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ICAPS

Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde a serviço da Igreja.

Nota explicativa: os objetivos do ICAPS foram elaborados em

1982. Passaram-se 30 anos desde então, e sentiu-se a necessidade de uma revisão do que foi proposto no passado, de forma que se realizasse um balanço capaz de concluir se o ICAPS atendeu as metas a que se propôs para, então, atualizá-las, e melhor servir à Pastoral da Saúde, no contexto brasileiro. Essa revisão foi realizada por uma equipe de religiosos camilianos atuantes na Pastoral da Saúde, e o resultado foi a atualização dos Objetivos do ICAPS, os quais foram traçados levando em consideração o atual contexto da realidade da saúde brasileira. Objetivos 1 - Desenvolver, em âmbito regional e nacional, a Pastoral da Saúde. 2 - Estimular, nas comunidades do país, a organização e a vivência da Pastoral da Saúde, a fim de promover a dignidade do ser humano por meio das dimensões solidária, comunitária e políticoinstitucional. 3 - Promover a Pastoral da Saúde nas dioceses, paróquias e hospitais.

Para atingir esses objetivos, o ICAPS propõe: 1 - Oferecer cursos para a formação de agentes de pastoral da saúde. 2 - Fornecer subsídios para a Pastoral da Saúde e difundi-la nos meios de comunicação. 3 - Implantar, formar e acompanhar as atividades de Pastoral da Saúde nas Entidades Camilianas. 4 - Organizar congressos, simpósios e seminários em âmbito nacional, regional e local sobre temas que envolvam a humanização e a Pastoral da Saúde. 5 - Instituir uma biblioteca de pastoral da saúde e estimular a elaboração de bibliografia e materiais específicos de Pastoral da Saúde. 6 - Proporcionar assessoria às instituições que pretendam implantar a Pastoral da Saúde, tais como hospitais, dioceses e paróquia.


Doação de plaquetas por aférese

A

Mais uma maneira de ajudar a salvar vidas!

Biotec é responsável pelo serviço de hemoterapia das três unidades do Hospital São Camilo de São Paulo e do Hospital IBCC (Instituto Brasileiro do Combate ao Câncer), administrado pelo São Camilo. Esses hospitais possuem uma grande área de TMO (Transplante de Medula Óssea) e atendem pacientes com doenças onco-hematológicas, como linfoma e leucemia que, em seus tratamentos com quimioterapia, precisam receber transfusões de plaquetas. Plaqueta é um dos componentes do sangue, responsável pela coagulação sanguínea. Quando uma doação normal é realizada (sangue total) o conteúdo da bolsa é separado em plasma, plaquetas e hemácias, que são os principais componentes do sangue. Porém, numa bolsa de sangue há uma quantidade pequena de plaquetas. Existe uma maneira de doar apenas plaquetas numa quantidade maior, suficiente para transfundir um paciente adulto. Esse método chama-se aférese. E como as plaquetas se repõem no organismo humano rapidamente, pode-se doar a cada 48 horas, não ultrapassando 4 vezes dentro do mesmo mês. Isso é muito importante, pois após a coleta, as plaquetas têm vida útil de apenas 5 dias, e isso faz com que a necessidade dessa doação seja constante para assegurar os estoques. No método de doação por aférese (separação), o sangue é retirado em pequenas quantidades e após a extração do componente necessário, no caso as plaquetas, o restante do sangue é totalmente devolvido ao doador, de forma simples e segura – devido ao uso de material descartável – pela mesma veia de saída. Assim, a veia do doador deve ser calibrosa e, por isso, é avaliada antes do procedimento. Para doar, o candidato precisa comparecer ao banco de sangue para ter sua veia avaliada pela enfermagem e coletar uma amostra de sangue para a realização de exames sorológicos. Dentro de 3 dias, a equipe de captação entra em contato com o doador para agendar a doação. Os requisitos básicos para essa doação são os mesmos de uma doação de sangue:

• Ter entre 16 e 67 anos (menores devem estar acompanhados do responsável legal ou portar autorização com firma reconhecida, cedida pelo banco de sangue; pessoas com idade superior a 60 anos podem doar desde que tenham realizado doação anterior); • Estar em boas condições de saúde, bem descansado e alimentado; • Pesar mais de 50 kg; • Apresentar documento oficial e original com foto (RG, CNH, Passaporte, Carteira de Trabalho, Certificado de Reservista ou Carteira de Trabalho emitida por Classe). Para podermos atender adequadamente os pacientes internados nos hospitais, fornecendo hemocomponentes de qualidade, dependemos de pessoas conscientes e altruístas que dediquem parte do seu tempo para ajudar outras pessoas: os doadores. Seja um doador de plaquetas e ajude-nos a divulgar essa causa tão importante. Para que a vida se renove, precisamos de você! Informe-se: (11)3676-1848 ou (11)3868-4326. www.clubesanguebom.com.br Marketing Clube SangueBom


