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SÃOQMILO PASTORAL DASAÚDE INFORMATIVO DO INSTITUrO CAMILIANO DF, PASTORAL DA SAÚDE E B I O É T I C A ^ ^ A N O XXVII N:299 A G O S T O 2011
A Doença e o Tempo i \, com seu impacto sobre as comunicações, apressou nossa vivência da temporalidade. Como efeito patente, preocupamo-nos mais em avaliar o prazo e preço do contratempo de uma internação sanitária ou de outro empecilho encontrado. O prazo médio das internações hospitalares se reduziu ultimamente em muitos dias, frequentemente passando de meses a dias, ou de dias a horas. Não é surpreendente: a vida é tributária do tempo no qual ela se desenrola. Nossa permanência sobre a terra se mede em geral em alguns anos, uma porção deles sendo de atividade profícua, pontuada de sucessivos, alternativos ou concatenados fins que mais ou menos escolhemos ou, mais geralmente, nos são impostos pelos contextos. A duração da internação ou da imobilização em casa depende, sobretudo, da doença, mas a perspectiva do tempo
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afeta também a bioética ou depende dela. Grosso modo podemos distinguir dois tipos de bioética, conforme sua finalidade. Ela pode procurar uma solução rápida e acertada para um desafio imediato, mais leve (a maioria das internações de patologias benignas), ou se referir a pesquisas ou projetos de longo alcance.
De um lado são
cuidados
particulares, do outro são projetos mais ambiciosos de saúde pública. O contexto em nossa época é sempre de pressa. Corta-se o sono, mas perdemos tempo na complicação dos transportes, da m u l t i p l i c a ç ã o de a f a z e r e s em locais distantes, no adensamento das populações (o aumento da população humana, sem precedente, passou de menos de dois bilhões de pessoas no começo do século XX, para terminar este século com mais de seis bilhões, apesar das hecatombes de duas grandes guerras mortíferas). Na vida das cidades modernas urge a rapidez. Consagramos maior preocupação em acelerar o ritmo das atividades e, portanto, das vivências, que em refletir sobre as decorrências de tais velocidades. Quanto aos custos, recorremos abusivamente aos empréstimos, isto é, ao aumento individual e coletivo das dívidas, como que pagando o próprio tempo ou seu abreviamento. As rápidas mudanças dos contextos nos fazem mudar frequentemente de finalidades próximas, porque não há progresso sem multiplicação de ensaios que comportam sua cota de fracassos. Dois passos para frente custam frequentemente um passo para trás. No entanto, nosso individualismo não pode deixar de se ver freado pelo fato e pelo dever da solidariedade. As revelações ecológicas de nossa época nos obrigam a levar em conta o futuro da terra e da humanidade que ela sustenta e deverá sustentar. Mais do que uma questão de saúde, é uma questão de sobrevivência da espécie. Somos solidários no tempo e no espaço.
(CONTINUA NA PRÓX.
PÁG.)
SÃOV^^ILO c^^lASTORAL DA^jAUDE (CONTINUAÇÃO DA PÁG.
ANT.)
o tempo apressado é também um tempo menos previsível: olhamos longe porque estamos forçados a prever nosso futuro e o destino de nossas comunidades. Mas muitos eventos ocorrem repentinamente e ameaçam projetos de
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longo alcance, que dificilmente podemos dispensar. A previsão de possíveis ou prováveis doenças, mediante a análise do DNA individual, não recolhe muita aprovação. Sem contar a imprevisibilidade de doenças, de acidentes, de guerras, de catástrofes naturais. Cientificamente a medição do tempo é muito mais exata que outrora, mas, por outro lado, receamos ocorrências imprevistas que mudam toda prospectiva racional, em bem ou em mal. Não somos donos do longo prazo e encontramos dificuldades em retraçar exatamente a história da terra e da humanidade. A finalidade é sempre uma motivação, escolhida ou aceita, ameaçada de se dissolver como uma miragem no deserto. Bem viver é saber aproveitar oportunidades caprichosas e fugazes. As oportunidades somem com o tempo.
