SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE INFORMATIVO DO INSTITUTO CAMILIANO DE PASTORAL DA SAÚDE ANO XXIX N.316 MARÇO 2013
FÉ E PENSAMENTO POSITIVO: UMA “MISTURA” PERIGOSA ANÍSIO BALDESSIN Por algum tempo, mais precisamente desde a internação se assemelham. Ou seja, muita revolta, porquês, e dúaté o transplante de medula, acompanhei o tratamento de vidas a respeito do que Deus pode fazer por seus filhos. uma criança que tinha um tipo raro de leucemia. Quan- Diante disso, voltei a refletir sobre a mistura que as pesdo recebeu alta do hospital para continuar o tratamento soas fazem entre fé e pensamento positivo. Há uma tenambulatorial, os familiares acreditavam que ela estava dência a associar otimismo e “pensamento positivo”, batotalmente curada. A mãe e a avó diziam que Deus ti- seada na vulgarização da idéia de que a vontade, muitas nha “feito a obra” e revelado a cura através da palavra. vezes combinada com a fé, pode superar qualquer diEu, em nenhum momento contrariei essas atitudes. Primei- ficuldade. Isso está presente na origem de muitas religiro, porque elas não pediram minha opinião. Segundo, por ões e também em quase toda a literatura de auto-ajuda. entender que qualquer coisa que dissesse naquele momen- Muitos dizem que se usarmos o pensamento positivo, certos to não traria nenhuma contribuição importante. Por fim, de que é Deus quem os utiliza para agir na terra e no mundo esentendo que se não tenho nada melhor para por no lugar piritual, não precisamos nos preocupar que tudo dará certo. também não acho conveniente tirar algo que pessoas ainda Faz-nos pensar a reflexão do doutor Dráuzio Varella: “Por têm. Afinal, quando você tira o apoio (bengala) e não co- que a energia emanada do pensamento positivo que serve loca nada no lugar ela pode cair e ficar pior do que está. para curar doenças, jamais serve para fazer um carro anAssim sendo, a única coisa que eu fiz foi oferecer minha dar dez metros ou um avião levantar vôo sem combustível? presença silenciosa. E em silêncio ficava observando a ati- Esse tipo de crendice não me incomodaria se não tivesse um tude da mãe e da avó que o tempo inperverso: o de atribuir ao doente “Tudo o que vocês pedirem lado teiro repetia que Deus a tinha curado. a culpa duplicada por haver contraído Todavia, antes de completar dois anos em oração, creiam que já uma doença incurável e por ser incapaz de transplante a doença voltou de ma- o receberam, e assim lhes de curar-se depois de tê-la adquirido”. neira ainda mais agressiva. Elas por sua O grande problema de algumas pessoas, sucederá” (Mc 11,24). vez, insistiam em negar a gravidade da principalmente cristãs, consciente ou doença e enfatizar a cura. Enquanto inconscientemente, é misturar a fé com isso a doença avançava rapidamente e a paciente definha- o pensamento positivo. É o que acontece com muitos e o que va a olho nu. Durante esse período continuei visitando-a. aconteceu com a mãe e a avó. Elas se negaram a aceitar as Numa sexta-feira, logo pela manhã recebi um telefonema evidências de uma doença generalizada e repetia sem parar da tia dizendo que seu estado era gravíssimo. Por isso, as- que Deus e suas orações iriam salvar a garota. Isso não é fé. É sim que cheguei ao hospital fui direto ao quarto. Ao aden- pensamento positivo onde as pessoas acreditam que repetintrar, percebi que ela tinha acabado de falecer e o desespe- do seguidamente, está curado, está curado, a cura acontece. ro tomava conta de toda a família. Aos poucos, o desespero Tal convicção advém da afirmação bíblica feita por Jesus: foi sendo mesclado por um surto de raiva e revolta, con- “Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o tra tudo e contra todos. Mas, principalmente contra Deus receberam, e assim lhes sucederá” (Mc 11,24). No entanto, e contra líderes religiosos que segundo a mãe e a avó fi- outros textos e a própria experiência cristã mostram que, às cam enganando os fiéis com promessas de curas e milagres. vezes, mesmo não havendo fé, Deus cura. É uma manifestaPor algum tempo fiquei ouvindo tudo aquilo sem di- ção da sua imensa graça. Outras vezes, mesmo havendo fé, zer uma palavra sequer. Antes de sair, conversei com ele não cura. É uma manifestação da sua imensa soberania. a tia e com o pai para saber se precisavam de al- Mas, diante das situações irreversíveis e doenças incuráveis guma ajuda. Não fiz nenhum ato religioso. Apenas as pessoas tentam, através do pensamento positivo, misuma breve despedida de alguns dos que lá estavam. turado com a fé, acreditar que tudo vai dar certo. Quando Enquanto caminhava de volta para a capelania fui pen- “essa mistura” não surte os efeitos desejados, além desando nas palavras e nos comentários que a mãe e avó cepcionar aqueles que creem pode aumentar ainda mais faziam em relação a Deus e aos líderes religiosos. Che- a incredulidade dos incrédulos e atiçar a zombaria deles. guei à conclusão que a maioria já sabe. Nessas situações de sofrimento, e principalmente perdas, as reações Anísio Baldessin, padre camiliano, é capelão do Hospital das Clínicas da FMUSP.
