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O CUIDAR DE SI E DO OUTRO NO NOVO TESTAMENTO ROBERTO FERNANDES É com grande alegria que me encontro aqui agora, para falar do meu assunto predileto, que é a Psicologia no Novo Testamento. Meu interesse pelo Evangelho de Jesus tem dois grandes motivos. O primeiro é fé que transpassa não só a mim, mas todos aqueles que aqui estão presentes. O segundo motivo é a riqueza psicológica que encontramos nas parábolas, nas passagens, e nas exortações atribuídas a Jesus. O Novo Testamento é incrivelmente rico na sua profundidade psicológica, podemos dizer que é o remédio ideal para uma cultura narcisista, individualista e extremamente injusta que fere a todos nós direta ou indiretamente. É um remédio contra o egoísmo que é fomentado pelo ideal capitalista que privilegia poucos e marginaliza a grande maioria da população do mundo. Jesus propõem que desenvolvamos uma consciência amorosa, propõem que o sentimento entre em cena na nossa vida psíquica. O Messias acredita no amor e na compaixão como os verdadeiros recursos para o desenvolvimento do seu projeto. A implantação do Reino de Deus, num mundo onde quem pode mais chora menos. Jesus fez a maior revolução que a história já conheceu, pois transforma o rosto de Deus. Mostrou que Deus é BOM e PROXIMO e que ele só pode se manifestar pôr intermédio dos Seres Humanos. Transformou a figura de um Deus belicoso pregado pelos Faniseus, num Deus feito de amor e misericórdia. Jesus abriu as portas da consciência para o AMOR e num só golpe libertou o povo submetido as leis pesadas do legalismo judaico. Por intermédio de suas parábolas apontou o caminho para a salvação. E a tentação para ele era cuidar do próximo. Jesus via além dos rótulos e embalagens p próprio para Ele, era justamente aquele que está próximo, não importando a raça, a religião ou status social. Enfim para eles, todos eram irmãos e filhos de Deus. O sofrimento do outro era o seu sofrimento. Ele ia de encontro ao sofrimento do outro, mostrando assim simbolicamente que o próprio Deus se compadece do sofrimento do homem. Simbolicamente mostrava também por intermédio de sua AÇÃO MESSIANICA que Deus e o homem vivem em parceria no amor. Assim, Deus e o homem necessitamse mutuamente. É portanto, por intermédio do ser humano que Deus se expressa na terra. Mas Deus só pode entrar onde está vazio, para que Deus entre em nossa interioridade é necessário um certo esvaziamento de nós mesmos. Quando estamos preenchidos de nós mesmos não temos tempo para o outro. Não temos ouvidos para suas aflições nem olhos para as suas feridas. A sociedade capitalista nos diz que tempo é dinheiro como o famoso “time is maney” dos americanos. Não é fácil se esvaziar de si mesmos em uma sociedade que prega o consumo como a maior gratificação a ser alcançada na existência.


O voltar-se para o outro, a dor do outro em uma sociedade em uma sociedade com tais características, é um atitude extremamente revolucionária. É remar contra a maré , é ir contra o fluxo coletivo que cultua a satisfação dos instintos de forma imediata. É resistir a uma sociedade que prejudica o desenvolvimento da maturidade emocional. Cuidar do próximo é estar munido de sua própria energia psíquica. É fazer dela o que bem entender é estar na maioridade psicológica; e estar para o outro é estar para Deus. Levinas, um filosofo judeu que morreu recentemente tinha um termo que me agrada muito, ele falava de uma tal de : “Escravidão Anárquica”. O que seria a escravidão anárquica? É a pessoa dispor da sua energia psíquica ao seu bel-prazer. É anarquicamente se colocar a disposição do outro, não por medo, nem por sedução, mas por um impulso maduro de fazer o que bem se entende com o próprio tempo. A escravidão anárquica é sacrificar algo que nos dá mais prazer para cuidar de alguém que está nos solicitando. É deixar de ir ao cinema para ficar com o filho que está com febre, e nesse sacrifício sentir alegria pela opção de poder estar junto daquele que está necessitando de nós. O Deus de Jesus tem características maternas. Escravidão Anárquica não é escravidão imposta. É uma opção da própria pessoa, não está imposta nem ligada a culpa, nem a máscara do BOM MOÇO, ou de BOA MOÇA. Temos que tomar muito cuidado com a máscara de superioridade espiritual. Jesus