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A doença parece sempre tempo e recursos perdidos, menos para seus profissionais. Entretanto pode fornecer uma feliz oportunidade de reflexão na interrupção de nossas atividades e relações habituais. Alguns não acreditam em vida interior ("Ávida interior não me interessa", Michel Tournier, famoso escritor e académico), mas outros descobrem nela riquezas, especialmente na esfera religiosa, do livre-arbítrio e da criatividade. Visitas e leituras podem ser de proveito imprevisto. Se a experiência do sofrimento não precisa da doença para existir com seus valores e contra-valores, a enfermidade, de fato, ocupa um espaço não desprezível na existência humana individual, familiar, social. Costumamos vivenciar no i m e d i a t i s m o , e a doença impõe um recuo que nos i r r i t a como f r e i o desconfortável. Entretanto vimos que ela pode permitir a introdução em zonas da vivência humana que tínhamos negligenciado, levantando questões sobre o sentido ou o absurdo da vida e do ser humano, do prazer e do sofrimento, do valor do tempo e das futilidades que bastam à satisfação de muitos, do significado da transcendência. O ativismo preenche o melhor e o pior, serve ou aliena, abre os olhos ou cega, ostenta e oculta. Nunca disporemos do tempo que satisfaça nossas ambições ou desejos de servir, de construir algo que valesse.
PE. HUBERT LEPARGNEUR ^ RELIGIOSO C A M I L I A N O , T E Ó L O L E FILÓSOFO
Esta bipolaridade do tempo da vida, ou sua vinculação com os objetivos que alojamos nele em nossos projetos, é patente, como temos aludido para a bioética.
Um problema particular pode ser rapidamente solucionado; outros desafios esperam mais luzes e remédios: terreno da imaginação e da esperança. Tudo t e m f i m , até uma vida terrestre, feliz ou oprimida.
EXPEDIENTE o
B O L E T I M SÃO
CAMILO
PRESIDENTE: L E O C ; i R
PASTORAL
DA
SAÚDE
SÃOGM.LO^,^^^^^^ ^ ^ ^ ^ . É UMA
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PUBLICAÇÃO D O INSTITUTO C A M I L I A N O DE PASTORAL DA SAÚDE E BIOÉTICA - PROVÍNCIA CAMILIANA
BRASILEIRA
PESSINI
C O N S E L H E I R O S : A R I S E U FERREIRA DE MEDEIROS. A N T O N I O M E N D E S FREITAS. O L A C I R GERALEX3 A G N O L I N E A R L I N D O T O N E T A D I R E T O R R E S P O N S Á V E L ALEXANDRE ANDRADE MARTINS S E C R E T Á R I A N A T H Á L I A BAPTISTA lORNALISTA R E S P O N S Á V E L D É B O R A M O R A I S M T B 4 0 . 5 9 7 / S P
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P R O I E T O G R Á F I C O E D i A G R A M A Ç A O : FELIPE TORRES
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R E V I S Ã O : U N A MENDES
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REDAÇÃO: A V E N I D A P O M P E I A 8 8 8
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BRASILEIRA
Pastoral da Saúde: expansão, reconhecimento e visibilidade E s t i m a d o s leitores, que na sua grande maioria são agentes de pastoral da saúde, como eu, e dedicam parte do seu
tempo para servir os enfermos, o trabalho realizado pela Pastoral da Saúde no Brasil tem vivido um momento de grande
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graça e expansão. Hoje há aproximadamente 90 mil agentes voluntários atuando em todo o país nas três dimensões, e o reconhecimento por parte da hierarquia da Igreja, isto é, dos bispos, sobretudo, da sua instância colegiada, a CNBB, é O
cada vez maior. Prova disso é a Campanha da Fraternidade do próximo ano, com o tema Fraternidade e Saúde Pública, que nasceu da mobilização dos agentes que, sensibilizados pela calamitosa situação do Sistema Público de Saúde, propuseram