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SEDENTARISMO MATA Alexandre Padilha
O número de obesos cresce no país, e o sedentarismo mata mais que o tabagismo. Planos de saúde poderão dar desconto a quem faz exercícios físicos. A atividade física sempre foi defendida para se manter saudável e retardar o aparecimento de doenças. Uma recente pesquisa americana, realizada em 122 países, foi muito além dessa verdade incontestável, trazendo um forte alerta: a inatividade física mata. Ela é mais letal do que o tabagismo. De acordo com o estudo, o tabaco causou 5,1 milhões de vítimas fatais no mundo em 2008. Já o sedentarismo respondeu por 5,3 milhões de mortes. A inatividade seria responsável por 6% das doenças coronarianas, 7% das diabetes tipo 2 e 10% dos cânceres de mama e de pulmão. Os números levaram os cientistas a considerar o sedentarismo uma pandemia. O Ministério da Saúde tem buscado investir não somente no tratamento de doenças, mas no cuidado de toda a saúde do brasileiro, da prevenção à cura. O Programa Academia da Saúde, lançado em 2011, incentiva a prática da atividade física e prevê a implantação de 4 mil polos até 2014. Há, em construção, 1.568 unidades. Todas terão infraestrutura, com equipamentos e profissionais para a orientação nutricional, de práticas corporais e de atividades físicas. Além disso, esses polos funcionam articulados com as Unidades Básicas de Saúde (UBS). A iniciativa reforça nosso empenho em assegurar a melhoria da qualidade de vida da população, sobretudo a mais vulnerável, ao mesmo tempo em que evita mortes prematuras e reduz custos com medicamentos e internações. A disponibilidade de espaços públicos para exercícios eleva em até 30% a frequência de atividades físicas. Pessoas que passaram a se exercitar em projetos semelhantes apresentam melhoras na saúde, a exemplo do que ocorre no Rio de Janeiro. Em três anos, nas academias ca-
riocas, 83% dos frequentadores diminuíram a dosagem do medicamento, 41% a frequência ao dia e 7% não precisam mais ser medicados. Outros fatores que aumentam o risco cardíaco também sofreram drásticas quedas: 88% dos praticantes diminuíram o peso corporal, 62% o IMC e 84% a circunferência abdominal. Outra frente de atuação é com os planos de saúde. Resolução do Ministério da Saúde autoriza descontos para quem pratica atividade física. O estudo americano também indicou que 80% dos adolescentes são sedentários. Para promover hábitos saudáveis em crianças e jovens, os ministérios da Saúde e da Educação trabalham em parceria para fortalecer o Programa Saúde na Escola, que leva médicos e profissionais das Unidades Básicas de Saúde à rede pública de ensino para aconselhamento nutricional e orientação de saúde. Já foram atendidos 12 milhões de estudantes em 56 mil escolas de 2.495 municípios. Anualmente, o ministério monitora a saúde do brasileiro. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011) revela que 48,5% da população está acima do peso. O percentual de obesos subiu de 11,4% para 15,8%. No entanto, o estudo também traz a boa notícia da redução da inatividade entre os homens, de 16% para 14,1%, uma redução de 0,7% ao ano. Para sair da estatística de sedentarismo, não é necessário praticar esporte. Exemplos da vida cotidiana, como estacionar o carro um pouco distante do local a que se destina e finalizar o trajeto a pé, subir pequenos lances de escada ou mesmo brincar com os filhos ou passear com o cachorro ajudam a combater a inatividade. As Academias da Saúde são mais um incentivo para que todos abracem essa ideia. Alexandre Padilha, é médico e Ministro da Saúde.
