II DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B Neste II Domingo do Tempo Comum, tanto na Primeira Leitura como no Evangelho, o tema é o Chamado. Não se trata de um chamado qualquer, mas uma convocação decisiva e necessária para que o Reino de Deus seja instaurado em meio aos homens. O pequeno Samuel, desde a sua infância foi consagrado a Deus. Foi colocado ao lado de um ancião para servir no Tempo e que lhe ensinou como se deve responder quando Deus mesmo chama os seus escolhidos. Deus chama pelo nome e espera que livremente a resposta de cada um dos seus escolhidos. Samuel aprende a responder o chamado de Deus, dizendo: “Fala, que o teu servo escuta”. No Evangelho, ao ver Jesus, João Batista O aponta como o Cordeiro que tira o pecado do mundo. Jesus está passando e percebe que está sendo seguido por dois dos que eram discípulos de João e pergunta. “O que estais procurando?” Imediatamente eles fizeram uma profissão de fé ao chamar aquele homem de Rabi, que quer dizer Mestre. “Onde moras?” Jesus responde com poucas palavras: “Vinde ver”. Este é o início dos mais belos chamados da Sagrada Escritura. Deus veio a este mundo e, livremente escolheu homens para participar da instauração do seu Reino de amor. O chamado que Deus faz para cada um de nós é uma graça inenarrável. É dom supremo, é pura graça! “Vinde ver”, é o convite que o Senhor nos faz ainda hoje. Eles foram, permaneceram com Jesus e se tornaram seus seguidores mais próximos. Hoje, esse convite é feito para cada um de nós. Qual é a nossa disposição nesse seguimento de Jesus? Como estamos respondendo ao seu convite? Como estamos vivendo as consequências desse seguimento? Podemos e devemos fazer tantas perguntas, mas dificilmente encontraremos uma resposta adequada para responder ao chamado de Jesus que é único e individual. O chamado é individual, mas a resposta já é um colocar-se a serviço para que o seu amor seja uma contínua atitude na vida daqueles que seguem os seus passos. Os primeiros Discípulos não seguiram uma ideia, porque uma ideia não se deixa seguir, ela evolui e se transforma. Eles seguiram uma pessoa, que se deixou amar e amou até o fim. Ao chamar os seus primeiros Discípulos, Jesus já sabia quem O iria trair, quem O renegaria; sabia também qual seria aquele que O amaria até o fim e que estaria aos pés da Cruz, sofrendo e sentindo a mesma dor que o seu Mestre. Mesmo sabendo de tudo, Ele fez a sua opção por eles. Podemos nos perguntar: se nós tivéssemos que escolher um grupo de pessoas e soubéssemos que dentre estas pessoas, que amamos tanto, alguém iria nos trair, que
nós seríamos abandonados no momento que mais precisássemos ou por três vezes fôssemos renegados... Nós continuaríamos com o mesmo grupo de escolhidos? Como homens, com certeza não escolheríamos algumas pessoas. Caso fosse possível ter certeza, provavelmente o grupo seria reduzido drasticamente. Nós somos fracos e temos medo do sofrimento, do abandono e da morte. Jesus, sendo Homem, do alto da Cruz exclamou: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” No entanto, como Deus, mesmo sabendo que seria traído, abandonado e renegado, fez a sua escolha e jamais mudou suas atitudes em relação aos escolhidos. Aí está a beleza desse escandaloso jeito divino de amar! Ele continuou sendo o mesmo para cada um deles. Deus é amor. Ele não se cansa de renovar o seu chamado para conosco. Ele, sendo amor, jamais poderia deixar de nos amar, porque estaria negando-se a si mesmo e não seria mais perfeito, portanto, não seria mais Deus. Assim é Jesus, que também é Deus! Ele não poderia pregar o amor, o arrependimento, o perdão e depois abandonar aqueles que Ele escolheu; Ele não poderia fazer diferente do que fez para ser fiel ao Pai até o fim. Jesus sabia que aquele impetuoso Pedro O renegaria, mas não mudou sua atitude para com ele. Ele sabia que Judas O entregaria; que ele seria o traidor. Mesmo assim, naquela última ceia, foi a ele que Jesus entregou um pedaço da sua parte de pão. Tanto Judas como Pedro traiu e negou o amor e a amizade com Jesus. A grande diferença entre eles foi que, mesmo sendo amados igualmente pelo Senhor, um acolheu o seu amor e o outro o desprezou. Pedro, depois de ter negado Jesus por três vezes, quando encontrou o seu olhar com o olhar de Jesus, imediatamente chorou e se arrependeu. Ao contrário, Judas; ele teve a mesma possibilidade de retomar sua historia com Jesus, mas seu orgulho falou mais alto: ele não se deixou amar pelo Amor Eterno. Pedro entendeu que Jesus era uma pessoa, o Messias que deveria vir; Judas O compreendeu somente como uma ideia e acreditou que Ele deveria ser o novo chefe de todo o Israel, como um rei poderoso que a todos submete aos seus pés. A escolha para o seguimento de Jesus é sempre uma aventura de amor. Ele se aventura a nos escolher e nós nos aventuramos a seguir os seus passos. Ele nos escolhe, não porque somos perfeitos, mas porque Ele nos deseja perfeitos. Devemos seguir Jesus Cristo como pessoa e, somente descobrindo quem Ele é, nós poderemos ser verdadeiramente o que Ele espera e deseja que sejamos: uma oferenda perfeita de amor para o Pai.