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SÃOGMILO PASTORAL DASAÚDE Afinco
" I N F O R M A T I V O D O I N S T I T U T O C A M I L I A N O DE PASTORAL DA SAÚDE E B I O É T I C A ^ ^ A N O X X V I I N.295 A B R I L 2011
A Liberdade do Doente Q n q u a n t o pessoa consciente em possessão de suas faculdades mentais, o doente está livre, notadamente quanto
C/5 z
à aceitação de seu tratamento. É exato que esta liberdade comporta limites, tanto por respeitar a própria liberdade do médico que não pode agir contra sua consciência, quanto para se enquadrar no bem comum ou na moral comum, ou ainda por outras restrições sobre as quais eu teria podido me estender quando redigi o capítulo "Princípio de autonomia" no Compêndio "Bioética e Clínica" (C. A. Urban e outros, RJ, Revinter, 2003). Assim é chocante obrigar por via de recurso judicial os serviços públicos do país a gastarem enormes importâncias para importar remédios ainda insuficientemente testados, nem reconhecidos no Brasil, em vista de uma problemática sobrevivência, quando as mesmas importâncias salvariam seguramente a vida de centenas de
C/5
neonatos ou o u t r o s d o e n t e s pobres, com alimentação ou remédios comuns. São poucos os
o
países dispostos a tanta generosidade, apesar de tudo que se escreve sobre a melhor e mais
H
8
j u s t a r e p a r t i ç ã o das a l o c a ç õ e s
públicas
disponíveis para a saúde. Declarações constitucionais afirmando amplos direitos em prol dos cidadãos para o transporte, por e x e m p l o , ou a s a ú d e , das quais
as
constituições russas são exemplares, servem praticamente
apenas
para
os
ricos
ou
privilegiados que têm os meios de acionar a justiça mediante advogados adequados. Abusos similares são conhecidos no terreno das expropriações de terrenos que o Estado deve pagar preços absolutamente exorbitantes, pagos com elementos de salários de trabalhadores não precisamente ricos. No entanto esta nota almeja, sobretudo, defender a liberdade normal do doente consciente; por isso criticamos uma frase que lemos num paper de Tristan Engelhardt, de 2008, sem saber se ele mesmo defende a medida prevista. O texto que lemos propõe remediar ao real ou suposto déficit no quadro dos sacerdotes e capelães de hospitais, mediante a instituição de um "quadro secular" de "orientadores", além do que existe notadamente no quadro de psicólogos(as). Os novatos receberiam uma formação, uma titulação, uma nomeação, uma remuneração que achamos muito problemáticas. Receamos não apenas um novo cabide de empregos inúteis, mas sobretudo um risco para tirar do paciente o pouco de liberdade de que pode ainda dispor realmente. Se o paciente reconheceu ter uma religião ou ideologia qualquer, o conselho suposto útil teria raízes confessáveis; senão ele mesmo pode designar um parente, um amigo, um médico de sua confiança, mesmo sendo ele mesmo totalmente agnóstico. Mas se for consciente, lúcido, por que não o deixar escolher sua via?; Se ele não sabe ou estiver fora de estado mental para opinar, cabe à família ou à equipe dos cuidados médicos decidir o que eles acham o mais idóneo para o caso. Não percebemos nenhuma utilidade para introduzir mais um personagem enigmático para opinar, já munidos de bastante conselhos de bioética e até de textos legais e princípios deontológicos para tais situações.
