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Informativo 12345 12345 12345 do Instituto 12345 12345 12345 Camiliano 12345 12345 12345 12345 de Pastoral 12345 12345 12345 da Saúde 12345 12345 12345 e Bioética 12345 12345
12345 12345 12345 12345 Março de 2006 12345 12345 12345 ANO XXIV – no 239 12345 12345 12345 PROVÍNCIA CAMILIANA BRASILEIRA 12345
❒ PASTORAL
❒ BIOÉTICA
❒ HUMANIZAÇÃO
DIA MUNDIAL DO DOENTE O DESAFIO DE CUIDAR DA SAÚDE MENTAL
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CELEBRAÇÃO DO DIA Mundial do Doente ocorre no dia 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes. Cada ano, um tema específico é tratado em um diferente lugar do planeta, num santuário mariano. Para 2006 foi escolhida a cidade de Adelaide (Austrália), com celebração eucarística especial na Catedral dedicada a São Francisco Xavier, missionário das populações do Oriente. O Papa Bento XVI, seguindo a tradição iniciada por seu antecessor, João Paulo II, enviou sua primeira mensagem a todo o mundo, chamando a atenção para a situação das pessoas que têm problemas mentais e disse que a celebração do Dia Mundial do Doente, é uma excelente oportunidade para “manifestar solidariedade às famílias que têm a seu cargo pessoas enfermas mentais”. A temática do Dia Mundial do Doente – 2006 tem estreita relação com a Campanha da Fraternidade – CNBB - 2006: Fraternidade e pessoas com deficiência. Faz-se necessário, no entanto, um esclarecimento introdutório a propósito dos conceitos de deficiência e doença mental. Por deficiência mental entende-se a condição na qual o cérebro está
impedido de atingir seu pleno desenvolvimento, prejudican-do a aprendizagem e a integração social da pessoa. Pode ser caracterizada por graus e natureza variados, desde um deficit intelectual e cognitivo leve até uma deficiência mental profunda. Esse conceito não deve ser confundido com doença mental. Pessoas com deficiência intelectual raramente têm problemas de saúde mental. A doença mental diz respeito aos transtornos da mente, também chamadas psicopatias, como depressão, esquizofrenia entre outras que exigem tratamento de saúde, psicológico e/ou psiquiátrico e, em muitos casos, internação em instituições de saúde mental. Diz o Papa que a Igreja “nesta oportunidade, deseja inclinar-se com particular solicitude ante as pessoas que sofrem, chamando a atenção da opinião pública para os problemas ligados à doença mental, que afeta um quinto da humanidade e constitui uma real e verdadeira emergência sóciossanitária”. Além disso, ele deseja “estar presente espiritualmente na Jornada Mundial do Enfermo para refletir em comunhão com os participantes sobre a situação dos enfermos men-
tais no mundo e solicitar o compromisso das comunidades eclesiais, dando testemunho da eterna misericórdia do Senhor”. Um diagnóstico preocupante da realidade de saúde mental no planeta: segundo a Organização Mundial da Saúde, existem no mundo 450 milhões de pessoas afetadas por problemas mentais, neurológicos ou comportamentais, e 873 mil pessoas se suicidam anualmente. Inexiste uma política sanitária específica de saúde mental em 41% dos países do mundo. Nas palavras de Bento XVI: “O prolongamento de conflitos armados em várias regiões da terra, as terríveis catástrofes naturais e a expansão do terrorismo, além de causar um número impressionante de mortos, geraram em muitos sobreviventes traumas psíquicos, dos quais dificilmente se recuperam. Nos países que contam com um elevado desenvolvimento econômico, os especialistas reconhecem também como origem de novas formas de transtorno mental a influência negativa da crise dos valores morais. Isso aumenta o sentido de solidão, socavando e inclusive desagregando as tradicionais formas de coesão social, começando pela instituição da família, e marginalizan-
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do os enfermos, especialmente os mentais, com freqüência considerados um peso para a família e para a comunidade”. A constatação da dramática marginalização dos doentes aparece neste trecho do discurso: “Lamentavelmente, em muitas partes do mundo os serviços a favor destes enfermos são carentes, insuficientes ou decadentes. O contexto social nem sempre aceita os enfermos da mente com suas limitações, e também por isso é difícil conseguir os recursos humanos e financeiros necessários. Adverte-se da necessidade de integrar melhor o binômio ‘terapia adequada’ e ‘nova sensibilidade frente à dificuldade’, de modo que se permita aos agentes do setor ir ao encontro com maior eficácia dos enfermos e das famílias, que por si só não têm capacidade de seguir adequadamente seus familiares em dificuldade”. Após essas considerações, o Sumo Pontífice dirige uma palavra de encorajamento e ânimo aos próprios doentes, a profissionais da saúde, capelães, agentes de pastoral e voluntários:
vés dos quais a Igreja “manifesta o amor e a solicitude de Cristo para com os que sofrem e os que cuidam deles”, recomenda que “ajudem, com formas e iniciativas concretas, as famílias que têm a seu cargo enfermos mentais, a favor dos quais auspicio que aumente e se difunda a cultura da acolhida e da capacidade de compartilhar, graças a leis adequadas e a programas de saúde que prevejam recursos suficientes para sua aplicação concreta”.
