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Informativo do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética dezembro de 2009 Ano XXVI – no 281 Província Camiliana Brasileira

❒ Pastoral

❒ bioética

❒ humanização

O QUE VOCÊ ANDA DIZENDO PARA OS DOENTES? Anísio Baldessin

U

m dia desses conversava com cole­ gas de ministério sobre a visitação de doentes e as características das pes­ soas que desenvolvem esse ministério pastoral. Falávamos que o grupo, em geral, é composto por pessoas de idade avançada, algumas quase sem escolari­ dade ou com pouca competência inte­ lectual. Porém, lembrávamos que essas pessoas são sempre munidas de muita boa vontade, fé e amor. Diante disso, lembrávamos que em geral as pessoas não chegam prontas e por isso devemos investir na formação dos atuais e futu­ ros agentes e visitadores. Por outro lado, não podemos deixar de reconhecer a disponibilidade que esses leigos têm para ajudar. Vontade essa que muitas vezes é até tolhida pelo líder religioso que, sem tempo ou por outros motivos não dá tanta importân­ cia a essa pastoral. Diante disso, cada um vai fazendo do jeito que acredita ser a melhor maneira. Depois de fazermos essas observa­ ções, começamos a refletir sobre como será que se comportam os visitadores quando entram no quarto do paciente. Abaixo aponto algumas atitudes que não podem ser reconhecidas como total­ mente erradas, mas que são no mínimo inconvenientes. Alguém visitava um amigo que esta­ va internado no hospital. Enquanto con­ versava informalmente apareceu uma visitadora. Cheia de alegria, fé, e com a maior boa vontade, sem saber quem era o paciente e muito menos o acompanhante iniciou a visita desta maneira: “boa tar­ de, um beijo de Jesus pra você”. Outra usava uma expressão bastante conhecida

Se você também pensa dessa manei­ ra está um tanto quanto equivocado. Isto porque, como já mencionei várias vezes, em geral toda visita sempre proporciona bem estar para o doente. Por isso, é im­ portante visitá-los. O que é preciso ressal­ tar é como você se comporta quando está dentro do quarto do doente, esteja ele em casa ou no hospital. Não se esqueça que em cada quarto que você entra, não está simplesmente no quarto, mas também no mundo do outro. Por isso, ele é a pessoa mais importante. Assim sendo, a ajuda deve ser toda para ele e não para você contando ir seus problemas.

Evitando as lamentações

que muitos repetem quando entram nos quartos: “a paz de Jesus e o amor de Ma­ ria”. Expressão esta que além de ser uma frase feita muitas vezes é repetida sem pensar e o que é pior, sem saber qual é a convicção religiosa do paciente. A verdade é que na ânsia de ajudar, ser simpático, evangelizar ou mesmo mostrar o trabalho que faz, o visitador muitas vezes, acaba até irritando o pa­ ciente. Este por sua vez, para não ser mal educado e intolerante acaba, diria, “aturando” aquele visitador. Quando ministro palestras e falo so­ bre como visitar um doente apontando as atitudes inconvenientes, muitos vi­ sitadores fazer o seguinte comentário: “acho que vou desistir, afinal eu estou fazendo tudo errado”. Ou ainda, “do jeito que o padre está dizendo é melhor ficar em casa”.

Certo dia eu estava acompanhando a reflexão de um grupo de visitadores que depois de ler um texto discutiam sobre o conteúdo do mesmo. Durante um tempo­ fiquei calado somente ouvindo os co­ mentários. Vendo que eu não falava al­ guém do grupo disse: “e você padre, o que está achando de tudo isso hein? Por um instante ainda permaneci calado e depois respondi: “olha, na verdade es­ tou tentando associar as discussões de vocês ao que está escrito no texto que foi lido. Pois eu não consegui relacionar o texto com os comentários que estão sendo feitos até então”. Na verdade, cada um falava de seus problemas e das dificuldades próprias. Vendo tudo aquilo eu não consegui me conter e disse: “estou assustado. Fico imaginando se é assim que vocês se comportam quando visitam os doentes. Pois isso não é uma visita é um ‘muro das lamentações’. Ou seja, isso que


