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SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE INFORMATIVO DO INSTITUTO CAMILIANO DE PASTORAL DA SAÚDE ANO XXIX N.315 JANEIRO/FEVEREIRO 2013

DIA MUNDIAL DO ENFERMO 2013 Por ocasião da XXI Jornada do Enfermo, Bento XVI faz suas estas palavras “reconfortantes” para expressar a própria proximidade a todos aqueles que “nos locais de atendimento e de tratamento ou até mesmo em casa”, estão enfrentando “um difícil momento de prova por causa da doença e do sofrimento”. A Jornada será celebrada solenemente sexta-feira, 11 de fevereiro, memória litúrgica da Beata Virgem Maria de Lourdes, no Santuário mariano de Altötting. Será um “momento de forte oração” para os enfermos, os profissionais de saúde e pastorais e as pessoas de boa vontade - disse o Papa -, bem como uma oportunidade “de oferecer o sofrimento para o bem da Igreja e como uma chamada para que todos reconheçam no rosto do irmão enfermo a Sagrada Face de Cristo”. Centro da Mensagem de Bento XVI é a parábola do Bom Samaritano narrada por São Lucas. Com o exemplo desta figura “emblemática” - disse o Papa - Cristo “quer dar a entender o amor profundo de Deus por cada ser humano, especialmente quando está na doença e na dor”. Em particular, as palavras finais da parábola são a chave de interpretação do texto do Papa: “Vá e também faça o mesmo” (Lc 10, 37). Com isso “o Senhor indica qual é a atitude que deve ter todo discípulo seu com os outros, especialmente se têm necessidade de cuidados”. É óbvio o paralelismo já apontado por vários Padres da Igreja entre o Bom Samaritano e Jesus, ou seja “Aquele que torna presente o amor do Pai, sem barreiras ou fronteiras”, ao ponto de desvertir-se do seu “hábito divino”, para aproximar-se misericordioso “do abismo do sofrimento humano”. O amor de Deus pelo homem é um “amor infinito”: desta atitude - observa o Santo Padre - através da oração, é possível alcançar “a força de viver cotidianamente uma atenção concreta com relação aos feridos no corpo e no espírito, de quem pede ajuda, também se desconhecido e sem recursos”. Isso não vale só para os agentes pastorais e sanitários, mas

também para o mesmo enfermo que portanto “pode viver a própria condição numa perspectiva de fé”. Como afirmava de fato a Spe Salvi: “Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor, que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e amadurecer nela, de encontrar sentido por meio da união com Cristo, que sofreu com infinito amor”. Bento XVI recordou ainda as figuras importantes da Igreja “que ajudaram as pessoas doentes a valorizarem o sofrimento humano e espiritual”, como estímulo e exemplo para intensificar “a diaconia da caridade” durante o Ano da Fé. Portanto: Santa Teresa do Menino Jesus, que viveu a doença “em união profunda com a Paixão de Jesus”; o Venerável Luiz Novarese, que acompanhava os doentes nos Santuários marianos; Raoul Follereau que dedicou a própria vida aos cuidados das pessoas com Alzheimer. E depois: a beata Teresa de Calcutá que depois de ter encontrado Jesus na Eucaristia, saía pelas ruas para servir “o Senhor presente nos que sofrem”. E Santa Ana Schäffer que transformou seu “leito de dor” em uma “cela conventual” unindo de forma exemplar os próprios sofrimentos aos de Cristo. No entanto - mostra Bento XVI - o maior exemplo é o da Virgem Maria que diante do “supremo sacrifício” do Filho sofredor no Gólgota, nunca perdeu a “esperança na vitória de Deus sobre o mal, sobre a dor e sobre a morte”, mas acolheu “com o mesmo abraço de fé e de amor o Filho de Deus nascido na gruta de Belém e morto na cruz”. O pensamento final do Santo Padre foi a todos os que dedicam as suas vidas à cura dos outros: as instituições de saúde católicas, as dioceses, as comunidades cristãs, as famílias religiosas, as associações dos profissionais de saúde e os voluntários. “Que em todos – deseja o Papa – possa aumentar a consciência de que na acolhida amorosa e generosa de toda vida humana, especialmente dos fracos e enfermos, a Igreja vive hoje um momento fundamental da sua missão”.

