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AÍ^GO

SÃOGMILO 4 > PASTORAL DASAÚDE INFORMATIVO DO

I N S T I T U T O C A M I L I A N O DE PASTORAL D A SAÚDE E BIOÉTICA ANO XXVII

N ^ 2

DEZEMBRO/2010

Aos Agentes de Pastoral da Saúde Qstimados Agentes de Pastoral da Saúde, decidi dirigir-

amor ao próximo, atuando no mundo da saúde em prol

me a vocês neste editorial. Tenho uma estima muito

da dignidade do ser humano.

grande por todos que dedicam parte do seu tempo, da iua_iQda.aSLe)(ercício de um trabalho voluntário para o bem das pessoas mais necessitadas, especialmente aqueles voluntários no mundo da saúde, uma realidade, como todos sabem, marcada pelo sofrimento, pela dor, pela angústia e a ansiedade, mas também repleta de esperança e de pessoas que na sua f r a g i l i d a d e descobriram a força que têm.

Todas as dificuldades que apresentei anteriormente existem, e a elas acrescento a dificuldade de capacitar e formar agentes para atuar no mundo da saúde de forma mais eficaz e significativa, mas não posso deixar de exaltar tudo que tem sido feito pelo nosso Brasil afora. E seria injusto eu não agradecer esses Agentes por tudo que têm feito pelos doentes, pobres e necessitados que clamam por solidariedade, justiça e dignidade. Queridos

Exercer um trabalho voluntário não é algo fácil. Muitos

Agentes de Pastoral da Saúde, muito obrigado por toda

manifestam o desejo de realizá-lo, mas não dão o

dedicação, trabalho e amor aos enfermos e sofredores.

primeiro passo em direção á concretização. Outros até

O testemunho de vocês é sem dúvida um sinal de luz

dão esse passo, mas não querem assumir como um

para o mundo, sobretudo para a humanidade ferida pela

compromisso formal. Há aqueles que desejam trabalhar

dor da injustiça e do egoísmo. Digo a vocês: ainda temos

v o l u n t a r i a m e n t e quando f o r possível, isto é, no

muitos problemas em nosso meio, especialmente em

momento em que sobrar um tempinho na sua rotina,

relação à capacitação, formação e atualização, muitas

fazem alguma coisa. Esses não se adequam ao trabalho,

dificuldades existem, pois a realidade da saúde no Brasil

mas é o trabalho que deve se adequar a eles. Também

ainda está longe da que g o s t a r í a m o s , mas não

percebo que muitos desejam ser voluntários, têm grande

desanimem, tenham coragem, tenham fé e vivam a

boa

caridade.

vontade,

disponibilidade

de

tempo

e

"responsabilidade, mas não a c e i t a m receber uma formação adequada, pois acham que, para um trabalho voluntário, é perda de tempo. Em uma frase: há muitas pessoas querendo ser voluntárias para ajudar os outros, mas há poucas profundamente comprometidas.

Chegamos ao f i m do ano, tempo de revisão, de traçar metas e de recarregar as energias. Que a estrela de Belém que apontava

para

o

Por meio do ICAPS, tenho tido a oportunidade de conhecer

Menino-Deus possa

muitos grupos de Pastoral da Saúde pelo Brasil e colaborar

apontar para o rosto

com a formação de inúmeros Agentes. Isso permite que

desse M e n i n o ,

eu paulatinamente conheça as diferentes realidades dos

cresceu e doou sua

grupos de pastoral e também do contexto da saúde por

vida

este nosso imenso país. Segundo dados da Coordenação

próximo, resplandecida

Nacional da Pastoral da Saúde da CNBB, estima-se que

no

no Brasil há mais de 80 mil Agentes de Pastoral da Saúde

sofrem e nos fortaleça

espalhados pelas cinco regiões. Um número significativo

na caminhada.