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vocês estão fazendo é um encontro de ‘feridas’ onde o doente conta sua do­ lorida história e você, o visitador, para animá-lo conta outra pior”. Diante dis­ so alguém disse: “mas isso não é bom? Afinal quando ele percebe que existe algo pior em geral se conforma”. Para provar que isso não é benéfico basta fazer a experiência prática esfregando um ferimento contra o outro. A tendên­ cia natural é que a ferida aumente cada vez mais. Por isso, não fique falando das suas dificuldades. O paciente já tem muitas e não quer ouvir as suas. Eu já escrevi muitos artigos sobre como fazer visita a doentes. Até por isso, reconheço que tenho sido um tanto quanto repetitivo. Porém, cada vez que ouço ou vejo algumas atitudes inconve­ nientes não resisto à tentação de falar so­ bre o assunto. Nesta reflexão não estou apresentando muitas novidades sobre como visitar um doente. Quero simples­ mente chamar a atenção para que cada um faça uma auto-avaliação de como tem se comportado durante as visitas. Você pode dizer que nunca ninguém reclamou de você. Todavia, é impor­ tante você prestar atenção em alguns aspectos. Por exemplo, quando vai à casa de um amigo e principalmente à casa de alguém que você não tem mui­ ta amizade você não fica dando ordens, conselhos sobre o que ele deve ou não fazer, ou ainda sobre os seus proble­ mas. Ou seja, se lamentando. Todavia, se você agir dessa maneira certamente ele não será indelicado com você e mui­ to menos irá expulsá-lo de casa. Mas, certamente não o convidará mais para vir à casa dele. Por isso, veja o que anda dizendo aos doentes para que o mesmo não aconteça com você.

expediente

Anísio Baldessin, capelão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

MENSAGEM DO X CONGRESSO BRASILEIRO ECUMÊNICO DE ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL HOSPITALAR O X Congresso Brasileiro Ecumênico de Assistência Espiritual Hospitalar, reali­ zado em Curitiba, de 26 a 28 de outubro de 2009, foi de intensa convivência ecumêni­ ca e fraterna. A proposta do Congresso é de reunir pessoas com um mesmo sentimento e uma mesma visão, o de servir ao próximo como a si mesmo e refletir nesses dias o seu papel na Assistência Espiritual Hospitalar. Estiveram reunidos 128 congressistas, sob a coordenação da ACAEHB (Associa­ ção Cristã de Assistentes Espirituais Hos­ pitalares do Brasil) com pessoas vindas dos estados de MG, MS, SP, RJ, PR, SC e RS. O tema abordado do Congresso foi: “Valorizando o/a Assistente Espiritual Hospitalar”. O local de reunião foi na Casa de Cursilhos de Curitiba. Os Congressos vêm sendo uma oportunidade para a refle­ xão nos caminhos indicados pelo Mestre Jesus, o ato de servir ao próximo que está em momentos de enfermidade, frágil e ne­ cessitando ser ouvido e amparado. Questionaram-se os princípios da Bioé­ tica regidos pela: Beneficência/ Maleficên­ cia do profissional, autonomia do paciente e justiça, propondo-se um modelo de Bio­ ética de alianças. “Uma saúde, que é fruto da fé, que é prática da caridade, que é alimentada por uma esperança que nasce da nossa relação com o Deus da Aliança”. O assistente espiritual atuando em ambientes impregnados de sofrimento e doenças fica vulnerável ao meio. Amar o próximo como a si mesmo implica em pri­ meira instância cuidar de si mesmo. Nesse processo é necessário haver conhecimento das próprias limitações, deixar-se cuidar física, emocional e espiritualmente. Em todos os debates sobre a Vida é ine­ vitável que se pense sobre a morte. Todos os seres humanos a enfrentarão um dia. “Ao homem está ordenado morrer uma só vez” (Hb 9.27). Morremos como vivemos. A Bíblia diz: “Ensina a contar os nossos

O Boletim ICAPS é uma publicação do Instituto Camiliano de Pastoral da Saú­­de­e Bioética – Província Ca­miliana Brasileira. Presidente: José Maria dos Santos

Conselheiros: Niversindo Antônio Cherubin, Leocir Pessini, João Batista Gomes de Lima, André Luis Giombeli. Diretor-Responsável: Anísio Baldessin Secretária: Cláudia Santana