OS DISFARCES DO CIGARRO Frederico Fernandes São mais de um bilhão de dependentes. Pessoas que alimentam um vício cruel, responsável por cerca de 5 milhões de mortes por ano e por 30% de todos os óbitos por câncer. A dependência da nicotina é uma pandemia que, graças ao esforço conjunto de Estado, ONGs e profissionais de saúde, vem sido combatida. A Lei Antifumo, sancionada no Estado de São Paulo em agosto de 2009, é importante vitória contra o tabagismo. Com ela, ficou proibido o uso de cigarro em ambientes públicos fechados. Essa medida diminui a poluição tabágica ambiental que prejudica a saúde até de quem não fuma, e também reduz a visibilidade do cigarro, atuando assim como uma forma de prevenir a iniciação. Porém, a nicotina não está presente apenas em cigarros. Diversos produtos são derivados da folha de tabaco. Além de fumados, podem ser mascados, inalados e aspirados. Todos contêm a mesma substância causadora de dependência e, em muitos casos, escondem riscos à saúde tão imensos quanto os do cigarro. Alguns fumantes, que não conseguem suportar os fortes sintomas de abstinência que afloram quando tentam reduzir ou parar de fumar, muitas vezes acabam substituindo o cigarro por charutos ou cigarrilhas, que têm até três vezes mais nicotina. Alguns charutos chegam a ter 10 vezes mais substâncias tóxicas do que o cigarro comum. Quem troca 20 cigarros por dia por dois charutos pode pensar
que reduziu os danos à sua saúde, mas, na verdade, continua se expondo à mesma quantidade de compostos nocivos. O cigarro de cravo (kretek), os bidis (tipo de cigarrilha da Índia) e os cigarros mentolados têm, misturados ao tabaco, açúcares, e alcaloides que conferem sabor e reduzem o incômodo presente nas primeiras tragadas. São frequentemente oferecidos a jovens, funcionando como iniciação ao hábito de fumar. Esse tipo de produto é proibido em países como EUA e Canadá. A disseminação do nargilé, uma espécie de cachimbo d’água usado para o consumo de tabaco adocicado, também é preocupante. Uma “sessão” equivale a fumar entre 20 a 100 cigarros. Muito usado entre jovens, sua fumaça é mais tóxica do que a do cigarro, pois a queima do tabaco é incompleta, deixando mais resíduos. Além disso, o uso em grupos o transforma em um disseminador de doenças infecciosas como tuberculose e hepatite. No combate ao vício da nicotina é importante reconhecer o inimigo nos seus muitos disfarces e estar alerta aos perigos que ele oferece. Todos os produtos derivados do tabaco, independente da maneira que forem utilizados, são nocivos à saúde e causam dependência de difícil tratamento. Frederico Fernandes é pneumologista do Ambulatório Antitabagismo do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.
O boletim “São Camilo Pastoral da Saúde” é uma públicação do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde - Província Camiliana Brasileira. Presidente: Pe. Leocir Pessini / Conselheiros: Ariseu Ferreira de Medeiros, Antonio Mendes Freitas, Olacir Geraldo Agnolin e Arlindo Toneta / Diretor Responsável: Anísio Baldessin / Secretária: Fernanda Moro / Projeto Gráfico e Diagramação: Fernanda Moro / Revisão: José Lourenço / Redação: Av Pompéia, 888 Cep: 05022-000 São Paulo-SP - Tel. (11) 3862-7286 / E-mail: icaps@camilianos.org.br / Site: www.icaps.org.br / Periodicidade: Mensal / Tiragem: 2.000 exemplares / Assinatura: O valor de R$15,00 garante o recebimento, pelo correio, de 11 edições. O pagamento deve ser feito mediante depósito bancário em nome de Província Camiliana Brasileira, no Banco Bradesco, Agencia 0422-7, Conta Corrente: 89407-9.
