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Informativo 12345 12345

❒ PASTORAL

❒ BIOÉTICA

UMA BOA ACOLHIDA VALE MAIS DO QUE MIL AVE-MARIAS ANÍSIO BALDESSIN O título deste artigo não tem o objetivo de criticar aqueles que, por convicção, fé ou piedade pessoal, adotam esta prática no dia-a-dia. E muito menos duvidar da importância de se rezarem mil ave-marias. Simplesmente quer chamar a atenção do leitor para o fato de que há muitas pessoas que se preocupam em repetir fórmulas prontas, mas são incapazes de acolher seu semelhante.

A “pastoral” da acolhida é um dos temas mais discutidos atualmente na Igreja. “Pastoral” esta que até há bem pouco tempo era deixada em segundo plano pela Igreja. Ao contrário, inúmeros setores da sociedade (hospitais, escolas, farmácias, padarias, restaurantes, lojas, etc.), que não pensavam exclusivamente no bem-estar das pessoas, há muito tempo percebeu a importância de acolhê-las bem. No mundo empresarial costuma-se dizer que a recepção (acolhida) é o nosso cartão de visita. Ninguém gosta de ser mal recebido na padaria, no restaurante, na farmácia, no clube, no hospital e principalmente na Igreja. Se não somos bem acolhidos, só voltamos no mesmo lugar se não tiver outra opção. Felizmente, como diz o velho ditado, “antes tarde do que nunca”, a Igreja percebeu que, às vezes, as necessidades das pessoas vão muito além da dimensão espiritual. Por isso, vem dedicando uma especial atenção a essa atividade. Ou seja, a exemplo do que acontece na consulta médica em que uma boa conversa pode evitar inúmeros exames e medicamentos, uma boa acolhida pode ser muito mais importante do que mil orações.

❒ HUMANIZAÇÃO

FATOS CONCRETOS O título deste artigo é resultado de dois fatos concretos que aconteceram na minha prática pastoral. O primeiro aconteceu no hospital. Certo dia estava ministrando uma aula num curso de relação de ajuda. Minha mesa no escritório possibilita visualizar quem chega à porta. Até esse dia, eu sempre adotava a seguinte postura: alguém chegava à porta, imediatamente eu me levantava e ia atender. Nesse dia, quando uma senhora chegou, imediatamente fui ao seu encontro. Como estava terminando a aula, perguntei se ela poderia esperar na capela uns cinco minutos. Ela concordou e, assim que terminei a aula, fui encontrála, e ela, durante algum tempo, expôs seus problemas. Procurei ouvi-los atentamente sem a preocupação de resolvê-los. Afinal, percebi que ela não esperava isso de mim. Simplesmente queria falar. No final, antes de sair disse: “Gostaria muito de agradecer tudo o que o senhor fez por mim. Muito obrigada”. Ao que respondi: “Não por isso, conte com a gente”. E ela continuou: “Não, eu quero agradecer não pelo que o senhor falou ou aconselhou e sim pelo seu gesto. O senhor estava ocupado e quando eu cheguei deixou o que estava fazendo para me atender! Eu nem sou católica. E o senhor nem quis saber disso. Vou dizer mais: eu fiquei muito mais feliz pelo seu gesto de vir até a porta para me atender do que se o senhor tivesse dito: quanto você precisa e assinado um cheque ou dado algum dinheiro”. Depois desse acontecimento, a atitude de levantar e ir até a porta, que eu repetia quase mecanicamente, passou a ser encarada por mim como algo consciente e de grande importância. O segundo aconteceu em casa. Certa vez fiz um simples gesto de acolher um coirmão camiliano que chegou a nossa casa, um pouco fora do horário normal, com outra pessoa. Usei o esforço da cozinheira que tinha preparado os alimentos, encaminhei as visitas a um quarto que estava limpo, graças à dedicação da faxineira, e perguntei se necessitavam de algo mais, se queriam usar o computador, internet, etc. Gesto muito simples e custou muito pouco


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Ano XXII – Nº 224 – Outubro 2004 – BOLETIM ICAPS

do meu tempo. No entanto, quando eles foram embora, poucos dias depois, recebi uma mensagem com inúmeros agradecimentos e dizendo exatamente o título deste artigo: “Obrigado pela acolhida. Uma boa acolhida vale mais do que mil avemarias”.