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profeticamente esse tema para os bispos, a fim de testemunhar o anúncio libertador de Jesus Cristo em prol dos doentes, pobres e vulneráveis da nossa sociedade. Nos últimos anos, muitos avanços aconteceram na Pastoral da Saúde brasileira. A consolidação da Coordenação Nacional, das coordenações regionais e diocesanas e a organização nas três dimensões estão, sem dúvida, entre as maiores conquistas. Hoje existe no Brasil uma Pastoral da Saúde voltada primeiramente não mais para a doença, mas para a saúde, para que haja saúde e vida em abundância para todos e, ao mesmo tempo, os enfermos e necessitados são e sempre continuarão sendo, como dizia São Camilo, "as pupilas de Deus", dignos de amor, atenção, solidariedade e cuidado. No mundo se fala cada vez mais em qualidade de vida; para isso é preciso atenção com a educação para a saúde e atitudes preventivas de enfermidades, como a prática de hábitos saudáveis, alimentação balanceada, horas de sono adequadas, ingestão de muita água etc. E a Pastoral está atenta a isso por meio da sua atuação na dimensão comunitária. Falando nas dimensões, a solidária está consolidada em praticamente todo o nosso país, porém muitos passos precisam ser dados nas outras duas, a comunitária e a politicoinstitucional. Acredito que a CF 2012 ajude a consolidar também essas duas dimensões, a levar a Pastoral da Saúde para lugares a que ainda não chegou e fortalecer naqueles onde ela ainda não está tão bem. Dizer que a Pastoral da Saúde atualmente conta com aproximadamente 90 mil agentes é um número animador, mas está muito aquém da necessidade da realidade brasileira.
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Desse total, 70 a 80% dos agentes atuam na dimensão solidária, o que exige um trabalho para expandir para as outras dimensões, sobretudo porque o Brasil infelizmente é um país marcado pela desigualdade e com grande injustiça no acesso aos serviços de saúde. O tema Fraternidade e Saúde Pública é um apelo para o profetismo no mundo da saúde, em prol da justiça, da equidade e da dignidade, na defesa e na construção de Sistema Único de Saúde mais amplo, eficiente e de
PE. ALEXANDRE ANDRADE MARTINS DIRETOR DO ICAPS-INSTITUTO CAMILIANO DE PASTORAL DA S A Ú D E
qualidade. Uma das coisas que mais me encanta na atuação dos agentes é a maneira silenciosa e discreta do seu trabalho. Um agir, às vezes, quase imperceptível para quem está de fora, mas profundamente significativo para as pessoas que são cuidadas. O trabalho da Pastoral da Saúde é como uma brisa suave, que não é visível, mas é sentida e apreciada por todos. Contudo, pensando no contexto contemporâneo que exige cada vez mais visibilidade para poder existir e ter credibilidade, o trabalho da pastoral precisa ganhar formas de um rosto que transmita para todos o seu vigor, sobretudo quando assume definitivamente o compromisso por um sistema público de saúde amplo e de qualidade. Dar visibilidade para a pastoral a fim de ressoar sua voz profética no mundo da saúde. Ternura para amar e servir os enfermos e necessitados, vigor para ser profeta em prol da justiça, da equidade e da dignidade no mundo da saúde para os pobres e vulneráveis.
CUIDAR E U
cuidado da saúde pelo ser humano será visto desde seu fundamento ético. A todo existente humano cumpre zelar por sua sanidade física e mental. A vida é dom recebido pelo qual cumpre ser grato. Ademais, por ela se é responsável face a todos. Tal responsabilidade implica responsabilidade por si mesmo. Se não cuido de mim mesmo, falharei no cuidado dos outros. Quando se fala de egoísmo, geralmente logo vem uma avaliação moral negativa. Até mesmo o altruísmo cai sob suspeita. Contudo, no extremo inicial da vida, o feto "ignoradamente" já cuida de si, até importunando seus genitores. O "egoísmo" é lei da vida! Emmanuel Levinas diz mais: o e20ísmo tem ontolósica, na forma de ateísmo.
