Informativo do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética junho de 2008 Ano XXVI – no 264 Província Camiliana Brasileira
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O BOM SAMARITANO: O AMOR SUPERA A LEI ANÍSIO BALDESSIN
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o Evangelho de São Lucas (10, 2537) encontramos a famosa parábola do bom samaritano. Nela está contido o diálogo de Jesus com um especialista em leis. Este, como está escrito no evangelho, querendo tentar Jesus pergunta: “o que é preciso fazer para entrar no Reino do Céu”. Jesus responde que é preciso amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Ele por sua vez, fazendo-se de mal entendido faz uma outra interrogação para saber quem é o seu próximo. Para esclarecêlo, Jesus conta essa história do Bom Samaritano. Ao lermos ou ouvirmos esta, temos certa tendência em elogiar a atitude do samaritano e criticarmos o Sacerdote e o Levita. No entanto, ao lermos qualquer passagem bíblica, precisamos levar em consideração o contexto histórico da época. Pois se na bíblia encontramos gritos de desespero, orações de confiança e abandono, encontramos também fatos e conceitos que podem até perturbar o leitor e/ou “crente” que necessita de uma interpretação que só um conhecimento mais profundo desses textos antigos pode oferecer.
Contexto histórico No Antigo Testamento, a idéia que o povo de Israel tinha da doença e do sofrimento em geral era a da retribuição. Ou seja, prosperidade, riqueza, saúde, longevidade, descendência numerosa para os que praticavam o bem. Já os que praticavam o mal recebiam miséria, doença, morte prematura, escravidão, esterilidade. Além disso, deviam ser evitados pelos amigos de Deus. Segundo Calisto Vendrame, “a
solidariedade a eles poderia até significar deslealdade para com quem estava punindo. Eles deviam arranjar-se com Deus, arrepender-se, pedir perdão, mudar de vida. Afinal, eles mesmos eram os responsáveis por sua sorte. Portanto, deveriam aprender a lição”.
Quem eram o Sacerdote e o Levita? Sacerdote era um oficial escolhido, ou um príncipe, habilitado por Deus, para se aproximar de Deus para ministrar em favor do povo. Ele era responsável para oferecer os sacrifícios divinamente ordenados por Deus, para executar os diferentes ritos e cerimônias referentes à adoração a Deus, e para ser um mediador entre Deus e o homem. Seus deveres eram: ministrar no santuário, que naquela época era o tabernáculo, mas quando Israel se tornou uma nação povoada foi o templo; ensinar ao povo a lei de Deus e orar pedindo direção. Usava roupas distintas sempre que estava ministrando no altar ou entrava no Santo Lugar. O Levita por sua vez era o descendente de Levi. Era empregado nos ministérios mais inferiores do templo, pelos quais ele eram distinguido dos sacerdotes. Ele obedecia aos sacerdotes no ministério do templo, e trazia-lhes madeira, água, e outras coisas necessárias para os sacrifícios. Ele cantava e tocava instrumentos, no templo, estudava a lei, e era o juízes ordinário da nação, não obstante subordinado aos sacerdotes. Em geral pensamos que o sacerdote e o levita, que passaram “pelo outro lado”, faltaram com suas obrigações,
mas isso não é bem verdade. Pois havia leis muito claras e rígidas que diziam que os que exerciam funções religiosas ficariam impedidos de realizá-las caso tocassem em um cadáver, ou em um estrangeiro, pois estariam ritualmente impuros. Ora, o Sacerdote e o Levita estavam indo para o templo. Por isso, fizeram o que parecia certo, o que era mais lógico. Devem ter pensado: “Esse que está aí no chão pode ser um estrangeiro, pode me contaminar e impedirme de realizar minhas funções. Ou pior, pode estar morto e, neste caso, nada poderei fazer mesmo para ajudá-lo”.