A PREOCUPAÇÃO DO AGENTE Na visita pastoral, uma das muitas preocupações da maioria dos agentes é com a assistência espiritual aos doentes. É muito louvável essa atitude. Mas essa assistência, muitas vezes, está restrita à distribuição de santinhos, medalhinhas, mensagens religiosas e principalmente dos sacramentos. Ou seja, a visita pastoral ao doente se resume a isso. Nos cursos e palestras pastorais fala-se muito na importância da espiritualidade e na necessidade em falar de Deus. Aliás, alguém já disse o seguinte: “Se na visita pastoral ao doente eu não falar de Deus e não der sacramentos sobre o que eu vou falar?” No entanto, não podemos esquecer que, mais importante do que falar de Deus, é testemunhar Deus. É fácil dizer para o que sofre “Jesus te ama”. Porém, é por meio das atitudes e da acolhida que se deve demonstrar o amor de Jesus.

A ACOLHIDA DE JESUS

EXPEDIENTE

Para os que acreditam que evangelizar e assistir espiritualmente o doente é dar sacramentos, ler textos bíblicos ou mensagens evangélicas, mostramos, a seguir, alguns textos bíblicos retirados dos evangelhos, em que Jesus mostra as mais diversas maneiras de evangelizar. Veremos que, em quase todos os encontros com as pessoas, sua primeira atitude era acolher. O Boletim ICAPS é uma publicação do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética - Província Camiliana Brasileira. Presidente José Maria dos Santos. Conselheiros Antônio Mendes Freitas, Leocir Pessini, Olacir Geraldo Agnolin, Niversindo Antônio Cherubin. Diretor Responsável Anísio Baldessin. Secretária Cristiana Baldessin Maina.

O primeiro relato é o encontro com os discípulos de Emaús. “Nesse mesmo dia, dois discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. Então Jesus perguntou: ‘O que é que vocês andam conversando pelo caminho?’ Um deles, chamado Cléofas, disse: ‘Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias?’ Perguntou-lhes ele: ‘Que foi?’ Responderamlhe: ‘O que se refere a Jesus de Nazaré...’” Após acolhê-los por meio das palavras e dos gestos Jesus evangeliza. “Como vocês custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram!” (Lc 24,13.15.17.19.25). Ou seja, somente depois da acolhida vem a chamada de atenção. No encontro com a Samaritana (Jo 4,4-30) temos mais um belo exemplo de acolhida por parte de Jesus. Aqui, mesmo sendo a fonte de água viva, é Ele quem, primeiro, se apresenta na condição de necessitado e pede água. Só depois que ela se sente acolhida é que Ele a evangeliza, e a mulher diz: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise vir aqui para tirá-la” (Jo 4,15). Nicodemos era membro do Sinédrio romano e queria conhecer Jesus. “Ele foi encontrar-se de noite com Jesus” (Jo 3,2). Jesus sabia muito bem por que era procurado à noite. Mesmo assim o acolhe. Respeita a fraqueza, se dispõe a ouvilo, a instruí-lo e tocar-lhe o coração com a graça de uma fé firme. Por fim, temos o episódio de Pedro em que vê Jesus caminhando sobre o mar: “Certo dia, Jesus apareceu caminhando sobre as águas e os discípulos ficaram com muito Revisora Rita de Cásia Redação Av. Pompéia, 1214 Tel. (0xx11) 3675-0035 05022-001 - São Paulo - SP e-mail: icaps@camilianos.org.br Periodicidade Mensal Produção gráfica Edições Loyola – Fone (0xx11) 6914-1922 Tiragem 3.500 exemplares.

medo e Jesus disse: ‘Não tenham medo. Sou eu’. Então Pedro disse: ‘Senhor, se és tu mesmo, permita que eu vá ao teu encontro caminhando sobre as águas’. E Jesus disse: ‘Venha!’ Pedro começou a caminhar sobre as águas até quando começou a afundar. Então gritou: ‘Mestre, salva-me se não vou perecer’. Jesus tomou-o pela mão, trouxe-o para fora e depois disse: ‘Homem de pouca fé’” (Mt 14,25-31). Ou seja, mais uma vez temos o exemplo de acolhida, isto é, primeiro Jesus salva Pedro só depois chama sua atenção.

