SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE INFORMATIVO DO INSTITUTO CAMILIANO DE PASTORAL DA SAÚDE ANO XXX N.329 MAIO 2014
NINGUÉM QUER EXPLICAR PARA O BEM ANÍSIO BALDESSIN
Sua mulher lhe disse: “E você ainda continua em sua integridade? Amaldiçoe a Deus e morra de uma vez!” Jó respondeu: “Você está falando como louca! Se aceitamos de Deus os bens, não devemos também aceitar os males?” (Jó 2,9-10) Por que os bons sofrem? Por que acontecem as tragédias naturais ou atos violentos que são provocados pelos próprios seres humanos? Onde está Deus diante de tanta violência? Por que Ele não evita as catástrofes? Qual é a razão para uma criança que nunca cometeu um erro sequer, sofrer tanto? Esses são apenas alguns dos muitos questionamentos que as pessoas fazem quando coisas ruins acontecem às pessoas boas. Por isso, milhares de artigos e centenas de livros já foram escritos pelos mais renomados teólogos, filósofos, padres, pastores, rabinos e tantos outros que se angustiaram e ainda se angustiam na tentativa de buscar uma resposta para essas indagações. Até aí não vejo nada de anormal. Pois sempre que algo dá errado, tanto na vida das pessoas como nas coisas materiais, o ser humano quer saber o porquê. Senão vejamos! Quando um avião cai, depois de tentar resgatar os sobreviventes, a primeira preocupação dos investigadores é localizar as caixas pretas. Pois são elas que vão mostrar o que aconteceu. O mesmo acontece com os outros instrumentos tecnológicos que estão à nossa disposição. Os peritos se angustiam e buscam, desesperadamente, entender o que deu errado. Prova disso foi Thomas Edison, inventor da lâmpada que, segundo alguns escritos “fracassou” mais de duas mil vezes até conseguir inventá-la. E quando perguntado se tinha errado mais de duas mil vezes ele respondeu: “eu não errei mais de duas mil vezes, só descobri duas mil maneiras de não se fazer uma lâmpada”. E o bem? Por que ninguém procura explicá-lo? Por que eu nunca busquei uma explicação por ter nascido com todos meus membros perfeitos. Por que o “sortudo” que ganhou sozinho na mega sena acumulada não necessita de nenhuma explicação? Por que a criança que nasce numa família abastada não reclama de ter tudo o que quer? Por que o jogador nunca se angustia por ganhar tantos títulos seguidos? Por que a humanidade que conta com mais de sete bilhões de pessoas
não reclama que a maioria dos seres humanos goza de saúde perfeita e bem estar? Só porque de vez em quando aparece um esquizofrênico ou psicopata com instinto assassino capaz de entrar numa escola ou numa praça e destruir vidas! Alguém já reclamou com Deus por ter nascido com um talento (capacidade) nato? O doente cardíaco que estava na fila para receber um coração pediu explicação para Deus porque aquele órgão serviu para ele e não para o outro que estava na mesma situação? Não!!! Realmente, ninguém se preocupa em explicar o bem. Até mesmo os meios de comunicação parece não se importar muito com isso. Basta ver o que nos é apresentado nos jornais e telejornais. Sensacionalismo! Para os telespectadores desses noticiários, dos quais eu me incluo fora deles, fica sempre a impressão que a cidade, o município, o estado, o país e conseqüentemente o mundo está infestado pelo mal. Ou seja, está tudo errado. Todavia, não é o que pensa um famoso, saudoso, escritor e líder empresarial Dale Carnegie. Segundo ele, “noventa por cento das coisas do mundo está certo. Apenas dez está errado. Portanto, para viver bem, basta apenas focar nos noventa que está certo e não ficar lamentando os dez que está errado”. Foi isso que fez Jesus diante do sofrimento. Pois quando passava próximo de um cego de nascença foi interrogado pelos discípulos: Mestre, quem pecou? Foi ele ou foram seus pais para que ele nascesse cego. Jesus respondeu: “não foi ele que pecou, nem seus pais, mas ele é cego para que nele se manifestem as obras de Deus”. (Jo 9, 1-3) Portanto, se Jesus não se preocupou em explicar qual é a razão do mal, porque continuamos insistindo tanto nisso? Não seria mais conveniente acreditar que Deus não está do lado das coisas erradas e das pessoas que fazem o mal e sim junto às coisas boas e pessoas que praticam o bem? Será que ao invés de ficarmos lamentando o mal não seria mais conveniente, louvar a Deus por tantas coisas boas que Ele deixou a nosso dispor! “E Deus viu que era bom” (Gn 1,25). Anísio Baldessin, padre camiliano, é capelão do Hospital das Clínicas da FMUSP e do Instituto do Câncer de São Paulo.
