SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE INFORMATIVO DO INSTITUTO CAMILIANO DE PASTORAL DA SAÚDE ANO XXXI N.339 ABRIL 2015
REFLEXÕES SOBRE A SAÚDE DRAUZIO VARELA Que 2015 lhe traga felicidades, realizações e muita saúde, leitor que me acompanha há 15 anos nesta coluna. Digo muita saúde, porque se trata de bem supremo; dá para viver infeliz sem fazer nada. Saúde não é apenas a vida sem doença. O conceito de doença não é simples como parece, porque faz parte de um contexto social em que os médicos criam teorias, descrevem sinais, sintomas e métodos de tratamento; os pacientes procuram explicações e soluções para os males dos quais padecem; e as autoridades estudam políticas para reduzir o impacto na economia e na saúde pública. A história da medicina mostra que a intersecção desses interesses tem se alterado no decorrer dos séculos. Numa análise das publicações dos primeiros números da revista “The New England Journal of Medicine”, um grupo de Harvard reuniu artigos publicados há 200 anos sobre entidades estranhas como: apoplexia, neurastenia, cegueira e fraturas ósseas em pessoas que receberam o impacto do vento de balas de canhão que explodiram longe delas. Há descrições de morte por combustão espontânea em bebedores de conhaque, por ingestão de água gelada ou por febres de vários tipos em pessoas que nunca tiveram febre. Em 1912, um editorial da revista defende a eugenia: “Talvez em 1993, quando todas as doenças passíveis de prevenção tiverem sido erradicadas, quando a natureza e a cura do câncer tiverem sido descobertas, e quando medidas eugênicas tiverem colaborado com a evolução para eliminar os incapazes, nossos sucessores olharão para estas páginas com ar de superioridade.” Ainda em 1912, a revista publicou as primeiras preocupações com o surgimento de “pessoas com hábitos de vida extremamente indolentes, que não andam mais do que os passos necessários para ir do escritório ao elevador, do elevador para a sala e jantar ou para o quarto e de volta para o automóvel”. Durante o século 20, enfermidades cardiovasculares, câncer, diabetes e outras condições crônicas se tornaram prevalentes, embora ainda emergissem enfermidades infecciosas: encefalite equina, kuru, ebola, Aids. Em 2005, foi levantada a hipótese de que a epidemia de obesidade, prevista em 1912, reduzirá a expec-
tativa de vida da população americana pela primeira vez nos últimos cem anos. Qualquer tentativa de definir doença precisa levar em conta a complexidade. Doenças afetam determinados grupos, estão associadas a fatores de risco e provocam sinais e sintomas característicos. Elas geram interesses que envolvem pacientes, profissionais de saúde e instituições em que trabalham e as fontes pagadoras. Mais do que um problema pessoal, doença é um processo antes de tudo social. Enfermidades novas estão associadas a causas novas (acidentes de moto, poluição), novos comportamentos (fumo, abuso de drogas) e mesmo à alteração da história natural por meio do tratamento (diabetes, Aids, infarto). Mudanças sociais e ambientais aumentaram a prevalência de enfermidades raras no passado: infarto do miocárdio, câncer de pulmão, obesidade grave. Novos critérios e métodos de diagnóstico permitiram evidenciar outras, que não eram identificadas: depressão, síndrome metabólica. Transformações na sociedade redefinem o que é doença. Homossexualidade e masturbação deixaram de sê-lo. Fibromialgia e síndrome da fadiga crônica passaram a ser consideradas, graças à pressão das associações de pacientes. Apesar dessas modificações, uma característica se mantém desde os primórdios da humanidade: a influência nefasta das disparidades sociais no acesso aos serviços de saúde, fenômeno ubíquo em todas as sociedades. Doenças são processos dinâmicos que coevoluem com a medicina. Quando as vacinas e os antibióticos começaram a combater as infecções, aumentou a incidência de ataques cardíacos, derrames cerebrais e diabetes. Assim que tivermos sucesso no controle dessas enfermidades, haverá aumento na prevalência dos transtornos neuropsiquiátricos, desafio que a medicina está despreparada para enfrentar. Infelizmente, os sistemas de saúde estão mais preparados para as doenças do passado, não para lidar com aquelas do presente ou do futuro.