ATITUDE DO AGENTE A exemplo de Jesus, o agente também encontra as pessoas nas mais diversas ou adversas situações. Como afirma Frei Betto: “Os sofrimentos não são só físicos. São também mentais, morais, afetivos e espirituais. A esses não bastam os recursos terapêuticos. Para isso, contrariando muita gente, o cristianismo imprime um caráter redentor. De acordo ou não com a dimensão redentora do sofrimento, a assistência espiritual em torno da dor faz com que se torne, de fato, como sugere Jesus, ‘um fardo suave’. Ou seja, a assistência espiritual não elimina totalmente o peso nem o fardo do sofrimento. Porém, torna-o suportável”. Portanto, a atitude do agente diante daquele que sofre deve ser uma atitude de acolhida. Acolher não somente o que é bonito e/ou o que vai ao encontro daquilo em que eu acredito. Mas, acima de tudo, acolher a parte difícil da vida. Na convivência com as pessoas é sempre fácil aceitar suas virtudes e qualidades. Difícil é aceitar e conviver com os defeitos e com a parte ruim do outro. ANÍSIO BALDESSIN, padre camiliano, é capelão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Assinatura O valor de R$10,00 garante o recebimento, pelo Correio, de 11 edições (janeiro a dezembro). O pagamento deve ser feito através de depósito bancário em nome de Província Camiliana Brasileira, no Banco Bradesco, agência 0422-7, conta corrente 89407-9. A reprodução dos artigos do Boletim ICAPS é livre, solicitando-se que seja citada a fonte. Pede-se o envio de publicações que façam a transcrição.


Ano XXII – Nº 224 – Outubro 2004 – BOLETIM ICAPS

CUIDAI DOS DOENTES “Em qualquer lugar por onde andardes cuidai dos doentes que lá houver”.

LUIZ DEMÉTRIO VALENTINI A Igreja valoriza a seqüência dos meses para nos lembrar compromissos importantes que decorrem do Evangelho, e que são assumidos por pastorais. Em junho foi a Pastoral dos Migrantes. No mês de julho foi a vez da Pastoral da Saúde. Ela vem crescendo no Brasil, e abre caminho para ações bem concretas e eficazes em benefício da saúde do povo, e traz com muita clareza a marca do Evangelho. É uma pastoral social que se reveste de clara dimensão evangelizadora.

CUIDAI DOS DOENTES QUE NELAS HOUVER A Pastoral da Saúde encontra sua inspiração diretamente no Evangelho. Ele está repleto de narrativas, que mostram de um lado, o peso das doenças que o povo carregava, e que eram motivo para procurar Jesus, e, de outro lado, mostram a compaixão do Senhor pelo sofrimento humano, a acolhida de Jesus aos doentes, sua força que reanimava, aconselhava, curava e restituía a vida, gestos estes “sinais” que revelavam o amor do Pai que Cristo anunciava como cerne de sua mensagem. As atitudes de Jesus para com os doentes eram expressão concreta do amor e da misericórdia que Ele trazia da parte do Pai. Serviam para mostrar como Deus queria refazer nossa vida, como dom do seu amor e como sinal maior dos seus planos de salvação. “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em plenitude”, assim Jesus sintetizou sua missão. Ao enviar os discípulos em missão, sempre fazia questão de lem-

brar os doentes. A primeira coisa que deviam fazer ao chegar a algum lugar era “cuidar dos doentes”. Mesmo que a doença continuasse, o “cuidado” expressava o amor e a compaixão de Deus, que se revela especialmente aos pobres e sofredores.

AS TRÊS DIMENSÕES DA PASTORAL DA SAÚDE O campo de ação da Pastoral da Saúde é muito prático e diversificado. É a Pastoral que, de uma maneira ou outra, sempre se faz presente nas comunidades. Nesse sentido, mesmo que muitos lugares não contem com uma organização formal, a Pastoral da Saúde acontece, envolvendo a atuação de muitas pessoas que vivem e praticam as recomendações que Jesus deixou aos seus discípulos: “cuidar dos doentes”. Ao mesmo tempo, é importante ter presente a experiência, e valerse das orientações que são dadas pela Igreja, para levar em conta as diversas dimensões que essa pastoral comporta. Na verdade, olhando bem, a Pastoral da Saúde possui três dimensões, que se completam mutuamente. A primeira é a dimensão “solidária”, que consiste no “cuidado” com as pessoas que estão doentes. É a mais evidente, e aquela que em primeiro lugar solicita nossa atenção. A segunda dimensão é a “comunitária”, e consiste no trabalho preventivo não só para evitar doenças, mas também para incentivar tudo o que faz bem para a saúde. Esse