dimensão
Pode-se chamar de ateísmo t a l separação tão completa que o ser separado mantém-se totalmente sozinho na existência, sem participar no Ser do qual está separado - eventualmente capaz de a ele aderir na crença. A ruptura com a participação está i m p l i c a d a nessa capacidade. Vive-se fora de Deus, junto a si, é-se eu, egoísmo. A alma - a dimensão do psíquico - cumprimento da separação, é naturalmente ateia. Assim, por ateísmo entende-se uma posição anterior à afirmação e à negação do divino, ruptura da participação desde a qual o eu se põe como o mesmo e como eu, completando com força ainda maior o sentido de sua expressão. Certamente é uma grande glória para o criador ter posto
de pé um ser capaz de ateísmo, um ser que, sem ter sido causa sui, tem olhar e palavra independentes e é junto a si (Totalité et Infini, p. 29-30). O pensador aponta o mistério do ser humano: "sem ter sido causa sui, tem olhar e palavra independentes e é j u n t o a si". Cifra de enigma! Levinas perturba ainda mais: o homem que come é o mais justo dos homens... Respiramos por respirar, comemos e bebemos por comer e beber, abrisamo-nos por nos abrigar, estudamos para satisfazer nossa curiosidade, passeamos por passear. Tudo isso não é para viver. Tudo isso é viver. Viver é uma sinceridade. O mundo que se opõe ao que não é do mundo é o mundo onde habitamos, onde passeamos, onde almoçamos e jantamos, onde fazemos visitas, vamos à escola, discutimos, fazemos experiências e pesquisas, escrevemos e lemos livros; é o mundo de Garsantua e de Pantagruel e de hAestre Gaster, primeiro Mestre de Artes do mundo, e também o mundo onde Abraão fazia pastar seus rebanhos, Isaac cavava poços, Jacó construía sua casa, Epicuro cultivava seu jardim e onde cada um está à sombra de sua figueira e de sua vinha (De iexistence à iexistant, p. 67-68). O judeu Levinas aproxima-se da aspiração do judeu Marx: "na origem há um ser cumulado, um cidadão do paraíso", a primeira plenitude do homem no ser, " o amor da vida", pelo qual "mantém e constitui seu junto a si {chez soi)".
HUAAANIZAR O termo "humanização" percorre de muitos modos a teoria e prática de nosso educador Paulo Freire. Neles em síntese aponta "ser mais". Assim, na principal relação i n t e r - h u m a n a que considera, educadoreducando, o objetivo é "aprender a dizer a sua palavra". "Ser mais" reflete em sua obra o Personalismo de Emmanuel Mounier. Destarte, "ser mais" abrange as dimensões materiais e espirituais do humano. Ao dizer de " E d u c a ç ã o P o l í t i c a " s u p õ e r a d i c a l m e n t e a abrangência ética da existência inter-humana. Não há "humanização" aquém dessa abrangência. Levinas, em texto já citado, que compôs prisioneiro dos nazistas, escreve no preâmbulo: O estudo que apresentamos tem um caráter preparatório. Ele percorre e aflora um determinado número de temas de pesquisas mais vastas consagradas ao problema do Bem, ao Tempo e à Relação com Outrem como movimento em direção ao Bem. A fórmula
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platónica colocando o Bem além do ser é a indicação mais geral e mais vazia que os guia. Ela significa que o movimento que conduz um existente em direção ao Bem não é uma transcendência pela qual o existente eleva-se a uma existência superior, mas uma saída do ser e das categorias que o descrevem: uma excedendo. Mas o excedência e a Felicidade têm pé no ser e, por isso, ser vale mais que não ser (De rexistence à l'existant, p. 9). O texto exigiria larga explicitação. Contudo, fico com "Cuidar e Humanizar".
CUIDAR E HU^^ANIZAR O egoísmo tem enredos. De tanto fruir ou desfrutar de si mesmo, o ser humano se farta até o ponto de enfararse de "alimentos, de trabalho e de conhe-cimentos". Satisfeito, enjoa-se e evade de si próprio. O trágico em nossos dias são as drogas, equivalentes a suicídio. Por certo "ser vale mais que não ser". Quanto, como, quando, onde, agindo, pensando, sofrendo...? "Eu sou eu e minhas circunstâncias" (Ortega y Gasset). Ora, o humano é inter-humano. Por tudo quanto se defina o existente humano, a raiz é a palavra. E se outrem me interpela, fecho-me em copas? Será pelo menos indiferença. Para Paulo Freire ao oprimido muitas vezes só resta o grito, grito de revolta ineficaz em face à vida que se perde.