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PÍLULAS MÁGICAS DRAUZIO VARELLA
É incrível o poder que o povo atribui às vitaminas. Seus defensores juram que elas melhoram o apetite, evitam gripes e resfriados, reforçam a imunidade, conferem bem-estar e aumentam a longevidade. Essa crença vem ao encontro do sonho acalentado desde os primórdios pela humanidade: obter tais benefícios sem nenhum esforço, às custas de um elixir da juventude. Ninguém colaborou tanto para a popularização desses mitos quanto Linus Pauling, agraciado duas vezes com o prêmio Nobel (Química e Paz), que recomendava doses altas de vitamina C para neutralizar os radicais livres produzidos no interior das células, processo que teria o dom milagroso de prevenir câncer, enfermidades cardiovasculares, estimular a imunidade e retardar o envelhecimento celular. Atenta às oportunidades, a indústria farmacêutica investiu pesado na divulgação dessas ideias. Durante décadas, os comerciais de vitamina C para tratamento de gripes e resfriados infestaram o horário nobre das TVs. Campanhas milionárias acompanharam o lançamento de inúmeros complexos vitamínicos. Os anos 1990 assistiram ao florescimento de um mercado multibilionário nos Estados Unidos e na Europa, que se disseminou pelos países mais pobres. Hoje, americanos e europeus podem comprar o abecedário inteiro de vitaminas e sais minerais em lojas especializadas, do tamanho de supermercados. O mercado mundial movimenta 68 bilhões de dólares anuais. Cerca de 20 bilhões apenas nos Estados Unidos, país em que a metade da população faz uso de vitaminas. Os japoneses gastam 15 bilhões por ano. Esse mercado foi criado sem evidências científicas que lhe servissem de base. Os estudos conduzidos nos últimos 20 anos envolveram números pequenos de participantes, acompanhados durante períodos curtos e com tantos vieses estatísticos que os resultados só contribuíram para criar contradições. Com a finalidade de analisar as informações mais recentes, a comissão dos Serviços de Saúde dos Estados Unidos encarregada de recomendar medidas preventivas para a população (US Preventive Services Task Force - USPSTF) fez uma revisão cuidadosa das publicações sobre o papel das vitaminas na prevenção de doenças cardiovasculares e câncer, as duas principais causas de morte nos países do Ocidente. A conclusão não poderia ser mais objetiva: “Não há evidências de que o uso de vitaminas diminua a incidência de doen-
ças cardiovasculares ou câncer”. Muitos defensores da suplementação vitamínica apresentam a justificativa de que se não fizerem bem, mal elas não fazem. Não é verdade. Além dos efeitos colaterais associados às doses exageradas contidas em muitas apresentações, pelo menos dois estudos realizados para analisar o efeito protetor do betacaroteno em fumantes obtiveram resultados inquestionáveis: a administração de betacaroteno aumenta a incidência de câncer de pulmão nessa população de risco. Na clínica, canso de ver fumantes tomando complexos vitamínicos que contêm concentrações elevadas de betacaroteno. Alguns o fazem com prescrição médica. As interações associadas a doses suprafisiológicas de micronutrientes --como ele-- são complexas e imprevisíveis. O caso do selênio e da vitamina E na prevenção do câncer de próstata é outro exemplo. Em 2001 foi iniciado o estudo SELECT, que envolveu mais de 35 mil homens, divididos aleatoriamente em grupos que receberam vitamina E, selênio, uma combinação de selênio e vitamina E ou um comprimido inerte (placebo). Planejado para durar 12 anos, o estudo foi interrompido em 2008, quando ficou evidente que o selênio não exercia qualquer efeito protetor e que a vitamina E aumentava o risco de câncer de próstata em até 63%. O grupo com menos casos de câncer de próstata foi o que recebeu placebo. Vitaminas são úteis para tratar deficiências em crianças pequenas, em pessoas com limitações para se alimentar e em marinheiros com escorbuto nas caravelas lusitanas. Portanto, Se você não é bebê de colo, não está tão velho que não consiga mastigar e não tem a intenção de atravessar o Atlântico ao sabor dos ventos, coma frutas, legumes e verduras e ponha o corpo para andar. Não jogue dinheiro no vaso sanitário.