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é um vasto campo, que compreende hábitos de higiene, exercícios físicos e, sobretudo, uma alimentação adequada, que é a primeira condição para se ter saúde. Essa dimensão comunitária pode assumir uma importância crescente, uma vez que há grupos de Pastoral da Saúde que assimilam conhecimento de plantas medicinais e partilham experiências de preparação de alimentos alternativos que podem modificar hábitos alimentares e assim prevenir muitas doenças e fortalecer a saúde das pessoas. A terceira é a dimensão “políticoinstitucional”. Esta é a mais difícil de alcançar, porque consiste em atuar junto às instâncias públicas destinadas ao atendimento da saúde do povo, para que sejam de fato colocadas a serviço de suas finalidades. Mas é uma ação muito importante. Porque afinal de contas trata-se dos recursos vindos do próprio povo, por meio dos impostos, e que precisam ser colocados a serviço do atendimento da saúde do povo, sobretudo dos mais pobres que não têm condições de pagar por contra própria planos de saúde. A participação em “conselhos municipais de saúde” é um dos caminhos para se conseguir “políticas públicas de saúde”. Preparar pessoas para essa atuação é uma das preocupações da Pastoral da Saúde no Brasil.

CONCLUSÃO Jesus fez do atendimento aos doentes a maneira privilegiada de testemunhar o amor de Deus por nós. A doença ainda continua sendo o ponto de encontro privilegiado, em que também podemos experimentar e testemunhar o amor de Deus em nossa vida. O evangelho continua acontecendo em nosso meio à medida que colocarmos em prática a recomendação de Jesus: “Em qualquer lugar por onde andardes cuidai dos doentes que lá houver”. A Pastoral da Saúde quer nos ajudar a assumir bem essa recomendação do Senhor. DOM LUIZ DEMÉTRIO VALENTINI é bispo da cidade de Jales, interior de São Paulo. (Artigo extraído da revista O Milite, no 168, jul. 2004.)


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Ano XXII – Nº 224 – Outubro 2004 – BOLETIM ICAPS

V CONGRESSO ECUMÊNICO BRASILEIRO DE ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL HOSPITALAR LOCAL: Santuário da Mãe Rainha Km 78 da Rodovia Dom Pedro I ATIBAIA – SP

DATA: 18, 19 e 20 de outubro de 2004

TEMA: Evangelização e espiritualidade na saúde 18 DE OUTUBRO – SEGUNDA-FEIRA 11 horas 12 horas 14 horas 15h30 16 horas 16h30 18 horas 19 horas

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Celebração de abertura – Grupo de São Paulo Almoço Evangelização e espiritualidade na saúde – Pe. Carlos Contieri Intervalo Apresentação dos participantes e integração – Pastor Maurício Hacke Trabalho em grupos Oração vespertina – Pastor Bruno Gottwald Jantar

19 DE OUTUBRO – TERÇA-FEIRA 08h30 09 horas 10 horas 10h30 12 horas 14 horas

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15h30 16h30 17 horas 18 horas 19 horas

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Oração da manhã – Grupo de Santa Catarina A realidade e as necessidades do paciente e familiares – Pastor Mário Sontag Intervalo Grupos e plenária Almoço Mesa-redonda: A interação entre assistência espiritual, psicologia e psiquiatria – Dr. Frederico, Pastor João Janke, Diva Haupt Intervalo para o café Partilha de experiências Questões de organização Oração vespertina — Grupo do Paraná Jantar

20 DE OUTUBRO – QUARTA-FEIRA 08h30 09 horas 10 horas 10h30 11h15 11h45 12h30

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Oração matinal – Grupo do Paraná O agente espiritual e o corpo hospitalar – Pe. Anísio Baldessin Intervalo Atividades em grupo Mensagem do congresso e encaminhamentos Celebração de encerramento – Grupo do Rio Grande do Sul Almoço