HUBERT LEPARGNEUR RELIGIOSO CAMILIANO, T E Ó L O G O E FILÓSOFO
SÃOQMILO
l^i-^STORAL D A ^ A U D E
Como o sódio provoca pressão alta? Quando comemos uma comida mais salgada, o organismo t e m necessidade de ingestão de água, por isso a sensação de sede. A ingestão excessiva de sal faz aumentar a quantidade de sódio no sangue, mas o equilíbrio e n t r e sódio e água no organismo tem que ser perfeito. Existindo mais sódio precisa haver mais água. Quando as águas da chuva são intensas, os rios não conseguem conter a pressão destas águas em suas margens e ocorrem as inundações. Mas as artérias e veias não podem deixar o sangue sair e inundar o nosso corpo. Então, a quantidade
o
aumentada de líquidos fica presa e aumenta a pressão dentro das artérias, provocando a hipertensão arterial. Assim
como
a
pressão
aumentada das águas do rio vai
w
Q
COMPARAÇÃO D A QUANTIDADE D E S Ó D I O EM A L G U N S ALIMENTOS INDUSTIUALIZADOS
d e s t r u i n d o suas margens, a pressão
alta
d e n t r o das
artérias vai machucando suas ALIMENTO
paredes, que podem se romper
CÍJJANTIDADE POR
PORÇÃO
SÓDIO
^
(derrame) ou entupir (infarto). MASSA
D E T O M A T E
60 G R A M A S
(3 C O L H E R E S
D E SOPA)
1 3 0 M G ( 5 % D O V D )
(2 C O L H E R E S
D E SOPA)
9 0 7 M G ( 3 8 % D O V D )
É porque a gente não se lembra do gosto, mas o leite materno
SOPA
E M
PACOTE
25 G R A M A S
tem somente um " p i n g u i n h o " T E M P E R O
de sal. Porque a natureza sabe
PARA
P R O N T O 5 G R A M A S
A R R O Z
(1 C O L H E R
D E
C H Á )
1 . 6 0 6 M G ( 6 7 % D O V D )
que o sódio é indispensável até para
o
bebé,
T E M P E R O
mas s e m
C O M
C O M P L E T O 7 G R A M A S
VEGETAIS
(l
U N I D A D E )
1.833MG
( 7 6 % D O V D )
excessos. Devemos nos lembrar que
o
gosto
pelo
sal é
M I L H O
a d q u i r i d o . O bebé será u m adulto
com pressão
C A L D O
alta
E M
D E
LATA
130 G R A M A S
(1
O R N E
AZEITONAS
dependendo também do que
H A M B Ú R G U E R
ele aprender em relação à quantidade de sal que satisfizer
REFRIGERANTES
seu paladar.
(1/2 X Í C A R A
F R A N G O (MÉDIA)
D E CAFÉ)
3 4 7 M G
9 8 7 M G ( 3 9 % D O V D )
C U B O )
20 G R A M A S
= 5
AZEITONAS
54 G R A M A S
= 1
U N I D A D E
1 C O P O
(14% D O V D )
3 1 0 M G ( 1 3 % D O V D )
4 4 0 M G (18.5% D O V D )
D E 2 0 0 M L
3 0 M G { 1 , 2 5 % D O V D )
A T E N Ç Ã O : 1 S A O y i N H O DE T E M P E R O C O M P L E T O C O N T É M 1.833MG DE S Ó D I O . QlJASE A Q y A N T I D A D E T O T A L DESTE ELEMENTO ( 1 0 0 % ) Q U E A G E N T E PODE INGERIR
E o gosto adquirido pelo sal vai
EM UM
d e p e n d e r do nosso c u i d a d o
Ú N I C O
D1A(2.400MG)
com a quantidade de sódio que as crianças ingerem. Na próxima edição do boletim São Camilo Pastoral da Saúde, confira as dicas da série O Sal e a Pressão Alta, e o que indica a OMS - Organização Mundial da Saúde sobre o excesso de sódio. Fonte: vAvw.marpan.com.br
^^^f^o^^^^^^,
a EXPEDIENTE O
B O L E T I M SÃO CAMILO
PRESIDENTE: LEOCIR
PASTORM.
