGRANDENSE - Caxias do Sul, 3 de abril de 2002. MENTE SADIA O que significa saúde mental? E quem, de fato, é sadio mentalmente? Lúcia costa (Belém - PA)
No século passado ninguém falava de saúde mental ou maturidade psíquica; de 1945 em diante este era apenas um discurso isolado; mas atualmente muita gente discute esse tema e se interessa por ele. No entanto, como nem sempre a abertura para aquilo que é atual e popular caminha junto com uma compreensão clara, é sempre necessário refletir sobre o que esperamos exatamente de uma sanidade mental ou maturidade psíquica. São inúmeras as posições da psicologia sobre este conceito. Para Freud, ser sadio mentalmente significava duas coisas: amar e trabalhar. Alfred Adler, psicólogo autríaco, acrescentava, ao amor e ao trabalho, a capacidade de socializar-se. Outro grande nome da psicologia, Victor Frankl, punha o sofrimento no lugar da socialização, ou seja, além de amar e trabalhar, concebia a capacidade que o homem tem de saber sofrer. Após anos de prática psicoterápica eu constatei que a saúde mental consiste em sermos, ao mesmo tempo, capazes de amar, sofrer e socializar-nos. Pode parecer uma tentativa de conciliar as posições que citei antes. Porém, o que constatei não é definição teórica, mas conseqüência das mudanças benéficas que se desenvolveram nos pacientes como resultado de uma psicoterapia adequada. Poderíamos agrupá-las em três tópicos: 1. Confiança em si mesmo 2. Crescente capacidade de opor-se à angústia. 3. Desenvolvimento do sentimento comunitário. No primeiro tópico temos a liberdade de usar os nossos poderes sem impedimento interno, fruto das angústias que têm a sua origem na infância. Trata-se da aceitação positiva dos próprios limites. No segundo temos a capacidade de reagir e de vencer os episódios que produzem angústia, de não sermos invadidos pelo pânico que nos joga em uma prejudicial dissociação moral diante dos contatos sadios com o próprio ambiente. Finalmente, no terceiro tópico, temos o comportamento progressivo de confiar de todo o coração autêntico relacionamento humano e no trabalho construtivo, ou seja, assistimos a uma diminuição do medo de comprometer-se, de ser dominado, sufocado ou pisoteado nos relacionamentos com os outros. São esses medos que levam muitas pessoas a lutar para conseguir uma falsa independência, isolando-se em um modo de vida indefinido, não rejeitando nem aceitando apenas uma vida pela metade, bem abaixo das suas reais capacidades de criação, satisfação e realização. A saúde mental entendida como capacidade de amar, sofrer e socializar-se, é a capacidade de viver plenamente de uma forma que nos permita realizar as nossas potencialidades naturais e que nos una a todos os outros seres humanos em vez de nos dividir. Mas quais são estas potencialidades naturais? Primeiramente, uma percepção correta da realidade, no sentido de ver a natureza humana como ela é, e não como gostaríamos que fosse. Isso porque as pessoas mentalmente sadias possuem olhos que vêem, não se limitando ao olhar: vêem o que está diante dela sem as deformações que correm devido aos vários tipos óculos que alteram a forma ou a cor da realidade. Percebem, portanto, as coisas como estão e não os próprios pensamentos, desejos, esperanças, expectativas, anseios, idéias. Além de uma percepção correta da realidade, as outras potencialidades da pessoa madura são: bom senso, espontaneidade, simplicidade, naturalidade nos relacionamentos, autonomia e independência em relação às influências negativas da cultura e do ambiente, capacidade de fazer avaliações sempre novas, capacidade de acolher os problemas dos
outros, capacidade de criar relacionamentos interpessoais mais profundos do que ocorre geralmente com as pessoas, caráter dócil e aberto, humorismo filosófico, natural tendência para os valores e clareza sobre o sentido da vida. Para concluir, nas pessoas maduras dualismos, a velha oposição entre coração e mente, ao invés de serem antagonizados tornam-se sinérgicos e os conflitos desaparecem. Em suma, nas pessoas mentalmente sadias os desejos estão em perfeito acordo com a razão. A fórmula de Santo Agostinho: “Ama e faze o que queres” pode ser assim traduzida em nível psicológico: “Sê sadio e poderás confiar nos teus impulsos”. (Revista CIDADE NOVA, Ano XLI, n.º 4, pp 4 e 5)
DEPENDÊNCIA QUÍMICA A dependência de drogas pode se chamada dependência química e, até o presente, adotamos este termo pelo fato de abarcar todos os tipos de dependência de substâncias psicoativas. A dependência das drogas legais (álcool e medicamentos) e das ilegais (maconha, cocaína e outras) podem estar sob esta designação. Quando falamos de dependência química, o primeiro aspecto que deve ser ventilado é que se trata de uma doença. A dependência é uma doença reconhecida pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Em todo o mundo, atualmente, os profissionais de saúde reconhecem a dependência química como doença. O valor de conceituarmos a dependência como doença é que retira o problema da esfera moral. Com freqüência, as pessoas olham para os dependentes como pessoas fracas, de pouca força de vontade, sem bom senso e sem caráter. Ao passo