Uma palavra de gratidão e carinho

E stimados leitores e agentes de Pastoral da Saúde, escrevo esse editorial com os dedos trêmulos e

o coração apertado, pois este certamente é o último texto que escrevo como diretor do ICAPS e vicecoordenador nacional da Pastoral da Saúde. A partir do próximo mês, não estarei mais à frente de atividades relacionadas à Pastoral da Saúde no Brasil, pois estou indo para um novo desafio e espero contar com a compreensão de todos e, sobretudo, com as suas orações. Antes de falar desse novo desafio e da grande mudança que está acontecendo em minha vida, gostaria de dizer algumas palavras sobre o que me deixa confiante para assumir essa nova missão. A intimidade de Jesus com Deus Pai foi o alicerce da sua passagem histórica. Jesus sabia que não estava no mundo para realizar a sua vontade, mas veio para executar o projeto do Pai, conduzido pelo Espírito Santo. Jesus, íntimo do Pai, recebeu a sua missão de executar, na história, o projeto de vida e libertação do Reino de Deus, o que fez no Espírito Santo. Ao ressuscitar, enviou o mesmo Espírito que o conduziu para que os seus discípulos, de todos os tempos e lugares, pudessem dar continuidade, na história, à missão que executou. Essa breve reflexão nos leva a almejarmos uma vida no ceio da experiência trinitária, na qual somos convidados a nos tornarmos íntimos do Pai, que nos leva a abrir os ouvidos para escutarmos a voz do Filho, que nos ensina o caminho da ação de vida e libertação, e nos coloca na atmosfera do Espírito Santo que, por sua vez, irá nos conduzir na missão de continuarmos a missão história da construção do reino de Deus. Confiante nessa verdade evangélica revelada por Jesus, aceitei ser diretor do ICAPS, ainda muito jovem e mesmo antes de ser ordenado sacerdote. E é com a mesma confiança que assumo mais um desafio, agora em terras estrangeiras, mas com a alegria de sempre. Por decisão do Provincial, seu conselho e minha, em meados do mês de junho, embarcarei para os Estados Unidos da América, para dar continuidade aos meus estudos com a realização do doutorado. Vou para a cidade de Milwaukee, onde há uma comunidade camiliana, a qual irei compor, e realizarei o doutorado em Bioética e Ética Teológica na Marquette University. A previsão é que eu fique por lá em torno de 04 anos. Nesse tempo, além dos estudos, vou ajudar os camilianos norte-americanos nas suas atividades ligadas à Pastoral da Saúde. Um novo desafio, numa nova cultura, nova realidade e diferente língua. Sinto um fiozinho na barriga, mas vou confiante, porque sei que Deus não me desamparará. Se vocês tivessem a oportunidade de me perguntar como estou me sentindo, eu diria: “sinto-me em meio a dois grandes sentimentos, de alegria, pois vejo que é uma grande oportunidade que estou tendo, resultado de uma vida com muita seriedade nos estudos, e de tristeza, por ter que deixar por um tempo a Pastoral da Saúde no Brasil, pois afinal de contas, eu sou extremamente apaixonado pelo que faço”. Eu vou para fazer esse doutorado porque vejo que poderei contribuir muito mais com a Pastoral da Saúde no futuro e, assim, poderei fazer o que disse no discurso de agradecimento na minha ordenação: que sinto ser essa a minha missão, aprender o conhecimento denso do mundo acadêmico e colocá-lo em uma linguagem compreensível e acessível para todos, sem torná-lo inferior, para que as pessoas possam ser protagonistas da sua própria história. Concluo dizendo apenas muito obrigado por tudo que vocês me ensinaram, pois se sou o que sou hoje, vocês, agentes de pastoral da saúde, com a simplicidade do carinho atencioso e tudo que fazem pelos enfermos, contribuíram substancialmente para isso. Agradeço a Deus por tudo que fizeram por mim e dou glória a Ele pela vida de vocês. As atividades do ICAPS continuam com um novo diretor e certamente colaborarei com alguns artiguinhos. Mantemonos unidos pelo mesmo Espírito que nos conduz no carisma da misericórdia (e também por e-mail: alexandre@saocamilo.br). Que Deus abençoe vocês!!! E até logo...