b) aos profissionais da saúde, manifesta seu apreço e “os exorta a fazerem todo o possível para que nunca falte ao necessitado a assistência médica, social e pastoral que respeite a dignidade própria de cada ser humano”.
“É urgente a formação e a atualização dos profissionais da saúde em um setor tão delicado da sociedade”, lembra Bento XVI. Ao finalizar sua mensagem, o Papa convida cada cristão para ser um promotor e um defensor da dignidade dos doentes. Dirigindo-se especialmente aos que cuidam dos enfermos, invoca “a ajuda de Maria Saúde dos Enfermos, para que dêem testemunho da bondade e da paternal solicitude de Deus. Que a Virgem santa console os que estão marcados pela enfermidade e sustente os que, como o bom samaritano, suavizam as chagas corporais e espirituais”. Sem sombra de dúvida, os deficientes e doentes mentais estão entre os mais esquecidos e, portanto, excluídos de nossa convivência. Temos de superar os preconceitos histórico-culturais de toda sorte e implementar o exercício da solidariedade samaritana, seja em nível de cuidados pessoais, institucionais ou, em termos de sociedade, a implementação de políticas públicas de saúde de inclusão.
c) aos capelães, agentes de pastoral e voluntariado, atra-
Esta mensagem foi escrita pelo Papa Bento XVI e reelaborada pelo Pe. Leo Pessini
EXPEDIENTE
a) aos doentes, convida-os “a oferecer junto com Cristo a condição de sofrimento ao Pai, com a segurança de que cada prova acolhida com resignação tem mérito e atrai a benevolência divina sobre toda a humanidade”.
O Boletim ICAPS é uma publicação do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética — Província Camiliana Brasileira.
Revisora: Cristina Peres
Presidente: José Maria dos Santos Secretária: Viviane Rodrigues Silva Conselheiros: Antônio Mendes Freitas, Leocir Pessini, Olacir Geraldo Agnolin, Niversindo Antônio Cherubin Diretor-Responsável: Anísio Baldessin
e-mail: icaps@camilianos.org.br
Redação: Av. Pompéia, 1214A Tel. (11) 3862-7286 ramal 3 05022-001 São Paulo, SP Periodicidade: Mensal Prod. gráfica: Edições Loyola Tel. (11) 6914-1922 Tiragem: 3.500 exemplares
É TEMPO DE RENOVAR Estamos iniciando mais um ano de atividades pastorais. Ficamos felizes por ter você como assinante do boletim ICAPS. Para continuar recebendo-o na comodidade de sua casa, pedimos que renove sua assinatura. Veja, na etiqueta do correio, o mês de vencimento de sua assinatura. Faça o depósito de R$ 13,00 no banco e envie o comprovante para nossa secretaria. Qualquer dúvida, entre em contato conosco pelo telefone: (11) 3862-7286 das 13h00 às 18h00. Falar com Viviane.
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DOENÇA DE HUNTINGTON: VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DELA?
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DOENÇA DE HUNTINGTON (DH), também conhecida como Coréia de Huntington e popularmente como Dança de São Vito ou ainda Doença de São Guido, é uma doença genética, hereditária, neurodegenerativa, que afeta o sistema nervoso central, provocando alterações do movimento, do comportamento e da capacidade cognitiva. A DH atinge indivíduos de ambos os sexos, de todas as raças e grupos étnicos.