Drauzio Varela – Folha de São Paulo 10/01/2015
SÃO CAMILO PASTORAL DA SAÚDE
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PROBLEMAS DE VISÃO JOÃO PEREIRA COUTINHO
Tiger Woods, considerado o melhor jogador de golfe de todos os tempos, tinha problemas de visão. Em 1999, incapaz de ler as letras maiores no ABC do oftalmologista, submeteu-se a cirurgia a laser. Recuperou a visão plena e tornou-se o fenômeno conhecido. Mas o que diríamos nós de Tiger Woods se a intervenção médica tivesse transformado uma visão “normal” numa super visão, muito acima da média? Uma visão capaz de detectar buracos do campo a quilômetros de distância? Sentiríamos ainda o mesmo respeito pelas proezas do golfista? Boa pergunta. E boa resposta, avançada pelo filósofo Michael Sandel em ensaio brilhante sobre a era da engenharia genética. Intitula-se “The Case Against Perfection” (o caso contra a perfeição), da Harvard University Press (162 págs.). A resposta de Sandel, como o título sugere, é negativa. Corrigir uma visão deficiente faz parte da missão da medicina. “Curar” é o verbo. Mas “alterar” ou “manipular” a natureza humana, proporcionando ao sujeito uma super visão, uma super força, uma super velocidade, é mais do que curar. É entender que um ser humano pode ser objeto de ambições prometeicas. A admiração que sentimos pelo talento natural e pelo esforço individual de um atleta desvanece-se perante a manipulação artificial. E se assim é no esporte, assim é na vida: cresce o número de pais que, pelo menos nos Estados Unidos, gostariam de manipular geneticamente a descendência em gestação. Para que os filhos tivessem a combinação perfeita de beleza física e agilidade mental, cruzamentos apurados de Brad Pitt com Albert Einstein. A medicina tem recusado essas ambições. Mas até quando? Sandel não sabe. Mas, adivinhando a emergência desse tempo, avisa: quando esse dia chegar, estaremos a alterar profundamente, não apenas o que somos mas, mais importante ainda, a forma como nos relacionamos uns com os outros em sociedade. O interesse do ensaio de Sandel, talvez o melhor que li sobre o assunto, não está na inteligência com que repele o conhecido mantra “liberal” de que a manipulação genética é um atentado contra a autonomia do sujeito. História conhecida: quando determinadas as feições,
características ou comportamentos dos filhos, interferimos de forma abusiva numa vida que não nos pertence. Exercemos, no fundo, uma forma de “tirania paternal”, ou de “eugenia privada” sobre eles. Sandel contrapõe, e contrapõe bem, que esse não é o problema central da engenharia genética. Desde logo porque os seres humanos não são radicalmente autônomos nas suas existências: a natureza, o acaso ou, para os que acreditam, a existência de um Deus criador também determinam parte do que somos e nem por isso somos menos livres para perseguir vidas responsáveis. As verdadeiras implicações de uma aceitação plena da engenharia genética “à la carte” estariam no tipo de sociedades que acabariam por emergir: sociedades onde a humildade e a solidariedade deixariam de pautar as nossas condutas. Hoje, os filhos são considerados “dádivas”. O termo não remete necessariamente para uma dimensão metafísica, ou religiosa; apenas sublinha a forma como os recebemos e amamos: incondicionalmente. Sem que o “resultado final” desfigure a relação entre pais e filhos. É compreensível que desejemos o melhor possível para os nossos. Mas também somos capazes de aceitar o inesperado porque nem tudo é moldável aos nossos desejos. O inesperado é a base dessa aceitação e dessa humildade. A possibilidade de escolher o “resultado final” geraria uma sociedade de insatisfação permanente, incapaz de lidar com as contingências que fazem parte da vida humana. Mas geraria também uma sociedade incapaz de lidar com os inesperados. Com os menos afortunados da loteria genética, os doentes, os fracos, até os feios e que seriam rapidamente convertidos em erros humanos. Ou, pior ainda, em erros da negligência humana. Precisaremos mesmo desse acréscimo de culpa e infelicidade? A engenharia genética pode ter as suas vantagens, ao prevenir e curar a doença. E, nesse sentido, Sandel não recusa a polêmica pesquisa com células-tronco. Mas a imperfeição humana não é uma doença. Doentes são os que acreditam no contrário. João Pereira Coutinho é jornalista, escritor, historiador e cientista político.
A NECESSÁRIA INFORMAÇÃO DA VACINA CONTRA O HPV JÚLIO ABRAMCZYK
Reações adversas à aplicação da vacina contra o HPV em meninas de 11 a 13 anos, sem maiores consequências, foram relatadas e criaram justificada preocupação nos pais das adolescentes, o que pode dificultar as próximas campanhas. A aplicação da vacina não é obrigatória, mas é importante por contribuir para a redução dos casos de câncer do colo do útero. Por isso, os pais das adolescentes devem ser informados que podem surgir efeitos passageiros, como febre, dor no local da injeção, náuseas. Podem também surgir desmaios, relacionados à conhecida síndrome vasovagal, por estresse emocional. Pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, relatam no “British Medical Journal” on-line do dia 9 os resultados da aplicação da vacina do HPV em quase 1 milhão de meninas entre 9 e 17 anos em 2006 e 2010. Não ocorreram
sinais de que a vacinação tivesse provocado sérios eventos adversos, apenas leves, como febre passageira e inchaço no local da injeção. Na revista “Ciência e Saúde Coletiva” deste mês, Geise Zardo e colaboradores relatam que em 2008 foram distribuídos 23 milhões de vacinas nos EUA, com menos de 1% de efeitos adversos. Das três adolescentes internadas na semana passada em Santos, duas já receberam alta. Ontem, a terceira continuava em observação. Para o Ministério da Saúde, a hipótese mais provável para os sintomas (dor de cabeça e nas costas) é a síndrome do estresse pós-injeção. Júlio Abramczyk é jornalista.