DA SAÚDE
É UMA PUBLICAÇÃO D O INSTITUTO O M I L I A N O
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D E PASTORAL D A SAÚDE E BIOÉTICA - PROVÍNCIA CAMILL\NA
BRASILEIRA
PESSINI
C O N S E L H E I R O S : A R I S E U FERREIRA D E M E D E I R O S . A N T O N I O M E N D E S FREITAS. O L A C I R G E R A L D O A G N O L I N E A R L I N D O T O N E T A DIRETOR RESPONSÁVEL ALEXANDRE ANDRADE
MARTINS
SECRETÁRIA; CLAUDIA SANTANA JORNALISTA RESPONSÁVEL
DÉBORA MORAIS M T B 40.597/SP
^ K Í P R O D U p t o OOS ART,COS
P R O I E T O G R Á F I C O E D I A G R A M A Ç A O : FELIPf T O R R E S REVISAa
LINA M E N D E S E A D A I L T O N M . D A S I L V A
REDAÇÃO: AVENIDA POMPEIA 888
OlSTA n , B i K > ^ t
UVK^SOl,crTANOOSE
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GARAATTÍ O RCCEBIM£I^O.
0422- 7. CONTA
CORRINTI
PELO 89407-9
CORREIO.
DE 11 EDIÇÕES.
O PACMMENTO
DEVE
SER EEITO
MEDUNTE
DEPÓSITO
BANCÁRIO
EM NOME
Dl PROVÍNCIA
CAMILIANA
BRASILEIRA
Páscoa de Cristo na páscoa da gente o título desse editorial não são palavras minhas, mas são da teóloga liturgista Ione Buyst e está no livro O mistério Celebrado: memória e compromisso I, Paulinas, 2003, que escreveu em parceria com o também teólogo José Ariosvaldo da Silva. Tomei a liberdade de pegar emprestadas as palavras da Ione Buyst e sua reflexão como inspiração e fundamento para a reflexão que proponho sobre a Páscoa, que celebramos nesse mês de abril, e fazer uma aproximação com o contexto da saúde. Páscoa é passagem da escravidão para a liberdade em Cristo Jesus. Nela celebramos o Mistério Pascal: paixão, morte e ressurreição de Jesus, que derramou seu sangue por amor a todos os seres humanos em coerência com seu ensino e ação em favor dos mais pobres e necessitados. Em Jesus o sofrimento e a morte não são as últimas palavras, mas, sim, a ressurreição e a vida. Ione Buyst diz que o povo latino-americano, mesmo com todo o seu sofrimento decorrente de grande desigualdade e injustiças, é um povo esperançoso porque aprendeu a viver e interpretar os fatos difíceis da vida social e política como um processo pascal. Ela diz que nesses fatos "Deus está atuando, o Cristo está ativamente presente, o Espírito ilumina, impulsiona, conduz. Senão, de onde vem a força para sobreviver neste deserto da vida e resistir a tanto sofrimento e opressão? De onde vêm a alegria e o sentido de festa que permeiam o sofrimento? Os pobres dizem: 'só por Deus!' É a convicção profunda de que, como cristãos, não podemos deixar de sentir e pressentir a presença pascal do Senhor nesses sinais, nesses acontecimentos" (p. 84). A Páscoa de Cristo continua a acontecer na vida da gente, na vida do povo que, como Jesus, sofre sua paixão e as ameaças de morte responsáveis por fazer sofrer e chorar numa " v i d a sem v i d a " . Com Jesus, que assumiu todas as consequências do amor e da luta pela vida dos que estavam no submundo do sofrimento porque era íntimo do Pai e deixava ser conduzido pelo Espírito, o povo caminha na esperança de uma vida mais digna e justa, numa " t e r r a que corre leite e m e l " . Dessa forma vive-se de maneira pascal: a paixão de Cristo acontece na paixão da gente, do seu povo, que busca antecipar as maravilhas da ressurreição em uma vida melhor e mais digna. Celebrar o Mistério Pascal de Cristo é também viver e celebrar a páscoa dos filhos de Deus, que vivem j u n t o de Deus na esperança e no amor, fontes que alimentam a caminhada existencial e provêm do próprio mistério de Cristo. Ione ainda diz: "anunciamos a m o r t e do Senhor que continua acontecendo na paixão e na m o r t e dos pobres. Proclamamos a ressurreição do Senhor que projeta na resistência e na organização dos pobres por melhores condições de vida, por participação e cidadania, por uma civilização do amor, por uma sociedade onde não haja mais miséria nem opressão, mas igualdade de condições para todos" (p. 85). O contexto no qual se insere a Pastoral da Saúde é um contexto de muita luta e sofrimento. Luta que muitos agentes voluntários assumem por melhores condições
