IV DOMINGO DO TEMPO PASCAL- ANO B Hoje celebramos do chamado Domingo do Bom Pastor. A liturgia deste domingo nos apresenta a réplica de Pedro que afirma diante dos seus acusadores, não só que Jesus está vivo, mas que foi pelo nome de Jesus que aquele homem (um aleijado) havia sido curado. Ele apresenta Jesus como pedra angular que foi rejeitada pelos construtores. Justamente pelo sofrimento e a paixão de Jesus, nós podemos reconhecer que a pedra angular representa aquele que foi enviado do céu para a terra, mas que foi flagelado e desprezado por todos, crucificado e morto numa Cruz. “Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos”. Esta verdade nos é revelada por Pedro e, ao mesmo tempo, deve ser para todos nós uma certeza, pois pelo nome de Jesus grandes milagres aconteceram e continuam acontecendo ainda em nossos dias. Pelo nome de Jesus e pela fé de tantos homens e mulheres do nosso tempo, os martírios e os inúmeros mártires continuam sendo uma triste realidade para nós, que, impotentes, assistimos as notícias pelos meios de comunicação. Infelizmente, assistimos e não sentimos nada além do vemos e logo esquecemos. É preciso que tomemos consciência de que a Igreja nasce e é regada pelo sangue dos mártires. Nós estamos aqui celebrando os mistérios de Jesus Cristo, da Anunciação à sua paixão, da morte à sua ressurreição, mas tantos homens e mulheres de todos os tempos celebraram esta realidade exatamente quando se deixaram morrer para testemunhar a fé no nome de Jesus. Assumiram que este Nome tem força transformadora e foram ao encontro da única e verdadeira vida, configurada em tudo a Jesus Cristo. São João nos diz na segunda leitura: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados Filhos de Deus! E nós o somos!” Deus é o nosso presente. Ele nos criou, não porque precisasse de cada um de nós para amar. Ele desejou ser o Amor para todos os homens. Em Jesus Cristo isso se tornou verdade, porque Ele nos ensinou a chamar a Deus de Pai. “Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai”. A Palavra de Deus é atual e se torna viva nos nossos dias, mas para compreender esse grande mistério de amor é preciso a fé. Não aquela fé que coloca à prova Deus, mas exatamente aquela fé que nos faz reconhecer amados por Deus. Ele nos amou primeiro e nos deu seu Filho único em resgate de toda a raça humana. O Evangelho de hoje nos apresenta aquela bela imagem de Jesus, o Bom Pastor. Ele, sendo Deus se encarnou no seio da Virgem, a Bela Ovelhinha. Ele é ao mesmo
tempo Pastor, enquanto é a voz de Deus que chama a cada um pelo nome; e é Cordeiro, porque não hesitou em dar a sua vida pelo resgate de todos nós. Ele é o Bom Pastor e nós somos as suas ovelhas. Foi por nós que Ele se deixou conduzir para o sacrifício da Cruz. Foi por nós que Ele sofreu a paixão, experimentou a morte e nos deu a certeza da vida através da sua ressurreição. “Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai”. Estas palavras de Jesus devem tocar o nosso coração e nós não podemos sair daqui indiferentes diante do que nós ouvimos e estamos celebrando, pois é a cada um de nós que Ele se refere e chama pelo nome. Mas, mesmo assim, podemos e devemos nos perguntar: eu conheço verdadeiramente Jesus Cristo? Conhecer Jesus Cristo não é conhecer uma ideia, mas sim uma pessoa; não é conhecer um ideal, mas a única realidade e possibilidade de salvação, como nós ouvimos na proclamação da primeira leitura. Tudo deve ser por Ele e através Dele. Ele é a nossa salvação. Todos nós devemos fazer uma verdadeira experiência de Jesus. Ele nos chama para o seu redil; Ele é o Pastor, mas é também a porta. Assim como as ovelhas reconhecem a voz daquele que as protege e cuida, também nós devemos saber a ouvir a voz de Jesus para nunca nos desviarmos do seu caminho. Devemos seguir as pegadas do Bom Pastor, acreditando que Ele cuida de nós. Ele deu a sua vida por nós; Ele ressuscitou e escancarou as portas do Paraíso para todos nós, para que com Ele, o Pai e o Espírito Santo, nós possamos viver a plenitude do amor que não se esgota no seio da Trindade. A oração da Coleta da missa de hoje dizia assim: “Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor”. E a oração final depois da comunhão nos dirá: “Velai com solicitude, ó Bom Pastor, sobre o vosso rebanho e concedei que vivam nos prados eternos as ovelhas que remistes pelo sangue do vosso Filho”. Que de fato, possamos atingir a fortaleza do Bom Pastor e participar das alegrias reservadas para aqueles que o Senhor desde toda a eternidade chamou pelo nome para viver com Ele o verdadeiro amor ao nosso Pai que está no céu. Que a Santa Mãe de Deus nos conduza como conduziu o seu Filho amado, o Cordeiro perfeito e sem mancha para em tudo fazer a vontade do Pai. Que vivamos um amor puro e verdadeiro por Ele que nos amou sem reservas, porque como o Pai, Ele nos amou com amor eterno.