Por que o Samaritano ajuda? Os Samaritanos eram considerados raça impura pelos Judeus, por serem descendentes da população israelita misturada com estrangeiros que se transferiram para a Samaria. Observavam escrupulosamente a tradição oral e as leis do Pentateuco, que para eles era a única Escritura válida. Portanto, não seguiam todas as leis do Antigo Testamento. Por isso, não se preocupavam muito com as questões do puro e do impuro. Tocar ou não doentes não faria a menor diferença. Para que possamos entender melhor essa realidade vou me reportar a uma realidade atual. Os bombeiros e o pessoal do resgate orientam que se você encontrar alguém acidentado na rua não deverá mexer. Essa atitude, à primeira vista, pode parecer absurda. Porém, é bastante lógica. Por não dispor de técnica você poderá deixá-lo pior do que ele já está. Mas, o que fazem as pessoas simples? Elas se tiverem oportunidade, não hesi-
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tarão em ajudar. Estes não estão preocupados com o certo, mas sim com o bem. Os samaritanos podem ser comparados às pessoas simples do nosso tempo.
A lei ou o amor? A resposta de Jesus ao especialista não está centrada sobre quem fez o certo e quem fez o errado. Ele mostra que o próximo não é aquele que faz o que é certo e sim o que pratica o bem. Portanto, se a nossa noção do certo nos impede de sermos melhores e mais humanos, se nos incapacita para sentirmos indigna-
ção e nojo pela miséria e pela degradação da grande comunidade universal, e se nos torna intolerantes ou indiferentes ao sofrimento do nosso vizinho, a ponto de guardarmos cada vez mais distância dele, estamos tendo a mesma atitude que tiveram o Sacerdote e o Levita. Jesus sabe a importância da lei, e em nenhum momento quis aboli-la. No entanto, propõe que quando tivermos que optar entre fazer o certo ou o bem, devemos sempre pensar que o certo não é mais importante do que a vida: “O sábado foi feito para o homem e não o ho-
mem para o sábado” (Mt 2.27). Por isso, o grande desafio dessa parábola é reconhecer que ao lado da pedagogia da lei está a pedagogia do amor. Pois só é intolerante aquele que tem certeza de que, a exemplo do Sacerdote e do Levita, está cumprindo a lei. Mas, aquele que como o Samaritano é capaz de superar a lei, fazer o que é certo, nunca é intolerante. Afinal, quem ama cumpre a lei. Mas nem todos os que cumprem a lei sabem amar. Anísio Baldessin, padre camiliano, é capelão do Hospital das Clínicas da FMUSP.
GRANDES SOFREDORES JOSÉ FERNANDES DE OLIVEIRA
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lgumas pessoas sofrem de maneira incomum e acima do comum, a ponto de elas mesmas, seus amigos e familiares se perguntarem o porquê de tanta dor. É mais do que humanamente se pode suportar. Há indivíduos que sofrem desde o dia do nascimento; para outros, a dor apareceu na infância ou na juventude e nunca mais foi embora. Entram e saem dos ambulatórios e consultórios, mas a dor continua. Médicos, cientistas, psicólogos, psiquiatras e religiosos sérios buscam explicação, paliativos e solução dessas dores. E há os franco-atiradores que, em nome da pseudociência e da pseudo-religião, garantem que curam qualquer doença. Fazem alarde da cura, mas depois preferem não noticiar, quando volta o sofrimento. Aí não há microfone à disposição de quem foi tido como curado, mas agora quer anunciar que o milagre não aconteceu e o tal caroço não foi eliminado.