De forma geral, tem seu início na fase adulta, entre 35 e 50 anos, mas pode aparecer em crianças ou pessoas com mais de 60 anos. Filhos com um dos pais afetado têm 50% de chances de herdar a doença. A DH é uma doença familiar não só pela herança genética, mas também pelo forte impacto que causa em toda a família, pois mesmo que nem todos os membros sejam afetados fisicamente, podem ser afetados emocional, social e, com freqüência, economicamente. Os primeiros sintomas aparecem lenta e progressivamente: espasmos musculares leves, falhas da memória, mudanças da personalidade, dificuldades da deglutição e da fala, que se acentuam com o desenvolvimento da doença, levando o indivíduo à completa dependência. Não existe ainda cura ou tratamento eficaz para a DH, nem formas de preveni-la, mas é possível – e importante – melhorar a qualidade de vida dos pacientes com medicamentos para controlar os sintomas e também prolongar sua independência com terapias de apoio como fisiotera-
pia, terapia ocupacional, psicologia, fonoaudiologia, nutrição etc. As pesquisas científicas na área da Engenharia Genética são promissoras e sinalizam que num futuro próximo haverá medicamentos mais eficientes para este mal. A ABH (Associação Brasil Huntington), entidade sem fins econômicos, foi fundada em 27.09.1997, em Atibaia, interior de São Paulo, por um grupo de 43 pessoas, membros de famílias portadoras da DH, incentivadas por Dr. Walmir Galvão de Almeida Passos, neuropsiquiatra que, na ocasião, defendia sua tese de doutorado sobre este tema na UNICAMP e que acompanhava o sentimento de desamparo que acomete as famílias diante de diagnóstico tão dramático. O que uniu essas pessoas e as levou à fundação da ABH foi a necessidade que sentiam de obter esclarecimentos a respeito da doença, de conhecer formas de lidar melhor com os problemas causados por ela, de torná-la conhecida não só das famílias envolvidas, mas também da classe médica e afins, de juntar forças para conseguir atendimento adequado e para estimular a busca de tratamentos mais eficazes e a cura para a DH. A ABH tem como objetivo dar apoio e orientação às famílias portadoras da DH, além de tornar conhecida a doença; aproximar portadores, familiares, cuidadores e profissionais para troca de experiências e ajuda mútua; incentivar e orientar a formação de grupos regionais; estimular pesquisas e a capacitação de profissionais da saúde; conseguir, dos órgãos de saúde pública, atendimento médico especializado. Em parceria com as Universidades São Marcos, FMU e UNICSUL está oferecendo apoio nas áreas de fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia para os portadores e seus familiares. A ABH recebe informações e orientações da IHA (International Huntington Association), e de seu Conselho Científico, formado por profissionais da USP, da UNIFESP e da UNICAMP. Acreditando que pior do que a própria doença é a ignorância a respeito dela, a ABH concentra seus esforços na localização de famílias portadoras da DH em todo o Brasil e na divulgação dos conhecimentos disponíveis para profissionais e estudantes da área da saúde, familiares e a comunidade em geral. A associação luta para que se mude o olhar para as doenças genéticas, para as doenças ditas “raras”, para que se dê a elas a divulgação e o esclarecimento
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Rua Treze de Maio, 226 Centro, Atibaia - SP - Brasil CEP 12940-720 Tel: (55) 11-4412-2199 Site: www.abh.org.br E-mail: abh@abh.org.br
multidisciplinar que inclui a família e os recursos disponíveis na comunidade; pode ser implementado mesmo se os recursos forem limitados; pode ser realizado em centros comunitários de saúde e mesmo nas casas das crianças”. Esta mesma organização internacional, em 2002, redefiniu o conceito de Cuidados Paliativos, enfatizando a prevenção do sofrimento. Eis o novo conceito: “Cuidados paliativos é uma abordagem que aprimora a qualidade de vida dos pacientes e das famílias que enfrentam problemas associados com doenças ameaçadoras de vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento, da identificação precoce, da avaliação correta e do tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual”.
Alguns princípios fundamentais dos Cuidados Paliativos A partir da definição de Cuidados Paliativos da OMS de 2002, temos os seguintes princípios fundamentais:
OS CUIDADOS PALIATIVOS:
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a Valorizam o atingir e manter
um nível ótimo de dor e administração dos sintomas. Isto exige uma cuidadosa avaliação de cada doente, levando em conta sua história detalhada, exame físico e pesquisas. Os doentes devem ter acesso imediato a toda medicação necessária, incluindo uma variedade de opióides numa gama de formulações.