OS “DEMÔNIOS” DOS NOSSOS DIAS Anísio Baldessin

Certo dia, na sala da capelania do Hospital das Clínicas, fui procurado por uma pessoa que em prantos, veio pedir para que eu batizasse sua filha. Pensando que a criança estivesse muito doente perguntei onde ela estava internada. A mãe respondeu que ela não estava internada e não tinha nenhuma doença. “Minha filha padre, não consegue dormir à noite, acorda agitada, tem pesadelos, grita. E outro dia pegou uma faca, colocou-a no pescoço dizendo que queria morrer. Disseram para mim que tudo isso está acontecendo pelo fato da menina não ter sido batizada. Por isso, eu acho que ela está com o demônio”. Vendo a angústia e o nervosismo da mãe convidei-a para sentar, busquei um copo d’água e me coloquei à disposição para ouvi-la. Após escutar o relato da mãe perguntei quantos anos tinha a menina, como estava o ambiente em casa e qual era a situação da família. Ela continuou dizendo que a criança tinha seis anos e que a família estava passando por um momento muito difícil. “Veja padre, meu irmão está sendo acusado de um assassinato, a polícia entra em casa a qualquer hora do dia ou da noite, minha irmã tem problemas de esquizofrenia, grita, tem distúr-

bios mentais e toma remédios de tarja preta. Meu marido bebe muito e geralmente chega em casa embriagado. Minha sogra por sua vez, que tem uma religião estranha, (não disse qual era a religião) anda fazendo alguns rituais dentro de casa. É uma tremenda confusão em casa”. Depois desse relato eu disse: “minha senhora, num ambiente como esse, qualquer um tem pesadelos e vontade de sumir e até de morrer. Porém, o sacramento do batismo não é para curar doenças, tirar mau-olhado, quebranto, muito menos “possessões”, encostos e outras crendices que o povo insiste em acreditar e propagar. O batismo é o sacramento da iniciação que integra a pessoa na comunidade cristã. Prova de que estas manifestações não acontecem por falta de batismo é o grande número de pessoas que nunca foram e nem serão batizadas e que no entanto, têm uma vida normal.” E o “demônio”, não atormenta? Na bíblia nem todas as enfermidades eram atribuídas aos demônios. Se a causa era externa como por exemplo, uma ferida, uma deformação, a deterioração visível de um órgão ou de um membro, a enfermidade não era do demônio ou dos espíritos maus. Nos Evangelhos nunca se considera “endemo-


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niado” um leproso ou um cego. Muito menos os paralíticos, incapacitados físicos... Nunca se diz que estão “possuídos”. Se não podem caminhar (Mc. 2, 1) ou mexer a mão (Mt. 12, 9) ou tinham uma deformação (Lc. 14, 1), a causa estava à vista de todos. O mesmo pode ser observado quando se tratava de hemorragias (Mc. 5, 25) ou de febre que obrigava a ir para a cama (Mc. 1, 29). Pelos Evangelhos se vê que a medicina da época de Jesus distinguia claramente entre enfermidades externas, cuja causa natural era percebida pelos sentidos, e internas, cuja causa a medicina desconhecia. A prova de que os “endemoniados” dos Evangelhos eram doentes e não verdadeiros “possuídos” nos é dada pelos próprios Evangelhos, que precisam o tipo de doença que padecia o suposto “possuído”. Assim, diz-se que apresentaram a Jesus um “endemoniado mudo” (Mt. 9, 32). Ou que Jesus expulsou, “um espírito surdo mudo” (Mc. 7, 32), é afinal a cura de um surdo-mudo. Ou que, acabado de curar o endemoniado de Gerasa, este permaneceu “em seu perfeito juízo” (Mc. 5, 16). Isso indica que antes estava louco. E no caso do jovem endemoniado acompanhado pelo seu pai (Mc. 9, 14-29), não só Mateus declara que se trata de um lunático, termo médico com que então se designava o epiléptico, mas até todos os sintomas que refere Marcos correspondem à epilepsia. Vejam que na linguagem da época, recebiam o nome de “endemoniados” os que atuavam estranhamente: falavam ou agiam de forma incompreensível. A João Batista, que não comia nem bebia, disseram que tinha um demônio dentro (Mt. 11, 18). Estava endemoniado João no sentido que hoje entendemos? Claro que não. Simplesmente queriam dizer, “está louco”. E quando Jesus afirma que quem fizer caso da sua mensagem não saberá o que é morrer, os judeus replicaram: “Agora temos a certeza que