tomou muito cuidado com seus discípulos para que eles não se sentirem superiores às demais pessoas. Ele sabia da inflação do ego que eles estavam expostos, pelo fato de estarem tão perto do DIVINO MESTRE. Jesus não queria que eles se “achassem” como hoje em dia se fala. O cuidar do outro não deve ser motivo de vaidade espiritual. O cuidar do próximo é uma obra do Espirito Santo. O Espírito Santo é o ESPIRITO PURO, sem vaidades, desprovido de autopromoção pessoal. Como já disse, para que possamos estar cheios de Espirito Santo, temos que estar vazios de nós mesmos. Jesus não queria que seus discípulos tivessem a postura dos fariseus que segundo ele; (Matheus 23,6,7,8) “Gostam dos primeiros lugares nos banquetes e das primeiras cadeiras nas sinagogas”. “Gostam de serem saudados nas praças públicas e de serem chamados rabi pelos homens.” “Mas vós não vos façais chamar Rabi, porque um só é vosso Deus, e vós sois todos irmãos”. Como vimos, não devemos buscar o status de mestres, já que único mestre é Deus. E esse Deus está dentro de CADA UM DE NÓS. A vaidade espiritual estava na sombra dos discípulos de Jesus . Assim, como, está na nossa. Jesus percebia que eles podiam ficar orgulhosos de si, quando na verdade a obra que eles realizavam era do Espirito Santo. Existe também a vaidade espiritual do sofrimento, ficamos vaidosos quando percebem o nosso cansaço de cuidar do próximo, ou quando nos achamos melhores que os outros: A psicologia chama de Persona o que nós mostramos de nós mesmos para o mundo. A Persona é o Eu Social, a mascara social, às vezes nos confundindo com ela, e acabamos achando que somos realmente bons, ou melhores do que os outros espiritualmente falando.


Isso causa um enorme mal-estar nos relacionamentos, pois esquecemos, assim, que temos um lado escuro, um lado sombrio, e acabamos por não cuidar dele. Podemos, então, dizer que no Novo Testamento o cuidar de si é cuidar da própria sombra. É cuidar da Dimensão Interna, da nossa própria interioridade. Caso, contrário, iremos nos identificar com a Persona e iremos reprimir e projetar A SOMBRA no próximo. Se tivermos sucesso ele será o nosso bode expiatório. Em toda a família, e em toda empresa existe um bode expiatório. Em toda firma existe um bode expiatório. Se perdermos a Dimensão da nossa sombra, com certeza iremos projetá-la no próximo. Cuidar da sombra é cuidar de si e do outro ao mesmo tempo, assim, podemos notar em todo o Novo Testamento. Lucas: 18/18 “Um homem de posição perguntou então a Jesus: “Bom Mestre, que devo fazer para possuir vida eterna? Jesus respondeu-lhe: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus”. Como psicólogo, penso que; para cuidar de si é necessário estar próximo dos instintos e reconhece-los. É importante saber se proteger, se cuidar, não se identificar com a mascara de Bom, e ACHAR O MAL NO PRÓXIMO. Nem sempre Jesus era manso: Jesus também era combativo, são enumeras as passagens em que ele discute agressivamente com os fariseus. Ele usava de muita agressividade para reverter a idéia distorcida de um Deus severo trazida pelos fariseus. Jesus era um homem de ação, radical na sua proposta. Ele sabia que vivia num mundo injusto, numa sociedade injusta, e não se identificava com ela. Assim como ele, não devemos ser escravos do rótulo de Bom. Jesus é um exemplo de liberdade. Deixemos ter como ele mesmo disse; a pureza de uma pomba. assim como a perspicácia da serpente. A compaixão é estar com o outro em seu sofrimento, COM=PAIXÃO. Isto é apaixonadamente junto com o outro na sua dor. É estar com o outro de corpo e alma no seu sofrimento. É o que a psicologia chama de empatia. O bonzinho não tem nada a ver com o misericordioso. Se ficarmos escravos do rótulo de BOM deixamos de por limites nas pessoas que nos fazem mal, nas pessoas que nos oprimem, que tiram proveito da nossa generosidade. Querer parecer bom é uma forma de vaidade espiritual, é uma forma de querer impressionar os homens. Não tem nada a ver com a compaixão que nasce no coração, a tão famosa depressão está ligada ao “engolir sapo”. Sapo é indigesto. Usar agressividade, não quer dizer ser violento; é saber se respeitar; é reconhecer seus próprios limites. A raiva que eu não coloco na hora certa do jeito certo, se volta para mim mesmo assim, eu perco o sentido da vida. O deprimido tem problemas com a sua agressividade, que voltada para a própria pessoa se transforma em depressão. A mascara do bonzinho é falsa, Jesus disse: “Ninguém é bom!”, ou podemos pensar; ninguém é só bom ou só mau. Quem cuida do outro com compaixão, também tem que ter compaixão de si próprio; “amar o outro como a ti mesmo.” Não mais do que a si próprio. A psicologia chama de masoquista aquele que não sabe se defender e cuidar de si. Devemos buscar a justiça e não a máscara de justo e bondoso, como fazia os