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Há uma dor que nunca mais vai embora, uma que vai e que volta e uma que vai e que nunca mais volta. A religião e a ciência sabem algumas respostas, muitas até, mas a dor humana permanecerá sendo o que é, um grande mistério. Alguns encontram respostas, outros não. Há os que aceitam e há os que se revoltam, brigam com Deus, declaram que ele não existe ou não liga. E há os que não entendem, mas se conformam. Tristeza, amor e riso são mistérios. A dor também, com uma única diferença: desafia o amor e a paz e por isso é muito mais difícil conviver com ela. Nós a chamamos de cruz. Às vezes, não há como impedir que alguém a carregue, nem como tirá-la de seus ombros. Mas é sempre possível ajudá-lo a carregá-la e torná-la menos pesada. Deveria ser esse o papel de todas as religiões e de todos os crentes, sem promessas falsas nem respostas mágicas. O mundo tem grandes sofredores, grandes curadores e milhões a serviço
O Boletim ICAPS é uma publicação do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúdee Bioética – Província Camiliana Brasileira. Presidente: José Maria dos Santos
Conselheiros: Niversindo Antônio Cherubin, Leocir Pessini, João Batista Gomes de Lima, André Luis Giombeli. Diretor-Responsável: Anísio Baldessin Secretária: Cláudia Santana
Revisão: Fadwa Hallage Redação: Rua Barão do Bananal, 1.125 Tel. (11) 3862-7286 ramal 3 05024-000 São Paulo, SP e-mail: icaps@camilianos.org.br Periodicidade: Mensal
Prod. gráfica: Edições Loyola Tel. (11) 6914-1922
Tiragem: 3.500 exemplares
de quem sofre. Merecem respeito. Também tem os que tripudiam sobre a dor do outro e brincam com ela. Fazem de conta que a dominam e curam. São os charlatões da medicina e da fé. Receitam ervas e remédios que sabem que não curam, fazem passes e preces que garantem infalíveis. E não são. São milhões de vítimas da dor e é difícil dizer se o ser humano de ontem sofreu mais do que os de hoje. Se for verdade que o progresso aliviou muitos desconfortos e muitas enfermidades, o mesmo progresso aumentou a capacidade de produzir mais morte e mais dor. As balas, as bombas, as drogas e as facas andam superando o poder da prece, dos comprimidos e do bisturi. A dor cresceu em escala geométrica. Agora se fere e se mata por atacado! Os agentes da guerra, das drogas e do terror que o digam. José Fernandes de Oliveira (padre Zezinho) é escritor e compositor. Assinatura: O valor de R$13,00 garante o recebimento, pelo Correio, de 11 (onze) edições (janeiro a dezembro). O pagamento deve ser feito mediante depósito bancário em nome de Província Camiliana Brasileira, no Banco Bradesco, agência 0422-7, conta corrente 89407-9. A reprodução dos artigos do Boletim ICAPS é livre, solicitando-se que seja citada a fonte. Pede-se o envio de publicações que façam a transcrição.
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ESTAVA ENFERMO E ME VISITASTES JOÃO BATISTA LIBÂNIO
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pastoral dos enfermos pertence à mais lídima tradição do cristianismo desde o início. Encontramos reflexos na Carta de São Tiago: “Algum de vós está doente? Mande chamar os anciãos da Igreja e que estes orem, depois de tê-lo ungido com óleo em nome do Senhor” (Tg 5, 14). E a prática da Igreja primitiva nada mais era do que a atualização do sermão escatológico de Mateus. No dia do juízo, quando o filho do homem vier na sua glória, dirá às pessoas que visitaram os enfermos: “estava doente e me visitastes” e, com tristeza, dirá o contrário aos que nunca visitam os doentes: “estava doente e na prisão e não me visitastes”. Todos conhecemos o jogo de surpresa que o texto reveste — quando Senhor, te visitamos? — e Jesus responde identificando-se com os doentes (Mt 25,31-46) Até aqui as palavras da escritura. Elas não são uma injunção exterior que se nos impõe. Elas desvelam o interior das pessoas que visitam e são visitadas. Há beleza dos dois lados. Na nossa paróquia essa pastoral é viva e se pratica ao longo do ano. Entretanto, na Semana Santa, o