———
no atendimento de saúde mais amplo e de qualidade para todos, sobretudo para aqueles que não têm ninguém por eles, os mais pobres e abandonados. Sofrimento que acomete todas as pessoas devido à falta de saúde e às incertezas do futuro em meio à doença. Encarar todas essas dificuldades e enfrentá-las de maneira pascal junto com Jesus Cristo é abrir caminho para a esperança e adquirir forças para não desistir da vida, para não entregar-se à tragicidade da situação e buscar dias com mais vida, saúde e sentido. É Páscoa de Cristo na páscoa da gente que sofre e clama por vida. Desejo a todos os leitores do Boletim São Camilo Pastoral da Saúde uma feliz e abençoada Páscoa. Que todos possam sentir o Mistério Pascal de Cristo no mistério da sua vida. Os textos desta edição abordam questões ligadas ao a t e n d i m e n t o pastoral a pacientes terminais, bioéticas sobre a liberdade do doente e sobre os gastos e a terceirização na saúde. Espero que todos possam apreciar a leitura dos textos e aproveitar para refleti-los nos grupos de Pastoral da Saúde.
PE. ALEXANDRE A N D R A D E M A R T I N S DIRETOR DO
ICAPS - INSTITUTO
DE PASTORAL DA
CAMILIANO
SAUDE
- O QUE NÃO FAZER N O ATEND u
S e m p r e que sou convidado para participar de congressos
atendê-la. Quando disse que era padre ela se voltou
e/ou cursos sobre relação de ajuda na assistência
para mim agradecendo minha visita e me convidou para
religiosa ao doente terminal, invariavelmente, o tema
sentar.
da palestra é: " o que fazer no atendimento espiritual junto ao doente terminal"? Mas o que me fez escrever essa reflexão foi mais uma experiência prática que tive com uma paciente em fase terminal na qual descobri o que não fazer ao paciente terminal.
Puxei a c a d e i r a , s e n t e i - m e ao lado da cama e começamos a conversar. Depois de alguns minutos percebendo que ela fazia esforço para respirar e se cansava ao falar, convidei-a para o momento da comunhão. Iniciamos a "celebração" com o sinal da cruz.
Dona Conceição foi mais uma das muitas pessoas que
Em seguida, como normalmente faço, ou seja, não levar
tive o privilégio de visitar e atender ao longo de mais
orações prontas e rituais preestabelecidos, perguntei o
de dezoito anos de ministério sacerdotal. Mas o encontro
que ela gostaria de pedir a Deus naquela oração. Ela,
com Dona Conceição foi marcante, pois me fez lembrar
de uma maneira muito tranquila e natural, respondeu
de uma frase de um autor anónimo que disse: "cada
dizendo: "padre, eu já tenho noventa e um anos de
encontro com pessoas é uma troca de presentes".
idade. Posso dizer com segurança que foram bem
Realmente foi um presente o breve contato com a
vividos. Pois ao longo de minha vida colecionei muito,
referida paciente que, apesar de seus noventa e um
muito mais alegrias do que infortúnios. Deus e a vida
anos de idade, tinha uma memória saudável. Ou seja, o
foram muito bons para mim. Portanto, embora possa
câncer que tirou sua agilidade física não conseguiu tirar
parecer estranho dizer isso, principalmente a um padre,
sua lucidez.
o meu maior desejo é partir dessa vida. Portanto, se
Fui vê-la quando ela manifestou o desejo de receber o sacramento da eucaristia. Bati na porta antes de entrar e pedi licença. A resposta foi que eu poderia adentrar.