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b Afirmam a vida e encaram o
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rado o primeiro Dia Mundial dos Cuidados Paliativos e Hospice. Dados da OMS — Organização Mundial da Saúde — estimam que mais de 50 milhões de pessoas morrem por ano; em 2004, 4,9 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus HIV; 3,1 milhões de pessoas morreram de AIDS em 2004; 39,4 milhões de pessoas são portadoras do vírus HIV/AIDS; a cada ano o câncer causa 6 milhões de mortes e temos mais de 10 milhões de novos casos. Estima-se que para 2020 teremos 15 milhões de novos casos por ano. É à frente desta realidade dificílima que os cuidados paliativos e hospices se apresentam como uma forma inovadora de cuidado na área da saúde. Em 1990 a OMS definiu Cuidados Paliativos como: “O cuidado ativo total de pacientes cuja doença não responde mais ao tratamento curativo. Controle da dor e de outros sintomas e problemas de ordem psicológica, social e espiritual são prioritários. O objetivo dos Cuidados Paliativos é proporcionar a melhor qualidade de vida para os pacientes e seus familiares”. Essa definição é louvável no sentido de que se centra no paciente e enfatiza a natureza multifacial da condição humana, identificando a qualidade de vida como seu objetivo último. Contudo, o uso do termo “curativo” não ajuda, uma vez que todas as condições crônicas não podem ser curadas, mas podem ser compatíveis com uma expectativa de vida por várias décadas. Em 1998 a OMS definiu Cuidados Paliativos para crianças e suas famílias, cujas desordens se aplicam também a outras desordens psiquiátricas crônicas, como: “O cuidado ativo total para o corpo, a mente e o espírito, e também envolve o apoio para a família; tem início quando a doença é diagnosticada e continua independentemente de a doença da criança; estar ou não sendo tratada; os profissionais da saúde devem avaliar e aliviar o estresse físico, psíquico e social da criança; para serem efetivos, exigem uma abordagem
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O DIA 8 DE OUTUBRO foi comemo-
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INFORMAÇÕES
O QUE ENTENDER
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necessários, diminuindo assim o preconceito, o estigma e a exclusão social que, muitas vezes, acompanham essas famílias. Luta ainda para que sejam criadas políticas públicas de acesso ao diagnóstico, de fornecimento de medicamentos de alto custo e de amparo social às famílias para que possam ter melhor qualidade de vida. É justamente com o objetivo de promover a melhoria da qualidade de vida das famílias portadoras da DH que a ABH quer chamar a atenção para a problemática que envolve a doença e sensibilizar a população em geral para aderir à sua causa. Os recursos financeiros para custeio das atividades da ABH vêm, principalmente, de seus associados (familiares, amigos). Recebe também eventuais doações, participa das feiras temáticas da cidade e, com a colaboração de pessoas e pequenos empresários muito especiais, promove eventos como bingos, bazares de usados e jantares beneficentes. Alie-se à ABH: seja um sóciocontribuinte, um parceiro, um patrocinador, um voluntário. Divulgue a DH. Encaminhe à ABH pessoas portadoras da doença e sinta a alegria de estar colaborando para que milhares de pessoas possam ser felizes, apesar de tantas limitações. A ABH coordena em São Paulo, capital, um grupo de familiares que se reúne mensalmente desde julho de 2001. Está também orientando a formação dos primeiros núcleos de apoio regionais: no Rio de Janeiro e em Curitiba, e em breve em Belo Horizonte.
morrer como processo normal. O que todos nós partilhamos é a realidade inescapável de nossa morte. Os pacientes que solicitam cuidados paliativos não devem ser vistos como falhas médicas. Os cuidados paliativos visam assegurar que os doentes sejam capacitados e encorajados a viver sua vida de forma útil, produtiva e plena até o momento de sua morte. A
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R POR CUIDADOS PALIATIVOS? LÉO PESSINI
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f Ajudam a família a lidar com a
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para ajudar os pacientes a viver tão ativamente quanto possível até o momento de sua morte. Neste sentido, é importante ressaltar que o paciente estabelece os objetivos e as prioridades. O papel do profissional da saúde é capacitar e assistir o paciente para atingir seu objetivo identifi-
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e Oferecem um sistema de apoio
É evidente que, do exposto até o momento, nenhuma pessoa, ou disciplina somente, pode adequadamente lidar com a gama e a complexidade das questões que surgem durante o período de Cuidados Paliativos. Embora a equipe central que consiste em um médico, enfermeira e assistente social, possa prover o cuidado necessário, a colaboração de uma gama maior de profissionais da área médica, de enfermagem, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, entre outros, é importante. Para que essa equipe trabalhe de forma coesa, é criticamente importante que se tenham metas e objetivos comuns partilhados, bem como meios rápidos e efetivos de comunicação.
h Buscam aprimorar a qualidade ○
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d Integram aspectos psicológi-
cos e espirituais dos cuidados do paciente. Um nível elevado de cuidado físico é certamente de vital importância, mas não suficiente em si mesmo. A pessoa não deve ser reduzida em mera entidade biológica.
doença do paciente e com o luto. Em Cuidados Paliativos a família é uma unidade de cuidados. Nesse sentido, os membros da família terão suas questões e dificuldades identificadas e trabalhadas. O cuidado com o luto se inicia bem antes do momento da morte do doente.
g Exigem abordagem em equipe.