Pe. Lauro, Pe. Marco Antonio, ministros da comunhão e eu intensificamos as visitas. Levamos o óleo da graça e a palavra de conforto. Em cada casa em que entrávamos, deparávamos com uma delicadeza do Senhor; a alegria dos enfermos em receber aquele pequenino grupo da Igreja, ao trazer-lhes a esperança e força de Deus. Um canto religioso criava o clima de acolhida dos dois lados. A palavra de Tiago ressoava com toda a nitidez da força da revelação de Deus, enquanto com o óleo se ungia o enfermo. Outras palavras dos visitantes e as respostas agradecidas e felizes dos doentes fechavam esse pequeno oásis de graça. A cultura em relação à visita aos doentes se tem modificado muito nos últimos tempos por força das transformações sociais. Fatores absolutamente fora do nosso alcance configuram nova situação. Refletir sobre ela ajuda-nos a ir ao encontro das saídas criativas. Na cultura familiar tradicional, o hospital representava solução de emergência e última instância por breve tempo, de modo que a casa permanecia o lugar privilegiado da visita aos enfermos. Famílias numerosas possibilitavam revezamento entre filhos ou parentes no cuidado diário de enfermos ou anciãos. A vida moderna, em que homem e mulher trabalham fora, dificulta a presença contínua de algum parente junto ao enfermo. Daí a solução fácil do hospital ou do asilo. E quando isso acontece, o prévio popular nos alerta: “longe dos olhos, longe do coração”. E assim muitos corações se esfriam, se esquecem e lá estão os doentes entregues à triste solidão. Acrescente-se, ainda, a sobrecarga de trabalho que a vida atual impõe a todos. Depois de 8 horas na labuta, sem contar as horas perdidas no transporte público ou nos engarrafamentos cotidianos, as pessoas voltam exaustas para casa. Como ter energia ainda para cuidar de enfermos? Quanto mais difícil se torna esse mister, tanto mais heroísmo exige das pessoas. E nas visitas encontramos anjos da guarda que cuidam com carinho e desvelo dos parentes fragilizados. A doença e a idade provocam um duplo efeito. Abrem e fecham os corações paradoxalmente. A fragilidade em que se encontra a pessoa dispõe-na para receber mensagens de conforto e esperança. A fé cristã tem o maravilhoso anúncio pascal. Por mais trágica que seja a situação em que o enfermo esteja, Deus se mostra propício com aquele que se põe na luta contra
o mal físico e espiritual. Ele é o primeiro interessado em consolar quem se aflige com dores e fraquezas. E Deus consola de duas maneiras: por meio de nossas palavras humanas e por uma presença misteriosa Dele no íntimo do ser humano. As visitas se tornam verdadeiros sacramentos. Sinais visíveis da Graça invisível de um Deus atuante. Às vezes, o efeito da doença é oposto. A pessoa se fecha no mutismo, na solidão. Não deseja visita nenhuma. Sofre porque ela é a vítima. Diz-se a si mesmo: “por que eu? Por que não podia ser outro?”. Soma-se revolta, inveja, ressentimento. Projeta a raiva sobre outras coisas, pessoas. Torna-se difícil lidar com o paciente nessa fase. As palavras de consolo podem soar como anestésico sem efeito a longo prazo. Nesse momento, requer-se tato pastoral. Antes de abordar o enfermo, mergulhemos um instante em Deus e peçamos-lhe a palavra adequada. À medida que nos aproximamos com essa transparência divina, com a gratuidade de quem só deseja o bem, há esperança de que o coração se abra. Nada como um olhar de bondade, uma voz de acolhida, uma palavra de compreensão. O risco são os lugares-comuns, os discursos que repetimos sem convicção e sem unção. Ouçamos, para concluir, a São João que nos fala da unção, do espírito que nos dá a palavra verdadeira de consolo aos necessitados: a unção, que dele recebestes, permanece em vós e não necessitais de ninguém para vos ensinar. Pois como a unção, vos ensino e é verdadeira e não mentirosa, permanecei nele conforme ela vos ensinou (1Jo 2,27). No Espírito, a nossa palavra será verdadeira. João Batista Libânio é professor e diretor emérito da Faculdade de Teologia do Centro de Estudos Superiores dos Jesuítas.