fariseus. Devemos buscar a transformação para que o Cristo em sua totalidade se expresse em nós. Estou procurando fazer uma distinção: entre ser misericordioso de fato e a persona de bondoso, são coisas totalmente diferentes. O primeiro, isto é, o misericordioso age pelo coração, cuida do outro porque olha ou já olhou para as suas próprias feridas; sabe que não é perfeito, sabe que tem dentro de si sentimentos de segunda classe entre eles: ciúmes inveja, cobiça, raiva, atração sexual por pessoas impróprias, assim não projeta a sua sombra no próximo. Reconhece em si uma natureza pecadora e mesquinha. Reconhece a sua própria mediocridade e sabe que também em si existe a maldade. O misericordioso tem misericórdia de si mesmo. Antes de cuidar do outro ele aprendeu a se aceitar, olhar para dentro e cuidar de si mesmo, ele se reconhece imperfeito, ridículo e cheio de falhas. O indivíduo identificado com a mascara de religioso, este, não tem contato com sua interioridade e assim, quando a sombra aparece, por ser desconhecida faz o que quer com ele causando violência no ambiente em que se encontra. Precisamos portanto, nos conhecer ao máximo para chegarmos de fato a dimensão espiritual. Precisamos ser bons samaritanos para nós mesmos. Reconhecer nossos saqueadores internos . Precisamos conhecer as nossas próprias feridas, e o que machucou a nossa auto-estima. Precisamos nos cuidar, investir simbolicamente “dinheiro”, isto é energia psíquica no nosso “EU”, assaltado pela nossa própria sombra, só assim, podemos de fato, adquirir a verdadeira empátia, a verdadeira solidariedade, a intima compaixão com o próximo. Quando cuido de mim, de minha sombra automaticamente estou cuidando do próximo e cuidando do próximo, indiretamente estarei cuidando de mim. Roberto Fernandes mestre em Ciência da Religião. Esta palestra foi proferida no XXIII Congresso Brasileiro de Humanização e Pastoral da Saúde realizado nos dias 06 e 07 de setembro de 2003

A ESPERANÇA DE CONSTRUIR UM BRASIL DIGNO PARA TODOS! LÉO PESSINI O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um importante indicador que mensura a qualidade de vida dos povos. Criado em 1975 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), compõem-se dos seguintes elementos: expectativa de vida ao nascer (longevidade), analfabetismo adulto (taxa de alfabetização de pessoas com mais de 15 anos) e renda per capita ( PIB per capita). A metodologia do IDH é de autoria de um grupo de cientistas sociais liderado pelo Prof. Amartya Sen, Premio Nobel de Economia de 2000. Esta metodologia no entanto, é questionada pelo prof. Joseph Stiglitz, Premio Nobel de Economia de 2001. Para este cientista, ficaria melhor classificar o grau de desenvolvimento humano das nações pela média ponderada de um triplo índice de desenvolvimento, ou seja: econômico, político


e social. Segundo este especialista, o crescimento econômico não traz a felicidade coletiva se desfalcado de políticas públicas de redistribuição da renda e se não sancionado por instituições verdadeiramente democráticas (Joelmir Beting). A edição de 2003 do relatório IDH traz os dados de 2001 e foram incluídos 175 países. Segundo o IDH os países são classificados segundo três categorias - variando de 0 (nenhum desenvolvimento) a 1 (desenvolvimento total)- a saber: Alto: igual ou maior que 0,8; médio: de 0,5 a 0,79 e baixo: menor que 0,5. Os 22 melhores países, em promoção humana, (IDH superior a 0,900), são todos eles economicamente fortes, socialmente justos e politicamente abertos. Os 10 melhores, pela ordem são: 1) Noruega, 0,944; 2) Islândia, 0,942; 3) Suécia, 0,941; 4) Austrália, 0,939; 5) Holanda, 0,938; 6) Bélgica, 0,937; 7) Estados Unidos, 0,937; 8) Canadá, 0,937; 9) Japão, 0,932; 10) Suíça, 0,932. Os 20 países em pior situação (IDH abaixo de 