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a morte. Intervenções de Cuidados Paliativos não devem ser para abreviar a vida prematuramente. Da mesma maneira que as tecnologias disponíveis na moderna prática médica, não são aplicadas para prolongar a vida de forma não-natural. Os médicos não são obrigados a continuar os tratamentos considerados fúteis e excessivamente onerosos para pacientes. Da mesma forma, os pacientes podem recusar tratamentos médicos. Em Cuidados Paliativos, o objetivo é assegurar a melhor qualidade de vida possível. Quando o processo da doença conduz a vida a um final natural, os doentes devem receber conforto físico, emocional e espiritual. Especificamente, presta-se atenção ao fato de que a eutanásia e o suicídio assistido não estão incluídos em nenhuma definição de Cuidados Paliativos.
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de vida. A questão da qualidade de vida atraiu muito interesse de pesquisa nos últimos anos. É importante reconhecer que esta não é simplesmente uma medida de conforto físico ou de capacidade funcional. Antes, trata-se de algo que somente pode ser definido pela pessoa doente, e é também algo que se pode alterar significativamente ao longo do tempo.
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c Não apressam e nem adiantam
i São aplicáveis no estágio ini-
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cado. É evidente que as prioridades de um paciente podem mudar dramaticamente com o tempo. O profissional deve estar consciente dessas mudanças e responder adequadamente.
importância da reabilitação, em termos de bem-estar físico, psíquico e espiritual, não pode ser negligenciada.
cial da doença, concomitantemente com as modificações de doença e terapias que prolongam a vida. Ao longo da história, os Cuidados Paliativos foram associados aos cuidados oferecidos aos doentes de câncer diante da morte iminente. Reconhece-se que os Cuidados Paliativos têm muito a oferecer aos pacientes e familiares no estágio inicial do curso da doença, pelo menos a partir do momento em que a progressão não pode ser evitada. Isso exige que os serviços de Cuidados Paliativos estejam intimamente integrados com toda a gama de serviços de saúde, seja no hospital seja em instituições comunitárias.
DIA 8 DE OUTUBRO DIA MUNDIAL DOS CUIDADOS PALIATIVOS E HOSPICE. Sem dúvida, os Cuidados Paliativos constituem uma questão importante para a saúde pública. Lidam com o sofrimento e a dignidade da pessoa, o cuidado das necessidades humanas e a qualidade de vida das pessoas que enfrentam uma doença crônica degenerativa ou em fase terminal. Preocupam-se também com o apoio às famílias e aos amigos como uma unidade de cuidados diante do sofrimento de potencial ou eminente perda dos entes queridos, bem como no período que se segue à partida, ou seja, o período de luto. Nosso sistema de saúde é negligente em relação a essas necessidades humanas. O próximo estágio evolutivo será a introdução dos Cuidados Paliativos no curso principal da medicina e em programas de educação na área da saúde, quer para os profissionais, quer para o público em geral. Léo Pessini é padre camiliano, superintendente da União Social Camiliana.