Revisão: Fadwa Hallage Redação: Rua Barão do Bananal, 1.125 Tel. (11) 3862-7286 ramal 3 05024-000 São Paulo, SP e-mail: icaps@camilianos.org.br Periodicidade: Mensal Prod. gráfica: Edições Loyola Tel. (11) 2914-1922 Tiragem: 3.500 exemplares

dias para que alcancemos corações sábios.” (Sl 90.12) No processo de vivenciar o luto há ne­ cessidade de “deixar partir”, pois a vida não nos pertence, ela apenas tem que ser cuidada. Ilusão e esperança são diferentes. Para os cristãos a esperança vem de Deus e pode inclusive nascer do sofrimento. Es­ perar não é desistir. “A Organização Mundial da Saúde de­ fine cuidados paliativos como aqueles que procuram atender as necessidades dos pacientes terminais procurando por meio de alguns princípios, tais como cuidados para não acelerar e nem pro­ longar com medidas desproporcionais a morte, aliviar dores, suporte psicoló­ gico, espiritual e familiar” (Cuidados Paliativos OMS 2002).

A presença do assistente espiritual é mais importante do que é dito ou feito. Não tente consolar o inconsolável nem curar o incurável. O diálogo racional e o emocional estão em lugares diferentes. Em se tratando de sentimentos é preciso que o diálogo atin­ ja o emocional. A mensagem racional faz pregação, mas corre o risco de não entender os sentimentos. Quem se aproxima da mor­ te ainda está em processo de aprendizagem. Os palestrantes sempre se esmeram em nos trazer conteúdos que nos fazem refle­ tir, o que faz com que ao sairmos de mais um congresso estejamos renovados e com mais preparo para o campo de trabalho. Congresso é sinônimo de crescimento, de confraternização ecumênica, de fraternida­ de e de congraçamento humano. O tema do congresso nos conduziu à reflexão da importância da Assistência Espiritual no contexto hospitalar. As trocas de experiên­ cias são reveladoras onde podemos crescer e estreitar relações. Os congressistas. Assinatura: O valor de R$15,00 garante o recebimento, pelo Correio, de 11 (onze) edições (janeiro a dezembro). O pagamento deve ser feito mediante depósito bancário em nome de Província Camiliana Brasileira, no Banco Bradesco, agência 0422-7, conta corrente 89407-9. A reprodução dos artigos do Boletim ICAPS é livre, solicitando-se que seja ci­tada a fonte. Pede-se o envio de publicações que façam a transcrição.


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Natal: O

Natal está chegando e com ele o sonho de um tempo melhor. Na­ tal é uma data que não pode passar em branco. Precisa ser celebrada com ale­ gria e esperança, contudo não pode ficar só na festa, pois ela passa e voltamos para a realidade, infelizmente com a existência de muitas outras “festas” não tão belas como o espírito natalino. Sen­ do assim, propomos uma reflexão sobre o Natal e a esperança que carregamos para o próximo ano. O ano de 2009 não foi fácil à vida da maioria dos brasileiros. Por mais que o país esteja avançando em alguns as­ pectos, ainda está distante daquela so­ ciedade sonhada pelas pessoas de bem que deram suas vidas por ele. Não é necessário citar o nome dessas pesso­ as, porém lembramos apenas dois, pois eles tocaram em problemas de extrema importância: Chico Mendes, mártir de­ fensor da floresta amazônica e de todo meio ambiente, ainda hoje em proces­ so de destruição e poluição; Betinho, sociólogo, lutou contra o problema da fome, situação de causar indignação, pois, num país tão rico, ainda há cida­ dãos morrendo de fome. Em 2009, mui­ tas árvores caíram ilegalmente, o efeitoestufa agravou-se e muitos morreram de fome, na miséria. Tudo isso, sem falar dos problemas na área da saúde, da edu­ cação, da política etc.. Infelizmente a lista é grande, contudo, apesar de tantos problemas, o Natal é celebrado e o so­ nho de tempos melhores é alimentado. Natal é uma das épocas mais belas do ano. As ruas ficam bonitas, os pré­ dios e as casas são enfeitados e um cli­ ma de fraternidade e solidariedade pa­ rece contagiar as pessoas. É uma época na qual muitas pessoas se reúnem dis­ postas a ajudar os menos favorecidos. Muitas campanhas de Natal são orga­ nizadas. Campanhas dispostas a arreca­ dar brinquedos, roupas, alimentos para serem doados àqueles cujo Natal seria apenas mais um momento de sofrimen­ to, de dor e de angústia diante da triste situação: a gritante desigualdade social.