ser ela insaciável? EAAAAANUEL LEVINAS - Sim. Ela é exigência de santidade. Em nenhum momento alguém pode dizer: "cumpri todo o meu dever", salvo o hipócrita... Nesse sentido, há uma abertura para além do que se delimita, e tal é a manifestação do Infinito... Quando, em presença de outrem, digo "Eis-me aqui!", este "Eis-me aqui!" é o lugar por onde o Infinito entra na linguagem, mas sem se dar a ver [...] O sujeito que diz "Eis-me aqui!" testemunha o Infinito. É por este testemunho, cuja verdade não é verdade de representação ou de percepção, que se produz a revelação do Infinito (Éthique et Infini pág. 101-103).
E se a vida se esvai pela doença da morte que espreita? O cuidado por outrem explode o egoísmo. Até mesmo para libertá-lo de fantasmas. A "relação com o u t r e m " sempre será relação com seu " t e m p o " , algures infeliz de ser. Humanizado, estou para humanizar o enfermo. Contrariamente, não pondo "Bem além de meu ser", sem cuidar de outrem viro infeliz de ser! Latet anguis in herba (Virgílio, poeta latino), a propósito, " h á uma cobra escondida na grama" do egoísmo. "Humanizar" i m p l i c a desinteresse! Pensando no carisma dos Camilianos, quem tem autoridade na relação medicantemedicando? E se aparece o grito lancinante? Qual a terapia?
A Ordem de São Camilo porta a cruz da santidade. Que ela profetize a Transfiguração.
Acompanho de Paulo Freire a dialética educadoreducando, onde a autoridade é compartilhada. É preciso suscitar a amorosidade, "encontro amoroso dos homens" (Extensão ou comunicação? pág. 43). Desta feita, para "cuidar e humanizar" saudavelmente na saúde, o profissional terá intenção de santidade. Leia-se de Levinas:
Pax et bonuml
PHILIPPE NEMO - Há um infinito na exigência ética por
FINALMENTE Se alguém puder redigir este " f i n a l m e n t e " para mim, agradeço. Que me envie para o correio eletrônico elcintra@terra.com.br. O sentido da vida acontece a cada instante. Agora ele se cumpriu para mim neste texto. Todo instante é instante supremo, juízo final de história que " t e m sentido, mas não tem f i m " . De qualquer modo, estou à disposição de "dizer o d i t o " .
Prof. Dr. Benedito E l i s e u L e i t e C i n t r a C e n t r o Universitário S ã o Camilo - Ipiranga II
(CONTINUANDO A MATÉRIA QUE CIRCULOU NAS DUAS ÚLTIMAS EDIÇÕES DESTE INFORMATIVO)
A Saúde no Brasil r \ discussões da VIII Conferência Nacional da Saúde, em março de 1986, resultaram na formalização das propostas do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira, ensejando mudanças baseadas no direito universal à saúde, acesso igualitário, descentralização e ampla participação da sociedade, iniciando sua prática com o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde - SUDS, em 1987. A Conferência já apontava para a municipalização como forma de executar a descentralização, e o relatório produzido subsidiou decisivamente a Constituição Federal de 1988, conformando as bases do sistema atual, o Sistema Único de Saúde - SUS. A saúde passou a ser dever constitucional de todas as esferas de governo, o conceito de saúde foi ampliado e vinculado às politicas sociais e económicas. A assistência concebida de forma integral, a gestão participativa como importante inovação, assim como comando e fundos financeiros únicos para cada esfera de governo. A Lei 8.080/90 regulamentou as orientações constitucionais do Sistema Único de Saúde. A Lei 8.142/90 trouxe o
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envolvimento da comunidade na condução das questões da saúde, criando as conferências e os conselhos de saúde em cada esfera de governo como instâncias colegiadas orientadoras e deliberativas. Definiu também as transferências de recursos financeiros fundo a fundo, isto é, do Fundo Nacional de Saúde para Fundos Estaduais e Municipais. Nas conferências são definidas as diretrizes para a formulação da politica de saúde nas respectivas esferas de governo. O Ministério da Saúde, para facilitar a operacionalização do SUS, editou as Normas Operacionais Básicas - NOB's, em 1991, 1993 e 1996, que também devem