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Julho de 2010 ANO XXVII - nº 287 PROVÍNCIA CAMILIANA BRASILEIRA

SÃO CAMILO E A PASTORAL DA SAÚDE PADRE TADEU DOS REIS ÁVILA.

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ara ser um bom agente de Pastoral da Saúde não basta apenas preparo técnico. Afeto e ternura em São Camilo são elementos fundamentais na espiritualidade camiliana e no cuidado com os enfermos. Na primeira regra que escreveu para orientar a vida da comunidade nascente dizia: “ Em primeiro lugar, cada qual peça a Deus que lhe dê um afeto materno para com o próximo, a fim de podermos servi-lo com todo amor, tanto na alma quanto no corpo pois, com a graça de Deus, desejamos servir todos os doentes com o mesmo carinho que uma extremosa mãe dedica ao seu filho doente”. Suas recomendações referentes ao cuidado com os enfermos chegava aos mínimos detalhes, a ponto de pedir que os seus seguidores amassem os doentes como a mãe que cuida de seu único filho enfermo. Até mesmo para administrar as refeições aos enfermos existiam normas bastante detalhadas. Vejamos: “Ao assistir os doentes na hora da refeição, cada qual procure, com amor e palavras atenciosas, estimulá-los a se alimentar, erguendo-lhes a cabeça e prestado-lhes outros serviços, conforme o Espírito Santo inspirar, mas sempre respeitando a vontade dos doentes. Ao arrumar as camas procure, com diligência e amor, mudar os lençóis e as roupas quando estiverem sujas avisando, com simplicidade e bondade, o encarregado. Quando for necessário levantar os doentes da cama com os braços, procure erguê-los com toda caridade possível, evitando movimentálos muito ou deixá-los apanhar frio. Cubra-os logo que estiverem fora da cama e tome cuidado para que fiquem com a cabeça erguida. Quando um doente estiver muito grave e já perto da morte, não arrume sua cama sem antes falar com o

médico, a fim de não lhe encurtar a vida. Se, porém, a cama estiver muito suja, procure limpá-la sem mexer o doente e sem incomodá-lo. Quando o doente for desenganado pelo médico ou estiver em agonia, faça o possível para ajudá-lo a morrer bem. Evite, com toda a diligência possível, tratar os doentes com maus modos, isto é, com palavras grosseiras ou coisas semelhantes. Antes, sejam tratados com mansidão e amor, lembrando as palavras do Senhor: “ O que fizerdes ao menor destes, foi a mim que o fizestes”. Por isso, cada qual considere o pobre como a pessoa do Senhor.” Somente quem tem um amor muito grande lembraria de dar estas recomendações. A pessoa que está preocupada consigo mesmo ou com seu status ou com lucros, pensaria em planos estratégicos sobre a melhor forma de conseguir uma grande clientela capaz de garantir lucros exorbitantes. Camilo está

preocupado com a pessoa humana e com seu bem estar. A motivação dele não são os dólares e os euros que um enfermo poderá render para o hospital mas é a presença de Nosso Senhor que deseja ser amado e servido na pessoa do enfermo. Um dia, na rua, viu um pobre doente abandonado. Ergueu-o do chão e, enquanto o acompanhava ao hospital do Espírito Santo, ao passar em frente à porta de uma casa, uma senhora que varria, levantava contra ele pó e sujeira. Camilo disse-lhe: “Senhora, por favor, espere um pouco e tenha respeito enquanto passa esse pobrezinho” e apontou para o doente com grande respeito. Lembra o Padre Cicatelli- “ Acudiam os doentes no hospital do Espírito Santo de forma que parecia que não estivessem atendendo homens mortais e mais miseráveis, mas ao próprio Cristo doente e cheio de feridas naquelas camas e todos os que os viam, ficavam admirados e edificados por sua caridade”. Acontecia, às vezes, que os empregados do hospital deixavam aos cuidados do Santo os doentes mais sujos e diziam com ironia e desprezo: “Vamos deixar esses fedidos para o padre Camilo” O Servo de Deus, se, de uma parte, recriminava o indigno tratamento que davam aos membros de Cristo, de outro, alegrava-se por sanar aquela falta com seu respeito e com a sua caridade. A caridade de Camilo foi desinteressada. Nos enfermos procurou e encontrou apenas Cristo. Ricos e pobres, nobres e plebeus, sábios ou ignorantes, amava-os indistintamente e servia--os com igual caridade, pois não esperava nada deles, mas só de Deus:“ Servir, confortar e atender os doentes sem distinção de pessoas, pois Deus quer assim”. Se havia alguma preferência,