tens um “demônio” (Jo. 8, 52), ou seja, de que estás louco. Que no tempo de Jesus estar “endemoniado” era sinônimo de estar “louco”, mostra-o claramente o texto de Jo. 10, 20, em que, depois de Jesus falar do autêntico pastor que é, muitos diziam: “Está endemoniado”. Portanto, louco. No decorrer desta leitura certamente o leitor deve ter elaborado muitas perguntas a respeito desse assunto tão complexo. Porém, quero deixar bem claro que essas explicações foram dadas apenas para ilustrar a reflexão. Meu objetivo na verdade não é afirmar se o demônio existe ou não e sim chamar a atenção para os “demônios” dos nossos dias. Vejam que desde o início coloquei a palavra demônios entre aspas para significar que é importante refletirmos sobre que espécie de “demônios” somos reféns. A Jesus no deserto, também o “demônio” tentou oferecendo coisas como, Ser, Ter e Poder. Isso nos mostra que atrás de toda tentação “diabólica” está uma tentativa de satisfazer um desejo desregrado qualquer. Como os seres humanos geralmente estão sempre carentes e necessitados de algo, é difícil resistir e não se tornar escravo das próprias necessidades. Daí todo tipo de desordens no excesso da alimentação, na busca do que é supérfluo, na ganância de se acumular riquezas, de trabalhar de maneira exagerada, de ficar refém do computador e/ou da internet, de cargos e títulos. Enfim, de todo tipo de desregramento. Quando isso acontece, a paz na vida e na própria casa fica ameaçada. Será que antes de nos preocuparmos com os demônios de que fala a bíblia, não deveríamos nos preocupar com os “demônios” dos nossos dias? Anísio Baldessin, padre camiliano, é capelão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

TODAS AS COISAS DEVEM SER FEITAS COM AMOR Dom Pedro José Conti

Um conto dos padres do deserto diz que certo monge, vendo a morte chegar, pediu aos seus companheiros que lhe trouxessem a chave do céu: queria morrer agarrado a ela. Um companheiro saiu correndo e lhe trouxe a Bíblia, mas não era isso que o agonizante queria. Outro teve a idéia de trazer a chave do sacrário; também não deu certo. Foi então que alguém, que conhecia melhor o doente, foi buscar agulha e linha. Agarrado a esses objetos prosaicos, o irmão passou mais tranqüilo para a vida eterna. Ele era o alfaiate da comunidade: sua chave para o céu era a atividade diária, carinhosamente realizada para servir aos seus irmãos. A historinha nos leva a entender que o trabalho cotidiano do monge foi a sua verdadeira chave para entrar no céu. Com certeza ele também devia ter rezado muito, meditado bastante, talvez jejuado nos dias certos e cultivado algumas dezenas de outras virtudes. No entanto, ele sabia muito bem que tudo dependia de como ele havia exercido o seu maior serviço na comunidade. O caminho da santidade pode passar por momentos extraordinários, gestos de heroísmo, façanhas memoráveis; porém passa, em primeiro lugar, por aquilo que fazemos bem ou mal no dia-a-dia. Todos nós reconhecemos que, em nossa vida, é muito mais pesado o dever cotidiano do que alguns momentos de esforço, difíceis sim, mas passageiros. É por isso que João Batista, o Precursor, deu respostas diferentes para os diversos grupos de pessoas que lhe per-