ser destacadas pela sua importância na orientação do novo modelo, inclusive nos aspectos do financiamento, assim como a Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS 2001, que também colaborou nos avanços registrados, com instrumentos de pactuação, programação e a regionalização da saúde. Em 2006 foi publicada portaria pelo Ministério da Saúde instituindo o Pacto pela Saúde, que é um conjunto de reformas institucionais do Sistema Único de Saúde - SUS, pactuado entre as três esferas de gestão: União, Estados e Municípios, com o objetivo de promover inovações nos processos e instrumentos de gestão, visando alcançar maior eficiência e qualidade de respostas ao SUS. Redefine as responsabilidades de cada gestor em função das necessidades de saúde da população e na busca da equidade social. O Pacto pela Saúde é constituído por três outros pactos: 1 - Pacto pela Vida - conjunto de compromissos sanitários dos entes federados, com definição das responsabilidades de cada um; 2 - Pacto em Defesa do SUS - reafirmação de um sistema público que garanta equidade, o acesso universal e a demonstração de que os recursos financeiros existentes são insuficientes para materialização dos princípios constitucionais; 3 - Pacto de Gestão - definição das responsabilidades de cada ente federativo, constituindo espaços de cogestão e resgatando o apoio num processo compartilhado e solidário, com as seguintes diretrizes: descentralização, regionalização, planejamento, programação pactuada e integrada, regulação do acesso e dos serviços, participação e controle social, gestão do trabalho, educação na saúde e financiamento. Cada ente federado adere ao Pacto pela Saúde, assumindo suas responsabilidades através do Termo de Compromisso de Gestão, que depois de homologado pelo Ministério da Saúde torna-se pleno daquelas responsabilidades conforme o seu nível de governo: federal, estadual, municipal.
L i r c e Lamounier, assessora técnica-científica da C o o r d e n a ç ã o Nacional da Pastoral da S a ú d e
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Por que tem gente que come muito e não engorda? Atenção: este texto está recheado de informações que podem causar indigestão a quem luta contra a balança. Resumindo: ou você nasce "magro de ruim" ou, sinto muito, vai ter que malhar e fechar a boca para ficar com o peso ideal. São diferenças no metabolismo que fazem com que algumas pessoas queimem mais calorias do que a média para manter o corpo funcionando, ou depositem menos gordura no tecido adiposo. "Assim como os carros enchem o tanque com gasolina ou álcool e usam esses combustíveis para rodar, nós nos abastecemos com gordura e a armazenamos, tirando dela a nossa energia", explica o endocrinologista Mareio Mancini, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade. "Dai, existem os carrões com motores potentes e grandes consumidores de combustível (esses são os "magros de ruim") e os carros com motor de 1000 cilindradas (esses são as pessoas com dificuldade para perder quilos)", completa. O que fazer para ser um Land Rover e não um Uno Mile? Bem, a chance é grande de que você já nasça como um ou como outro. Estudos com gémeos têm mostrado que a genética contribui com nosso peso corporal em 40 a 70%. Genes da obesidade têm sido identificados, o que mostra que alguns corpos já viriam programados para gastar mais fazendo as mesmas coisas. Seguindo na analogia, se seu corpo é um 4x4, você terá direito a comer mais - ou ser abastecido mais frequentemente. . . . E tem mais: os "magros de ruim" talvez sejam uma (invejada) minoria porque a seleção natural favoreceu o seu oposto, a eficiência energética. Com os grandes periodos de fome que a humanidade enfrentou, sobreviveram principalmente as pessoas poupadoras de reservas e as ávidas por comida. É isso: da próxima vez que encontrar algum magrinho mandando ver no brigadeiro, pare e pense: "Coitado, não guarda uma energia!" Sorte nos genes Alguns genes têm sido associados a acúmulo de gordura. O mais famoso é o FTO. Um estudo alemão recente, publicado na revista Nature, mostrou que