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essa deveria ser para os mais pobres e necessitados: “meus filhos”, recomendava aos seus Religiosos, “Atendam, de preferência, os doentes mais pobres, mais abandonados, para ajudá-los e assisti-los até a morte”. Um dia, ao arrumar a cama de um doente que, por estar muito mal, não tinha sido virado há alguns dias e havia criado vermes, Camilo, tirando o travesseiro infestado de vermes, chamou os seus Religiosos que estavam na enfermaria e, levando-o aos lábios, beijou-o e disse comovido: “Ó! irmãos, eis as gemas, eis as pérolas que coroarão no céu os bons e perfeitos Ministros dos Enfermos”. Um dia um Religioso estava ajudando Camilo a dar banho e trocar um doente. Como não tinha prática, sujou as mãos e mostrou nojo. O Santo disse-lhe carinhosamente:” Filho, leve em conta estas luvas de ouro pois a caridade deve ser feita com alegria e coração aberto”. “Deus queira”, suspirava, “que eu seja digno de morrer com as mãos imersas na prática da caridade com os doentes”. Quando, em 1590-91, por causa da carestia e da epidemia que assolavam Roma, houve quem julgasse necessário mandar embora os pobres que tinham condições de arrumar um pouco de comida num outro lugar, Camilo protestou com veemência. Estando, um dia, com grupo de pobres que estavam sendo mandados embora, compadeceuse deles e pôs-se a segui-los, insistindo com o encarregado que não executasse as ordens recebidas, até que conseguisse interceder por eles. Comprometeu-se a alimentá-los ele próprio. O oficial aguentou quanto pôde mas, depois, vencido pela súplicas e lágrimas de Camilo, acabou entregando-lhe alguns daqueles pobres. Em certa ocasião, estando o hospital abarrotado e sem camas, foi necessário acomodar os doentes no chão, sobre palha. Camilo, triste e desolado, queixou-se: “Estou comendo pão de amargura ao ver os membros de Cristo sofrendo, sem poder prestar-lhes o socorro de que precisam”. Segundo o testemunho do padre Pelliccioni, Camilo, ao cuidar dos doentes, “parecia realmente uma choca sobre seus pintainhos ou, então, uma mãe perto de seu filho doente. Como se suas mãos e seus braços não externassem todo o seu carinho, geralmente se inclinava e encurvava sobre o doente, quase querendo, com o coração, a respiração e o espírito, proporcionar--lhe a ajuda de

que estivesse precisando. E, antes de se afastar daquela cama, ajeitava mil vezes o travesseiro e as cobertas, na cabeceira, nos pés e nos lados. Como que atraído ou retido por um ímã invisível, parecia não encontrar o caminho para ir embora, indo e voltando muitas vezes de um lado para outro da cama, duvidando e perguntando ao doente se sentia bem, se precisava de alguma outra coisa e, exortando-o a ter paciência, falava-lhe de muitas coisas espirituais”. Ele próprio ensinava a seus Religiosos como arrumar as camas. A primeira aula dava-a em casa. Punha uma cama no meio da sala- com cavaletes, tábuas ,colchão, lençóis, cobertas, travesseiros -“para ver -diz o padre Lavagna- se sabiam arrumar a cama como ele queria”. Em seguida, um religioso deitava na cama e, completando a aula, ensinava como trocar os lençóis e outras roupas do doente. Mas não queria que aprendessem apenas a técnica, queria ver, sobretudo, caridade com que trabalhavam. No hospital, todos, padres e irmãos, deviam prontificar-se para arrumar as camas com amor e dedicação: “Quando for dado o sinal para arrumar as camas dos doentes, cada qual vá imediatamente à sua enfermaria e arrume as camas juntamente com o companheiro indicado pelo superior”. Um serviço de tamanha importância deveria ser feito, no entender de Camilo, com muito espírito de fé e por isso determinou: “Ao arrumar as camas, rezem-se salmos ou outras orações”. Um dia foram contar a Camilo que um pobre tinha caído numa cloaca. Foi logo para o local, tirou o coitado, levou-o para o hospital, tirou-lhe a roupa, lavou-o e colocou-o numa cama limpa e quente, salvado-lhe a vida. Além da limpeza geral, Camilo cuidava muito da limpeza das mãos, do rosto e da boca dos doentes. Ele próprio passava, de manhã cedinho, de cama em cama, servindo a todos os doentes uma bacia de água para que lavassem a boca e os ajudava a escovar os dentes e a limpar a língua com um instrumento de prata. Dava aos doentes a possibilidade de lavar as mãos e o rosto, ajudando-os com muito carinho. Cortava as unhas de quem precisava, raspava a barba, cortava os cabelos e desinfetava a cabeça de parasitas,praga muito comum na época. “Antes do almoço e do jantar dos pobres,o irmão vice-enfermeiro corporal ofereça-lhes água para lavar as