TAXA DE INSCRIÇÃO: Até o dia 30 de setembro — R$ 40,00 Após essa data — R$ 50,00 INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES: com Cristiana, das 13 horas às 18 horas, pelo Tel. 3675-0035. PREÇO DA DIÁRIA: incluindo todas as refeições — R$ 50,00 COMO CHEGAR A ATIBAIA: DE AVIÃO: No aeroporto, em São Paulo, tomar o ônibus para o Terminal Rodoviário do Tietê. Neste terminal, tomar o ônibus da Viação Atibaia ou Viação Bragança para a cidade de Atibaia. A partir das 6 horas da manhã há ônibus a cada 30 minutos, e a duração da viagem é de no máximo uma hora e trinta minutos. Chegando a Atibaia, pegar circular da Viação Atibaia que passa em frente ao local — DE ÔNIBUS: Seguir o mesmo roteiro. Ou seja, partir do Terminal Rodoviário do Tietê até Atibaia. Chegando a Atibaia, pegar circular da Viação Atibaia que passa em frente ao local — DE CARRO: Seguir pela rodovia Anhangüera e depois a Dom Pedro I até o km 78.


Ano XXII – Nº 224 – Outubro 2004 – BOLETIM ICAPS

DIREITOS DO PACIENTE VIDAL SERRANO JÚNIOR Situações de dor e de medo, incomuns no cotidiano das pessoas, freqüentam invariavelmente o imaginário daqueles que estão necessitando de tratamento médico. Nessas horas, toda a fragilidade humana vem à tona: a saúde debilitada, a falta de condições para o trabalho e os problemas com o sustento da família são alguns dos ingredientes dessa panacéia de sentimentos, que povoa nossas mentes, já predispostas pelo instinto da autopreservação. Não há direito mais humano, portanto, do que o de ter atendimento oportuno e adequado quando se está doente. Esse conceito básico de civilidade, acima de ideologias e de crenças, embora pareça formar um consenso social, não traduz um consenso social político efetivo junto às elites dirigentes do País. Mesmo em situações de guerra, em que a brutalidade ganha contornos inexcedíveis, é habitual que os exércitos rivais concedam aos inimigos, por meio de entidades como Cruz Vermelha, o atendimento aos enfermos. Como, então, aceitar que uma pessoa com câncer ou qualquer outra doença crônico-degenerativa fique diversos meses aguardando atendimento na rede pública, sofrendo todas as conseqüências que essa demora costuma causar? A mídia tem exercido um importante papel na denúncia desses desmandos, contribuindo, de forma decisiva, para que essas chagas sociais venham à tona e delas todos tomem conhecimento, pressionando para um esforço de superação dessa aflitiva realidade. Em 1992, o Brasil ratificou o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, comprometendo-se internacionalmente com a adoção de medidas que, sem discriminação de qualquer espécie, propiciem a todos, além de outras coisas, assistência médica em caso de enfermidade. “Quem exige, no poder jurídico, o respeito pelo seu direito à saúde não resolve só

um problema individual, mas também auxilia a causa coletiva.” Essa ramificação vem ao encontro do que estabelece a legislação brasileira, que obriga o poder público – União, estados e municípios – a dar acesso universal e igualitário aos serviços de saúde, propiciando atendimento, internação ou prescrição do medicamento adequado a todo indivíduo que deles necessite. É importante verificar que, por instâncias do Ministério Público, dos serviços públicos de assistência judiciária e dos conselhos de medicina, tem aumentado o número de pessoas que recorrem ao Poder Judiciário para a obtenção de atendimento médico, hospitalar e farmacêutico. No mais das vezes, esse atendimento decorre de ações individualmente propostas, pleiteando desde internação hospitalar imediata ao fornecimento de medicamentos. Na maioria dessas ações (todas de que tomei conhecimento), o Poder Judiciário julgou favoravelmente o cidadão, com a concessão de medidas liminares para que o atendimento de remédios fosse realizado imediatamente. Essas decisões já formam jurisprudência, inclusive, com manifestações da mais alta instância judiciária do país: o Supremo Tribunal Federal. Tratase, portanto, de um canal importante de manifestação da cidadania, em