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FORÇA DO TRABALHO FEMININO Júlio Serafin Munaro
As mulheres são uma das maiores forças de trabalho do Brasil, superando a dos homens. Atualmente, representam 42,4% da mão de obra do país. De 1992 para cá, sua participação na força de trabalho cresceu 9,3%. A participação dos homens caiu, no mesmo período, 5,9%, passando a representar 57,6%. De 92,4 milhões de ocupados, 39,2 milhões são mulheres. A presença das mulheres cresce até em setores tradicionalmente dominados por homens. No Brasil, 350 mil mulheres são metalúrgicas. Em 1999, eram 176,6 mil isto é, cresceram 96% numa década. No mesmo período, os homens cresceram apenas 72% no setor. Hoje, as mulheres correspondem a 16,4% da força de trabalho metalúrgica. Segundo o presidente da confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, Clementino Vieira, “muitos empregadores chegaram à conclusão de que as mulheres são mais caprichosas e produtivas que os homens”. E também mais cuidadosas. Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito, em 2008, as mulheres representavam 29% dos motoristas habilitados, mas apenas 12% delas se envolveram em acidentes. O crescimento médio anual da participação da mulher na mão de obra do país é de 0,4%. A continuar neste ritmo, as mulheres tirarão o histórico primeiro lugar dos homens como mão de obra até 2020. É o que atestam os dados e as previsões do IBGE. Mas não é só no Brasil que isto acontece. Segundo a revista inglesa The Economist, “o fortalecimento econômico das mulheres do mundo rico é uma das mais extraordinárias revoluções dos últimos 50 anos”. Em muitos países ricos ultrapassam os homens nos postos de trabalho intelectual. Nos Es-
tados Unidos, ocupam mais postos de trabalho que os homens. Mas as vantagens das mulheres no mundo do trabalho nem sempre correspondem à sua presença quantitativa. 2% apenas dos dirigentes das grandes empresas americanas são mulheres. Na Inglaterra sobem para 5%. Sua remuneração, em média, é inferior à dos homens. Nos Estados Unidos, as mulheres sem filhos ganham o mesmo que os homens. As que são mães ganham menos. O IBGE (Instituto de Geografia e Estatística) calcula que os salários das mulheres são, no Brasil, 30% inferiores aos dos homens. A presença da mão de obra feminina nos Estados Unidos foi incrementada pela ausência dos homens durante a 2ª Guerra Mundial. Enquanto eles lutavam nos campos de batalha, elas foram tomando seus lugares nas fábricas. E nunca mais deixaram de participar. A escolaridade incrementou muito a presença da mão de obra feminina, sobretudo nos serviços. A medicina, a enfermagem, o magistério, o jornalismo, a educação infantil e muitos outros campos de atividade foram sendo ocupados por mulheres, com desempenho igual ou superior ao dos homens. Já ultrapassaram os homens como alunas de faculdades, sobretudo no setor de ciências humanas e sociais, sem excluir engenharia, mecânica, etc. Estão presentes em todos os setores de atividades, até nas viagens espaciais, na condução de trens, ônibus, carretas e tratores. Não seria a hora de pensar em novas tarefas para as mulheres também nos ministérios da Igreja Católica? Pe. Júlio Munaro foi padre camiliano e faleceu em abril de 2012.
MEDICINA ALTERNATIVA O pai da medicina ocidental, o médico e filósofo grego Hipócrates, gostava de repetir enquanto cuidava de seus pacientes que “o homem é uma parte integral do cosmo e só a natureza pode tratar seus males”. Com isso, ele queria mostrar que as causas da doença eram naturais – e não punições divinas como se acreditava até então – e lembrar que o equilíbrio e a saúde do corpo estão diretamente ligados ao ambiente em que vivemos. Essa mesma frase voltou a soar atual nos últimos anos, ao mesmo tempo em que ocorre uma popularização dos métodos alternativos à mesma medicina ocidental que Hipócrates fundou. A partir do século 17, quando as ideias do filósofo René Descartes começaram a influenciar a ciência, os tratamentos médicos passaram a ver o corpo humano como uma máquina em que cada parte tinha uma função específica e independente. Para Descartes, entendendo-se cada uma das partes, entende-se o todo. A medicina moderna, esquecendo o conselho de Hipócrates, ergueu-se sobre esse pressuposto e ainda está bastante apoiada nele. Hoje, a teoria de Descartes já não faz muito sentido. A ciência mais que provou a intrínseca relação entre mente e corpo e suas consequências para a saúde humana. Também está claro que isolar uma parte do corpo e desconsiderar o resto é receita segura para efeitos colaterais inesperados. A medicina é um edifício sólido, cheio de méritos. Mas, em alguns países do globo, como Canadá e França, uma parcela tão grande quanto 70% da população recorre a tratamentos não convencionais de cura. Esses métodos são bem diferentes uns dos outros – inclusive nos resultados. Mas há algo mais ou menos em comum entre quase todos: eles enxergam o corpo como Hipócrates. Não somos máquinas, somos organismos vivos, cheios de partes interdependentes. O uso crescente das técnicas alternativas – seja como opção à medicina ortodoxa, seja como complemento a ela – não determina por si só que elas sejam eficientes. Isso quer dizer que a ciência dá as costas para a medicina alternativa? Talvez. Mas as “duas medicinas” têm se aproximado nos últimos anos e hoje admitem a possibilidade de incorporar características uma da outra. “As duas têm aspectos positivos e negati-