de pessoas de bem, motivadas pela fé em Cristo e o

por rosto

amor dos

que ao que

I'E. A L E X A N D R E A N D R A U L M A R I I N S DIRETOR DO ICAPS - INSTITUTO CAMILIANO D E PASTORAL DA SAUDE


SÃO(^ILO,,

.

f^pASTORAL

a

,

D A ^ A U D E

Noções sobre a dor

No processo da dor ocorrem danos à biologia da pessoa. É afetada a biografia (projetos, estilos de vida, mundo emocional, vida social, vida espiritual...) e se diminui a biofilia (autoestima, sentido existencial...). A dor é uma experiência global. Afeta toda a pessoa, em todas e em cada uma de suas dimensões: física, emocional, intelectual, social, valores e espiritual.

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Quando morre um ser querido, tomamos consciência da realidade de sermos também nós mortais, que iremos morrer. Nessa pessoa morta se estende um prolongamento de nosso "eu", porque ela sentia conosco e nós sentíamos com ela ou para ela.

è

Aqui estão as principais reações que podem ocorrer, com maior ou menor intensidade: Na dimensão física: dor de cabeça; secura na boca; sensação de estômago vazio; falta de energia e fraqueza; choro fácil; dores agudas no corpo; calafrios; aperto no peito e na garganta; taquicardias e hipertensão; anorexia e perda de peso (ou o contrário pela ansiedade); alteração no sono; doenças neoplásicas por imunodeficiência, provocada por estados depressivos; aumento da morbidez.

Cu

s:

Na dimensão emocional: tristeza e depressão temporal; ansiedade e/ou agitação; estranheza diante do m/jr.do hôt-^ludy; desejo da presença do falecido; necessidade de falar com o falecido; nostalgia; obsessão por recuperar a perda; desejo de unir-se ao falecido; suspiros; rompimento e vazio interiores; sensação de perder uma parte do próprio corpo; sentimento de impotência, inutilidade; insensibilidade e desinteresse; sentimento de abandono e solidão; culpa e arrependimento; mal-estar geral em certas datas, festas, dias de chuva...; arrependimento por não havê-lo desfrutado mais; apreensão de que aconteça algo mau, medos; temor de apegar-se a entes queridos, diante de possíveis mortes; perda de autoestima; irritabilidade e mau humor; tendência a vícios; falta de desejo sexual; síndrome de "dor ambivalente": mistura de sensação de alívio com sentimentos de culpa. Na dimensão intelectual: desorientação da própria identidade; confusão e aturdimento mental; não aceitação da realidade; divisão no "tempo vital": "um antes e um depois"; alucinações visuais e auditivas; dificuldade de atenção e concentração; entrega ao narcisismo do ego; incapacidade de coordenação mental; obsessão por encontrar respostas; aceitar mensagens negativas do sofrimento; centrar a mente e as conversas no falecido; sensação de orfandade: "pais órfãos"...; viver na ambivalência. Na dimensão social: autoisolamento; hiperatividade; hipersensibilidade a ruídos, risos, temas superficiais...; desejos de superproteção; crença de não poder pedir ajuda nem recebê-la; desejos de ser compadecido; desconcentração no trabalho; despreocupação pelo cotidiano e pelos que estão próximos; ausência de projetos comunitários; perda do sentido de autoridade; desinteresse pelos acontecimentos exteriores; nas conversas, permanente referência ao próprio sofrimento. Na dimensão de valores: desconfiança nos valores e objetivos pelos quais lutou e pôs tanta ênfase na vida; tendência a desmotivar-se em ajudar aos outros; considerar que os problemas dos outros agora são insignificantes comparados com o próprio sofrimento; ter sensação de insensibilidade diante do sofrimento alheio; não encontrar forças para viver com valores altruístas como antes. Na dimensão espiritual: consciência da finitude humana: somos mortais; crises de transcendência e ideais; crises de sentido da vida; reviravoltas radicais da própria existência; busca de uma nova identidade; decréscimo; dúvida do amor e bondade divinos; sentir-se abandonado por Deus; desconserto pelo silêncio de Deus; ressentimento contra Deus e isolamento da Igreja. Como podemos observar, esses sintomas próprios da depressão são componentes normais nas dores pela morte de entes queridos sem que a eles se associem quadros depressivos ou dores patológicas. Não obstante, o sofredor pode adquirir um estado de ânimo depressivo, isto é, uma disfunção, que pode prolongar-se por dois anos. O sofrimento é depredador Pe. Mateo Bautista religioso camiliano e missionário na Bolívia