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mãos, pondo, no inverno, água para esquentar e o irmão enfermeiro espiritual ofereça-lhes as toalhas, que... deverá trocá-las duas vezes por semana, aos domingos e às quintas-feiras. Camilo se preocupava também com a limpeza das enfermarias dos hospitais. Arrumou uma pazinha de ferro e “com ela, todos os dias, raspava e limpava o pavimento do hospital grande de Milão...para que os doentes não sujassem os pés quando levantassem”. No inverno fazia questão que houvesse gorros, meias, tamancos, agasalhos e outras coisas necessárias para abrigar os doentes contra o frio. Não se preocupava apenas com os doentes do hospital onde estava, mas se preocupava também com os que estavam longe, escrevendo e interessando um ou outro dos seus Religiosos. Lembrava ao superior de Milão e ao enfermeiro chefe daquele hospital, que pedissem ao mordomo “um gorro de pano grosso para cada doente, a fim de que não fiquem como agora, sem nada na cabeça, sobretudo com esse frio, pois devem sofrer muito”. À Noite, quando estava de plantão, lá pelas tantas, preparava e dava aos mais fracos, fatias de pão esquentado e ensopado em vinho de primeira. Uma noite, embora estivesse chovendo muito, foi dormir no hospital a fim de se levantar a certa hora e servir um ovo fresco a um doente: “se não for” dizia, quase para justificar sua caridade -“ quem servirá o ovo àquele doente”. Recorria aos benfeitores e benfeitoras para que arrumassem algum prato especial para certos doentes. Muitas vezes ele próprio saía para procurar ovos frescos, mel, licores, frutas ou marmeladas. A caridade levou-o a preparar e a dar a papinha aos bebês. Quando, por falta de nutrizes, não conseguia ter leite suficiente, procurava cabras para atender às necessidades. Os temas: cuidado, ternura, serviço, compaixão, misericórdia, figuram de modo especial na pessoa de Jesus Cristo que declara ser Ele o “Bom Pastor” (ho poimên ho kalós: o “Belo Pastor”: Jo 10,11), que vem trazer vida em abundância para suas ovelhas (cf.Jo 10,10). Possamos também nós, a exemplo de São Camilo, crescer cada vez mais no amor e no desejo sincero de servir Cristo na pessoa do Irmão Enfermo.