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que a pulverização de casos individuais na justiça contribui para a solução coletiva. Assim, não tenha dúvida, quem exige, no Poder Judiciário o respeito pelo seu direito à saúde não resolve só um problema individual, mas também auxilia a causa coletiva, solidificando a importante noção de cidadania. O rol de direitos do paciente não se exaure na questão do acesso, tampouco diz respeito exclusivamente à rede pública. A Carta de Direitos do Paciente, baseada no Manual da Comissão Conjunta de Acreditação de Hospitais para a América Latina e o Caribe, relaciona direitos que, apesar de básicos, nem sempre são lembrados. Existem, e em grande número, profissionais éticos muitas vezes prejudicados por baixo salários, por falta de estrutura material e humana para o trabalho adequado e por exigências leoninas de empresas de saúde em grupo. Esses profissionais merecem respeito e admiração pelo serviço de relevância pública que prestam. Todavia, diante de um mau profissional, não hesite em reclamar. Os Conselhos Regionais de Medicina, órgãos de controle do exercício ético da profissão, devem ser informados. No estado de São Paulo, pude atestar a seriedade desse controle. Em casos mais graves, a reclamação pode ser dirigida também ao Promotor de Justiça da sua cidade ou, em se tratando de entre federal, ao Procurador da República da região. VIDAL SERRANO JUNIOR é promotor público em São Paulo. (Artigo extraído da revista Família Cristã, set. 2000, ano 66, no 777.)


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LIVROS PARA A PASTORAL DA SAÚDE COMO FAZER PASTORAL DA SAÚDE Anísio Baldessin Edições Loyola, São Paulo Apresentamos, aos nossos leitores e agentes da Pastoral da Saúde, este livro, que é uma leitura ágil, fácil e agradável. Nele, o autor apresenta a Pastoral da Saúde em três dimensões. O conteúdo é enriquecido com a prática pastoral que o autor desenvolve no Hospital das Clínicas de São Paulo, nos cursos e congressos da Pastoral da Saúde que tem ministrado em hospitais, paróquias e dioceses. Portanto, pode ser muito útil a todos os que atuam na Pastoral da Saúde paroquial, domiciliar ou hospitalar. COMO VISITAR UM DOENTE Anísio Baldessin Edições Loyola, São Paulo O que fazer quando o doente chora, fica em silêncio, está em estado grave, na UTI, etc.? Essas são algumas das muitas perguntas que, com freqüência, nos fazemos quando visitamos doentes. Esse livro, de fácil leitura, tem como objetivo oferecer algumas orientações práticas para padres, pastores, ministros da Eucaristia e principalmente agentes da Pastoral da Saúde na visitação hospitalar e domiciliar. Embora não existam respostas prontas, pois na prática pastoral cada caso é um caso, o autor oferece algumas pistas que poderão ser úteis no ministério pastoral. VIDA, ESPERANÇA E SOLIDARIEDADE Leo Pessini Editora Santuário, Aparecida, SP Esperança e solidariedade são subsídios para quem ama a vida, procurando entendê-la como desejo de um futuro melhor, cujos sinais são visíveis no presente, na vivência da solidariedade samaritana. Essa edição foi completamente refeita e atualizada com base nos últimos movimentos ocorridos na área das ciências da vida e da saúde, que nos obrigam a repensar nossa ação profissional e pastoral no âmbito da saúde. Endereçada prioritariamente a centenas de samaritanos anônimos que atuam na área da saúde, como enfermeiros, médicos, assistentes sociais, psicólogos, gestores etc., e agentes de Pastoral que diariamente se confrontam com a realidade do sofrimento humano.

A CURA DOS DOENTES NA BÍBLIA Calisto Vendrame Edições Loyola, São Paulo O autor, doutor em Bíblia, afirma que o objetivo desse livro é refletir sobre a relação entre doença e pecado, o poder da fé e a força da oração para a cura. Especial atenção é dedicada às questões de “possessão” ou “obsessão” demoníaca, do sentido do sofrimento e do sacrifício, da esperança na angústia, da verdadeira consolação no luto e na morte, da espiritualidade de quem se defronta com a doença e de quem se põe a serviço dos doentes. SAÚDE E CIDADANIA Christian de Paul de Barchifontaine Editora Santuário, Aparecida, SP O objetivo dessa obra é possibilitar a reflexão sobre saúde, não somente no sentido médico-hospitalar, mas sobretudo considerando essencial viver com dignidade, ou seja, o direito de cada cidadão à qualidade de vida. O autor destaca alguns mecanismos que provocam a antivida, a falta de saúde, e resgata uma noção importante em nosso compromisso com a saúde: a participação popular. Essa obra também mostra como a saúde é vista pela Igreja e a sua dimensão na perspectiva da Pastoral da Saúde. Por fim, assinala elementos importantes que servem de estímulo e reflexão à população para que concretamente atinja patamares satisfatórios de saúde, que redundem em maior qualidade de vida. COMO LIDAR COM O PACIENTE EM FASE TERMINAL Leo Pessini Editora Santuário, Aparecida, SP / Centro Universitário São Camilo, São Paulo Uma reflexão sobre ética, entendida como um grito pela dignidade humana, contextualizando tal reflexão perante os grandes progressos apresentados pela medicina nos últimos anos, que provocaram o surgimento de novas questões como: Dizer a verdade ao paciente ? O que é eutanásia, distanásia, ortotanásia? Essa obra também aborda aspectos importantes relacionados ao tema, como alguns princípios éticos-cristãos, qualidade de vida, meios ordinários e extraordinários de tratamento, dor e os direitos do paciente em fase terminal, o processo de morrer e o direito de dizer adeus à vida com dignidade.