Prof.ª Roseine Melo

No dia a dia, atuando como docente na formação em saúde coletiva, vejo que o caminho a ser percorrido é

aquele de nos sentirmos todos um único “corpo”, todos interligados, como membros diferentes, cada um a serviço dos outros, em seu limite e particularidade, a serviço do movimento e do bem-estar do corpo inteiro. É o que foi proposto nesse ano na Campanha da Fraternidade, que teve como lema “que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8). Todos podem contribuir para a melhoria na saúde, cada um fazendo seu papel: poder público, trabalhadores de saúde comprometidos e população colaborativa, mesmo diante das dificuldades e dos desafios. Faço a experiência de que isso não é automático. Se olharmos somente com os nossos olhos, aparentemente, as notícias que ouvimos e os acontecimentos ao nosso redor parecem contradizer a nossa esperança de transformação da realidade. Mas, partindo do olhar de Deus, é possível entrever algo novo. Quase todos os dias, quando me encaminho para o trabalho, partindo desse olhar, posso ver sinais vivos de Sua presença, desse Deus “que amou tanto o mundo, que entregou seu Filho Unigênito, não para condenar o mundo, mas para salvá-lo” (João 3, 16). Meu trabalho consiste em acompanhar alunos estagiários em saúde coletiva do 4º ano do curso de enfermagem, junto de algumas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região central da cidade de São Paulo, onde a cada dia se fazem presentes, na maioria, imigrantes bolivianos. Um dos objetivos do estágio é realizar visitas domiciliares com os enfermeiros e agentes de saúde; uma atividade com o intuito de subsidiar a intervenção no processo de saúde da coletividade, conhecendo a realidade dos usuários: condições de moradia, hábitos familiares, levantamentos de dados, cadastro das famílias, a fim de poder realizar procedimentos como medicações, curativos e, sobretudo, orientações e busca ativa para determinadas patologias. A maioria dos alunos nunca teve contato com uma situação tão difícil e sofrida, na qual se encontram muitas famílias e jovens bolivianos, nas inúmeras “oficinas de costura”, na região central da cidade de São Paulo. Acompanhando esses jovens, procuro explicar-lhes o contexto migratório em que operam: os problemas de inserção, as dificuldades da língua, o impacto com a diversidade dos costumes nesse novo país que os acolhe. O desejo é que os imigrantes e cada pessoa possam ser vistos com benevolência, acolhidos e estimados em sua originalidade, que é sempre uma riqueza. No encontro direto com as famílias, muitas vezes é possível superar os preconceitos e as barreiras que todos carregamos frente a quem ainda não conhecemos. Muitas vezes, o conhecimento direto das duras condições de vida dos imigrantes solicita aos jovens ir além dos aspectos puramente técnicos das ciências da enfermagem e a se interrogar sobre o bem global dos que visitam e sobre a situação social em geral. Recentemente, realizamos uma campanha de sensibilização e “prevenção” da Tuberculose nas “oficinas de costura” e uma aluna me dizia angustiada: “Como eu vou chegar dentro dessas casas tão precárias, fechadas, sem ventilação e vou orientar essas pessoas sobre os cuidados para não contrair a Tuberculose, sabendo que elas não poderão seguir essas orientações?”. Nos estágios, muitas vezes, constatamos a falta de equipamentos adequados. Lembro-me de que, dias atrás, estava com um grupo de alunos, numa determinada Instituição Pública de Saúde da Mulher, para realizarmos um mutirão de exames. Na sala de coleta, os equipamentos eram muito precários, a mesa ginecológica estava sem o parafuso que regulava a posição da paciente. Tivemos de nos revezar para segurar aquele equipamento, a fim de podermos desenvolver nossa ação. Esse fato, porém, nos deu a oportunidade de conversar com todas as pacientes, explicando a situação antes da realização do exame e, assim, pudemos criar o vínculo necessário para uma ação descontraída e serena. Além das atividades no território de abrangência da UBS, os alunos têm também a oportunidade de conhecer o trabalho dos profissionais de saúde, muitos dos quais, no dia a dia, sobrecarregados de demandas, sabem superar a rotina, realizando práticas assistenciais com dedicação e responsabilidade, para procurar melhorar a qualidade de vida e o estado de saúde dos pacientes. Uma aluna do 8º semestre assim comentava sobre essa experiência: “Estou tendo a oportunidade, como estagiária, de acompanhar o dia a dia de um profissional de saúde, que sabe servir de verdade, mostrando-me que a atitude do acolhimento ao outro é o primeiro