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QUEM NÃO SE DESTACA, SE DESCARTA ANÍSIO BALDESSIN Normalmente, não sou favorável ao uso de frases feitas ou repetição de alguns “chavões”. A razão é simples. Muitas dessas frases não são verdadeiras. Por exemplo, “Deus dá o frio conforme o cobertor”. Para termos certeza de que isso não é verdade, basta apenas fazer a experiência de ficar sem roupas num dia de muito frio. Pela própria constituição física, nosso organismo não resiste. Outra muito popular é: “sem advogado não se faz justiça”. Nada contra a classe desses profissionais, até porque eles realmente contribuem para uma sociedade mais justa. Porém, muitas vezes a justiça é feita sem a presença de advogados. Outras, com advogado pode se cometer também injustiças. “Quem não vem pelo amor vem pela dor”. É verdade que através da dor muitos se aproximaram de Deus e mudaram suas vidas. Como disse Victor Frankl “O sofrimento serve para nos despertar para uma realidade”. Todavia, através da dor, muitos também se afastaram de Deus. Enfim, poderíamos citar inúmeras frases feitas que nem sempre retratam a realidade. A frase que dá nome a esse artigo, além de ser uma das minhas preferidas, acredito que seja muito real. Isto porque no mundo atual é tudo muito descartável. E as mudanças que sempre estiveram presentes em nossas vidas, nos dias atuais, acontecem de maneira tão veloz que nos obrigam a tomar decisões rápidas e, ao mesmo tempo, certeiras sem termos chance de errar! Acrescente-se a isso que cada vez mais as pessoas buscam qualidade. E, com tantas opções, o nível de exigência das pessoas aumentou e a paciência diminuiu. Portanto, neste mundo de mudanças, onde tudo parece estar ficando tão parecido, só sobreviverá quem conseguir se adaptar mais rapidamente e se diferenciar dos outros, oferecendo o melhor serviço com a melhor qualidade, ou seja, quem se destacar. a Sempre é tempo A equipe de Pastoral da Saúde, em

geral, é constituída por pessoas maduras que até então nunca tinham atuado neste campo. Por isso, muitas pessoas são movidas por ideal de solidariedade que nem sempre é acompanhado por competência. E, por já terem certa maturidade, costumam dizer: “Já estou muito velho (a) para aprender” ou ainda: “ A essa altura do campeonato, não tenho muito mais o que fazer”. Para quem pensa assim poderíamos citar o também antigo exemplo ou a lenda da águia. “A águia, aos quarenta anos, está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, tornando o voar uma tarefa muito difícil! Quando isso acontece, ela têm duas alternativas: morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias. Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo. Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só cinco meses depois sai o formoso vôo de renovação para viver então mais trinta anos. Embora seja uma história muito repetida encaixa-se bem no mundo atual. Pois ao contrário do que disse o salmista no Salmo 89 “A setenta anos vai a duração de nossa vida, fato notável quando chega a oitenta”, hoje são muitos os que estão ultrapassando essa marca. Portanto, como para muitos a aposentadoria chega muito cedo, sobrará muito tempo. No mínimo, uns vinte anos para desenvolver atividades voluntárias, solidárias. Mas, para isso, é preciso estar preparado para o novo. O novo diz: “Em terra de cego é

tudo muito escuro .Quem cedo madruga fica com sono o dia inteiro. Quem tudo quer é egoísta. Saco vazio não tem nada dentro. Quem ri por último, não entendeu a piada. Os últimos, serão desclassificados. De grão em grão, se faz uma plantação”. Por isso, é importante estarmos abertos como a rosa e não fechados como o repolho. a A rosa e o repolho A rosa e o repolho são plantas distintas. Uma serve para embelezar e perfumar o ambiente. A outra é usada como complemento alimentar. O repolho nasce aberto como uma rosa e, à medida que vai crescendo, vai se fechando cada vez mais. Fecha-se com tudo que cai sobre ele. O calor do sol, a poeira e água. Esses elementos importantes para seu desenvolvimento, principalmente a água, podem fazer com que ele se perca antes mesmo de chegar o ponto da colheita. Além disso, pode exalar um “cheiro” que ninguém gosta de estar próximo. A rosa, por sua vez, “nasce” fechada. Mas, com o tempo e a contribuição da natureza, ela vai se abrindo. E, à medida que se abre, ela fica mais bonita e perfumada. Saiba que a rosa quanto mais velha, mais cheirosa fica. Por essa razão, ao contrário do repolho, vai atraindo a atenção das pessoas. Quem é que não gosta de parar e apreciar uma bela rosa? Às vezes, mesmo depois de seca, alguns gostam de guardar algumas dessas pétalas. Por isso, independente da idade e de fazermos um trabalho voluntário, devemos estar sempre abertos para as novidades que a vida oferece e que o mundo moderno exige. Com tantas opções (doutores da alegria, bibliotecoterapia, contadores de história, entre outros), se não estivermos atentos e não nos destacarmos em nossa ação pastoral, certamente seremos descartados. Anísio Baldessin é capelão hospitalar e Coordenador da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo

Padres e Irmãos Camilianos a Serviço da Vida “Estive enfermo e me visitaste” (Mt 25,36) Serviço de Animação Vocacional Rua Barão do Bananal, 1125 – 05024-000 São Paulo – SP - Tel. (11) 3872-7063 vocacional@camilianos.org.br - www.camilianos.org.br


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QUE EXAMES UMA PESSOA DEVE FAZER COM O INTUITO DE SE PREVENIR? VEJA EXAMES INDICADOS PARA CADA IDADE DR. THIAGO MONACO Frequentemente o geriatra é procurado para os exames de rotina. Essa preocupação reflete uma melhor postura das pessoas em relação à sua saúde, reconhecendo que a prevenção é importante. No entanto, que exames uma pessoa deve fazer com o intuito de se prevenir? A resposta para essa pergunta aparentemente tão simples é: depende. E para entendermos por que depende, precisamos entender o que é um exame de check-up, ou de rastreamento, como dizemos tecnicamente. ? Para nos ajudar a prevenir, um exame tem que ter algumas qualidades. Em primeiro lugar, tem de ser um exame seguro. Não faz sentido alguém chegar ao médico sem sintomas e ter de fazer um exame perigoso. Além disso, outras características têm de estar presentes nas doenças que queremos prevenir: os exames de rotina são direcionados ou para detecção de fatores de risco ou determinadas doenças. Falemos primeiro das doenças. Para serem incluídas em um check-up, essas doenças precisam: ? Ter uma fase assintomática de doença que possa ser detectada pelo exame (se a doença dá sintomas sempre que aparece, ela permitirá que o paciente venha ao médico, quando possivelmente fará exames de diagnóstico, não de prevenção; ou então, melhor ainda, essa doença pode ser prevenida antes que aconteça – falaremos mais tarde dos fatores de risco); ? A detecção precoce dessa doença (ou seja, antes de seus sintomas) precisa fazer diferença no curso da doença, ou seja, diagnosticar essa doença antes da fase sintomática ou aumenta as chances de cura ou de sobrevida ou melhora a qualidade de vida de alguma forma que não seria possível se esperássemos a fase dos sintomas (se não faz diferença fazer o diagnóstico precoce de uma doença, não faz sentido ficar fazendo os exames!); ? A doença em questão precisa ser comum na população geral ou o risco de aparecimento em um paciente específico precisa ser alto: também não faz sentido fazermos testes de detecção precoce de doenças que aparecem em uma pessoa

a cada 10 milhões! Agora falemos dos fatores de risco: ou seja, aquilo que precisamos dizer é: um bom check-up precisa fazer o bem para a pessoa que o realiza – ou fazer o bem ao detectar alterações que possam ser tratadas a tempo de melhorar a saúde ou fazer o bem ao mostrar que a pessoa está livre de um ou de outro problema comum. Com esse conceito, nós podemos melhorar a resposta: Saber quais exames fazer depende de quais são as doenças comuns em uma determinada população (dentre aquelas que preenchem os requisitos acima), associadas aos riscos familiares e pessoais de cada paciente (nesses riscos temos que considerar hábitos de vida e de saúde, como atividade física, fumo, etc.). Assim, não existe uma resposta por idade ou história familiar somente. É do cruzamento dos dados do paciente com sua idade e com o perfil de saúde da população que o médico vai montar a melhor bateria de exames para cada paciente. Como uma regra geral, vale a pena procurar seu geriatra pela primeira vez por volta dos 30 anos de idade. Ele fará uma consulta detalhada e, através de dados de seu histórico familiar e hábitos de saúde pessoais, selecionará os exames que sejam mais adequados para seu perfil.Mas dá para se ter uma boa ideia, a princípio, de quais são esses exames. Algumas doenças começam a ficar cada vez mais comuns algumas a partir dos 30 anos, outras um pouco mais tarde. Exemplos: Hipertensão arterial: após os 18 anos de idade, devemos medir a pressão pelo menos a cada 2 anos, sempre que estiver normal; ? Câncer de mama: mamografia para todas as mulheres acima dos 40 anos, anualmente; ? Câncer de intestino: após os 50 anos: pesquisa de sangue oculto nas fezes anualmente ou retossigmoidoscopia a cada 5 anos; ? Diabetes: após os 45 anos devemos fazer a glicemia de jejum uma vez por ano; ? Anemia: pode ser detectada