vos”, disse Xiang Ping, reitor da Universidade de Medicina Tradicional Chinesa, em Nanquim, num discurso de formatura. “A ocidental baseia-se em análises e radiografias, mas não aborda o todo orgânico. Já a medicina tradicional chinesa é eficaz na regulação de todo o corpo. Penso que a combinação das duas medicinas seria perfeita e muito benéfica para as pessoas.” Os Tratamentos não Convencionais, um dos primeiros no Brasil a reunir textos sobre vários dos métodos alternativos de cura prometia qualquer coisa e muita gente achava desnecessário testar esses métodos com as ferramentas da ciência – afinal a ciência era, para muitos, o “inimigo” a ser combatido. Hoje, cada vez mais, os entusiastas têm se empenhado em enxergar os métodos que empregam com os olhos da ciência. Apesar da falta de provas da eficácia, há muita gente disposta a usar os métodos alternativos – inclusive onde menos se espera. Em setembro de 2003, Ernest ajudou o diário britânico The Daily Telegraph a organizar uma enquete em que uma centena de cientistas foi interrogada sobre o uso pessoal de algum método alternativo de tratamento ou cura. Era de se esperar que cientistas, gente com fama de cética, não se interessassem pelo assunto. Não foi bem o que aconteceu. Dos 75 que responderam à pesquisa, 30 disseram já ter usado algum tipo de tratamento alternativo. Parte dos pacientes que buscam a medicina alternativa compartilha a aversão por substâncias químicas ou drogas e privilegiam substâncias naturais em diversos campos de sua vida. “Para essas pessoas, na hora de se vestir, o algodão satisfaz um instinto que o poliéster agride”, diz Bratman. Outro fator de aproximação listado foi a “dimensão espiritual”. A crença na existência de um Deus é bastante comum entre os adeptos da medicina alternativa. “A maior parte de nossos pacientes está ligada a uma força maior, uma alma do Universo”, diz o presidente da Associação Brasileira de Medicina Complementar (AMC), José Felippe Júnior. Sair por aí dizendo que a medicina convencional está completamente equivocada e não serve para nada é perda de tempo – e demonstração de ignorância. É inegável que a mortalidade infantil despencou com o avanço da ciência e que ela é muito menor
SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE nas regiões onde há melhores cuidados médicos. Ninguém em sã consciência pode negar os avanços trazidos pelos antibióticos, ou pelas vacinas, por mais imperfeitos que tanto uns quanto as outras sejam. É óbvio que a medicina derrotou doenças e espalhou saúde – basta saber ler estatísticas para perceber isso. Mas também é inegável que nem todo mundo se dá por satisfeito com o que a medicina oferece. Desde que o mundo é mundo, as pessoas vão aos “médicos” (curandeiros, pajés, xamãs...) para falar de suas ansiedades, suas dores e obter algum conforto – nem
Página 4 sempre a cura. Essas coisas ajudam o sujeito a sentir-se bem. “E ninguém discorda do fato de que se sentir bem é bom para a saúde”. Não pretendemos aqui dizer que uma terapia é melhor que outra. Cada técnica tem seus próprios objetivos e pretensões e as pessoas reagem de modo diferente a tratamentos diferentes. Algumas podem não ter efeito comprovado, mas, ainda assim, fazer bem – por exemplo, ao reduzir o estresse. E a ciência sabe que reduzir o estresse é bom para a saúde. Artigo extraído da Revista Superinteressante de Janeiro de 2004.
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Um filho pergunta à mãe: - Mãe, posso ir ao hospital ver meu amigo? Ele está doente! - Claro, mas o que ele tem? O filho, com a cabeça baixa, diz: - Tumor no cérebro. A mãe, furiosa, diz: -E você quer ir lá para quê? Vê-lo morrer? O filho lhe dá as costas e vai... Horas depois ele volta vermelho de tanto chorar, dizendo: - Ai mãe, foi tão horrível, ele morreu na minha frente! A mãe, com raiva: - E agora?! Tá feliz?! Valeu a pena ter visto aquela cena?! Uma última lágrima cai de seus olhos e, acompanhado de um sorriso, ele diz: - Muito, pois cheguei a tempo de vê-lo sorrir e dizer: ‘- EU TINHA CERTEZA QUE VOCÊ VIRIA!’
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