passo para o cuidado humanizado aos pacientes, sejam brasileiros ou bolivianos. Por exemplo, através de curativos impecáveis em sua higiene e cuidado, usando materiais apropriados e adequadamente, fazendo da úlcera e do paciente seus amigos, dialogando com ambos e tratando-os com carinho, respeito e paciência, pois sabe-se que cada ferida tem seu tempo de cicatrização. A alegria e a satisfação autêntica nascem em fazer tudo com amor”. Outra aluna chegou a refletir sobre o empenho pessoal necessário para a mudança da realidade: “Diante desta vivência, posso afirmar que ainda há esperança para a construção de um sistema de assistência à saúde, em que vigorem os princípios de equidade, integralidade e universalidade efetivamente, pois existem muitas tentativas frente a tantas situações adversas por parte dos profissionais, agentes de saúde e usuários. Depende de cada um implantar mudanças positivas no ambiente em que se encontra. Nesse sentido, o estágio em Saúde Pública, não é somente uma exigência da Graduação de Enfermagem, mas é uma importante experiência de vida que me acompanhará em minha futura profissão e vocação de ser enfermeira”. Também outras duas alunas se deixaram tocar pelo testemunho corajoso e criativo dos profissionais, além dos graves problemas dos imigrantes bolivianos nas “oficinas de costura”: “Foi enriquecedora a experiência vivida na unidade trabalhada, que nos permitiu observar o contraste causado pelo choque de realidade presente a cada visita domiciliar. Deparamos-nos com condições miseráveis e desumanas de moradia, higiene e trabalho, jamais imaginadas, mesmo através de filmes e livros. E neste cenário, realizamos orientações de controle de Tuberculose, ainda sabendo, internamente, que para uma verdadeira prevenção desta doença seriam necessárias mudanças muito mais profundas do contexto social. Mas nos surpreendemos ao encontrar profissionais da saúde que, apesar de tudo, conseguem garantir uma assistência de qualidade, e não só frente às dificuldades do ambiente e aos escassos meios disponíveis para trabalhar, mas porque acreditam que podem, sim, fazer a diferença neste sistema de saúde”. Na minha vida missionária e como enfermeira, tenho muita gratidão pela possibilidade de partilhar o caminho desses jovens, recolhendo suas perguntas e buscando com eles respostas neste âmbito muito complexo e cheio de desafios, no qual as problemáticas da saúde se entrelaçam com questões mais amplas, ligadas à injustiça social e ao fenômeno migratório. A sensibilização e a formação me colocam também na escuta da demanda de sentido e da procura de esperança, escondidas atrás de muitas questões que surgem nos alunos frente ao mal do mundo e às realidades mais desumanas. Com efeito, “a grandeza da nossa humanidade determina-se na relação com o sofrimento e com quem sofre” . E é fascinante ver como os olhos desses jovens, mais atentos pela dor encontrada, sabem captar, nas pessoas, sinais de futuro e de transformação; sinais que falam de sacrifício, de responsabilidade, de amor, de criatividade para o bem e que permitem imaginar, também para si, um projeto de vida como o dom pelos outros. .Roseane Melo é enfermeira e professora do Centro Universitário . São Camilo 1

Bento XVI, Carta Encíclica Spe Salvi, 38


Princípios da Pastoral da Saúde nos hospitais da Rede São Camilo

Nota explicativa: em setembro de 2011, no I Encontro de Coordenadores da Pastoral da Saúde dos Hospitais da Rede