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REFLEXÕES PARA AGENTES DA PASTORAL DA SAÚDE: A CONTRIBUIÇÃO BÍBLICA Pe. Anisio Baldessin (org.) Edições Loyola, São Paulo Esse livro é composto de artigos em que os autores procuram fazer uma leitura paralela dos textos bíblicos, dando a eles uma versão pastoral. Embora não contenham respostas prontas, os artigos mostram inúmeras faces e contribuições que a Bíblia oferece ao trabalho pastoral na área da saúde. É um livro endereçado a capelães, padres, pastores, assistentes espirituais e milhares de agentes de Pastoral da Saúde, para reflexões individuais e, principalmente, para discussões em grupos. MINISTÉRIO DA VIDA – ORIENTAÇÃO PARA AGENTES DA PASTORAL DA SAÚDE Leo Pessini Editora Santuário, Aparecida, SP Essa obra apresenta orientação para pastorais junto aos doentes, quer em hospitais, quer em domicílio, tendo sempre em vista as perspectivas e desafios que o mundo da saúde traz para a ação pastoral. Seu conteúdo temático responde às solicitações de comunidades, de agentes da Pastoral da Saúde, e recolhe experiências e necessidades vivenciadas pelo próprio autor em seu trabalho pastoral. PASTORAL HOSPITALAR E PACIENTE TERMINAL Pe. Anísio Baldessin Editora Santuário, Aparecida, SP Destinado a atuar positiva e oportunamente na área da Pastoral da Saúde. Como o nome diz, esse livro tem como alvo principal o “doente terminal”, com subsídios importantes para profissionais da saúde, familiares, capelães, sacerdotes e agentes pastorais, enfrentando especificamente as situações do término da vida. Esse livro não apresenta teorias, mas situações concretas, tendo como base o ambiente e complexo hospitalar do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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GUIA DA PASTORAL DA SAÚDE PARA A AMÉRICA LATINA Edições Loyola, São Paulo Esse guia é fruto do trabalho levado a cabo em nossos encontros regionais e latino-americanos de Pastoral da Saúde. Esse livro tem como objetivo oferecer a toda a comunidade cristã algumas orientações e pistas para a Pastoral da Saúde na América Latina. O AGENTE DE PASTORAL E A SAÚDE DO POVO Christian de Paul de Barchifontaine Edições Loyola, São Paulo Esse livro é de grande valia para religiosos(as) profissionais da saúde e agentes da Pastoral da Saúde que atuam quer na saúde comunitária, quer na vivência solidária, no cuidado dos enfermos nos hospitais, domicílios ou comunidades. Tem como conteúdo a utopia evangélica de uma sociedade a ser transformada à luz dos valores do Reino. Aprofunda uma visão e dimensão política da presença e atuação na área da saúde fornecendo um instrumento de análise crítica da situação da saúde hoje no Brasil. A DOR NA VISÃO DA PARAPSICOLOGIA: LIÇÕES E RESPOSTAS DO CLAP Maria Lucia Galli Mihoto A dor sempre causou e continua causando muitos incômodos para todos que a sentem, bem como para todos os que assistem os que são golpeados por ela. Estudá-la e entendê-la sempre foi um desafio para todos os que direta ou indiretamente convivem com quem sofre com a dor. Porém, há sempre dúvidas: A dor é realmente um castigo ou mistério? É boa ou ruim? Necessária ou desprezível? Nesse livro a autora procura desvendar um pouco os mistérios da dor não só nos aspectos médicos, mas principalmente do ponto de vista espiritual e especialmente na visão da parapsicologia.