ratos que não têm o FTO nunca ficam obesos. Mesmo comendo muito e se mexendo pouco, queimam muitas calorias. Como? Quem descobrir deve ficar muito rico. Fome sim, gordura não Um estudo da Universidade da Califórnia mostrou que a serotonina, neurotransmissor que controla a fome e a deposição de gordura, faz as duas coisas por canais distintos. Acredita-se que alguns dos comilões que não engordam têm a sinalização da fome funcionando bem, e a da deposição de gordura com alguma falha. Metabolismo acelerado Para viver, é preciso ingerir diariamente um número X de calorias. Essa é a taxa metabólica basal - a base necessária para respirar, raciocinar, manter os órgãos funcionando. Algumas pessoas nascem com essa taxa basal muito alta, o que permite botar muitas calorias para dentro, pois elas já têm uso definido. Disciplina
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Muito "magro de ruim" por aí pode ser uma farsa. Há magrinhos que comem bastante nas refeições, mas nunca fora de hora. Já alguns com excesso de peso têm almoços e jantares frugais, mas sucumbem a ataques de fome repentinos e beliscam guloseimas entre as refeições. Músculos Genética não é tudo. A quantidade de músculos do corpo também faz com que alguns tenham um gasto calórico maior do que outros - e, portanto, possam comer mais sem engordar. Para se ter uma ideia, um quilo de músculo torra 80 calorias por dia simplesmente por existir, enquanto um quilo de gordura gasta só 5 calorias. Juventude Você conhece alguém em seus 50 ou 60 anos que coma muito e nunca engorde? Ou seus exemplos são sempre de jovenzinhos? Nossa massa magra diminui paulatinamente com o avançar da idade, e a quantidade de atividade física diária também costuma diminuir. Mais magros e sedentários, deveriamos comer muito menos para manter o peso - difícil, né? Claudia Carmello Artiso extraído da revista Supernovas, de março de 2010.
SÃOCAMILO ll^i^ASTORAL DA^^AUDE
Lançamento do texto-base da Campanha da Fraternidade No dia 07 de julho de 2012, na Expo Center Norte, durante a Expocatólica, o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo, e o Secretário Executivo da CF, Pe. Luiz Carlos Dias, fizeram o lançamento do oficial do Texto-Base da CF 2012. Durante o lançamento, eles falaram da importância do tema para o Brasil, apresentaram o texto, o cartaz e o hino da CF 2012. O Texto-base apresenta uma reflexão sobre a situação da saúde pública no Brasil, mostrando as conquistas do SUS e suas deficiências. Toda a realidade é analisada à luz das Escrituras e da Tradição da Igreja e, a partir daí, apresenta algumas propostas concretas para que o SUS possa melhorar. Essas propostas atendem os principais problemas que afetam o SUS e seus serviços oferecidos aos usuários. Também faz um apelo para que os agentes de pastoral da saúde, os católicos e a sociedade em geral se comprometam com a construção de um sistema público de saúde de mais qualidade, sobretudo por meio da atuação no controle social.
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Campanha da Fraternidade 2012
A Pastoral da Saúde é contemplada no texto-base, como aquela que tem uma
Fraternidade e Saúde Pública
missão vital. "Ela tem que fazer diferença pela sua presença e ser 'o sal e a luz', neste contexto marcado pela escuridão de doença e mortes evitáveis. Além de cuidar dos doentes (dimensão samaritana), empenhar-se para educar para a saúde (dimensão comunitária), deve trabalhar para mudar as estruturas políticas e sociais desiguais (dimensão político-institucional)" (n. 259).
XXI Congresso Brasileiro de Humanização e Pastoral da Saúde As inscrições para o XXI Congresso Brasileiro de Humanização e Pastoral da Saúde vão até o dia 31 de agosto. Inscrições na secretaria do ICAPS: (11) 3862-7286 - icaps@camilianos.org.br
IFFASTORAL DA^AUDE ICAPS - Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética
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Tel: (11) 3862-7286 E-mail: icaps@camilianos.org.br Avenida Pompeia, 888 Cep: 05022-000 São Paulo-SP
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