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ESPERANÇA E COMPROMISSO Alexandre Andrade Martins

Porém essas campanhas não resolvem os problemas do Brasil. Elas são váli­ das e devem continuar, mas é um remé­ dio paliativo, portanto não mata o vírus causador da enfermidade. Natal é tempo de lembrarmos e cele­ brarmos o nascimento de Cristo, porém não somente com a família e amigos numa farta ceia e troca de presentes. É preciso abrir caminhos para Jesus não nascer, mais uma vez, em um celeiro. É um tempo para revermos nossas ações como cristãos e reafirmarmos nosso compromisso com Jesus Cristo. Natal, para o mundo capitalista com sua ideologia de mercado, é a grande festa do comércio. É o tempo de grandes lucros para os templos mercadológicos, sobretudo as enormes catedrais: os shoppings. Esse consumismo e ideologia, na cabeça das pessoas, levam muitos a esquecer o real sentido natalino; levam inúmeros cristãos ao esquecimento do compromisso com Jesus e, desse modo, o Natal torna-se tempo de comprar e comprar, gastar e gastar, ganhar e ga­ nhar, enquanto outros choram e gritam de fome, de sede, de tristeza, nus e sem perspectiva de um Natal alegre e, ao menos, de barriga cheia. Diante disso, fazemos um apelo para, no Natal, não sermos egoístas (pensando somente em nós, na própria família e nos amigos mais próximos), mas olharmos para o outro que nada tem (como alguns fazem, e lembramos as campanhas de Natal) e abrirmo-nos para as súplicas do Meni­ no-Deus que pede ações de caridade em todos os momentos, quotidianamente. Uma bela canção de Reginaldo Ve­ loso diz: nasceu um menino mais pobrezinho que o de Belém. Meninos estão nascendo todos os dias e muitos morrem antes de sentir o gosto da vida. Morreu o menino, nem teve tempo de morrer na cruz, quem dera morresse como o de Belém. Rever nosso compromisso com a causa de Jesus é parar para pensar: o que eu fiz para evitar que meninos (adultos, idosos) morressem vítimas da fome, da miséria, da desigualdade e

da injustiça? Por mais ações que foram feitas, pouco mudamos o mundo neste ano, mas não podemos perder a espe­ rança. Imagine se Deus tivesse perdido a esperança conosco, talvez não tivesse se encarnado. É com a esperança de uma socieda­ de mais justa e fraterna, de uma popu­ lação mais consciente ecologicamente e menos gananciosa, que devemos, depois de pensar e celebrar o Natal, re­ novar (ou assumir) o compromisso com o pobrezinho de Belém, para entrar no próximo ano. A esperança e o desejo de lutar por esses ideais podem ser ali­ mentados por uma experiência mística do mistério do amor de Deus. O Natal é uma ótima ocasião para fazer a experi­ ência desse Mistério. Algo que mantém o pobre e o sofredor vivos e ainda so­ nhando, mesmo num Natal de fome e miséria. Mistério que não deixa o povo brasileiro desistir do seu país e mantém viva a fé no Deus presente na história e nas famílias que clamam por libertação. Mística, mistério, alimento da nossa es­ perança e força para vivermos o com­ promisso exigido pela fé em Cristo. O real sentido do Natal não pode ser suprimido pela lógica capitalista do co­ mércio. Lógica de benefícios para pou­ cos e de exclusão de muitos. O Mistério do Natal, a sua mística, é experimenta­ do por todos aqueles que estão abertos ao pobrezinho de Belém. Mística que mantém vivos os menos favorecidos de esperança e na luta por tempos melho­ res; mística que não deixa morrer no co­ ração de homens e mulheres o desejo de um mundo mais irmão e os sustenta na prática da caridade e na práxis por uma sociedade mais justa, na qual haja pão para todos. A todos, um feliz e Santo Natal e uma entrada de ano revigorada pela esperança e compromissada com o pobrezinho de Belém. Alexandre Andrade Martins é religioso camiliano e presta assistência religiosa no Hospital das Clínicas da FMUSP.