EXPEDIENTE

SÃOCAMILO gri^ASTORAL

o

B O L E T I M SÃO

CAMILO

PASTORAL

DA

SAÚDE

t UMA

PUBLICAÇÃO D O

PRESIDENTTE: L E O C I R P E S S I N I C O N S E L H E I R O S : A R I S E U FERREIRA DE M E D E I R O S . A N T O N I O M E N D E S D I R E T O R RESPONSAVEL: ALEXANDRE A N D R A D E

INSTTTUTO C A M I L I A N O DE

DA:>AUDE

PASTORAL D A SAÚDE E B I O É T I C A - P R O V Í N C I A C A M I L I A N A BRASILEIRA

FREfFAS. O L A C I R G E R A L I X ) A G N O U N

E ARUNCXD TONETA

MARTINS

SECRETARIA; C L A U D I A S A N T A N A IORNALISTA RESPONSÁVEL DÉBORA MORAIS M T B

A KCmOOUÇÁO

40.597AP

REVISÀa.

QlIC

L I N A M E N D E S E A D A Í L T O N M . D A SILVA

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PROJETO G R A F I C O E D I A G R A M A Ç Ã O : FEUPE TORRES CEP:0S022-001

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BIVSIUIRA.


O natal em um gesto de vida Cintia e Paulo tinham pouco tempo de casados. Ela, 25 anos, psicóloga; ele, 28 anos, cardiologista. Em um 24 de dezembro, saíram para visitar algumas lojas e fazer as últimas compras de natal. Ao estacionar o carro, Cíntia viu, ao lado, uma menina que aparentava uns 8 anos se aproximando do seu carro. A menina usava uma sandália de couro, com o calcanhar já gasto até o chão, um vestido curto e apertado, cabelos despenteados, olhos castanhos e com um ar de quem passa fome.

Q

Cíntia lembrou-se dela mesma que, com essa mesma idade, perdeu os seus pais e foi morar com uma tia. Lembrava também dos bons cuidados que tinha, mas nunca como os de mãe; dos motoristas que a levavam e traziam ao colégio; do carro que recebera quando passou no vestibular etc. A menina ia chegando perto deles com a mão estendida, como quem pede alguma coisa e o segurança gritou do outro lado: - Deixa o doutor em paz, menina!

LO

ss

de carinho que a sua esposa teve comigo passando a mão nos meus cabelos, tentando dar uma ajeitada... Nem minha mãe... Foi quando Cíntia perguntou: - E sua mãe? Cadê? Respondeu a menina, entre lágrimas: - Morreu junto com meu pai e meu irmão. Só eu me salvei porque estava assistindo TV na casa da vizinha, na outra rua. Uns caras confundiram a nossa família com a família de uns traficantes que moravam ao lado. Entraram lá em casa e renderam todo mundo à bala. Coitado do meu irmão - disse aumentando o pranto nem viu nada, pois já dormia sobre o sofá. Você mora com quem?

Paulo lhe perguntou comovido: - Quer ir morar com a gente? Nós não temos filhos. Antes que a menina respondesse, Cíntia foi quem falou: - Sério, Paulo?! Isso é verdade?

- Deixa para lá, nós não podemos c o n s e r t a r o mundo.

Acha que estou brincando diante de uma situação dessa?

Ela respondeu:

Limpando as lágrimas, a menina respondeu:

- Mas parece que está com fome, quem sabe...