Deus me levar fará um grande favor para mim. Entenda padre! Eu não estou deprimida e muito menos desiludida da vida. Sei muito bem o que eu quero".
Ela estava deitada, mas bem acordada. A princípio
É c l a r o que eu não e s p e r a v a
o u v i r isso.
Mas,
pensou que eu fosse o médico devido ao avental branco
estabelecendo uma empatia (colocando-me no lugar
que eu estava trajando. Por isso, antes de qualquer coisa
dela) com a paciente, não achei anormal aquela atitude.
me apresentei e disse que era padre e tinha vindo
Aliás, já tinha ouvido uma frase mais impactante de uma paciente de mais de setenta que se encontrava numa situação muito sofrida. Q.uando entrei no quarto, me apresentei dizendo que era padre e tinha vindo atendê-la, ela perguntou: "padre, o senhor tem saco para me escutar? Eu preciso de seu tempo, vou demorar!" Portanto, quem se dispõe a a j u d a r precisa, antes de t u d o , se colocar no lugar do outro. Por isso, não vá ao encontro do outro com respostas prontas e muito menos com a certeza absoluta do que ele precisa. Pois nem sempre suas convicções e seus desejos de a j u d a n t e são os mesmos das
MENTO AO DOENTE TERMINAL pessoas que se encontram num estágio terminal como mostra o relato abaixo. "Os religiosos não me ajudam. Eles nada sabem sobre poesia. O que eles sabem são doutrinas sobre o outro mundo. Mas o outro mundo não me interessa. Não vou gastar o meu tempo pensando nele. Se Deus existe, então não há o por que me preocupar com o outro mundo porque Deus é amor. Se Deus não existe então não há por que me preocupar com o outro mundo porque ele não existe e nada me faltará se eu mesmo ^
faltar. Ah! Como seria bom se as pessoas que me amam me lessem os poemas que amo. Então eu sentiria a presença de Deus. Ouvir música e ler poesia são, para mim, as supremas manifestações do divino".
pela família e até por ele mesmo para não desagradar aqueles que o cercam, fazendo de conta que está tudo bem. Mas quando a família sai entram o desânimo e
A partir dessas e de outras experiências que poderiam
até mesmo a depressão. Diante disso vem a pergunta:
ser relatadas, comecei a me perguntar se ao invés de
o que fazer? Ou melhor, o que não fazer?
ficarmos refletindo sobre o que devemos fazer ao paciente terminal, não deveríamos pensar sobre o que é importante deixar de fazer para ajudá-lo nessa fase. Aliás, u l t i m a m e n t e t e n h o a c o m p a n h a d o
Eu tenho aprendido cada vez mais que aquele que sofre quer ser compreendido em seus desejos. Sejam eles quais forem. Por isso, mesmo que sejam totalmente
mais
diferentes dos anseios daquele que se propõe a ajudar,
especificamente pacientes com câncer num dos maiores
precisam ser respeitados. Podemos até nos assustar
institutos de câncer do Brasil e exercitado isso que expus
com o relato e o pedido que fez a Dona Conceição, por
acima. Pois diariamente me defronto com pacientes
exemplo, que pedia para Deus levá-la. Porém, jamais
que caminham a passos largos para o fim. Nessa hora,
seremos de ajuda se ignorarmos os sentimentos e
os profissionais dispensam s o m e n t e os mínimos
subestimarmos a capacidade daquele que sofre. Ao
cuidados, ou cuidados paliativos como costumam
contrário, tente entender o que ele quer e espera de
chamar. Os familiares mentem a si mesmos e para o
você.
paciente fazendo de conta que está tudo bem e que ele, a qualquer momento sairá daquela situação. O assistente religioso por sua vez, tem uma conversa que pende mais para o lado transcendente, menos concreto e algumas vezes indefinido. Explora os medos, mostra os valores, fala de Deus e da oração. Acredita que, com suas orações e rituais, conseguirá aliviar o medo. Afinal, dele sempre se espera algo. Ele "usa" os recursos da oração, a comunhão, a reconciliação e a Unção dos Enfermos. Em meio aos i n f o r t ú n i o s ,
prescreve
confiança em Deus, leitura da bíblia e meditação. E os pacientes! Bem, alguns esperam a intervenção divina para obter um milagre a qualquer custo.