precocemente com um hemograma a cada ano e, a partir daí, a investigação deverá levar às suas causas e tratamento; ? Função da tireóide: em mulheres, a partir dos 35 anos e a cada 5 anos a partir daí; ? Colesterol ou triglicérides altos: devem ser medidos uma vez por ano ou duas vezes por ano em pessoas com alto risco; ? Depressão: sempre deve ser pesquisada em idosos, pois muitas vezes os sintomas atípicos impedem o diagnóstico; fazemos a pesquisa através da consulta médica, idealmente uma vez por ano ou sempre que houver suspeita; ? Síndromes demenciais (dentre elas, a mais comum é a doença de Alzheimer): devem ser pesquisadas em idosos pelo menos uma vez ao ano; ? Osteoporose: a densitometria óssea deve ser feita em mulheres após a menopausa; se o exame é normal, deve ser repetido ao menos a cada 2 anos. É importante ressaltar que a frequência dos exames acima ou a idade com a qual começamos a fazê-los, varia de acordo com o histórico familiar, o exame físico e os hábitos de vida de cada um. Assim, o ideal para se fazer um “check-up” benfeito e que vai realmente prevenir doenças e melhorar a sua saúde, promovendo um envelhecimento saudável, é consultar um geriatra e estar com sua saúde acompanhada por ele.

Dr. Thiago Monaco é Médico pela Faculdade de Medicina da USP, Exmembro do corpo clínico do Hospital das Clínicas da FMUSP, Doutorando pela Faculdade de Medicina da USP, Professor Assistente de Geriatria da Universidade de Santo Amaro. Contato: dr.thiago@envelhecerbem.com www.envelhecerbem.com Fonte: http://idmed.uol.com.br/Saúde/Exames /exames-geriatricos.html


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PROGRAMA DO XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE HUMANIZAÇÃO E PASTORAL DA SAÚDE a

TEMA: 30 anos de Pastoral da Saúde: refletir sobre a história, olhar o futuro SÁBADO – Dia 04 de setembro

DOMINGO – Dia 05 de setembro

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7h30 às 8h15 - Entrega de material e inscrições 8h15 às 9h15 - Celebração de abertura 9h15 às 10h15 - 30 anos de Congresso de Pastoral da Saúde: refletir sobre a história e pensar o futuro - Pe. Léo Pessini / Pe. Anísio Baldessin / Dr. André Luiz de Oliveira / Christian Barchifontaine 10h15 às 10h45 - Intervalo para café 10h45 às 12h15 - Fraternidade e Economia: a relação entre economia e saúde - Pe. Júlio Munaro 12h15 às 13h30 - Intervalo para almoço 13:30 às 14h - Tribuna livre 14h15 às 15h15 - Os leigos na Igreja e a sua relação com a Pastoral da Saúde - Dom Odilo Pedro Scherer 15h15 às 15h45 - Intervalo para café 15h45 às 17h15 - Discípulos missionários no mundo da saúde: guia da pastoral da saúde para a America Latina e Caribe - Pe. Léo Pessini / Alexandre A. Martins / Dr. André Luiz de Oliveira 17h30 - Encerramento 18h00 - Assembléia dos Coordenadores Diocesanos da Pastoral da Saúde.