DIVULGAÇÃO DE LIVRO DO PADRE ANÍSIO Diante da gravidade do problema da Aids e da falta de uma vacina que possa eliminar de uma vez por todas esse temido vírus, o melhor remédio e o meio mais seguro para combater a Aids continua sendo a prevenção. Neste livro, o leitor não vai encontrar nenhum tratado sobre Aids e nem respostas prontas a todas as questões e angústias relacionadas à Aids. O que se tem aqui, além de informações atualizadas sobre a situação atual da Aids no Brasil e no mundo, é uma série de reflexões sobre situações que podem surgir na vida de pessoas portadoras do HIV e/ou doentes que já saíram da fase de portador chegando a fase da doença propriamente dita. Além de algumas rápidas informações sobre a doença, procura-se entender essas situações do ponto de vista humano e à luz da fé cristã e descobrir os primeiros passos para poder lidar com esse desafio de uma maneira um pouco mais adequada.
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EXAMES PERIÓDICOS EVITAM PERDA DA VISÃO NA VELHICE
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eitar-se, levantar-se, caminhar, dirigir, cortar as unhas, tomar banho, fazer compras, usar o transporte coletivo, subir escadas, etc. Essas e outras atividades rotineiras podem se tornar mais difíceis de serem realizadas na terceira idade, se a pessoa apresentar algum problema de visão. Porém, as doenças prevalentes na velhice podem ser diagnosticadas precocemente e tratadas, evitando que a pessoa tenha que abandonar suas atividades diárias. Com o passar dos anos, a visão começa a dar sinais de cansaço. É o que os oftalmologistas chamam de presbiopia. Isso sem falar na pressão intra-ocular, que pode subir e favorecer o aparecimento do glaucoma. Por volta dos 50 anos, a catarata também se torna uma ameaça ao bem estar e à autonomia do indivíduo. A retina também começa a apresentar sinais de envelhecimento e de degeneração macular relacionada à idade. O oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares, de São Paulo, afirma que, a partir dos 40 anos, os exames de visão são obrigatórios e imprescindíveis e devem ser realizados anualmente. Uma das dificuldades visuais mais características do envelhecimento do organismo é a presbiopia, chamada popularmente de “vista cansada”. Tratase de uma alteração no cristalino e no músculo ciliar, que impede a pessoa de enxergar de perto. Quem ainda não enfrenta essa dificuldade, certamente já presenciou alguém afastando os olhos do documento que está lendo, para facilitar a visualização. Segundo os médi-
cos, essa ação, se repetida várias vezes, causa cansaço excessivo pelo simples ato de ler. O uso de lentes corretivas pode compensar o problema, facilmente diagnosticado durante uma consulta oftalmológica rotineira. Com a entrada na quinta década da vida, a catarata deve ser monitorada por consultas anuais. “A catarata provoca aumento da miopia, diminuição da hipermetropia e a necessidade constante de mudar o grau dos óculos. É uma doença típica da terceira idade que pode levar a um sério comprometimento da visão e, consequentemente, à incapacidade, se não tratada”, explica Virgilio Centurion. Como não existe tratamento clínico para a catarata, a única maneira de impedir o avanço da doença e a perda da visão é a cirurgia de remoção do cristalino opaco dos olhos e a colocação de uma lente infra-ocular artificial. “A perda da visão causada pela catarata pode ser reversível. A melhora depende da existência ou não de outras doenças oculares associadas, como a degeneração macular, a retinopatia diabética ou glaucoma”, afirma o médico. Glaucoma pode levar à cegueira e exige controle rígido Outro cuidado que se deve ter na terceira idade é com o aumento da pressão intra-ocular. Os especialistas informam que a doença pode se apresentar de forma crônica ou aguda. Segundo eles, em 80% dos casos crônicos, não há sintomas, daí a importância de exames anuais. Nos casos agudos, os pacientes podem apresentar dor de cabeça, hipertensão intracraniana, visão turva, além de náu-