Dráuzio Varella é médico e colunista do Jornal Folha de São Paulo do qual foi extraído este artigo.
400 ANOS DA MORTE DE SÃO CAMILO No dia 14 de julho de 2014 a Ordem dos Ministros dos Enfermos (Camilianos) celebrará os 400 anos da morte de São Camilo. Para comemorarmos essa importante data, estamos postando, toda semana, na nossa página, www.icaps.org.br, um texto dos escritos de São Camilo. Além disso, fizemos um catálogo com farto material de devoção para as celebrações com os doentes. Visite nossa página ou ligue (11) 3862-7286, fale com Fernanda, e faça sua encomenda.
ANOTE AÍ! Nos dias 06 e 07 de setembro vai acontecerá em São Paulo o XXXIV Congresso Brasileiro de Humanização e Pastoral da Saúde. O tema central será: A FÉ DESPERTA A AÇÃO (Mc 2,3-12). COMO ENCARAR OS OBSTÁCULOS NA PASTORAL DA SAÚDE? Serão abordados temas práticos que envolvem todas as atividades da Pastoral da Saúde.
PROMOÇÃO CONHEÇA A VIDA DE SÃO CAMILO 3,50 O boletim “São Camilo Pastoral da Saúde” é uma públicação do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde - Província Camiliana Brasileira. Presidente: Pe. Leocir Pessini / Conselheiros: José Carlos Dias Sousa, Antonio Mendes Freitas, Mário Luís Kozik e Jorge Sérgio Pinto de Souza / Diretor Responsável: Anísio Baldessin /Secretária: Fernanda Moro / Projeto Gráfico e Diagramação: Fernanda Moro / Revisão: José Lourenço / Redação: Av Pompeia, 888 Cep: 05022-000 São Paulo-SP - Tel. (11) 3862-7286 / E-mail: icaps@camilianos.org.br / Site: www.icaps.org. br / Periodicidade: Mensal / Tiragem: 2.000 exemplares / Assinatura: O valor de R$20,00 garante o recebimento, pelo correio, de 11 edições. O pagamento deve ser feito mediante depósito bancário em nome de Província Camiliana Brasileira, no Banco Bradesco, Agencia 0422-7, Conta Corrente: 89407-9.
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PASTORAL DA SAÚDE
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O AGENTE NA RELAÇÃO COM OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE ARISEU FERREIRA DE MEDEIROS
O agente de pastoral da saúde que atua pastoralmente em hospitais está em constante relacionamento com os profissionais da saúde, com os recursos de atendimento oferecido aos doentes, bem como da dinâmica funcional do hospital. Hoje, dado a multidisciplinaridade, esses profissionais são muitos e diversos. A qualidade de relacionamento com estes profissionais depende não só deles, mas muito do agente. Em primeiro lugar, o agente de pastoral precisa estar consciente do papel que exerce junto aos enfermos. Não está lá como intruso, mas sim, para levar aos enfermos sua presença solidária. Não vai ao hospital para passeio e, portanto, tem uma função tão importante quanto a dos profissionais da saúde. Tem um programa para suas visitas e deve estar consciente da importância delas para os enfermos. O agente de pastoral da saúde não pode sentir-se inferior no que faz e oferece com o seu trabalho. Se isso acontece, consequentemente, um bom relacionamento com os profissionais jamais será efetivado. Isso porque o agente sentirá como que fora do lugar, invadindo o espaço alheio. Como consequência a atuação do agente torna-se tímida e o resultado do seu esforço pouco gratificante para si próprio, para o enfermo e isolado do que se faz no hospital. O agente de pastoral consciente da importância do que faz, não se sentirá inferior e nem superior ao outro que desenvolve outro serviço e com ele relaciona-se bem. Sua postura será livre, aberta e criativa para exercer seu papel, somandose no todo dos recursos que o hospital oferece ao paciente, consciente de que os mesmos são realizados por profissionais diferentes e atuantes nas diversas modalidades de tratamento e da saúde do doente. O agente também está no hospital por causa do enfermo e não para competir ou equiparar ao que fazem os profissionais da saúde. Está no hospital porque tem uma identidade e um serviço a oferecer ao doente; sua presença solidária e humana, a ternura, o afeto, são tão importantes