7h45 às 8h40 - Celebração da missa 8h45 às 10h - Segurança e saúde pública: prioridades nacionais – Dr. Daniel Saidel 10h às 10h30 - Intervalo para café 10h30 às 12h - Política de Saúde e humanização: 30 anos de Pastoral da Saúde - Pe. Christian Barchifontaine 12h às 13h30 - Intervalo para almoço 13h30 às 13h45 - Tribuna livre 13h45 às 15h40 - A comunicação na visita aos enfermos: aprendendo com Jesus a ser solidário com os enfermos Pe. Anísio Baldessin / Monica Trovo 15h40 às 16h15 - Intervalo para café 16h15 às 17h - Vida saudável na velhice – Zally Vasconcelos / Maria Inês Nunes 17h30 - Encerramento

Local: Centro Universitário São Camilo Av. Nazaré, 1501 – Ipiranga - São Paulo – SP

FICHA DE INSCRIÇÃO A inscrição deve ser feita mediante depósito bancário em nome de: Província Camiliana Brasileira - Banco Bradesco – Agência 0422-7 – Conta corrente 89407-9. Atenção: Após o depósito, enviar esta ficha e o comprovante bancário do depósito para o endereço Rua Barão do Bananal, 1125 - CEP 05024-000 - São Paulo – SP. Você também poderá mandar esta ficha e o comprovante pelo Fax. (11) 3862-7286, ramal 6 ou por e-mail: icaps@camilianos.org.br

Nome: Endereço: Nº: Cx. Postal Nº: CEP:

Complemento:

Cidade: Fone:

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TAXA: R$ 25,00 até o dia 27 de Agosto / R$ 40,00 até o dia 31 de agosto (data limite para a inscrição) Atenção: a organização do congresso não se responsabilizará pela hospedagem e alimentação dos participantes e a inscrição somente será efetivada após a confirmação via telefone


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Lançamento de mais uma obra sobre São Camilo “Camilo de Lellis: mais coração nas mãos” A Editora Paulinas, em parceria com o Centro Universitário São Camilo, apresenta, no mês em que celebramos o dia de São Camilo, a mais recente obra sobre a vida desse santo, conhecido como “Gigante da Caridade”. Esse livro foi escrito pelo estudioso italiano Mario Spinelli, especialista em literatura espiritual, que, depois de se encantar com a vida de São Camilo, decidiu conhecer de forma mais profunda a trajetória desse santo. O resultado foi a publicação desse livro em italiano e que agora é publicado em português. Como é grande o poder da graça de Deus, quando alguém se dispõe a colaborar com ele, como São Camilo de Lellis! De militar mercenário, fez-se seguidor de Cristo e se tornou o exemplo de bom samaritano, totalmente consumido por uma maternal solicitude e uma dedicação incansável à melhora das condições dos doentes e dos sofredores. Camilo era gigante da caridade, um homem de Deus e de oração, um místico para quem a Eucaristia era a fonte da vida. Sua mensagem continua sempre nova e provocadora, não só aos profissionais da saúde, mas a todos os cristãos movidos por

compaixão. “Coloquem mais coração nas mãos! Não é suficiente fazer bem as coisas, é preciso fazê-las com o coração. O Amor é o melhor remédio para todos os males, aquele que torna eficientes todas as outras terapias” (São Camilo) Esse livro pode ser adquirido na secretaria do ICAPS.

O Boletim ICAPS é uma publicação do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética - Província Camiliana Brasileira. a

Presidente: Leocir Pessini Conselheiros: Ariseu Ferreira de Medeiros, Antonio Mendes Freitas, Olacir Geraldo Agnolin e Arlindo Toneta. Diretor-Responsável: Alexandre Andrade Martins Secretária: Cláudia Santana Revisão: Adailton Mendes da Silva Redação: Rua Barão do Bananal, 1.125 Tel. (11) 3862-7286, ramal 3 05024-000 São Paulo SP e-mail :icaps@camilianos.org.br Periodicidade: Mensal Prod. Gráfica: IGM3 Tiragem: 2.500 exemplares A

Assinatura: O valor de R$15,00 garante o recebimento, pelo Correio, de 11 (onze) edições (janeiro a dezembro). O pagamento deve ser feito mediante depósito bancário em nome de Província Camiliana Brasileira, no Banco Bradesco, agência 0422-7, conta corrente 89407-9. A

A reprodução dos artigos do Boletim ICAPS é livre, solicitando-se que seja citada a fonte. Pede-se o envio de publicações que façam transcrição.

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