0,400), são todos da África. A América Latina situa-se no bloco intermediário. Os dez melhores: Argentina (34), Uruguai (40), Costa Rica (42), Chile (43), Cuba (52), México (55), Panamá (59), Colômbia (64), Brasil (65) e Venezuela (69). Como está o Brasil? Nosso país é desigualmente desenvolvido. Há uma expressão muito conhecida entre nós, que resume todas as assimetrias, chamada “Belíndia”, palavra composta de Bélgica e Índia. A primeira representa a parte rica e desenvolvida, Bélgica (6 no IDH) e a segunda, a Índia, a grande maioria pobre de nossa população (127 no IDH). Nosso país subiu para o 65 no índice da ONU. Na primeira edição do IDH em 1975, o Brasil recebeu índice de 0,643, o equivalente hoje ao padrão de desenvolvimento da Nicarágua e um pouco melhor que o de países africanos pobres, como Botsuana e Namíbia. Neste último relatório, o índice brasileiro de 0,777, é pouco inferior ao russo (0,779) e superior aos números da Venezuela (0,775) e da China (0,721). Os itens que mais contribuíram para o avanço do Brasil foram longevidade e educação. Desde 1975, a expectativa de vida do brasileiro aumentou 8 anos – de 59,5 anos em média para 67,8. Houve um forte declínio da mortalidade infantil (até 5 anos de idade por 1.000 nascidos vivos), ou seja de 60 para 36 em 12 anos. É necessário lembrar que dois terços da mortalidade infantil são causados por doenças provocadas pela água sem tratamento sanitário. Quanto à educação, o relatório da ONU mostra que, entre 1990 a 2001, a taxa de matrícula no ensino fundamental (crianças de 7 a 14 anos) saltou de 86% para 97% e a de alfabetização de adultos (pessoas com 15 anos ou mais) subiu de 82% pra 87,3%. Os analistas da ONU apontam para a baixa qualidade do ensino, inferior à média da América Latina. O problema sério para o Brasil segundo o relatório é a distribuição de renda. Nosso país está entre o seleto grupo dos seis piores países do planeta em termos de distribuição de renda. “O País não sofreu uma estagnação em seu desenvolvimento nos últimos anos, mas ainda existem imensos bolsões de pobreza dentro do Brasil que devem ser atacados”. Um item considerado mais preocupantes pela ONU no relatório é o saneamento básico. A expansão da rede de esgotos foi menor do que deveria ser entre 1990 e 2001 – o percentual de casas com rede de esgoto cresceu de 71% para 76%. O governo brasileiro prometeu elevar esse índice para 86% até 2015, segundo as Metas de Desenvolvimento Humano assinadas pelos 189 membros da ONU em 2000, no documento chamado Declaração do milênio. O desempenho brasileiro indica que


nas áreas de educação e de mortalidade, o País deve alcançar as metas, mas fica ainda muito longe de erradicar a extrema pobreza, a fome, entre outras chagas sociais. Segundo o relatório da ONU, 1 em cada 10 brasileiros sobrevive com renda mensal inferior a US 30. A faixa de população que sofre de desnutrição crônica, declinou de 13% para 10% nos últimos 12 anos. São 17,5 milhões de brasileiros que hoje passam fome. Este é o alvo do programa Fome Zero do atual governo. Segundo o relatório os anos 90 foram uma “década de desespero” para muitos países. Neste cenário temos 54 países em que a renda per capita está mais baixa que em 1990, 20 deles na África subsaariana. Além disso, em 34 nações a expectativa de vida diminuiu, em 21 há mais gente passando fome, e em 14 mais crianças morrem antes dos cinco anos. Este rápido chek up da realidade mundial e do Brasil em particular, que os dados da ONU nos apresentam, pode nos chocar e até nos transformar em pessimistas defensores do “catastrofismo”, em relação ao futuro. Na verdade trata-se desafio à nossa esperança de construirmos o futuro de nosso país com qualidade de vida para todos. Claro que isto nunca acontecerá sem priorizar a saúde e educação do povo. Sejamos parceiros desta causa e sonho maior, dando a contribuição que nos cabe como cidadãos! Pe. Léo Pessini Vice-reitor e Superintendente da União Social Camiliana CÂNCER DE PELE: O GRANDE VILÃO DO VERÃO KÁTIA MACHADO Este tipo de câncer tem sido responsável por 25% de todos os tumores malignos no país e, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), deve atingir, neste ano, cerca de 65.240 brasileiros. Apesar de oferecer enorme risco, o sol não é o único causador da doença, mas qualquer tipo