quanto o tratamento que é oferecido pelo hospital, por meio dos profissionais de suas áreas específicas. E com esses profissionais o agente realiza seu trabalho de forma integrada e interativa. O agente de pastoral bem integrado consigo mesmo e consciente de sua missão não encontrará dificuldades para exercer seu papel de agente e relacionar-se com os profissionais da saúde. Com muita liberdade ocupa o seu espaço e desenvolve com sabedoria seu trabalho. Sabe reconhecer a importância do que faz e também valorizar o que o outro realiza. Agindo assim, não encontrará dificuldade em ceder espaço a um profissional quando necessário e com certeza, também será respeitado pelo profissional em seu trabalho. Com cordialidade sabe cumprimentar um profissional dando o seu bom dia fraterno ou dirigir-se a ele, quando tem necessidade de obter e dar informações. Respeitará o que é da competência do profissional, sendo autêntico no seu papel de agente. A ajuda mútua e o respeito tornarão o ambiente de trabalho uma convivência agradável, efetivando assim seu companheirismo e somando esforços para melhor servir e atender os enfermos. O agente de pastoral da saúde, no seu papel de assistente religioso, tem muito a oferecer e a receber. Quanto mais estiver preparado, com tanto mais liberdade exercerá sua missão. O autoconhecimento é indispensável, pois além do ganho de maior segurança e humildade, o agente de pastoral adquire instrumentos para melhor respeitar e conhecer a pessoa a quem serve. E nesse processo humaniza e é humanizado, evangeliza e é evangelizado. Ariseu Ferreira de Medeiros é padre da Ordem de São Camilo e trabalha como capelão no Hospital São Camilo de Santana em São Paulo.
AS RELIGIÕES E A COMPAIXÃO Por causa das diferenças filosóficas entre as grandes religiões existem diferentes técnicas para desenvolver a compaixão e algumas diferenças da definição do que seja. Mas basicamente todas elas falam da necessidade de se cultivar a compaixão. Portanto, sinto que mesmo neste século, as maiores tradições religiosas têm um papel importante no desenvolvimento dessas qualidades. Vejo pessoas de diferentes tradições religiosas que se importam com a compaixão. Isso me faz feliz porque a tolerância religiosa é muito importante. E acredito que, independente de diferentes tradições religiosas, todos temos o potencial de ajudar a humanidade. Cada uma das grandes religiões tem coisas únicas, mas também há muita coisa em comum entre elas. Assim, é sábio usar técnicas úteis de outras religiões, mesmo sem mudar de religião. Até para aplicá-las na própria religião. Com isso, as tradições religiosas diferentes desenvolvem respeito mútuo e compreensão. Isso é fundamental. A compaixão e a bondade são indispensáveis. Sem esses valores não há felicidade. Mas muitos crêem que a prática de valores como a compaixão, o perdão e o amor são relevantes apenas para os que praticam uma religião. Isso não é verdadeiro. Podemos ver que no passado e presente existiram pessoas que mesmo sem nenhuma fé religiosa tinham esse sentimento de cometimento, de responsabilidade, de compaixão pelo próximo. Essas pessoas se tornaram mais felizes, mais úteis, mais
benéficas para a sociedade. Eu acredito que todos os seres humanos têm o mesmo potencial. Basicamente, o ser humano é voltado para a vida e comunidade. Assim, a semente da compaixão está lá, a semente do trabalho em conjunto está lá. É da natureza humana trabalhar em conjunto. O individualista não pode sobreviver. As abelhas também são animais sociais. Não há polícia, não há um estado, no entanto trabalham em conjunto. Uma abelha não pode ser individualista. Mas, diferentemente dos outros animais sociais, o ser humano tem a capacidade de se votar ao altruísmo ilimitado. Temos a semente da compaixão dentro de nós. Todos nós. Quando vemos os benefícios de uma mente compassiva, e o mal de uma mente não compassiva, é fácil ver a diferença. Então, voluntariamente iremos analisar cada vez mais, mudar cada vez mais a nossa atitude. E assim, dia após dia, mudamos. Normalmente nossos problemas nascem de percebermos apenas o nível das aparências, e não a realidade. Ficamos no nível das aparências, e com base nelas fazemos o nosso julgamento. Também nos concentramos na felicidade de curto prazo, e não na de longo prazo.
Reflexão de um Monge Tibetano apresentada num seminário na cidade de Curitiba.