Às vezes
entram nesse "jogo de engana-engana" estabelecido
Faz-nos refletir a pergunta de um doente a seu médico que estava disposto a ajudar aquele que estava em fase terminal: "doutor, será que eu escapo dessa? Eu ficaria muito feliz se o senhor não desse mais uma daquelas respostas bobas, mas se assentasse ao lado da minha cama e, olhando nos meus olhos, me dissesse: 'você está com medo de morrer. Eu também tenho medo de morrer...' Então poderemos conversar de igual para igual. Assim, você me ajudaria e eu ajudaria você a me a ajudar". Pe. Anísio Baldessin, Coordenador da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo e capelão do Instituto do Câncer de São Paulo.
SAÚDE: GASTOS EPor
mais que a Organização Mundial de Saúde proponha uma definição de saúde como completo bem-estar
físico, mental, social e espiritual, com grande aceitação no mundo, a percepção do que seja saúde varia muito entre as diferentes culturas. Mas no que diz respeito à saúde pública, o investimento em ações sanitárias é çQ O
fundamental para a saúde do povo. A OMS é defensora assumida de investimentos na chamada atenção básica à
CL,
saúde, que inclui a questão sanitária. Sem o saneamento básico (sistemas de água, de esgotos sanitários e de
o
AOMS reconhece ainda que a cada unidade monetária (dólar, euro, real etc.) despendida em saneamento economiza-
limpeza urbana) a saúde pública fica completamente prejudicada.
se cerca de quarto a cinco unidades em sistemas de saúde (postos, hospitais, tratamentos etc.) e que cerca de 80%
C/5
das doenças mundiais são causadas por falta de água potável suficiente para atender as populações. Somente 44% do financiamento total dos serviços de saúde são públicos, com um gasto de US$ 350 per capita por ano, equivalente a 3,7% do PIB. Dados colocam o Brasil entre os países com menor financiamento público per capita
do mundo, i n f e r i o r a A r g e n t i n a ,
Uruguai, Chile, Costa Rica e Panamá. Na Europa, os gastos totais com saúde são públicos, cerca de US$ 2 mil per capita por ano, entre 6% e 8% do PIB. Com relação ao saneamento, em 2008, 88,5 milhões de pessoas (4,8% da população) não tinham acesso adequado á coleta de esgoto, sendo que 53,8 milhões eram pobres. E 32,5 milhões de pessoas (17,2% da população) não tinham acesso adequado ao abastecimento de água. Quanto à f o r m a como a saúde deve ser administrada, uma tendência é a terceirização. Podemos definir terceirização como sendo o processo pelo qual a empresa, visando alcançar maior qualidade, produtividade e redução de custos, repassa a outra empresa um determinado serviço ou a produção de um determinado bem. Determinada atividade deixa de ser desenvolvida pelos trabalhadores de uma empresa "A" e é transferida para outra empresa "B", então, chamada "terceira". Ou seja, constitui-se de um processo de transferência de funções/atividades da "empresa-origem" para a "empresadestino" (subcontratada), sendo que estas funções podem incluir etapas do próprio processo produtivo da "empresaorigem" ou apenas atividades/serviços de apoio, tais como serviços de limpeza e manutenção, preparação e distribuição de alimentos para funcionários da empresa, telefonia, vigilância, movimentação de materiais e expedição e comercialização.