guntavam: “O que devemos fazer?” Todos deviam partilhar o que estava sobrando de suas roupas e de sua comida. A solidariedade com os necessitados e carentes é o primeiro passo para iniciar uma nova vida. Sem desprendimento não há verdadeira conversão. Depois, o profeta do deserto apontou escolhas diferentes para os cobradores de impostos, que extorquiam o povo, e para os soldados, que deviam aproveitar demasiadamente da sua força e das suas armas. Significa que cada um deles, naquele tempo, como também nós, hoje, devemos encontrar o nosso próprio caminho de conversão, a partir do lugar onde estamos. Os exemplos não faltam. Muitos sabem perfeitamente o que eles fariam se fossem o presidente ou o governador. No entanto poderiam começar a cuidar melhor das suas famílias e dos seus negócios. Mal conseguem administrar os seus lares; o que fariam se tivessem maior responsabilidade? Não muito diferente acontece na Igreja também. Quem nunca quis dar conselhos ao padre, ao bispo e ao papa? Com toda razão, talvez, mas nem sempre quem distribui sentenças aplica os mesmos critérios para si mesmo. Com isso não quero dizer que não podemos mais falar ou criticar. Ao contrário, a correção fraterna é evangélica e salutar entre amigos e irmãos. Quando, porém, a crítica é estéril, ou é a descarga de mágoas, invejas e frustrações, ela não serve nem para quem a recebe e nem para quem a dispara.

O boletim “São Camilo Pastoral da Saúde” é uma públicação do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde - Província Camiliana Brasileira. Presidente: Pe. Leocir Pessini / Conselheiros: Ariseu Ferreira de Medeiros, Antonio Mendes Freitas, Olacir Geraldo Agnolin e Arlindo Toneta / Diretor Responsável: Anísio Baldessin / Secretária: Fernanda Moro / Projeto Gráfico e Diagramação: Fernanda Moro / Revisão: José Lourenço / Redação: Av Pompéia, 888 Cep: 05022-000 São Paulo-SP - Tel. (11) 3862-7286 / E-mail: icaps@camilianos.org.br / Site: www.icaps.org.br / Periodicidade: Mensal / Tiragem: 2.000 exemplares / Assinatura: O valor de R$15,00 garante o recebimento, pelo correio, de 11 edições. O pagamento deve ser feito mediante depósito bancário em nome de Província Camiliana Brasileira, no Banco Bradesco, Agencia 0422-7, Conta Corrente: 89407-9.


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ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DEVEM ADMINISTRAR HOSPITAIS PÚBLICOS? Nacime Salomão Mansur

A Constituição de 1988 consagrou o desejo da sociedade brasileira de um sistema único de saúde de acesso universal e igualitário, atendimento integral e participação da comunidade. Sabiamente, não impôs um SUS unicamente estatal na execução das ações e serviços de saúde. Hoje, 65% dos serviços prestados ao SUS são realizados por entidades de natureza privada, lucrativas ou não. A recente regulamentação da emenda 29/2000 cristalizou um cenário de baixo financiamento para a saúde pública, principalmente no gasto federal, que na última década decresceu ano a ano. Nesse cenário, torna-se necessário buscar mais eficiência e eficácia no gasto público. Em São Paulo, o Estado aprovou em 1998 uma lei que iria revolucionar o conceito de gestão hospitalar pública em todo Brasil. O advento das Organizações Sociais de Saúde (OSs) permite imprimir a necessária agilidade na administração de unidades de saúde do próprio governo, proporcionando maior eficiência na gestão de recursos humanos (correspondente a 70% da despesa hospitalar) e na aquisição de materiais e medicamentos. É o que faz a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), entidade ligada à Universidade Federal de São Paulo. Hoje, administramos 11 hospitais, 29 ambulatórios e quatro farmácias. Tudo de forma eficiente e transparente. O modelo deu tão certo que foi replicado país afora. Os hospitais estaduais gerenciados por OSs são premiados e reconhecidos. Três deles receberam, desde 2010, certificados de qualidade emitidos pela Canadian Council on Health Accreditation, após auditorias atestando que as unidades possuem evidências concretas de que a gestão e a assistência prestadas na instituição são seguras e feitas de forma interdisciplinar, com foco no paciente. Além disso, vários trabalhos científicos mostram que OSs obtêm melhores resultados que a administração direta. Um estudo da Fiocruz de 2005, por exemplo, comprovou a maior eficiência das OSs, com maior taxa de ocupação de leitos (80%, contra 63% na administração direta), 61% mais altas cirúrgicas e 62% mais altas de clínicas médicas. Nos leitos, a taxa de substituição dos pacientes é de 29 horas, enquanto na administração direta o leito fica desocupado quase quatro dias. Com a governabilidade e a governança que os governos ganham com as parcerias, foi possível uma expansão sem precedentes no atendimento do SUS. Um exemplo é o município de São Paulo, com a abertura de quase 400 serviços de saúde.