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INJEÇÃO DE ÂNIMO CONTRA A DEPRESSÃO Iara Biderman cazes. Mas, na revisão de 25 estudos feita pela or­ ganização Cochrane, que confirmou que a ativida­ de física melhora os sin­ tomas de depressão, os pesquisadores afirmaram que não há evidência so­ bre qual tipo de exercício é mais eficaz. O que cos­ tuma funcionar melhor é praticar uma atividade física que dê prazer.

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risteza, desânimo, depressão: quando as coisas começam a tornar-se som­ brias ou fica mais difícil levar a vida, é preciso procurar ajuda. Normalmente, a melhor estratégia é combinar diferentes medidas como, por exemplo, uso de remédios ou substâncias com princípios ativos, medidas de autocuidado (com alimentação adequada e prá­ tica de exercícios) e apoio psicoterápico. Em caso de depressão intensa, que, di­ ferentemente da tristeza comum, é doen­ ça, o uso de medicamentos sintéticos pode ser indicado. Mas, para depressão leve ou moderada, há opções de antidepressivos naturais que podem ter efeito. Aqui apresentamos dez itens, que podem levantar o ânimo ou ajudar no tratamento da depressão. Oito deles têm algum grau de evidência. Como critério, foram utilizadas meta-análises (revisões de vários estudos) da organização Co­ chrane, rede global dedicada à revisão de pesquisas na área de saúde. Dois são controversos e precisam de mais estudos sobre sua eficácia e segurança.

Exercícios O exercício estimula a secreção de endorfinas, que causam sensação de bemestar. “Além disso, melhora a circulação e a oxigenação do cérebro. Tem efeitos in­ diretos em sintomas ligados à depressão, como a qualidade do sono”, diz Frederico Navas Demetrio, do Instituto de Psiquia­ tria do Hospital as Clínicas de São Paulo. Em geral, acredita-se que os exercí­ cios de maior intensidade sejam mais efi­

O triptofano O triptofano é um aminoácido es­ sencial, encontrado especialmente em alimentos proteicos, como carnes e lati­ cínios. Não é produzido pelo corpo e pre­ cisa ser adquirido via alimentação. Esse aminoácido leva à produção de serotoni­ na, neurotransmissor relacionado ao pra­ zer e ao bem-estar. Por isso, a suplementação de 5 htp pode ser usada em alguns casos de de­ pressão e tristeza. “É mais indicado para quem tem a deficiência do nutriente, cau­ sada, por exemplo, por dietas vegetaria­ nas pobres em proteínas. Uma alimenta­ ção equilibrada supre as necessidades de triptofano”, diz Vânia Assaly, endocrino­ logista e nutróloga, membro da Interna­ tional Hormone Society. Para ela, o suplemento age especial­ mente na melhora do sono, na redução da voracidade noturna e em transtornos leves de humor. Os suplementos dietéticos de 5 htp são produzidos principalmente a partir de uma planta africana, a Griffonia simplicifollia. Em uma meta-análise, pesquisadores da Cochrane encontraram evidências de que o 5 htp é melhor do que placebo para aliviar sintomas de depressão. Notaram, porém, que a maioria dos estudos não atingiu todos os critérios de qualidade e que mais pesquisas devem ser feitas para verificar possíveis efeitos adversos. Segundo Frederico Demetrio, do Hos­ pital das Clínicas, os primeiros estudos com 5 HTP foram interrompidos porque seu uso provocou dores musculares, mas

elas foram atribuídas a impurezas no pro­ duto utilizado. “Em tese, o 5 HTP de boa qualidade, purificado, pode funcionar”. Porém, o 5 HTP pode interagir com an­ tidepressivos sintéticos, levando à concen­ tração excessiva de serotonina. É contra indicado, ainda, a pacientes com tumores malignos ou doenças cardiovasculares.

Fototerapia A exposição à fonte de luz artificial intensa é um tratamento comprovado para a depressão sazonal – que ocorre no inver­ no, quando o período de luz solar diminui. É freqüente em países mais distantes do Equador, em que os dias se tornam muito mais curtos nos meses de frios. No Brasil, é menos comum. Na fototerapia, uma lâmpada fluores­ cente de pelo menos 2,5 mil lux (unidade de medida de luz) é colocada perto dos olhos da pessoa, sem que esta precise olhar diretamente para a lâmpada. As ses­ sões duram cerca de 30 minutos por dia. Segundo Rubens Pitliuk, neuropsi­ quiatra do hospital Albert Einstein, a fo­ toterapia também pode ajudar em outros casos de depressão, se os sintomas pioram em dias cinzentos. Uma revisão de 20 estudos concluiu que traz benefícios discretos, mas promis­ sores, também para casos de depressão não sazonal, quando usada com outros tratamentos. É possível adquirir aparelhos de fototera­ pia para uso em casa, mas deve haver orien­ tação médica. Também é importante usar aparelho que não emita raios ultravioletas.