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A UNÇÃO DOS ENFERMOS NOS PERMITE TOCAR COM A MÃO A COMPAIXÃO DE DEUS PELO HOMEM Numa de suas audiências o Papa Francisco refletiu sobre o Sacramento da Unção dos Enfermos. Apresentamos a catequese na íntegra. Hoje gostaria de falar a vocês do Sacramento da Unção dos Enfermos, que nos permite tocar com a mão a compaixão de Deus pelo homem. No passado, era chamado “Extrema unção”, porque era entendido como conforto espiritual na iminência da morte. Falar, em vez disso, de “Unção dos enfermos” ajuda-nos a alargar o olhar à experiência da doença e do sofrimento, no horizonte da misericórdia de Deus. Há um ícone bíblico que exprime em toda a sua profundidade o mistério que transparece na Unção dos enfermos: é a parábola do “bom samaritano”, no Evangelho de Lucas (10, 30-35). Toda vez que celebramos tal sacramento, o Senhor Jesus, na pessoa do sacerdote, faz-se próximo a quem sofre e está gravemente doente, ou idoso. Diz a parábola que o bom samaritano cuida do homem sofredor derramando sobre suas feridas óleo e vinho. O óleo nos faz pensar naquele que é abençoado pelo bispo todos os anos, na Missa do Crisma da Quinta-Feira Santa, propriamente em vista da Unção dos enfermos. O vinho, em vez disso, é sinal do amor e da graça de Cristo que surge da doação de sua vida por nós e se exprimem em toda a sua riqueza na vida sacramental da Igreja. Enfim, a pessoa que sofre é confiada a um hospedeiro, a fim de que possa continuar a cuidar dele, sem poupar despesas. Ora, quem é este hospedeiro? É a Igreja, a comunidade cristã, somos nós, aos quais, todos os dias, o Senhor Jesus confia aqueles que estão aflitos, no corpo e no espírito, para que possamos continuar a derramar sobre eles, sem medida, toda a Sua misericórdia e a Sua salvação. Este mandado é confirmado de modo explícito e preciso na Carta de Tiago, onde recomenda: “Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, ser-lhes-ão perdoados” (5, 14-15). Tratase então de uma prática que já estava em vigor no tempo dos apóstolos. Jesus, de fato, ensinou aos seus discípulos a ter a sua mesma predileção pelos doentes e pelos que sofrem
e transmitiu a eles a capacidade e a tarefa de continuar difundindo em seu nome e segundo o seu coração alívio e paz, através da graça especial de tal sacramento. Isso, porém, não nos deve levar a uma busca obsessiva pelo milagre ou na presunção de poder obter sempre e seja como for a cura. Mas é a segurança da proximidade de Jesus ao doente e também ao idoso, porque todo idoso, toda pessoa com mais de 65 anos, pode receber este Sacramento, mediante o qual é o próprio Jesus que se aproxima. Mas quando há um doente às vezes se pensa: “chamemos o sacerdote para que venha”; “Não, pois traz má sorte, não o chamemos”, ou “depois assusta o doente”. Por que se pensa isso? Porque há um pouco a ideia de que depois do sacerdote chegam os ritos funerais. E isto não é verdade. O sacerdote vem para ajudar o doente ou o idoso; por isto é tão importante a visita dos sacerdotes aos doentes. É preciso chamar o sacerdote junto ao doente e dizer: “venha, dê-lhe a unção, abençoe-o”. É o próprio Jesus que chega para aliviar o doente, para dar-lhe força, para dar-lhe esperança, para ajudá-lo; também para perdoar-lhe os pecados. E isto é belíssimo! E não é preciso pensar que isto seja um tabu, porque é sempre bonito saber que no momento da dor e da doença nós não estamos sozinhos: o sacerdote e aqueles que estão presentes durante a Unção dos enfermos representam de fato toda a comunidade cristã que, como um único corpo, se reúne em torno de quem sofre e dos familiares, alimentando nesse a fé e a esperança, e apoiando-lhe com a oração e o calor fraterno. Mas o conforto maior vem do fato de que ao tornar-se presente no Sacramento é o próprio Jesus que nos toma pela mão, acaricia-nos como fazia com os doentes e nos recorda que lhe pertencemos e que nada – nem o mal e a morte – poderá nos separar Dele. Temos este hábito de chamar o sacerdote para que venha aos nossos doentes – não digo doentes de gripe, de três, quatro dias, mas quando é uma doença séria – e também aos nossos idosos e dê a eles este Sacramento, este conforto, esta força de Jesus para seguir adiante? Façamos isso!
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Texto traduzido pela Canção Nova