de luminosidade natural, inclusive nos dias de chuva ou nublados. O que acontece é que os raios mais agressivos atravessam a atmosfera e incidem sobre a pele das pessoas. O câncer de pele aparece subitamente por meio de uma verruga, uma pinta ou uma ferida que não cicratiza. Segundo José Trindade Filho, coordenador da Campanha Nacional de Prevenção do câncer de Pele da regional fluminense da Sociedade Brasileira de Dermatologia (em entrevista ao Jornal Fluminense, de 06/11/2002, o câncer de pele é fácil de ser tratado e curado quando observado precocemente. Para tanto, basta fazer o auto exame. Mas, se não diagnosticado previamente, pode levar à morte. José Trindade Filho alerta para o fato de que os sintomas da doença podem aparecer até 20 ou 30 anos após a intensa e indevida exposição aos raios solares. “Costumo dizer que, tal como um remédio, o sol precisa ser tomado na dosagem certa pra melhorar, curar ou mesmo salvar uma vida. Mas o uso indevido ou indiscriminado da energia solar poderá resultar em danos irreparáveis aos seres vivos, principalmente humanos”, diz. Para evitar a doença, o jeito é tomar alguns cuidados, como usar chapéus ou bonés e óculos escuros, evitar o sol entre 10 e 16 horas e abusar de filtro solares. A prevenção é recomendada a todas as pessoas, sendo que com maior intensidade àquelas com pele clara, sardas, olhos claros, cabelos louros ou ruivos, ou seja, que tenham uma ascendência européia, e àquelas com histórico familiar da doença, pois


existe também um fator genético pra o câncer de pele. Mas, pra o dermatologista Cleire Paniago, presidente da Fundação Nacional do Câncer de Pele (em entrevista ao Jornal do Comércio, de 11/11/2002, a proteção não deve restringir apenas aos dias de sol na praia ou no clube. Ele informa que, quanto maior a altitude, mais próximo se está do sol e, por isso, mais forte é a radiação. Vale também lembrar que cerca de 80% de toda a luz solar a que nos expomos durante a vida inteira é pega até os 18 anos e, por isso, nessa fase é recomendável maior preocupação com o sol. O câncer de pele é dividido em três tipos: 1 - Carcinoma basocelular – Não causa metástases (propagação do câncer pelo corpo), mas os tecidos corrói os tecidos que estão à sua volta, causando algumas deformidades. Esse tipo de câncer de pele é mais comum após os 40 anos em pessoas de pele clara. O aparecimento dele está diretamente associado à exposição ao sol acumulada durante a vida. 2 – Carcinoma Espinocelular – Esse tipo da doença pode se espalhar pelo organismo por meio de gânglios, e está associada à exposição solar sem proteção, tabagismo, exposição a substâncias como arsênio e alcatrão e alterações no sistema imunológico. 3 – Melanoma - É o tipo mais perigoso da doença, atinge freqüentemente pessoas de pele clara e sensível. O sinal de seu aparecimento é normalmente pro meio de uma de uma pinta escura e está ligado à exposição solar. Ele é responsável por três em cada quatro mortes por câncer de pele. Como fazer o auto-exame? De início, a pessoa deve procurar um ambiente com luz clara, providenciar um espelho de corpo inteiro, outro de mão, uma cadeira e uma escova de cabelo. O objetivo do auto exame é procurar manchas que coçam, descaman ou sangram, sinais pintas que mudam de tamanho, de forma e de cor, feridas que não cicatrizam em quatro semanas e verrugas lisas e brilhantes que mudam de tamanho. Em frente ao espelho grande, a pessoa deve começar examinando o pescoço e o peito, e as mulheres, especialmente, a parte inferior dos seios. Deve-se observar cuidadosamente o rosto, preocupando-se ainda mais com o nariz, os lábios, a boca e as orelhas. Não se pode esquecer de olhar também antebraços, mãos e unhas, dobrando os cotovelos, e as axilas, levantando os braços. Na parte das costas e com o auxílio do espelho de mão, deve-se observar as nádegas e a parte de trás das pernas. Depois de observado todo o corpo de pé, é hora de sentar-se na cadeira e examinar atentamente a planta e o peito dos pés, a região entre os dedos e as unhas e, com o auxílio do espelho de mão, as pernas e a região genital. Por fim, com os dois espelhos, deve-se examinar o pescoço, a nuca, os ombros e a parte superior das costas e, com uma escova de cabelo, o couro cabeludo.


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