Meditação Estudos mostram que a meditação produz mudanças no cérebro, como a re­ dução ou o aumento da atividade de certas regiões. “A hipótese é que reduza hormô­ nios como o cortisol, diminuindo a ansie­ dade, e promova liberação de endorfinas, ligadas à sensação de prazer”, diz José Roberto Leite, coordenador da unidade de medicina comportamental da Unifesp. Em 15 pesquisas analisadas pela or­ ganização Cochrane, pessoas que medita­


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ram apresentaram melhora da depressão em comparação com as que não fizeram nenhum tratamento. O estudo concluiu que a técnica tem potencial para ser o tratamento inicial do problema, especial­ mente para pessoas jovens, com o primei­ ro episódio de depressão ou com quadro considerado bem leve. João Roberto diz que, em geral, a me­ ditação é uma técnica eficaz e de baixo custo para diminuir a reincidências do distúrbio. Para ter efeito, ele recomenda que seja praticada, no mínimo, quatro ve­ zes por semana. “No início, a pessoa pode praticar por cinco a oito minutos. Em uma semana, ela já consegue meditar por dez minutos e vai aumentando gradativamen­ te até chegar a 30 minutos, o que é sufi­ ciente para obter os efeitos”, diz Leite.

Suplementos de vitaminas B12 e B9 As vitaminas B12 e B9 são essenciais para a fabricação de diversos neurotrans­ missores e atuam como moduladores dos sistemas neurológicos e hormonal. Em pessoas deprimidas, pode ser observada uma diminuição dos níveis desses nu­ trientes presentes no sangue. A suplementação dessas vitaminas pode aliviar sintomas de depressão e po­ tencializar efeitos de medicamentos anti­ depressivos. Costuma ser indicada para pacientes com sintomas de deficiência nutricional e alcoólatras (que normalmen­ te apresentam deficiência de nutrientes e, em especial, falta de vitamina B12). Em caso de desânimo ou tristeza não pa­ tológica sem causas aparentes, pode ser in­ vestigada a falta dessas vitaminas por meio de exames de sangue. Nessa circunstância, a suplementação pode ser suficiente. Em pacientes que não estão respon­ dendo aos tratamentos, é recomendado checar os níveis dessas vitaminas encon­ trados no sangue e a suplementação pode auxiliar na obtenção de resultados. Aparentemente, não há efeitos adver­ sos e interações medicamentosas com o uso de suplementos de vitaminas B9 e B12. O excesso desses nutrientes no organismo é eliminado naturalmente pela urina.

Erva-de-são-joão O extrato da erva-de-são-joão (Hype­ ricum perforatum L) é um dos chamados

Primeira romaria nacional da pastoral da saúde Local: Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida Aparecida – São Paulo. Data: 13/02/2010 – 09 Horas Realização: Pastoral da Saúde Nacional da Regional Sul 1 Tema: Saúde pública: uma questão de prioridade! Programação: 09h00min - Início com Celebração Eucarística no Santuário. Após a celebração teremos, no salão nobre, a palavra do Sr. Bispo Dom Fernando Antônio Brochini, Articulador do Regional Sul 1 e do Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde André Luiz de Oliveira. Objetivos: - Divulgar a Pastoral da Saúde; - Sensibilizar a Igreja e as autoridades governamentais para as questões graves e alarmantes da Saúde Pública no país; - Agradecer a Nossa Mãe Maria Santíssima para que continuemos verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo.

Organize caravanas e ajude a fazer o dia acontecer.