- Ei, moço, doutor, espere aí! Cíntia olhava para trás querendo esperar, mas Paulo continuava andando e dizendo: - Vamos, vamos! Deixa! Cíntia reagiu: - Não! Vamos esperar! Ela quer nos falar alguma coisa e até traz algo na mão.

Perguntou Cíntia.

- Sozinha, na rua... só por isso que peço dinheiro às pessoas pra comer alguma coisa... e, às vezes, não consigo nada, aí vou dormir em algum canto.

O casal, de braços dados, seguiu a n d a n d o , mas Cíntia levava a expressão de quem queria entender a q u e l a s i t u a ç ã o , mas Paulo dizia:

Enquanto isso, a menina conseguiu chegar mais próximo deles e disse:

DD

Ah, eu quero, quero mesmo! E Paulo continuou: - Só tem uma coisa. Você tem que se sentir nossa filha de verdade, assim como nós queremos ser teus pais para sempre. - Sim - foi tudo que a menina disse naquele momento e depois com a vida. E assim, o natal daquela família foi realmente um presépio vivo, gerando vida nova, transformada.

- Espere um pouco, vou t e dar um dinheiro.

Natal é vida que nasce da humanidade sofrida e humilhada, mas que nasce também do coração de qualquer pessoa que sabe ou aprende a amar; que aprende a doar um pouco de si mesmo. Natal é um sonho de amor numa realidade a ser amada. Não podemos desistir nunca deste sonho, pois é a vida que grita, pedindo, quem sabe, apenas um gesto de carinho, de lealdade, de fraternidade e de solidariedade. Isso só depende de mim. Só depende de nós. Sonhemos e realizemos a vida, juntos. Só isso e o tudo que um gesto como esse garante: dignidade da vida que muitos perderam e anseiam por reencontrá-la.

Ela respondeu com os olhos rasos d'água:

Pe. Adailton Mendes

- Não, não precisa doutor. Nada melhor do que este gesto

Camiliano e membro da Equipe ICAPS

Sem muito apreço, ele parou. A menina encostou e disse: - Moço, a sua carteira caiu, toma! Sem agradecer, Paulo foi logo conferindo tudo para ver se não faltava nada. Cíntia, que tanto agradeceu á m e n i n a , esperava que o esposo desse a l g u m a gratificação, mas a menina foi saindo. E Paulo Disse:


"1^

REALIZAÇÕES D O ICA u Pu C/5

H

V í h e g a m o s ao f i m de mais um ano e apresentamos ao nosso leitor o breve relatório das atividades e mudanças realizadas pelo ICAPS em 2010, um ano no qual foi assumido em novo projeto, que ainda está em curso e experimento. Aos nossos leitores e colaboradores, agradecemos pelo apoio, incentivo e ajuda. Esperamos que vocês continuem colaborando conosco em 2011 para juntos trabalharmos na promoção da saúde e da vida para o nosso povo, por meio da Pastoral. Cursos, palestras, eventos e reuniões ,„^,„mmMuitos cursos, palestras e eventos foram realizados pelo ICAPS neste ano. Alguns por sua própria iniciativa, outros em parceria com outras instituições, comunidades e grupos de pastoral. Aqui também contam as palestras ministradas em Encontros de Pastoral da Saúde não organizados pelo ICAPS, mas que alguém da nossa equipe foi assessorar. Destacamos, entre os mais diversos eventos, o XXX Congresso Brasileiro de Humanização e Pastoral da Saúde com a participação de 650 pessoas, nos dias 04 e 05 de setembro, no Centro Universitário São Camilo. Ao todo foram 38 eventos ligados à Pastoral da Saúde, entre cursos, palestras, seminários e oficinas. Ocorreu a participação em alguns eventos importantes ligados à Pastoral da Saúde, como na Peregrinação de Capelães Hospitalares em Lourdes, na França. Boletim São Camilo Pastoral da Saúde Dentro de um projeto de inovação e integração de todas as atividades camilianas no Brasil e com o objetivo de tornar mais agradável a leitura e contribuir de forma mais bela e atraente com a Pastoral da Saúde no nosso país, o Boletim ICAPS foi totalmente modificado no seu lay-out, ganhando um novo rosto e passou a se chamar São Camilo Pastoral da Saúde. Com essa mudança,