Aspecto importante que deve ser ressaltado é a fiscalização e controle sobre os contratos de gestão, que são regularmente auditados pelo Tribunal de Contas do Estado e do Município, Secretaria da Fazenda do Estado e Comissão de Controle dos Contratos de Gestão, com participação do Conselho Estadual de Saúde e Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa, além do Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS) e Tribunal de Contas da União. É fundamental que o STF termine o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade 1.923, sobre a constitucionalidade das leis das OSs. Isso colocaria fim ao vácuo legal que causa fragilidade jurídica dos contratos - a ponto de permitir que a Justiça do Trabalho, de forma temerária, determine a nulidade dos contratos de gestão firmados entre governos e OSs, colocando em risco os serviços de saúde, o atendimento e vidas de milhões de pessoas assistidas gratuitamente pelo SUS. A construção de um SUS forte, que enfrente os desafios da saúde pública, não pode ser obstada por falsas ideologias, fruto maior da resistência corporativa-sindical, distantes da necessidade dos pacientes e da sociedade. Nacime Salomão Mansur, 54, médico e especialista em administração hospitalar, é superintendente dos hospitais da SPDM/Unifesp. De acordo com nossas responsabilidades, cada um de nós tem muito a melhorar, simplesmente procurando cumprir bem o que se supõe, seja o seu dever, ou, ao menos, o seu trabalho cotidiano. Assim, os pais poderiam caprichar mais na educação dos seus filhos; os educadores deveriam ensinar mais humanidade e amor à vida própria e à dos outros. Quem julga, deveria julgar com justiça. Quem administra, fazê-lo com mais honestidade e lisura. Quem comunica, buscar a verdade e não o seu próprio interesse. Quem deve evangelizar, também deveria fazê-lo com alegria, entusiasmo e competência, deixando de lado outras preocupações. Todos precisamos nos agarrar mesmo às agulhas e às linhas de nossas vidas. Fazer bem o que está ao nosso alcance, no dia–a-dia, sempre será a melhor chave pra entrar no Reino do Céu, se isso ainda nos interessa... Artigo extraído da Revista Unidade – Março de 2010.

NO ADEUS A SOLIDARIEDADE Um acidente de moto levou o filho da dona de casa Claudete Eichelberg Luft à internação na UTI do Hospital Santa Isabel. A angústia do domingo se seguiu até a quarta-feira seguinte, dia em que a equipe médica constatou o diagnóstico final, o de morte cerebral. E outra angústia se formou para a família: doar ou não os órgãos do rapaz? “A enfermeira (que acompanhou os exames na UTI) conversou com a família para doarmos os órgãos dele”, lembra dona Claudete. A enfermeira é uma das primeiras pessoas a ter contato com a família de um potencial doador de órgãos, depois do médico que noticia a morte encefálica. É ela a responsável pela entrevista em que a família decide se doará ou não os órgãos do familiar. “A entrevista familiar é um momento delicado no processo de doação, porque concretiza para a família a morte, a separação e a impotência”, explica a enfermeira coordenadora do Ambulatório de Transplantes do Hospital Santa Isabel, Solange Ramos. Todos os familiares e amigos que queiram, podem participar desse momento, ideal para se certificar de que os membros da família entendem que seu parente está morto e questionar sobre a possibilidade de os órgãos serem doados. “Perguntar o que o paciente pensava sobre doação de órgãos, se era ou não doador, é uma boa maneira de intro-