AVISO IMPORTANTE A TODOS OS AGENTES DA PASTORAL DA SAÚDE A Coordenação Nacional da Pastoral da saúde da CNBB está fazendo um abaixo-assinado para conseguir o maior número possível de assinaturas e, junto à Presidência da CNBB, pedir para que o tema da Campanha da Fraternidade, até no máximo 2014 essa entidade eleja a Saúde Pública e Hábitos Saudáveis de Vida como tema central da Campanha. Os interessados em participar desse abaixo-assinado poderão reivindicar o formulá­ rio de assinatura junto à secretaria da Coordenação Nacional da CNBB pelo telefone Tel: (34)3217-6434 com Maria Marta das 08h00min às 12h00min ou através do e-mail: pastoraldasaudenacional@yahoo.com.br

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antidepressivos naturais mais estudados. Porém, seu mecanismo de ação ainda não está totalmente esclarecido. “Aparente­ mente, seus princípios ativos têm ação se­ melhante à dos (medicamentos sintéticos) inibidores da recaptação de serotonina”, diz Frederico Demetrio, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Uma meta-análise feita pela organiza­ ção Cochrane concluiu que o extrato de erva-de-são-joão tem efeito superior ao do placebo e similar ao dos medicamentos sintéticos no tratamento de depressão leve a moderada. Foram analisados 29 estudos, que incluíam, no total, 5.489 pacientes. Os autores ressaltaram que, como há grande variedade de produtos à base de er­ va-de-são-joão no mercado, os resultados só são aplicáveis para as preparações testa­ das no trabalho, incluídos na meta-análise. “É preciso usar extrato de qualidade com as concentrações adequadas dos princípios ativos da planta”, diz Demetrio. O mais importante é saber que a ervade-são-joão interage com outros medica­ mentos e não pode ser usada com alguns deles. “O uso associado a outros antidepres­ sivos, por exemplo, pode levar à síndrome serotoninérgica (concentração excessiva de serotonina), que causa de mal-estar a alucinações”, afirma Demetrio. Entre os efeitos adversos, a erva-desão-joão pode aumentar a fotossensibili­ dade –causando manchas e eczemas na

pele com a exposição à luz e causar secu­ ra na boca e constipação intestinal.

Acupuntura A acupuntura busca reequilibrar a chamada “energia vital” por meio da es­ timulação de pontos específicos do corpo. A depressão, dentro dessa perspectiva, é entendida como um desequilíbrio no flu­ xo energético entre os órgãos. Restaurar esse fluxo e a saúde geral do indivíduo é uma estratégia para lidar com estados de desânimo. Martius Luz, do setor de medicina chinesa e acupuntura da Unifesp (Uni­ versidade Federal de São Paulo), diz que, além da restauração de energia, acreditase que a acupuntura gere respostas no sistema nervoso central que estimulam a produção de serotonina. Uma revisão de sete estudos envol­ vendo 517 pessoas avaliou que não há evidência de que os medicamentos sinté­ ticos sejam melhores do que a acupuntura para diminuir os sintomas de depressão. Por outro lado, os pesquisadores dizem não ter dados para concluir sobre a eficá­ cia da acupuntura por si só. Os efeitos começam a surgir após cerca de cinco aplicações, mas podem demorar mais, dependendo da saúde geral e do grau de depressão do paciente. “Para alguns, são necessárias 15 aplicações”, afirma Luz.

Tristeza não é depressão A tristeza é um sentimento benéfico de ser experimentado; a depressão é uma do­ ença. Tristeza é uma forma de lidar com a dor psíquica causada por uma situação ob­ jetiva. Por exemplo, a morte de uma pessoa próxima ou a separação amorosa não dese­ jada. Por isso, para diagnosticar a depres­ são a pessoa deve apresentar cinco ou mais sintomas por pelos menos duas semanas. - Sentir-se deprimido ou “triste” a maior parte do tempo. - Ter interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina. - Sentir-se inútil ou experimentar cul­ pa excessiva. - Ter dificuldade de concentração e raciocínio. - Ficar apático, sem energia e com muita fadiga. - Ter distúrbio do sono (insônia ou sonolência excessiva) praticamente todo dia. - Ter distúrbios alimentares, como falta ou excesso de apetite, assim como ganho ou perda de peso sig­ nificativos sem estar seguindo um regime alimentar especifico. Artigo extraído do Jornal Folha de São Paulo – Caderno Equilíbrio de 16/jul/2009.

Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde Tel. (11) 3862-7286, ramal 3 e-mail: icaps@camilianos.org.br Rua Barão do Bananal, 1.125 05024-000 São Paulo, SP

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