seas e vômitos. Alguns ainda reclamam de enxergar halos (círculos) coloridos ao redor de luzes incandescentes. O glaucoma requer atenção e controle, pois pode levar à cegueira, quando não tratado adequadamente. É também com a proximidade dos 50 anos que podem surgir embaçamento da visão central, dificuldade para ler, escrever, costurar e para realizar outras atividades que exijam visão em detalhe, desdobramento das cores, percepção de uma área escura ou vazia no centro da visão e alteração do tamanho dos objetos. Todos esses sintomas caracterizam a degeneração macular relacionada à idade. “A macula é uma pequena área localizada na parte posterior do olho, que nos permite detalhes finos com clareza”, explica o oftalmologista Virgilio Centurion. “A degeneração macular afeta tanto a visão para longe quanto a visão para perto”, completa. Na maioria dos casos, a doença atinge um olho de cada vez. O paciente só percebe o problema diante dos sintomas descritos. Porém, o oftalmologista pode detectar a degeneração macular em estágio inicial, durante a consulta de rotina. A doença não causa cegueira total, mas interfere na qualidade de vida. Os óculos comuns não são capazes de solucionar este problema.
Mulher é a maior vítima do olho seco Mulheres que estão entrando na menopausa estão mais propensas à síndrome do olho seco. Se não for tratado,
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o problema pode danificar a córnea. A síndrome é caracterizada pela diminuição na produção das lágrimas e, consequentemente, da lubrificação dos olhos. Os sintomas são incômodos: sensação de areia e corpo estranho, olhos vermelhos, maior sensibilidade ao vento e ao ar condicionado. Existem muitas formas para tratar o problema. Após uma avaliação, o oftalmologista pode indicar o uso de lágrimas artificiais. São recomendáveis também a umidificação do ambiente, evitar o uso de ar condicionado e o uso prolongado do computador ou televisão. Outra razão que reforça a necessidade de exames preventivos a partir dos 40 anos é o uso constante, e muitas vezes abusivo, do computador. De 70% a 90% dos usuários sofrem freqüentemente do problema diagnosticado atualmente como fadiga visual ou síndrome do usuário do computador. “As queixas mais comuns destes pacientes são olhos irritados ou vermelhos, ressecados, lacrimejantes, coceira, cansaço na vista, sensibilidade à luz, dificuldade de conseguir foco, visão de cores alteradas, halos ao redor dos objetos, visão embaçada ou dupla”, enumera o oftalmologista Juan Caballero, integrante do Instituto de Moléstias Oculares. Nestes casos, o paciente precisa mais de orientação do que de medicação, para o alívio dos sintomas. Segundo o médico, piscar é fundamental, uma película de lágrima que fica sobre a córnea, responsável pela manutenção da umidade dos olhos,
indispensável para uma boa visão. Recomenda-se ainda uma pausa de pelo menos dez minutos a cada hora trabalhada, para que profissional relaxe e volte a piscar normalmente. As pausas devem ser para descansar realmente os olhos. Não para continuar lendo outro material. É preciso sair da frente do computador, e de preferência, olhar para uma janela aberta.
Dificuldade visual leva idoso a quedas O declínio da acuidade visual é ainda uma das causas mais significativas das quedas em idosos. Com o envelhecimento, o tamanho e a resposta das pupilas diminuem. Ao entrar em um recinto escuro ou ao sair à noite, o indivíduo idoso tem o risco de queda aumentado, pois o tempo necessário para que o olho atinja um nível de sensibilidade à luz igual ao de uma pessoa jovem é maior. Sendo assim, indivíduos mais velhos precisam de iluminação adequada para andar com segurança. Com o envelhecimento, também pode haver um declínio na percepção da profundidade. Isso pode levar a quedas, associadas com subir e descer escadas. Além dos exames que identificam catarata, glaucoma e degeneração macular, é importante avaliar a mobilidade ocular, ou seja, o potencial de mobilidade da musculatura dos olhos, que revela se existe alguma limitação à movimentação, má coordenação e visão dupla, entre outras doenças oculares.