ficaram explícitos os nomes São Camilo - patrono dos enfermos e profissionais da saúde, grande reformador na assistência humanizada e com dignidade aos enfermos, sobretudo aos mais pobres e abandonados e Pastoral da Saúde, a qual r e ú n e milhares de voluntários por todo Brasil a s e r v i ç o do Reino de Deus no mundo da saúde, pela E N C O N T R O D A PASTORAL D A SAÚDE E M C A X A M B U - M G promoção da saúde e defesa da vida com dignidade. A Pastoral da Saúde deixa de ser uma sigla para ser uma marca que carrega por trás o dom de Deus manifestado em São Camilo e continuado, na humildade e na solidariedade, por inúmeros agentes e religiosos que respondem o chamado de Cristo para viver o carisma da misericórdia junto aos sofredores. São Camilo Pastoral da Saúde passa a ter uma nova estrutura na organização do seu conteúdo, dividido por seçòes e temáticas, com artigos mensais nas á r e a s de p a s t o r a l , h u m a n i z a ç ã o , e s p i r i t u a l i d a d e , bioética, saúde..., que possam contribuir para a formação a atuação dos agentes. Também divulgará informações sobre a Pastoral da Saúde no Brasil e as principais publicações nesse campo. Kárã complementar essas inovações, a sua tiragem passou de 2500 exemplares para 3000, no intuito de difundir cada vez mais a Pastoral no Brasil e tornar essa publicação acessível para o maior número de agentes de pastoral. Investimentos e mudanças de sede

X X X C O N G R E S S O BRASILEIRO D E HUMANIZAÇÃO E PASTORAL D A SAÚDE

Neste ano também foram feitos alguns investimentos na e s t r u t u r a do ICAPS, t a n t o física c o m o operacionalmente. Na estrutura física: a sede do ICAPS mudou da Rua Barão do Bananal, 1125, para a Av. Pompeia, 888. Para tanto, foram feitos investimentos em reformas para o novo espaço adequar-se às necessidades do ICAPS, na compra de equipamentos, como computador e impressora. Outro investimento grande foi a aquisição de um carro, depois de analisar a necessidade de se t e r um veículo para auxiliar na operacionalização das atividades. A compra foi realizada depois de submissão ao parecer do Provincial e seu


conselho e a respectiva aprovação. Encontro de Capelães e Religiosos Camilianos que atuam na Pastoral da Saúde No dia 23 de setembro aconteceu no Seminário São Camilo do Ipiranga - SP o Encontro de Capelães e Religiosos Camilianos que atuam na Pastoral da Saúde. O Encontro contou com a participação de 18 religiosos e foi organizado pelo ICAPS, juntamente com o Pe. Ariseu, c o n s e l h e i r o r e s p o n s á v e l p e l a á r e a d e ministérios. O encontro foi dividido em duas partes. ^Na primeira, aconteceu uma conferência com a Profa. Dra. Heloísa Helena Campos, psicóloga do Instituto de Infectologia Emílio Ribas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, professora da PUC-SP e da UNISAL, que ministrou a conferência: Sofrimento e Relação de Ajuda no acompanhamento pastoral. No segundo momento, todos os religiosos apresentaram suas atividades na pastoral da saúde. Formação da Equipe ICAPS Um dos grandes desafios para a atual coordenação do ICAPS é a formação e concretização da Equipe ICAPS, que foi uma das exigências do último Capítulo Provincial. Alguns passos já foram dados, como abrir espaço no ICAPS para maior participação dos religiosos; colocar toda a estrutura e o material pastoral do Instituto à disposição, e o envolvimento dos religiosos camilianos ^ no ICAPS, para que eles sintam-se mais unidos a esse