duzir o assunto”, sugere a enfermeira Solange. A resposta da família de dona Claudete a esta pergunta foi de desconhecimento sobre o assunto. “Nós não tínhamos ouvido falar de doação de órgãos até então”, recorda a dona de casa. Todas as etapas da doação e seus tempos foram explicados à família. A informação é uma rotina que deve ser seguida nas entrevistas familiares para doação de órgãos. Assim como a disponibilidade de tempo. “Um entrevistador não pode demonstrar pressa. Tem de seguir o ritmo de assimilação de cada familiar e não interrompê-los quando estão falando”, completa a enfermeira Solange. As famílias precisam de espaço para se reunir, discutir e tomar a melhor decisão sobre a doação. Por isso a resposta não deve ser requerida de imediato. Assim, dona Claudete conseguiu conversar com a família e descobrir que um dia o filho havia comentado com o tio que se algo acontecesse com ele, gostaria de ter os órgãos doados. Sabendo disso, ele decidiu: “Já que ele se foi, podemos ajudar outras pessoas. E se essa era a vontade dele, foi cumprida”. A decisão da família precisa ser respeitada. A tendência é de ela atender a vontade de doar ou nãos órgãos, expressada em vida pelo familiar que morreu. Não saber do desejo do familiar sobre doação de órgãos é uma das princi-


SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE pais razões pelas famílias que se negam a doar os órgãos. Nem sempre todos os órgãos podem ser doados e isto deve estar claro para a família. Outra informação importante a ser repassada é que a decisão de doar pode ser revogada a qualquer momento, mesmo após o termo de consentimento já ter sido assinado. Explicar para a família alguns pontos específicos associa-se a melhor taxa de consentimento. Incluem-se nesses pontos questões sobre mutilação, e desfiguração do corpo, o impacto da doação no velório e funeral; a ausência de custos para a família do doador e os procedimentos referentes ao IML, quando forem necessários. Expor estatísticas ou tentar convencer a família de que doação é um bem ou influenciá-la com ideias de moral e religião não tem validade nesse momento de doação. Profissionais que se

Página 4 mostram preocupados com a família e se sentem seguros em propor a doação atingem uma taxa de consentimento mais elevada. O encontro do profissional com a família do potencial doador deve acontecer num ambiente calmo, com acomodações adequadas, protegido de fatores externos, como interrupções e interferência, de forma a demonstrar respeito à situação vivenciada e importância do processo de trabalho em questão. A impressão do primeiro contato com a equipe de captação, o momento em que o encontro se estabelece e os tópicos discutidos durante a proposta de doação são fatores relevantes e que influenciam no consentimento de doação. Artigo extraído da Revista Enfermagem pela Excelência.

REFLEXÃO! - APRENDI Aprendi que se aprende errando; que crescer não significa fazer aniversário; que o silêncio é a melhor resposta, quando se ouve uma bobagem; que trabalhar não significa ganhar dinheiro; que sonhos estão aí para serem alcançados. Que amigos a gente conquista mostrando o que somos; que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim. Que a maldade pode se esconder atrás de uma bela face; que não se espera a felicidade chegar, mas se procura por ela; que quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada. Que a natureza é a coisa mais bela da vida; que amar significa dar-se por inteiro; que um só dia pode ser mais importante que muitos anos; que se pode conversar com estrelas; que se pode confessar com a lua; que se pode viajar além do infinito. Que ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde; que dar um carinho também faz... Que sonhar é preciso; que se deve ser criança a vida toda; que nosso ser é livre; que o julgamento alheio não é importante; que o que realmente importa é a paz interior. Que não podemos viver apenas para nós mesmos. Que quando imaginamos saber todas as repostas, vem a vida e muda todas as perguntas. Que mil fibras nos conectam com outras pessoas, e por essas fibras nossas ações vão como causas, e voltam para nós como efeitos... Portanto, aproveite ao máximo cada instante da sua vida, pois ele é único. Autor anônimo

CALENDÁRIO DE MESA 2013 DA PROVÍNCIA CAMILIANA BRASILEIRA

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