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XXVIII CONGRESSO DE HUMANIZAÇÃO E PASTORAL DA SAÚDE Já estão definidos os temas para o XXVIII Congresso Brasileiro de Humanização e Pastoral da Saúde que acontecerá nos dias 06 e 07 de setembro em São Paulo. Temática - Escolhe, pois a vida: a contribuição da Campanha da Fraternidade 2008 - Planejamento estratégico da pastoral na saúde – O contexto atual das dimensões da pastoral da saúde – Aspectos preventivos das doenças: crônicas degenerativas; doenças tropicais e doenças cardiovasculares - Doação de órgãos: obrigação e solidariedade - Doação ossos: uma necessidade urgente - Aspectos técnicos científicos referentes ao uso das células troncos - Hábitos saudáveis de vida: uma necessidade urgente - A espiritualidade como fonte de vida.
VIII CONGRESSO DE ASSISTENTES ESPIRITUAIS HOSPITALARES Dirigido mais especificamente a capelães que atuam como assistentes espirituais em hospitais e asilos, este congresso acontecerá de 27 a 29 de outubro em São Paulo e terá como tema central: A prática da espiritualidade ecumênica no ambiente hospitalar. Dentro dessa temática serão abordados os seguintes temas: Como entender espiritualidade hoje? Experiências bem sucedidas de assistência religiosa hospitalar; a comunicação na assistência religiosa aos doentes; possibilidades de práticas ecumênicas na assistência espiritual hospitalar; escuta ativa; assistência pastoral às pessoas idosas e os mecanismos de defesa na assistência espiritual.
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www.quando
a internet atrapalha.com.br
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ara uns é fonte e busca de informações, para outros ferramenta de trabalho e para muitos se torna uma obsessão. Uma das tecnologias mais utilizadas no nosso dia a dia, a internet, pode causar em qualquer indivíduo uma dependência. Em 2006, 10% dos usuários da rede apresentavam algum sintoma de dependência. De lá pra cá esse número foi aumentando, atingindo não só os usuários adultos, mas crianças e adolescentes. Esse fato fez com que o grupo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas avançasse no estudo que busca tratamento de pacientes que desenvolveram alguma forma de dependência tecnológica, pelo Programa Estruturado de Psicoterapia de Grupo. A procura de pais e cuidadores de crianças e adolescentes, com idade entre 12 e 17 anos, motivou os estudiosos a resgatar a auto-estima desses jovens. Hoje, o Hospital das Clínicas de São Paulo, através do ambulatório de Múltiplos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria tria jovens dessa faixa etária, que apresentam dependência de Internet, para tratamento médico e psicoterapêutico em um período de 18 semanas. Os voluntários devem apresentar pelo menos cinco dos seguintes sintomas: -
Preocupação excessiva com a internet;
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Necessidade de aumentar o tempo conectado para ter satisfação;
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Exibir esforços repetidos para diminuir o tempo de uso da internet;
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Irritabilidade e/ou depressão;
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Quando o uso da internet é restringido, apresenta mudança rápida e imotivada do humor;
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Permanecer mais tempo on-line do que o programado;
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O trabalho e as relações sociais ficam em risco pelo uso excessivo;
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Mentir a respeito da quantidade de horas conectadas.
Tendo um caso assim dentro de casa, a recomendação dos psicólogos é que os responsáveis observem se há um objetivo, o fato de o adolescente ficar tanto tempo conectado à internet (como estudo, por exemplo). Para saber mais consulte o site www.dependenciadeinternet.com. br. Lá é possível fazer um teste para saber o grau de dependência. Para informações sobre triagem e tratamento entre em contato pelo telefone: 3069-6975.
Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde Tel. (11) 3862-7286, ramal 3 e-mail: icaps@camilianos.org.br Rua Barão do Bananal, 1.125 05024-000 São Paulo, SP
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