SEDE DAS E N T I D A D E S

CAMILIANAS

E NOVA SEDE D O I C A P S

d e p a r t a m e n t o da Província que está a serviço de t o d o s . Muitos religiosos, especialmente os de v o t o s s i m p l e s da Comunidade Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, estão colaborando com os cursos e palestras de Pastoral da Saúde. Os r e l i g i o s o s d e votos simples, na prática operacional, estão hoje constituindo a Equipe ICAPS. Contudo muitos passos precisam ser

dados. A questão da Equipe ICAPS será a principal pauta do próximo encontro de Capelães camilianos. Colaboração com a Coordenação Nacional da Pastoral da Saúde e Publicações O ICAPS t e m c o l a b o r a d o a t i v a m e n t e c o m a Coordenação Nacional da Pastoral da Saúde da CNBB por meio da assessoria técnico-científica. Essa colaboração tem produzido bons frutos, como parcerias em trabalhos conjuntos para a promoção da saúde e a defesa da vida por meio da Pastoral da Saúde. Ele também tem colaborado na preparação da Campanha da Fraternidade de 2012, cujo tema será Fraternidade e Saúde Pública e o lema Que a saúde se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8). Essa Coordenação encontra-se em um tempo de pensar a transição de gestão, que deverá ocorrer em setembro de 2011 e o ICAPS tem sido presente nesse processo. Entre as publicações promovidas pelo ICAPS, destacamse duas obras: Discípulos missionários no mundo da Saúde: Guia da Pastoral da Saúde para a América Latina e Caribe e a obra Pastoral da Saúde em defesa da vida e do morrer com dignidade: fundamentos e prática. A p r i m e i r a é um d o c u m e n t o do CELAM e a segunda um ENCONTRO DA COORDENAÇÃO NACIONAL estudo realizado D A PASTORAL D A SAÚDE C O M A U T O R I D A D E S pelo Pe. D O M I N I S T É R I O D A SAÚDE Alexandre,

i

diretor do ICAPS. O Instituto tem colaborado com artigos ligados à Pastoral da Saúde e à Bioética em colunas mensais no Jornal Camilianos do Santuário São Camilo do Rio de Janeiro, para a Agência de Informações Frei Tito para a América Latina - Aditai - e com a revista camiliana peruana Mil Brazos, além de artigos e entrevista para outros veículos de comunicação que solicitaram. Para o próximo ano, esperamos c o n t i n u a r nessa caminhada na Pastoral da Saúde e temos como uma das p r i o r i d a d e s a p r e p a r a ç ã o da Campanha da Fraternidade de 2012 e a integração maior de toda a Pastoral da Saúde no Brasil. Esperamos contar com a colaboração de todos, para isso, críticas e sugestões podem ser enviadas.


A ORAÇÃO N A V I D A D Q LO

i

J a n t a Teresa do Menino Jesus define a Oração Cristã,

decisiva para prosseguir pela justa estrada: nem cair

dizendo: "Para mim, a oração é um impulso do coração,

numa soberba que despreza o ser humano e, na

é um simples olhar lançado ao céu, um grito de

realidade, nada constrói, antes, até destrói; nem

reconhecimento e amor no meio da provação ou no

abandonar-se à resignação que impediria de deixar-se

meio da alegria".

guiar pelo amor e, assim, servir o ser humano. A oração,

O Catecismo da Igreja Católica define a oração como sendo "a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes. A humildade é o fundamento da oração. 'Nem sabemos o que seja conveniente pedir'

O

(Rm 8, 26). A humildade é a disposição para receber gratuitamente o dom da oração; o homem é um mendigo de Deus" (Cat. da lg. Cat. n. 2559).