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SOBRE O SUICÍDIO: A BOA NOTÍCIA DE QUE É POSSÍVEL PREVENIR! LÉO PESSINI
Sim, hoje falamos de prevenção do suicídio, graças aos estudos em curso e descobertas científicas no âmbito das ciências humanas, hoje sabemos e superamos o tabu cultural que via este como um destino cego e já traçado na vida da pessoa! Cada suicídio é sempre uma tragédia pessoal que rouba prematuramente a preciosa vida de uma pessoa e que afeta profundamente a vida daqueles que convivem com ela e a comunidade. Podem existir fatores de risco e predisposições que necessitam de cuidados terapêuticos especializados. O suicídio transformou-se hoje num grave problema de saúde pública em todo o mundo e que vem exigindo dos sistemas de saúde dos países políticas públicas eficazes em termos de proteção das pessoas vulneráveis e sua prevenção. É neste sentido que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente, maio de 2013, na 66ª. Assembleia Geral adotou o primeiro Plano de ação sobre saúde mental da história da OMS. A prevenção do suicídio forma parte integrante deste plano que se propõe a reduzir em 10% até o ano 2020, a taxa de suicídio em nível mundial, segundo o informe da OMS “Prevenindo o suicídio: um imperativo global”. Na esteira desta iniciativa a Sociedade Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina (CFM), no Brasil uma campanha de educação e conscientização sobre o suicídio com a publicação de uma interessante cartilha intitulada: “suicídio: informando para prevenir”. Lembramos que o Brasil é o 8º país em número absoluto de suicídios. Em 2012 foram registradas 11.821 mortes, cerca de 30 por dia, sendo que 9.148 eram homens e 2.623 mulheres. O custo de perdas de vida é muito alto: em 2012, 804 mil pessoas no mundo tiraram a sua própria vida. O suicídio continua sendo a segunda principal causa de morte entre 15-29 anos de idade, com indícios de que para cada adulto que se suicidou, possivelmente outros 20 tentaram suicidar-se.
Não existe uma única explicação abrangente e simples do “porquê” certas pessoas se suicidam. Muitos suicídios ocorrem impulsivamente e, em tais circunstâncias, o acesso fácil aos meios tais como venenos, instrumentos cortantes ou armas de fogo, podem marcar a diferença entre a vida e a morte de uma pessoa. Os especialistas na área mencionam que fatores sociais, psicológicos, culturais interatuam conjuntamente ao conduzir uma pessoa para um comportamento suicida. Infelizmente devido a estigmatizacão relacionada com os transtornos mentais e suicídio, muitos que necessitam de ajuda, não a solicitam. A conscientização da comunidade e a ruptura dos tabus relacionados com esta questão são vitais em termos de prevenção. Quais são as causas do suicídio? Por que tantas pessoas tiram a sua própria vida anualmente? Não teria como causa a pobreza, o desemprego, a deterioração das relações sociais, ou a depressão e outros transtornos mentais graves? O suicídio é o resultado de um ato impulsivo ou poderia ser causado pelos efeitos do álcool ou outras drogas? Existem muitas perguntas, porém nenhuma resposta simples. Nenhum fator destes explica suficientemente por que uma pessoa se suicida, pois o comportamento suicida é muito complexo. Dados científicos indicam que o contexto é sempre indispensável para se compreender o risco de suicídio. Em determinados casos mais graves de transtornos mentais, tais como, depressão, transtorno bipolar, transtornos relacionados ao uso de álcool e outras substâncias, transtornos de personalidade e esquizofrenia, entre outros, necessitamos de ajuda de profissionais de saúde mental (continua). Léo Pessini - atualmente é Superior Geral dos Camilianos, residindo em Roma (Itália)
LIVROS PARA A PASTORAL DA SAÚDE A PREÇO DE CUSTO
O AGENTE DE PASTORAL E A SAÚDE DO POVO
TUBERCULOSE: COMO PREVENIR E CURAR?