que, quando a consideramos como doença, podemos olhar sob outra perspectiva: de que se trata de um transtorno, em que o portador desse distúrbio perde o controle no uso da substância, e sua vida psíquica, emocional e física vão deteriorando gravemente. Nessa situação, a pessoa precisa de tratamento e de ajuda competente a adequada. A ótica moral é limitada e geralmente descamba para o moralismo, que é bastante reducionista. É uma doença humana, um flagelo dos nossos dias. Estudos científicos apontam um percentual entre 10% e 15% de dependentes entre aqueles que usam os derivados alcoólicos. Já no caso do uso da cocaína, o percentual sobre para uma faixa de 40% a 60%, ou seja: em cada duas pessoas que usam essa substância, uma desenvolverá a dependência. Na antropologia bíblica, vemos o ser humano como uma tri-unidade. Criado à semelhança de Deus, tal qual seu Criador, o homem é trino e uno ao mesmo tempo. Deus é um só, mas revela-se na pessoa do Pai, Filho e Espírito Santo. Já o homem é corpo, alma e espírito. O corpo é a dimensão biológica, o nível concreto e físico, fácil de identificar porque é palpável. A alma é o nível psicológico, sede das emoções, pensamentos, características, talentos e potencialidades de cada um. É a própria pessoa, a personalidade com todas as suas peculiaridades, com todos os traços adquiridos ao longo da vida e também com os caracteres herdados. O espírito é aquela dimensão mais profunda, o nível da intuição, a esfera da fé, o fôlego de vida dado pelo Senhor. Todo sofrimento humano pode te origem num desses três níveis da sua estrutura: o biólogo (corpo), o psicológico (alma) ou o espiritual (espírito). Há muitas doenças que têm vetores de dois desses níveis, mas, no caso da dependência química, podemos dizer que é
uma doença que atinge o ser humano nas suas três dimensões. Se isso é verdadeiro, devemos oferecer tratamento que atenda essas diferentes instâncias da estrutura humana. Quando tratamos um dependente apenas com enfoque médico, estamos atendendo somente a um dos níveis e suprindo a necessidade de ajuda só na esfera física. Porque é corpo, alma e espírito, o homem necessita de ajuda na sua inteireza. Por outro lado, quando a abordagem é estritamente religiosa, também corremos o risco de enfocar exclusivamente o lado espiritual e deixar de lado importantes questões de ordem física ou psicológica. Por exemplo: a maioria dos alcoólatras, quando pára de beber, apresenta carência de vitaminas do complexo B, cuja administração pode minimizar as seqüelas psíquicas do alcoolismo. Portanto, o uso desses medicamentos pode fazer diferença numa boa recuperação. Há também os problemas de ordem psicológica, tipo traumas emocionais, desconfiança exagerada, defeitos de caráter (prepotência, dificuldade de ouvir, mentira), dificuldade de reconhecer e expressar sentimentos. A pessoa precisa também ser ajudada nesse nível por meio do aconselhamento, da ministração de cura interior. Os problemas de ordem espiritual de um dependente químico, em geral, podem ser de três tipos: 1º) Ausência de Deus, vazio espiritual. A pessoa, como todo pecador, carece da presença do Senhor, necessita de perdão e salvação. E para isso, sabemos que é necessário receber a Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal. 2º) A imensa maioria está sob opressão ou possessão espiritual. É muito freqüente a associação de dependência com operação demoníaca, pois o efeito das drogas deixa a mente numa condição que facilita a ação do inimigo na vida da pessoa. Portanto, em geral, é preciso ministrar libertação. 3º) falta de fé. O dependente químico é alguém que já tentou várias vezes dar conta sozinho do seu problema. Já prometeu dezenas de vezes que iria controlar o uso ou que iria parar e não conseguiu cumprir suas promessas. Assim, tornou-se uma pessoa desacreditada por todos, sobretudo por si mesmo, ficando com sua fé natural comprometida. Lá no fundo, acha que não tem mais jeito; ás vezes ele mesmo duvida que possa mudar. Os dependentes freqüentemente têm uma casca de arrogância ou de teimosia que pode parecer autoconfiança, mas isso é só casca, pois, lá dentro, sentem-se diminuídos, têm profunda menos valia e forte sentimento de culpa. Fábio Damasceno Barreto,Texto extraído da revista “ULTIMATO” – março/abril 1999. QUEM MORRE? Pablo Neruda Morre lentamente quem não viaja, que não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. Morre lentamente quem faz de televisão o seu guru. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos. Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante. Morre lentamente quem não se deixa amar e sentir todo o mistério do simples existir. Quem não se emociona ao ver seu amor dormindo em seus braços, respirando lentamente ao dormir, como um belo anjo sonolento. Morre lentamente quem não pode ficar horas ao observar seu amor a fazer coisas simples e sorrir ao saber que está sendo observado, aquele sorriso maroto ao acordar pela manhã. Morre lentamente quem não fica emocionado ao ver seu amor sorrir e chora ao vê-lo entristecer. Quem não beijou e pode lembrar do toque dos lábios seus. Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.