como m e i o para h a u r i r continuamente a força de Cristo, torna-se, aqui, uma urgência

inteiramente

concreta. Quem reza, não desperdiça o seu tempo, mesmo quando a situação apresenta

todas

as

"Permanecei em mim e eu permanecerei em v ó s "

c a r a c t e r í s t i c a s de uma

(Jo15, 4). O Papa João Paulo II recordava que essa

emergência

reciprocidade constitui precisamente a substância, a

impelir, unicamente, para a

alma da vida cristã, e é condição de toda a vida pastoral

ação.

autêntica. Obra do Espírito Santo em nós, a oração

afrouxa a l u t a c o n t r a a

abre-nos, por Cristo e em Cristo, à contemplação do

pobreza ou mesmo contra

rosto de Pai. Aprender essa lógica trinitária da oração

a m i s é r i a do p r ó x i m o "

cristã, vivendo-a permanente, sobretudo na liturgia,

(Deus Caritas Est, 36).

A

e

parece

piedade

nao

meta e f o n t e da vida eclesial, mas também na experiência pessoal, é o segredo de um cristianismo

Pe. Saneio Cicatelli, no seu

verdadeiramente vital, sem motivos para temer o

livro "Vida do Padre Camilo

J;uturopQrque voUa çontinuainente às fontes e aí se

de Lellis", fala-nos que a

regenera. Um dos grandes desafios da Igreja é sem

vida de oração na vida de

dúvida fazer de nossas comunidades, movimentos,

C a m i l o não f o i um a t o

pastorais, autênticas "escolas" de oração, onde o

apenas, mas um estado,

encontro com Cristo não se exprima apenas em pedidos

isto

de ajuda, mas também em ação de graças, louvor,

constante de sua alma a

adoração, contemplação, escuta, afetos de alma, até

Deus.

se

verdadeiramente

piedade indolente, demasiado sensível e puramente

"apaixonado". Uma oração intensa, mas sem afastar

intelectual. Dizia ele: "Não é boa piedade que corta as

do compromisso na história: ao abrir o coração ao amor

mãos à caridade e torna os homens de chumbo." Para

de Deus, aquela (oração) abre-o também ao amor dos

ele, a caridade, como a fé, devia estar unida às obras,

irmãos, tornando-nos capazes de construir a história

ou seja, é a piedade que converte as obras em

segundo o desígnio de Deus. A oração abre o nosso

oração".

chegar

a

um

coração

coração à solidariedade. Bento XVI recorda: "O contato vivo com Cristo é a ajuda

é,

uma

adesão

Suspeitava

da

Camilo, nas suas orações, não se detinha em ideias sutis ou especulativas, mas se concentrava no lado


A G E N T E D A PASTORAI aberto de Cristo crucificado, lá se entretinha, pedia

contínua oração. E queria que assim fosse também para

graças e expunha as suas necessidades e fazia elevados

os seus religiosos. Escrevia ao Pe. Oppertis: "estou-me

e divinos colóquios com seu amado Senhor. Não rezava

convencendo que Deus me fez uma grande graça ao me

para sentir prazer e a suavidade celeste, mas para

chamar a esta vinha e, seguindo este caminho, procurar

reencontrar forças para o trabalho e para a luta pela

agradá-lo e servi-lo. E não se tender nem para a direita

salvação das almas.

nem para a esquerda, mas seguir sempre em frente,

Achava difícil que uma alma ame a Deus, sem que ame o próximo. Repetia muitas vezes as palavras de São João: "Se não amo o meu irmão

com a alma unida ao Criador, por meio de santa e contínua oração, através da santa leitura dos livros espirituais, com a confissão e o desprezo de si mesmo, fundado na santa humildade".

a quem vejo, como posso amar a

Camilo também ensinava que " o homem não consegue

Deus que não v e j o " . Os resultados

perseverar na prática do bem sem praticar a oração".

de suas orações faziam-se sentir de

Desde o início da fundação estabeleceu: "Todos os dias,

forma admirável. Recebeu inúmeras

reunidos na capela, façam uma hora de oração e, na

graças, frutos da oração.

medida do possível, de manhã, mas se isso não for

Camilo dizia de si mesmo:

"Nas

minhas orações eu não consigo

possível, cada qual faça a sua oração durante o d i a " . É preciso rezar sempre, insistia.

das

São Camilo nutriu uma devoção filial para com a Mãe

árvores". Sua oração era como a do

de Deus. Recorria a ela com muita confiança: "Em tuas

penitente que se mantém escondido,

mãos, ó Maria, coloco todos os meus pedidos de graças

humilde, mortificado, decidido a

a Deus e as espero de T i " . "Ai de nós pecadores,

andar

por sobre

a copa

odiar o pecado, p r o n t o para se mortificar e praticar a caridade com o próximo.

suspirava, se não tivéssemos essa grande advogada no céu, pois ela é a tesoureira de todas as graças que saem das mãos de Deus". De fato, reconheceu que foi de Nessa Senhora que recebeu a graça da sua conversão,

O exterior de Camilo era um tanto

no dia 02 de fevereiro de 1575, festa de sua purificação.

a u s t e r o . De poucas

Lembrou esta data o resto de sua vida.

palavras,

'

?/ ,-

pensativo, parecia um homem em

A Oração é uma questão de amor. Quem ama sempre

constante oração. Quando rezava

encontra tempo para a pessoa amada. Deus nos ama

com a comunidade, sua postura

apaixonadamente e quem tem consciência desse amor

externa não apresentava nada de extraordinário. Devoto

faz o possível e o impossível para corresponder a esse

e modesto, executava todos os atos externos de culto

amor, amando. E a forma que temos de demonstrar esse

que, além de edificar, ajudam a alma a se recolher e

amor para com Ele é encontrar tempo para Ele na oração.

manifestam a sua fé.

Os Santos permanecem modelos insignes de caridade social, porque antes foram homens e mulheres de

No hospital, tanto de noite quanto de dia, na casa religiosa ou na rua, sempre e em toda a parte, a oração era para Camilo algo espontâneo, mais querida e habitual. O seu trabalho com os doentes era uma

oração. Pe. Tadeu dos Reis Ávila Religioso camiliano, que trabalha em Monte Santo de Minas-MG


ro\

SÃOQMILO

\Pj

g^lASTORAL DA^AUDE

No Natal, não esqueça o principal Diz

uma lenda que certa mulher pobre com uma criança no colo passou diante de uma caverna e escutou uma

voz misteriosa que lá de dentro lhe dizia: "Entre e apanhe tudo o que você desejar, mas não se esqueça do principal. Lembre-se, porém, de uma coisa: depois que você sair, a porta se fechará para sempre. Portanto,

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aproveite a oportunidade, mas não se esqueça do principal...." A mulher entrou na caverna e encontrou muitas riquezas. Fascinada pelo ouro e pelas jóias, deixou a criança no chão e começou a juntar, ansiosamente, tudo o que podia no seu avental. A voz misteriosa falou novamente: "Você agora, só tem oito minutos." Esgotados os oito minutos, a mulher, carregada de ouro e pedras preciosas, correu para fora da caverna e a porta se fechou... Lembrou-se, então, que a criança lá ficara e a porta estava fechada para sempre! A riqueza durou pouco e o desespero, sempre. Todos os dias, e principalmente no Natal, uma voz sempre nos adverte: "Não se esqueça o principal!" E o principal são os valores espirituais, a vida, as amizades, a familia, o amor, enfim, "os tesouros da alma!" Portanto, não nos deixemos levar tão somente pela riqueza e pelos prazeres materiais que nos fascinam tanto, mas que, muitas vezes, nos levam a deixar de lado o principal. Pois quando passam as festas, tudo isso acaba, ficando em segundo plano. Por isso que Jesus, razão de ser do Natal, disse: "Busque primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça, e tudo mais vos será acrescentado". Por isso, não esqueça o principal.

Feliz e Santo Natal! São os votos de toda Equipe ICAPS

SãoGmilo

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