A terceirização é uma forma especial de privatização na qual organizações públicas sob a égide de provisão pública, realizam a transferência contratual e parcial de responsabilidade pela produção de algum de seus serviços, à empresas privada. No entanto, a Administração Pública está adstrita ao principio de legalidade (art.37 da Constituição), só podendo fazer aquilo que a lei determina e não aquilo que a lei não proíbe. Assim, as formas de terceirização na Administração Pública deverão estar respaldadas na lei, sob pena de ilegalidade do ato e responsabilidade do servidor que o praticou. No Brasil, apesar da dificuldade de obtermos dados de pesquisas sistemáticas e universais sobre o t e m a , temos alguns advindos de amostra de hospitais (públicos e privados) de São Paulo,
publicados
no B o l e t i m de
Indicadores do PROAHSA. Segundo este Boletim, em 1997, 49% da mão de obra de hospitais de grande porte (151 a 300 leitos) eram tercei rizados, 38% em hospitais com mais de 500 leitos, 10% dos de médio porte (51 a 150 leitos) e somente 3% da mão de obra dos hospitais de pequeno p o r t e (5 a 50 leitos).Os setores mais t e r c e i r i z a d o s , a exemplo dos americanos, são os de manutenção e conservação (limpeza, segurança, alimentação, manutenção de equipamentos e lavanderia); entre as áreas técnicas e profissionais, podemos citar a área administrativa e alguns setores médicos como laboratório, imagem e pronto atendimento (Ministério da Saúde, 1997). Os contratos de prestação de serviços muitas vezes vêm sendo utilizados exclusivamente como contratos de fornecimento de mão de obra (Cf. Ministério da Saúde, 1997). Não há de fato, uma prestação de serviços por parte da empresa contratada, já que se limita, na realidade, a fornecer mão de obra para os órgãos de saúde, ou seja, pessoas são contratadas para atuarem em diversas funções nos serviços de saúde, sem concurso público, que vão desde assessorias especializadas e temporárias, contratam-se para exercerem, permanentemente, atividades na rede de saúde ou na administração central e até agentes sem qualquer qualificação específica, como os temporários implicados no combate aos transmissores de doenças infecciosas. Ocorre assim, uma sublocação da mão de obra na saúde pública, na qual, como já foi dito, os gastos já são considerados mínimos. Além de poucas verbas para a saúde, se comparada com outros países, há ainda a preocupação de se esses gastos têm sido feitos de forma eficiente e, principalmente, de forma transparente. Sebastião Venâncio é vice-coordenador Nacional da Pastoral da Saúde
g^lASTORAL
DASAUDE
VI COMGRESSO CIEMTÍfICO
X X I CONGRESSO BRASILEIRO DE HUMANIZAÇÃO E PASTORAL DA SAÚDE
DE BIOÉTICA DE VBERLÂNDIA DA PASTORAL DA SAVDE
•TEMA; P A S T O R A L D A S A Ú D E PARA O S T E M P O S
DIOCESE D E UBERLÂNDIA 14 E 15 DE M A I O DE 2011
ATUAIS: D A S O L I D A R I E D A D E A O C O N T R O L E SOCIAL
IDATA 03 E 04 D E S E T E M B R O D E
2011
I LOCAL: CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO, C A M P U S I P I R A N G A 1,
LNUO SOCUL CAMILIANA
A V . N A Z A R É . 1 5 0 1 - S À O P A U L O - SP
Gráfici
LOCAL
3211-1353/ 3213-6717
SEMBLEIA NACIONAL DA PASTORAL DA SAÚDE D A T A 03 DE SETEMBRO DE 201 \. I N Í C I O ÀS 18H LOCAL: CENTRO UNIVERSITÁRIO SÀO CAMILO. PUS IP1RANGA 1 - AV. NAZARÉ. 1501 - SÃO PAULO - SP
CAMPUS SANTA M Ô N I C A ANFITEATRO DO BLOCO ? 0
SÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERL\NDIA
daSaúdt Nacfon*/
SÃOUMILO
CAMILO
,•
.§.l-ASTORAL D A S A U D E
ICAPS - Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética Tel: (11) 3862-7286 E-mail:
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IMPRESSO