A VISÃO TEOLÓGICA DA ESPERANÇA JOSÉ CARLOS BERMEJO Uma referência necessária para falar da esperança cristã é os milagres de cura realizados por Jesus. Assim, nos recorda o documento da Pontifícia Comissão para a Pastoral dos Agentes Sanitários sobre os Religiosos no mundo do sofrimento e da saúde. Jesus não pretende suscitar expectativas triunfalistas, eliminando a enfermidade e a dor acrescentando anos à existência humana. Com seus sinais terapêuticos abre aos que sofrem um caminho novo de esperança até a libertação plena insentando a enfermidade, o sofrimento e a própria morte em ordem a salvação. A chave, pois, para compreender o significado dos milagres de cura realizados por Jesus está no fato de que esses são mostras da vitória futura, pois todas as curas de enfermidade, ainda que parciais, são vitórias sobre a morte. Por sua vez, a esperança é um requisito para estas curas. Sem pretender confundir fé e esperança, é preciso dizer que a esperança é um elemento integrante da fé requerida para as curas milagrosas levadas a término por Jesus. Quem se aproxima de Jesus pedindo a cura (Mc 5,23), faz com esperança, com confiança posta Nele. Comentando o evangelho de São Marcos no capítulo 5, 35-40, Joachim Gnilka nos diz: "A fé é a postura que permite ao homem esperar contra toda esperança". O mesmo pode se observar em outros milagres da cura de Jesus. Por exemplo, o caso de Mc, 46-52 onde se relata a cura do cego Bartimeu, onde se vê claramente a insistência deste grito "Filho de Davi". Não se cala em seus pedidos de auxílio até que para o cortejo. Sua fé está plena de esperança, de confiança, e esta esperança é o dinamismo que o leva a conseguir a saúde. Outro ponto de referência necessário nesta breve reflexão teológico sobre a esperança é a morte de Jesus na cruz. Diria que é o ponto central: a páscoa de Jesus. Nossa esperança é o dinamismo que tem sua fonte no Cristo crucificado e ressuscitado como
afirmou Santo Agostinho: "Cristo realizou o que para nós é a esperança. Não vemos o que esperamos; porém somos o corpo daquela cabeça, no que se fez concreto o que esperamos”. O comportamento de Cristo diante da morte pode ser descrito como uma obediência a Deus. Mas, sobretudo, sua confiança em Deus, que poderia salvá-lo da morte. As três citações do Antigo Testamento (Salmo 22, Isaías 8,17 e Samuel 22,2-3), exprimem com grande força, a esperança do justo no poder de Deus. As três horas que Jesus esteve na cruz, esperando a morte, sem dúvida, as viveu numa atitude de total abandono ao Pai, atitude que serve de exemplo para os que querem viver na esperança como seguidores de Jesus. O centro da esperança cristã está na ressurreição de Cristo. Esta é a garantia de que Deus seguirá estando conosco de maneira salvífica, posto que Deus tem se mantido fiel a suas promessas. A última palavra não é o sofrimento e a morte para todo aquele que espera em Deus (1Tm 4,10). O Sofrimento, apesar da esperança, continua se fazendo presente em nossas vidas. No entanto, o sofrimento não anula a esperança quando está fundamentada na coragem de ser e de crescer. O cristão aposta numa esperança mesmo quando luta "contra toda esperança" (Cf Rm 18,1). Neste sentido ela se torna curativa. As forças da esperança sós a descobrem à medida que encontramos seu ponto fundamental. A fonte da vida. Porém, nós só descobrimos a força de tal esperança se encontramos o fundamento da esperança e o conhecemos com toda claridade. Ao falar do fundamento da esperança não me refiro somente aos argumentos que falam a favor da esperança, senão as fontes vivas das quais partem essas forças. A fonte viva da esperança está radicada no futuro, do qual procede constantemente uma nova época, uma nova possibilidade e uma nova liberdade. Esse futuro o encontramos em Jesus Cristo: É Ele nossa esperança. É, portanto, missão da Igreja, através do Cristo ressuscitado, testemunhar a esperança. Concluindo está reflexão teológica sobre a esperança poderíamos dizer que os pontos centrais são: sua relação com os milagres de cura, a esperança de Jesus diante de sua morte, a centralidade da ressusreição de Cristo para o cristão, e os sacramentos que são sinais de esperança. José Carlos Bermejo é religioso camiliano e trabalha na Província Camiliana Espanhola