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O boletim “São Camilo Pastoral da Saúde” é uma publicação do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde - Província Camiliana Brasileira. Provincial: Pe. Antonio Mendes Freitas / Conselheiros: Pe. Mário Luís Kozik, Pe. Mateus Locatelli, Pe. Ariseu Ferreira de Medeiros e Pe. João Batista Gomes de Lima/ Diretor Responsável: Anísio Baldessin /Secretária: Fernanda Moro / Diagramação: Fernanda Moro / Revisão: José Lourenço / Redação: Av Pompeia, 888 Cep: 05022000 São Paulo-SP - Tel. (11) 3862-7286 / E-mail: icaps@camilianos.org.br / Site: www.icaps.org.br / Periodicidade: Mensal / Tiragem: 1.000 exemplares / Assinatura: O valor de R$20,00 garante o recebimento, pelo correio, de 11 edições. O pagamento deve ser feito mediante depósito bancário em nome de Província Camiliana Brasileira, no Banco Bradesco, Agencia 0422-7, Conta Corrente: 89407-9.
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SOBRE DEUS RUBEM ALVES
Alguém disse que gosta das coisas que escrevo, mas não gosta do que penso sobre Deus. Não se aflijam. Nossos pensamentos sobre Deus não fazem a menor diferença. Nós nos afligimos com o que os outros pensam sobre nós. Pois que lhes digo que Deus não dá a mínima. Ele é como uma fonte de água cristalina. Através dos séculos os homens tem sujado essa fonte com seus malcheirosos excrementos intelectuais. Disseram que ele tem uma câmara de torturas chamada inferno onde coloca aqueles que lhe desobedecem, por toda a eternidade, e ri de felicidade contemplando o sofrimento sem remédio dos infelizes. Disseram que ele tem prazer em ver o sofrimento dos homens, tanto assim que os homens, com medo, fazem as mais absurdas promessas de sofrimento e autoflagelação para obter o seu favor. Disseram que ele se compraz em ouvir repetições sem fim de rezas, como se ele tivesse memória fraca e a reza precisasse ser repetida constantemente para que ele não se esqueça. Em nome de Deus os que se julgavam possuidores das ideias certas fizeram morrer nas fogueiras milhares de pessoas. Mas a fonte de água cristalina ignora as indignidades que os homens lhe fizeram. Continua a jorrar água cristalina, indiferente àquilo que os homens pensam dela. Você conhece a estória do galo que cantava para fazer nascer o sol? Pois havia um galo que julgava que o sol nascia porque ele cantava. Toda madrugada batia as asas e proclamava para todas as aves do galinheiro: “Vou cantar para fazer o sol nascer”. Ato contínuo subia no poleiro, cantava e ficava esperando. Aí o sol nascia. E ele então, orgulhoso, disse: “Eu não disse?”. Aconteceu, entretanto, que num belo dia o galo dormiu demais, perdeu a hora. E quando ele acordou com as risadas das aves, o sol estava brilhando no céu. Foi então que ele aprendeu que o sol nascia de qualquer forma, quer ele cantasse, quer não cantasse. A partir desse dia ele começou a dormir em paz, livre da terrível responsabilidade
de fazer o sol nascer. Pois é assim com Deus. Pelo menos é assim que Jesus o descreve. Deus faz o sol nascer sobre maus e bons, e a sua chuva descer sobre justos e injustos. Assim não fiquem aflitos com minhas ideias. Se eu canto não é para fazer nascer o sol. É porque sei que o sol vai nascer independentemente do meu canto. E nem se preocupem com suas ideias. Nossas ideias sobre Deus não fazem a mínima diferença para Ele. Fazem, sim, diferença para nós. Pessoas que tem ideias terríveis sobre Deus não conseguem dormir direito, são mais suscetíveis de ter infartos e são intolerantes. Pessoas que têm ideias mansas sobre Deus dormem melhor, o coração bate tranquilo e são tolerantes. Fui ver o mar. Gosto do mar quando a praia está vazia da perturbação humana, nas tardes, de manhã cedo. A areia lisa, as ondas que quebram sem parar, a espuma, o horizonte sem fim. Que grande mistério é o mar! Que cenários fantásticos estão no seu fundo, longe dos olhos! Para sempre incognoscível! Pense no mar como uma metáfora de Deus. Se tiver dificuldades leia a Cecília Meirales, Mar Absoluto. Faz tempo que, para pensar sobre Deus, eu não leio teólogos; leio os poetas. Pense em Deus como um oceano de vida e bondade que nos cerca. Romain Rolland descrevia seu sentimento religioso como um “sentimento religioso”. Mas o mar, cheio de vida, é incontrolável. Algumas pessoas têm a ilusão que é possível engarrafar Deus. Quem tem Deus engarrafado tem o poder. Como na estória de Aladim e a lâmpada mágica. Nesse Deus eu não acredito. Não tenho respeito por um Deus que se deixa engarrafar. Prefiro o mistério do mar… Algumas pessoas não gostam do que penso sobre Deus porque elas deixam de acreditar que suas garrafas religiosas contenham Deus… Rubem Alves foi exímio educador e escritor.
São Camilo PASTORAL DA SAÚDE
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