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O PESO DE UM PR
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saudável um bebê com bracinhos gordinhos e perninhas recheadas de dobrinhas? Essas dobrinhas vão sendo intensamente repelidas quanto mais se aproxima a adolescência e a idade adulta. Rejeição justificável, considerando-se os padrões estéticos vigentes e, principalmente, a saúde, uma vez que o excesso de adiposidade (gordura) no organismo é responsável por várias doenças, entre as quais, obesidade, hipertensão, diabetes e problemas cardíacos. Mas se essa rejeição toma proporções extremas, pode desencadear distúrbios alimentares como anorexia nervosa ou bulimia. Enquanto obesidade é doença, anorexia e bulimia são transtornos alimentares muito freqüentes na sociedade contemporânea, com prevalência na adolescência. Anorexia é a ausência de apetite ou a recusa em alimentar-se, reduzindo significativamente a ingestão de alimentos, gerando peso muito abaixo do recomendado. Bulimia é o oposto: vontade incontrolável de comer, seguida do consumo exagerado de alimentos, sentimento de culpa e utilização de meios — como indução de vômito, abuso de laxantes e exercícios físicos exagerados — para eliminar o excesso consumido descontroladamente. A obesidade e os distúrbios alimentares estão associados a problemas que vão muito além do que se vê no espelho, embora para uma pessoa que apresenta quadro anoréxico a imagem refletida apareça de forma distorcida. Para quem sofre de anorexia, o corpo sempre está maior do que realmente é e evita-se a alimentação normal buscando-se reduzir as dimensões da imagem refletida diante dos próprios olhos. Esses distúrbios acometem pessoas de ambos os sexos e estão associados a características genéticas, sociais, culturais e psíquicas. São provocados principalmente por problemas emocionais. UEM NÃO CONSIDERA
OBESIDADE Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) no final de 2004 revelou que 38,6 milhões de pessoas encontram-se acima do peso recomendado em relação à sua altura. Dessas, 10,5 milhões são obesas. O critério utilizado para definir o nível adequado de peso baseou-se na relação entre peso e altura, traduzido em índice de massa corpórea (IMC), seguindo as recomendações da OMS. A psicanalista Alessandra Sapoznik, coordenadora do projeto de investigação e intervenção na clínica de anorexia e bulimia do Sedes Sapientae, salienta que, sob o enfoque psicológico, a obesidade é uma patologia que expressa alguma disfunção, algum conflito que não pode ser verbalizado ou vivenciado. “A obesidade traz à tona algumas questões, como a percepção do próprio corpo e como lidar com ele, gerando conflitos, angústias e, conseqüentemente, mais sobrepeso”. A psicanalista destaca ainda que a obesidade acomete pessoas com grau elevado de voracidade, de querer muitas coisas na vida e não só o excesso de alimento. “Esse comportamento tem o aspecto positivo de levar a pessoa a conseguir coisas na vida, mas pode ocultar a dificuldade de lidar com o corpo e, inclusive, de expressar a sexualidade”, afirma. Alessandra lembra que o alimento é algo primitivo, necessário para a sobrevivência e está intrinsicamente relacionado a carinho, afeto, ao contato inicial com o mundo. “O ato da alimentação é primitivo e o conflito interno se expressa também em grau primitivo pelo alimento, demonstrando dificuldades emocionais importantes”, observa. Por outro lado, a médica endocrinologista do Projeto de Atendimento ao Obeso (PRATO) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
USP, Anete Hannud Abdo, atribui o aumento de peso corpóreo ao aumento das calorias nos alimentos industrializados, o qual, associado ao sedentarismo, resulta em obesidade. “Há muitas facilidades hoje que levam mais rapidamente à obesidade. Apertar botões, o uso de computadores, reuniões sociais recheadas de comidas são situações muito presentes no cotidiano e prejudiciais à saúde”.
ANOREXIA E BULIMIA É muito importante a busca de apoio profissional para superar os transtornos alimentares. Em casos extremos, tanto a anorexia como a bulimia podem ser fatais. Na anorexia, morre-se por inanição. Na bulimia, por ser um quadro compulsivo, há a possibilidade de suicídio ou o desenvolvimento de comportamentos de risco como o uso de álcool e drogas. Para que a anorexia nervosa seja diagnosticada como tal, é necessária a presença de alguns sintomas que se apresentam simultaneamente no paciente, segundo o Manual do Diagnóstico Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM – IV). São eles: 1. recusa em manter o peso corpóreo igual ou superior ao mínimo normal adequado para a idade e altura, resultando em IMC abaixo de 85% do esperado; 2. medo intenso de ganhar peso ou de se tornar gordo, mesmo estando abaixo do peso normal; 3. negação do baixo peso em função de uma avaliação equivocada do próprio corpo, em uma busca obstinada pela magreza; 4. na mulher, falta da menstruação por três ciclos consecutivos. A endocrinologista Anete Abdo frisa ser necessária a simultaneidade na apresentação dos sintomas pa-