São Camilo, iniciou-se um processo de elaboração de um algumas diretrizes, para que a atuação da Pastoral da Saúde nos hospitais camilianos pudesse ser mais frutuosa e resplandecesse, de forma concreta, o ideal de São Camilo na atenção humanizada aos enfermos, dentro da interação com a realidade local e em resposta aos seus clamores. Nesse encontro, ficou decidido que se elaborassem princípios que atendessem os cinco aspectos fundamentais, a saber: (1) ver o Cristo no próximo; (2) carisma e valores camilianos; (3) a forma organizacional; (4) o respeito à pluralidade e (5) a humanização. Depois pensou-se em objetivos capazes de favorecer a vivência desses princípios. Muitas sugestões foram colhidas nesse encontro. No dia 26 de abril de 2012, uma equipe de coordenadores de Pastoral dos hospitais camilianos da região centro-sudeste reuniu-se em Minas Gerais, para estudar esses princípios, que foram elaborados pela Equipe ICAPS a partir do Encontro de setembro de 2011. O resultado disso está apresentado abaixo. Ainda não é o final dessa discussão, mas um segundo passo, pois agora, com um texto em mãos, pode-se dialogar a partir dele, para chegarmos ao texto final. A equipe ICAPS está aberta a críticas e sugestões, para poder elaborar o texto final. De qualquer forma, esses princípios não são algo para limitar a ação da Pastoral da Saúde nos hospitais camilianos, mas são guias-mestres para que todos possam agir conduzidos pelo Espírito Santo, fiéis ao Evangelho e ao ideal de São Camilo, na inculturação com a realidade local e em resposta às suas exigências e clamores. PRINCÍPIOS 1 - Ter, como fonte e motivação para a ação da Pastoral da Saúde, nos hospitais da Rede São Camilo, o ardor evangélico que inspirou São Camilo de Lellis, na solidariedade samaritana (cf. Lc 10, 29-37) e no espírito profético, para promover saúde e vida em abundância (Cf. Jo 10,10) 2 - Assumir o espírito camiliano de assistência aos enfermos e sofredores, na opção preferencial pelos pobres, colocando o “coração nas mãos”, para cuidar dos enfermos com o “mesmo cuidado com que uma mãe cuida do seu único filho doente”, promovendo um ambiente de amor e cuidado. 3 - Promover as ações da Pastoral da Saúde, de acordo com uma concepção integral do ser humano, portador de uma dignidade intrínseca, que deve sempre ser defendida e promovida por meio de ações pastorais que envolvam as suas três dimensões, solidária, comunitária e político-institucional. 4 - Ser uma Pastoral humanizada e ecumênica, para que suas ações sejam um sinal concreto de humanização para todo o ambiente hospitalar e de respeito à pluralidade e à diversidade de crenças. 5 - Organizar a Pastoral da Saúde promovida pelos hospitais da Rede São Camilo em comunhão com as orientações da Coordenação Nacional da Pastoral da Saúde – CNBB, na interação e inculturação com a realidade local, seu contexto, problemáticas e desafios e em sintonia com a comunidade eclesial particular.

Objetivos da Pastoral da Saúde: - Promover cursos de formação e capacitação aos agentes da pastoral, tendo como inspiração e foco o carisma camiliano. - Assistir os doentes nas suas necessidades físicas e espirituais. - Ter estrutura física e humana para o bom desenvolvimento da pastoral. - Manter presença constante da Pastoral da Saúde junto à sociedade e à Igreja, por meio das suas ações. - Ter e preservar a Capela dentro da Instituição Camiliana. - Manter as reuniões anuais de coordenadores da Pastoral da Saúde para a troca de informações. - Despertar a humanização dos colaboradores com um todo. - Ter uma pessoa exclusiva para a Pastoral da Saúde.

Atribuição do Coordenador da Pastoral - O coordenador da Pastoral precisa exercer, prioritariamente, função de Coordenador da Pastoral da Saúde. - Organizar e administrar as ações pastorais dentro do hospital. - Organizar um calendário de atividades anuais, integrando colaboradores e pacientes. - Coordenar os voluntários, assim como aceitar, capacitar e desligá-los. - Estar atento à necessidade sacramental e espiritual do paciente. - Organizar a capacitação dos agentes de pastoral.


Envelhecer bem e morrer com dignidade Uma homenagem ao Pe. Julio Munaro, pela sua dedicação à Pastoral da Saúde Pe. Alexandre A. Martins

OPe. Júlio, nas palavras de Santo Agostinho, agora goza a sua

beata vita no mistério de Deus, depois de uma existência unida a Deus e de serviço ao seu Povo. Ele faleceu na sexta-feira santa (06.04.2012), e gostaria de homenageá-lo com algumas palavras de gratidão por tudo que fez pela Pastoral da Saúde no Brasil; ele, que foi um dos mestres que tive na minha vida, e a quem devo grande parte do que sou hoje.