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DICAS DE SAÚDE

MITO OU VERDADE Dieta da lua, dieta natural, dieta dos pontos, dieta das proteínas, dieta do Mediterrâneo, dieta dos signos, simpatias... Em meio ao mar de informações que recebemos todos os dias, fica por vezes difícil discernir mitos de fatos que possuem ampla comprovação científica. Tal distinção, no entanto, é fundamental para não incorrermos em práticas que mais contribuem para minar nossa saúde do que nos oferecem bem-estar. Recorrer a publicações que tenham respaldo de profissionais qualificados na área da saúde é uma boa maneira de evitar os dissabores que as promessas mágicas e milagrosas encerram. — É verdade que pular refeições é uma boa estratégia para quem quer emagrecer? Mito. O hábito de pular refeições, como por exemplo o café da manhã, está associado a tentativas frustradas de perder peso. O corpo tende a cobrar, na refeição seguinte, o que lhe foi sonegado na anterior. — É verdade que fazer três refeições moderadas ao dia, entremeadas por dois ou três lanches, é um saudável hábito alimentar? Verdade. Nosso metabolismo funciona melhor quando há um suprimento regular, e sem excesso, de nutrientes.

— É verdade que diminuir temporariamente a ingestão de vitaminas pode ajudar a perder peso? Mito. As vitaminas não têm calorias e, portanto, não engordam. — É verdade que uma dieta rica em fibras ajuda a combater a obesidade? Verdade. A ingestão de fibras como primeiro prato, uma boa porção de salada, por exemplo, ajuda a diminuir a vontade de consumir, em seguida, grandes porções de alimentos mais calóricos. — É verdade que alimentos ricos em ferro, em geral, proporcionam bom aporte de cálcio também? Mito. Ferro e cálcio raramente aparecem juntos em um mesmo alimento. Na realidade, a maioria daqueles que são ricos em ferro são pobres em cálcio. Para se obter ambos, em quantidades adequadas, é fundamental balancear as escolhas alimentares. — É verdade que o hábito de mastigar bem e comer lentamente ajuda a emagrecer? Verdade. Agindo dessa forma, tendemos a nos satisfazer com uma quantidade menor de alimentos. Isso ocorre porque o cérebro demora um pouco para processar a informação de que já comemos o suficiente. — É verdade que comer abacaxi na sobremesa ajuda a emagrecer? Mito. Embora auxilie o processo digestivo, isso não diminui os valores calóricos da refeição.

— É verdade que combater o excesso de peso ajuda a diminuir a pressão alta? Verdade. Emagrecer contribui de modo decisivo para baixar os níveis de hipertensão arterial e o conseqüente risco de insuficiência cardíaca.

— É verdade que combinar diferentes alimentos em uma mesma refeição prejudica a boa digestão? Mito. O trato digestivo processa todos os alimentos ao mesmo tempo, sem prejuízo de sua eficiência.

— É verdade que o bebê deve alimentar-se exclusivamente de leite materno até o sexto mês de vida? Verdade. O leite materno sozinho é capaz de promover boa nutrição e, ao mesmo tempo, evitar alergias e infecções.

Portanto, refeições balanceadas, contendo alimentos construtores, energéticos e reguladores, são aliadas de primeira grandeza para qualquer um que anseie desfrutar de uma vida longa e saudável. É fundamental, no entanto, que elas estejam, sempre que possível, adaptadas às nossas tradições familiares e culturais, ao nosso gosto e estilo de vida. Uma dieta que se pretende equilibrada não pode deixar de levar em conta o prazer, sobretudo aquele que desfrutamos ao fazermos uma refeição em ambiente tranqüilo, na companhia da família e dos amigos.

— É verdade que quando o leite da mãe está fraco, o bebê fica mais vulnerável a doenças da primeira infância? Mito. Não existe leite materno fraco. Sua composição é adequada, até mesmo na eventualidade de a mãe encontrar-se desnutrida.

Instituto Camiliano de Pastoral de Saúde Fone (11) 3675-0035 e-mail: icaps@camilianos.org.br Av. Pompéia, 1214 A 05022-001 São Paulo, SP

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