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ATO DESMEDIDO ra que de fato se configure a anorexia nervosa. Em se tratando de bulimia, também é necessária a observação de alguns fatores simultâneos para o diagnóstico, de acordo com o manual DSM-IV: a) ter episódio de compulsão pelo alimento, caracterizada pela ingestão de quantidade excessiva, em curto espaço de tempo, também fora dos horários das principais refeições. Esses episódios devem ser acompanhados da sensação de falta de controle sobre o comportamento compulsivo; b) comportamento compensatório inadequado e repetitivo na forma de indução de vômitos, uso de laxantes, prática de jejum e excesso de exercícios físicos. No caso do vômito, inicialmente provocado, com o tempo ele passa a ser compulsivo, voluntário. Os sintomas apresentados devem se repetir com a freqüência mínima de duas vezes por semana, no mínimo durante três meses. c) Auto-avaliação indevida, influenciada pela forma e pelo peso do corpo, ou seja, não importa quão magra a pessoa esteja, ela sempre se sentirá acima do peso que gostaria e repetirá o comportamento bulímico. A psicanalista Alessandra Sapoznik destaca que os transtornos, assim como a obesidade, são ocasionados por vários fatores relacionados, como questões biológicas, familiares e psicológicas. Em relação aos aspectos psicológicos presentes nas relações familiares, por exemplo, ela diz que há famílias que impõem padrões rígidos de exigências relacionados ao cum-
primento de metas sociais; há também as que apresentam dificuldades em expressar as emoções, as diferenças e os conflitos entre si. Há ainda aquelas que têm preocupação com o corpo como um valor mais destacado que os outros. “Há, ainda, os adolescentes que se encontram em momento de crise, devido à transição sob vários aspectos (hormonal, estético, psicológico) e essas mudanças provocam conflitos que podem levar à obesidade ou aos distúrbios alimentares”. Alessandra esclarece que quando o corpo da adolescente começa a mudar, pode começar a surgir a dificuldade de aceitar as modificações.
TRATAMENTO O tratamento de obesidade, anorexia e bulimia passa necessariamente pela observação e pelo controle da alimentação. Mas não só. A médica e a psicanalista concordam sobre a necessidade de tratamento com abordagem multidisciplinar. “Não se pode centrar apenas na questão alimentar, pois há vários aspectos da vida a serem tratados”, afirmam. Tanto para os distúrbios alimentares como para a obesidade são indicados: — Psicoterapia; — Dieta alimentar com apoio de nutricionista; — Acompanhamento médico (endocrinologista no caso da obesidade, e psiquiatra nos casos de anorexia e bulimia). A psicanalista lembra que metade dos casos de anorexia pode migrar para bulimia. “A linha que separa a primeira da segunda é tênue.” Segundo a psicanalista Maria Lúcia Mucciolo, o que se leva em maior consideração quando uma pessoa apresenta um diagnóstico de transtorno alimentar é descobrir
qual o sentido desse sintoma na vida do sujeito. “Sabemos que o paciente sofre com o sintoma, mas também por meio dele se pode apresentar e ocupar um lugar no mundo, nas relações. Por isso, na análise, direcionamos nossa escuta para compreender qual é a relação entre o paciente e seu sintoma e, assim, possibilitamos uma modificação nessa relação tão contraditória”, explica, acrescentando que, ao mesmo tempo que faz sofrer, o transtorno alimentar também sustenta uma subjetividade que é própria de cada sujeito. No caso da obesidade, a medicina propõe a cirurgia de redução de estômago (bariátrica), indicada nos casos de obesidade mórbida (graus II e III da tabela da OMS). Embora haja indicação dessa cirurgia para determinados casos de obesidade, Maria Lúcia afirma que dependendo da relação do paciente com seu sintoma, a transformação ocorrida após a cirurgia não fica restrita apenas às modificações corporais, mas apresenta conseqüências psíquicas. “A cirurgia é uma forma paliativa de lidar com os problemas orgânicos ocasionados pela obesidade, mas se o paciente não puder elaborar essa mudança, a angústia, que antes era representada pelo sintoma da obesidade, passa a não ter mais representação. A conseqüência desse efeito é a substituição de um sintoma por outro, na maioria das vezes mais potente que o anterior”, afirma. Nessa substituição, para aplacar a angústia, a pessoa direciona seus impulsos para outras formas de satisfação, como o uso abusivo de drogas, o jogo compulsivo ou qualquer outra coisa que possa livrá-lo do vazio que o deixou sem lugar e sem contenção. Artigo extraído do Boletim informativo atualidade, novembro/dezembro 2005
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CÂNCER DE PELE: O GRANDE VILÃO DO VERÃO
que cerca de 80% de toda a luz solar a que nos expomos durante a vida inteira é pega até os 18 anos e, por isso, nessa fase é recomendável maior preocupação com o sol. O câncer de pele é dividido em 3 tipos:
KÁTIA MACHADO
1) Carcinoma Basocelular: Não causa metástases (propagação do câncer pelo corpo), mas corrói os tecidos que estão à sua volta, causando algumas deformidades. Esse tipo de câncer de pele é mais comum após os 40 anos em pessoas de pele clara. Seu aparecimento está diretamente associado à exposição ao sol acumulada durante a vida. 2) Carcinoma Espinocelular: Esse tipo de cancêr pode se espalhar pelo organismo por meio de gânglios e está associado à exposição solar sem proteção, ao tabagismo, à exposição a substâncias de arsênio e alcatrão e a alterações no sistema imunológico. 3) Melanoma: É o tipo mais perigoso da doença e atinge freqüentemente pessoas de pele clara e sensível. O sinal de seu aparecimento é normalmente por meio de uma pinta escura e está ligado à exposição solar. Ele é responsável por 3 em cada 4 mortes por câncer de pele.