Tive a oportunidade de ser aluno do Pe. Júlio em três contextos diferentes. Primeiro, ele foi meu professor de história da Ordem Camiliana, no período do noviciado; depois, orientoume na arte do cuidado com os enfermos, na prática da Pastoral da Saúde; por fim, foi meu professor na faculdade de Teologia, lecionando História da Igreja Medieval. Participei, então, de uma das últimas turmas a ter aulas com ele, pois logo deixou a docência acadêmica para se dedicar integralmente aos cursos populares de Pastoral da Saúde, dando-nos um exemplo de sua consciência histórica e pastoral: seu tempo como professor universitário chegou ao fim e sentia que era o momento de dar oportunidade aos professores jovens. Com profundo amor ao povo simples, decidiu gastar com ele os últimos anos da sua vida, ensinando a arte da Pastoral da Saúde. Tive a graça de conviver com o Pe. Júlio esses derradeiros anos, em que o aprendizado acontecia como na Paideia grega, no dia a dia da convivência, entre uma refeição e outra, ou no encontro quase que diário na sala de leitura para ler o jornal. Ele foi um exemplo de pessoa que soube viver, fazendo da sua passagem aqui na Terra um tempo significativo para si e para muitas pessoas. O envelhecimento talvez seja uma das fases mais difíceis da existência de qualquer ser humano, sobretudo em meio a uma cultura que tende a não valorizar o que é velho e antigo. É uma fase frágil, pois naturalmente as forças vão diminuindo. Mas ser velho não é sinônimo de ser doente. Esta fase da vida é tão bela e significativa como qualquer outra. O Pe. Júlio sempre nos alertou para o problema da velhice no mundo ocidental. Se por um lado o velho não é valorizado como deveria, por outro, Ele foi um exemplo de pessoa que a morte é negada.

soube viver, fazendo da sua passagem aqui na terra um tempo significativo para si e para muitas pessoas

Atualmente, as pessoas estão vivendo mais: a média da expectativa de vida aumenta a cada ano e, com ela, a população idosa. O Brasil, por muitos anos, ostentou o marca de ser uma nação jovem, mas isso está mudando. Com uma velocidade impressionante, está se tornando um país com uma grande população idosa. O último censo constatou que, em dez anos, a população com mais de 60 anos aumentou mais de 100%, enquanto a de jovens não chegou aos 20%. Isso mostra a urgência de se repensar a relação com os idosos e sua função social, pois ser idoso não é sinônimo de invalidez e de doença. O idoso precisa ser acolhido por uma sociedade que o valorize pelo que já foi e pelo que é, permitindo-lhe contribuir, de acordo com suas possibilidades, e viver com dignidade. Tudo isso pode acontecer desde o reconhecimento social até o acesso a serviços de saúde com qualidade, a fim de que possa viver bem essa fase da existência e se despedir da vida dignamente. Relembro essa problemática, pois é uma questão em relação à qual o Pe. Julio sempre nos alertou e porque ele, diferentemente de muitos brasileiros que chegam à idade que chegou, viveu o fim da sua vida com muita dignidade e se despediu dela com louvor. Ele se foi, a saudade ficou, mas também fica a lembrança de uma vida que soube fazer da sua existência um testemunho de amor e serviço ao Povo de Deus.


TESTEMUNHO QUE VI

Anote aí!!!

João Paulo Vi uma mãe ao lado da cama do filho. Estava no hospital. O rapaz tivera um acidente na empresa. Seu pé ficara preso na esteira que transporta o cimento. Ela olhava sorridente, escondendo a dor. Havia lágrimas invisíveis, tecendo um manto azul de tristeza, e gritos pavorosos forçavam a boca silenciosa. Ela, mais acidentada que ele. Tantas vezes desejaria ter se acidentado por ele. Mas a vida é assim mesmo, cada um tem seu caminho, suas alegrias, dores. A mãe não. Permanecia em pé ao lado do filho, fingindo estar forte, mas derretia-se por dentro em dores indescritíveis, cordão umbilical espiritual que sofre junto. O filho não podia saber.

XXXII Congresso Brasileiro de Humanização e Pastoral da Saúde A PRESENÇA DA PASTORAL DA SAÚDE NA SOCIEDADE BRASILEIRA: DESDOBRAMENTOS DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2012

07 e 08 de setembro de 2012 Local: Centro Universitário São Camilo, campus Ipiranga I, São Paulo –SP

Para mais informações, entre em contato com a Secretaria do ICAPS: (11) 3862-7286 ou pelo e-mail: icaps@camilianos.org.br.

O marido não podia saber. Ninguém podia saber. Só Deus, que sofre por nós, sabia.

Taxa: R$ 25,00 até o dia 27 de agosto / R$ 40,00 até o dia 31 de agosto (data limite para inscrição).

ICAPS - Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética Tel: (11) 3862-7286 E-mail: icaps@camilianos.org.br Avenida Pompeia, 888 Cep: 05022-000 São Paulo-SP

impresso


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