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CHEGADA DO VERÃO ALERTA para um enorme perigo: o au-
mento de índices de câncer de pele. Esse tipo de câncer tem sido responsável por 25% de todos os tumores malignos no país e, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), deve atingir, neste ano, cerca de 65.240 brasileiros. Apesar de oferecer enorme risco, o sol não é o único causador da doença, mas qualquer tipo de luminosidade natural, inclusive nos dias de chuva e nublados. O que acontece é que os raios mais agressivos atravessam a atmosfera e incidem sobre a pele das pessoas. O câncer de pele aparece subitamente como uma verruga, pinta ou ferida que não cicatriza. Segundo José Trindade Filho, coordenador da Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Pele da regional fluminense da Sociedade Brasileira de Dermatologia, em entrevista ao Jornal Fluminense de 06/11/ 2002, o câncer de pele é fácil de ser tratado e curado quando observado precocemente. Para tanto, basta fazer o auto-exame. Mas se não diagnosticado previamente, pode levar à morte. José Trindade Filho alerta para o fato de que os sintomas da doença podem aparecer até 20 ou 30 anos após a intensa e indevida exposição aos raios solares. “Costumo dizer que, tal como um remédio, o sol precisa ser tomado na dosagem certa para melhorar, curar ou mesmo salvar uma vida. Mas o uso indevido ou indiscriminado da energia solar poderá resultar em danos irreparáveis aos seres vivos, principalmente humanos”, diz. Para evitar a doença, o jeito é tomar alguns cuidados, como usar chapéus ou bonés e óculos escuros, evitar o sol entre 10 e 16 horas e abusar de filtro solares. A prevenção é recomendada a todas as pessoas, sendo que com maior intensidade àquelas com pele clara, sardas, olhos claros, cabelos loiros ou ruivos, ou seja, que tenham uma ascendência européia, e àquelas com histórico familiar da doença, pois existe também o fator genético para o câncer de pele. Mas para a dermatologista Cleire Paniago, presidente da Fundação Nacional do Câncer de Pele, em entrevista ao Jornal Commércio, de 11/11/2002, a proteção não deve se restringir aos dias de sol na praia ou no clube. Ela informa que, quanto maior a altitude, mais próximo se está do sol e, por isso, mais forte é a radiação. Vale também lembrar
COMO FAZER O AUTO-EXAME? De início, a pessoa deve procurar um ambiente com luz clara, providenciar um espelho de corpo inteiro, outro de mão, uma cadeira e uma escova de cabelo. O objetivo do auto-exame é procurar manchas que coçam, descamam ou sangram, sinais ou pintas que mudam de tamanho, de forma e de cor, feridas que não cicatrizam em quatro semanas e verrugas lisas e brilhantes que mudam de tamanho. Em frente ao espelho grande, a pessoa deve começar examinando o pescoço e o peito, e as mulheres, especialmente a parte inferior dos seios. Deve-se observar cuidadosamente o rosto, preocupando-se ainda mais com o nariz, os lábios, a boca e as orelhas. Não se pode esquecer de olhar também antebraços, mãos e unhas, dobrando os cotovelos e axilas, levantando os braços. Na parte das costas e com o auxílio de um espelho de mão, devese observar as nádegas e a parte de trás das pernas. Depois de observado todo o corpo de pé, é hora de sentar-se na cadeira e examinar atentamente a planta e o peito dos pés, a região entre os dedos e as unhas e, com auxílio do espelho de mão, as pernas e a região genital. Por fim, com os dois espelhos, deve-se examinar o pescoço, a nuca, os ombros e a parte superior das costas e, com uma escova de cabelo, o couro cabeludo. Extraído da Revista Radis, nº 4, novembro de 2002
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